IV. Relação dos Novos Líderes com a Liderança já Constituída

 

Palestra IV

 RELAÇÃO DOS NOVOS LÍDERES COM A LIDERANÇA JÁ CONSTITUÍDA

Estudo elaborado pelo Pastor Olívio em Realengo, no Rio de Janeiro, em maio de 2011 e revisado em maio de 2012

INTRODUÇÃO

Como deve ser o relacionamento entre os novos Líderes e Obreiros com a Liderança Maior, já constituída? Será que algo novo deve ser esperado destes que agora ocupam uma posição destacada, diferenciada no rebanho, ou tudo deve continuar como era? E o Líder Maior, o que deve esperar dos novos Líderes e Obreiros agora constituídos? O que os textos bíblicos podem nos dizer sobre o assunto?

O que os antigos textos bíblicos têm a nos dizer sobre o assunto são coisas tão fantásticas e responsabilizadoras que fariam até os mais prudentes e sóbrios Líderes de Cristo estremecer!

A primeira característica que os Novos Líderes e Obreiros devem ter com a já constituída Liderança é………

Lealdade

O texto de Marcos diz que Cristo chamou para Si os discípulos que quis (3:13). Não para o Judaísmo; não para o Cristianismo; não para o Templo ou para a Sinagoga, mas para Si. Não a Si, mas para Si. Não a Ele, mas para Ele. Isto significa que somos de Cristo, pertencemos a Cristo, somos propriedades sua (1ª Pedro 2:9 / Salmo 135:4). E o texto diz que todos os discípulos chamados vieram a Ele. Podemos trabalhar em igrejas diferentes, mas somos de Jesus. Somos servos de Cristo a serviço de sua Igreja. O apóstolo Paulo escreveu uma carta a seu amigo Filemom a fim de falar sobre um escravo dele (de Filemom) que havia fugido e que fora parar na prisão em que ele, Paulo, estava, a saber, em Roma. Naquela cadeia o apóstolo pregara-lhe o Evangelho e Onésimo, o escravo fugitivo, veio a converter-se a Cristo. Por duas vezes em sua pequena carta Paulo afirma ser “prisioneiro de Cristo” (Filemos 1:1,9). Veja isto, prezado leitor: Paulo estava preso em uma fétida e escura prisão de Roma, mas disse para seu amigo Filemom que não era prisioneiro de César e sim de Cristo! Somos prisioneiros de Cristo e não de uma religião, de uma denominação, ou de um cargo. É para o Cristo que devemos ir sempre, pois que Ele, sim, é o Senhor de nossa vocação. (2ª Timóteo 1:8,9). Isto nos ensina que o novo Líder ou Obreiro deve manter com o seu Pastor uma relação de lealdade. Afinal de contas foi por causa dele, de sua obediência a orientação do Senhor, que o novo Líder ou Obreiro foi ordenado. Este então deve ser leal a sua Liderança como o foram os primeiros apóstolos a Cristo, exceção feita, claro, à figura do traidor Judas (Marcos 3:14):

Proximidade

O verso 14 do capítulo 3 de Marcos afirma que Cristo nomeou os novos Obreiros para que estivessem com Ele. Isto fala de amizade, de companheirismo, de comunhão. Um Líder ou Obreiro que fica distante da Liderança Maior, não comparece às programações da Igreja, não participa das atividades do rebanho, podendo fazê-lo, não é Líder de nada, de coisa alguma, e só tem a perder. Ele não goza da presença do Líder Maior, não conhece sua mente, não compartilha de seus sentimentos nem conhece os seus projetos para a Obra. Não desenvolve bem o seu trabalho e fica mal visto pelo rebanho. Cristo nomeou seus doze discípulos para que estivessem com Ele e para que Ele lhes pudesse “ordenar a pregar”, ou seja, para lhes passar instruções a fim de que eles pudessem fazer bem o seu trabalho. Se o novo Líder ou Obreiro não estiver por perto como irá receber as suas instruções? As Escrituras dizem que maldito é aquele que realiza a obra do Senhor relaxadamente ou negligentemente (Jeremias 48:10). Isto só é assim porque o Obreiro poderia fazer a Obra de Deus perfeitamente, com qualidade, com esmero, mas, ainda assim ele não o fez – ao contrário, “desfez” da Obra do Senhor e agora vai ter de arcar com as conseqüências. Os discípulos mais íntimos do Pastor Jesus vivenciaram coisas que os demais não participaram: Pedro, Tiago e João viram Jesus ressuscitar a filha de Jairo (Marcos 5:37); presenciaram a sua espetacular transfiguração (Mateus 17:1-2); escreveram vários  livros do Novo Testamento; e, se tornaram as colunas da Igreja Cristã (Gálatas 2:9). Toda vez que um Líder ou Obreiro começa a ficar distante de seu Pastor, de sua supervisão, de seu olhar pastoral, acaba promovendo rebelião na Igreja, divisão no rebanho, fissura na família da fé.

