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II.a A Que Homens Está Ordenado Morrer – O Grupo dos Ressuscitados

 

Palestra II a

A QUE HOMENS ESTÁ ORDENADO MORRER?

O GRUPO DOS “RESSUSCITADOS”

Estudo elaborado pelo Pastor Olívio em Realengo, no Rio de Janeiro, em fevereiro de 2012

INTRODUÇÃO

Toda vez que alguém conversa sobre a possibilidade ou não da reencarnação com um cristão da vertente evangélica logo é refutado em seus argumentos pela citação imediata do versículo bíblico de Hebreus 9:27 que afirma: “Aos homens está ordenado morrerem uma vez vindo depois disso o juízo”. Se o refutante for conhecedor de um pouco mais das Escrituras citará ainda algumas passagens do livro de Jó como, por exemplo, a do capítulo 7 e versículos 9 e 10 que afirma: “Tal como a nuvem se desfaz e passa, aquele que desce à sepultura nunca tornará a subir. Nunca mais tornará a sua casa, nem o seu lugar jamais o conhecerá”, ou a do capítulo 14 versículos 11 e 12 que diz: “Como as águas se retiram do mar, e o rio se esgota, e fica seco, assim o homem se deita, e não se levanta; até que não haja mais céus não acordará nem se erguerá de seu sono”. É importante que se diga que a sentença para o homem morrer, encontrada em Hebreus 9:27 não foi estabelecida pelo desconhecido escritor da carta aos Hebreus, mas sim foi uma determinação do próprio Deus que, ao ver os nossos primeiros pais pecarem, disse para Adão: “No suor do teu rosto comerás o teu pão, até que te tornes à terra; porque dela fostes tomado: porquanto és pó, e ao pó tornarás” (Gênesis 3:19).

A questão que pretendo examinar com o meu prezado leitor é a seguinte: Estamos interpretando corretamente estes e outros textos das Escrituras ou estamos interpretando-os de maneira incompleta, discriminatória e equivocada? Sim, porque se é verdade que aos homens está ordenado morrerem uma única vez, também não deixa de ser verdade que as Escrituras mencionam pelo menos dez casos de pessoas que morreram mais de uma vez por terem sido ressuscitadas; de duas outras pessoas que, se acredita, foram arrebatadas corporalmente ao céu sem terem passado pela morte física e, ainda, de milhões e milhões de fiéis que, no futuro, sequer experimentarão a morte física! Afinal de contas, todos os homens devem realmente morrer uma vez apenas ou o meu Senhor anda fazendo exceções demais?

QUANTAS VEZES SE DEVE MORRER?

Vamos examinar essas questões mais de perto. Elenquei para o meu prezado leitor os 10 relatos de ressurreição encontrados na Bíblia, a fim de evitar que o prezado tivesse este trabalho. Claro está que seria extremamente desejável que o leitor pudesse lê-los e confirmá-los em uma Bíblia, impressa ou virtual, e assim aumentar o seu conhecimento e poder de crítica sobre o assunto. São eles:

  • O filho da viúva de Sarepta, ressuscitado por Elias (1º Livro de Reis 17:17-24);

  • O filho da Sunamita, ressuscitado por Eliseu (2º Livro de Reis 4:32-37);

  • O soldado lançado às pressas na cova de Eliseu (2º Livro de Reis 13:20-21);

  • A filha de Jairo, líder principal de uma sinagoga (Evangelho de Marcos 5:21-24,35-43);

  • O filho de uma viúva em Naim (Evangelho de Lucas 7:11-17);

  • Lázaro, o amigo de Jesus (Evangelho de João 11:1-46);

  • O próprio Jesus Cristo (Evangelho de Mateus 28:1-10);

  • Os mortos que saíram dos túmulos, no Calvário, após a ressurreição de Jesus (Evangelho de Mateus 27:50-53);

  • A viúva Dorcas, ressuscitada pelo apóstolo Pedro (Livro de Atos 9:36-43); e,

  • Um jovem chamado Enéias, ressuscitado pelo apóstolo Paulo (Livro de Atos 20:7-12).