Empenho no Trabalho

O evangelista Mateus disse que ao olhar Jesus para as multidões errantes e desnorteadas sentiu compaixão delas e disse para seus discípulos que “a seara era realmente grande, mas que poucos eram os ceifeiros” (Mateus 9:35-38). Ele estava alertando os futuros Obreiros para o fato de que na Obra de Deus sempre haverá muito trabalho! (Mateus 10:1). E se há muito trabalho e poucos trabalhadores então a carga de trabalho será demais para cada Líder ou Obreiro. Sabendo disto, nenhum Líder ou Obreiro deveria ficar reclamando que trabalha demais na Igreja. Marcos disse que os novos Líderes, agora já chamados de apóstolos, iam e vinham sem parar, sem tempo para descansarem ou comerem. Jesus então os chamou a um lugar aparte para eles descansarem um pouco, mas não lhes diminuiu a carga de trabalho! O descanso deles seria por pouco tempo para que não se acostumassem ao próprio descanso e, o lugar não era nenhum SPA evangélico e sim o deserto! O trabalho na Obra de Deus realmente pode ser extenuante, fatigante, extremamente cansativo para o servo do Senhor (Marcos 6:30-32), mas o novo Líder deve trabalhar com empenho na Seara do Mestre, pois que Deus nunca chama preguiçosos para trabalhar em sua Seara e sim pessoas operosas, produtivas, úteis. Paulo disse que Onésimo, o escravo de Filemom, mesmo tendo o nome de “útil”, na língua grega, era um inútil, mas que agora, com Cristo em sua vida, ele se tornaria duplamente útil para Filemom: primeiro, em agradecimento por este estar lhe dando uma segunda chance de servi-lo como escravo seu que era; segundo, porque ele agora se tornara o seu irmão em Cristo e lhe serviria com grande prazer e satisfação (Filemom 1:10-11).

Amor ao trabalho

Isto é diferente de ter empenho no trabalho ou de ser leal à pessoa do Líder. Empenho fala de esforço, de diligência, de mãos no trabalho. Amor fala de sentimento, de emoção, de se colocar a alma no que se faz. Pode-se fazer muito sem amor, mas não se pode amar sem fazer nada. Pode-se ser leal a um determinado Líder e, ainda assim, fazer o trabalho sem amor, sem afetividade alguma, só por fazer. Mateus disse que Jesus sentiu compaixão da multidão (9:36) e qualquer pessoa que seja chamada a fazer o que Ele fazia, também deve sentir o que Ele sentia ao realizar o seu trabalho. Sentir compaixão por alguém e diferente de sentir pena, de ter dó. Esta significa que você se sente condoído com a situação ruim que o outro está passando, mas que não tem poder algum para mudá-la, para fazer algo em seu favor, enquanto que aquela outra significa que você se sente condoído com a situação ruim que o outro está passando, mas que vai em sua direção para socorrê-lo e ajudá-lo a passar por aquela dificuldade. Compaixão significa “sofrer com”. Jesus sofria com o sofrimento das multidões e isto o levava a agir, a atuar, a realizar alguma coisa, e a por todo o seu coração na Obra de Deus. Todo Líder ou Obreiro deve desenvolver o seu trabalho com amor, com sentimento, com compaixão, pois a Obra a realizar é tão dura, tão pesada, que a não ser que ele faça assim, desta maneira, certamente perecerá.

Retorno Sobre o Trabalho Feito

Marcos também disse que os novos Líderes voltaram juntos para Jesus com alegria contando-lhe o que tinham feito e o que haviam ensinado (6:30). Que é isto senão uma reunião de Obreiros semelhante as que fazemos atualmente em nossas Igrejas? Todos os Líderes devem prestar relatório ao Pastor que deve ouvi-los, um a um, e todo Pastor deve agendar uma ocasião em que todos os seus Liderados, de perto e de longe, possam nela estar presentes. Nesta ocasião, os novos Líderes e Obreiros trocarão experiências, quebrarão o sentimento de solidão, principalmente se forem missionários, receberão uma visão mais atual, real e geral sobre a Obra, se estimularão uns aos outros e também descansarão um pouco. É bom realizarmos as nossas reuniões mensais com os Obreiros que trabalham conosco na igreja, mas todo Pastor deveria realizar também uma reunião, em período a ser acertado, seja ele semestral ou anual, com a duração de alguns dias, se possível, na qual todos os seus Líderes e Obreiros possam dela participar e recompor as suas forças. O sentimento de comunhão, de participação, de unidade, advindos dessas reuniões, é imenso e faz valer a pena todo o esforço e custo despendidos nelas. O fato de Cristo não ter falado nada em contrário sobre o trabalho realizado pelos seus Líderes, nem ainda sobre os ensinamentos ministrados por eles às multidões, comprovou que estes haviam entendido perfeitamente as suas ordens e que as executaram com perfeição. Como é maravilhoso quando a Liderança Maior consegue passar suas idéias sobre determinado trabalho a ser realizado e os seus Líderes e Obreiros o entendem cabalmente e o realizam com perfeição!

Harmonia entre os Obreiros

Todos os textos examinados deixam transparecer que os apóstolos trabalhavam em harmonia entre si e em perfeita sintonia com as determinações do Cristo. Isto pode ser deduzido pelo fato de que, em todos esses textos, se afirma que os apóstolos voltaram juntos para contarem a Cristo o que haviam feito. Nenhum deles voltou depois do outro, destacadamente, como que a caracterizar um possível desafeto, um desentendimento no grupo A relação entre eles era perfeita, até onde todos podiam detectar. Três anos depois eles ainda estavam assim. Apenas Jesus viu o sentimento mau e discordante no coração de Judas, mas não os seus discípulos (João 13: 21-30). Nenhum sentimento de rivalidade, de disputa, de supremacia de um sobre outro, deve existir entre os servos de Cristo, e menos ainda, se este se tornou um Obreiro ou um Líder Maior na Casa do Senhor. Os exemplos de Cristo cingindo-se de uma toalha e lavando os pés dos discípulos (João 13: 1-20) e de seu extraordinário esvaziamento da Divindade, conforme relatado pelo apóstolo Paulo em Filipenses 2:3-11 para estar conosco em igualdade de condições na batalha contra o Diabo, a carne e o mundo, são os exemplos norteadores desta nossa caminhada cristã.

Deus abençoe a todos.

Caso seja do interesse de meu prezado leitor discutir mais sobre o assunto, envie-me seus comentários, questionamentos, sugestões, críticas e, quando houver, possíveis elogios.