Obs. (1) O relato da ressurreição em massa, narrado pelo profeta Ezequiel em seu livro, no capítulo 37:1-42, não foi aqui incluído como um caso de ressurreição por não se tratar este de um acontecimento real, histórico, factual, mas sim de uma visão, conforme dito pelo próprio profeta (vs.1,11). Os mortos do vale representavam o estado espiritual do povo de Israel, mas Israel mesmo não fora dizimado, aniquilado, não se transformara em um enorme cemitério! A visão era verdadeira e seu significado espiritual também, mas historicamente não havia acontecido tal calamidade com a nação.

Obs. (2) A suposta ressurreição do apóstolo Paulo, após o terrível apedrejamento que experimentara na cidade de Listra, conforme relatado em Atos 14:19-22, também não foi incluído na relação dos ressuscitados por julgar o Pastor Olívio que tal coisa não aconteceu com o apóstolo. Alguns comentaristas afirmam que, por esta ocasião, o apóstolo Paulo teria ido até o terceiro céu, lugar da habitação de Deus, onde teria recebido revelações tais que ao homem não era digno de se falar (2ª Coríntios 12:1-4). Segundo estes comentaristas, ninguém conseguiria sair vivo de uma sessão de apedrejamento e tornar a entrar na cidade, com os próprios pés, no mesmo dia, se não fosse através de um milagre de ressurreição. Entretanto o texto não confirma esta posição, como pode ser constatado pelos seguintes argumentos: (a) os “apedrejadores” de Paulo “cuidavam” que ele estivesse morto, isto é, “achavam” que ele tivesse morrido, mas não se afirma no texto que ele, de fato, tivesse falecido. Paulo bem poderia estar fingindo-se de morto, num ato de esperteza para salvar a sua vida ou, ainda, estar desmaiado; (b) os discípulos realmente rodearam o corpo ferido de Paulo, demonstrando preocupação com o seu estado físico, mas não há nenhuma menção sobre eles terem orado sobre o apóstolo ou terem determinado que ele ressuscitasse; (c) Paulo se levantou do meio deles e ninguém se espantou com isso! Caso houvesse uma ressurreição, eles teriam, no mínimo, evocado uma palavra de louvor a Deus; (d) Não existe nada que relacione o arrebatamento de Paulo ao terceiro céu com este seu apedrejamento. Ele poderia ter tido todas as revelações que tivera orando em sua casa, no templo, onde conversara com o próprio Cristo (Atos 22:17-21), ou em qualquer outro lugar e circunstância.

Apesar de serem 10 as narrativas bíblicas incontestes que falam de ressurreições, não foram apenas 10 os indivíduos ressuscitados em toda a história da humanidade, pois o texto de Mateus 27:50-53 não quantifica os santos que ressuscitaram no Calvário, após a ressurreição de Cristo, apenas afirma que “muitos corpos de santos (quantos?) que dormiam (estavam mortos) ressuscitaram (tornaram à vida)”. Outro tanto de pessoas, de número desconhecido, tem sido ressuscitado no correr dos séculos pela atuação dos santos de Deus, engrossando ainda mais o rol dos que retornaram à vida. Constatados, pois, esses fatos, gostaria de fazer mais outra pergunta ao meu prezado leitor: Quantas mortes e juízos tiveram os indivíduos que foram ressuscitados?

QUANTAS VEZES SE DEVE SER JULGADO?

O prezado sabe, eu sei, e todo mundo sabe, que todos os indivíduos que foram ressuscitados, à exceção de Jesus Cristo, tiveram duas mortes e um juízo. Morreram uma vez e foram ressuscitados; viveram um pouco mais e tornaram a morrer. O interessante é que nenhum desses indivíduos ressuscitou mais de uma vez dentro de um mesmo ciclo de vida! Nenhum deles ressuscitou, por exemplo, duas vezes, três vezes, cinco vezes, ou mais vezes, em sua manifestação de vida! Todos eles ressuscitaram apenas uma vez!

É importante que se diga que, quando falamos em ciclo de vida, estamos nos referindo a manifestação integral, completa, de uma vida biológica, constituída de nascimento, desenvolvimento (infância, adolescência, juventude, etc.) e morte. Se o indivíduo tem a sua vida interrompida em qualquer uma das fases de desenvolvimento do ser, dizemos que o seu ciclo de vida foi interrompido. Ao retornar o indivíduo à vida pelo processo da ressurreição, recomeçará exatamente do ponto onde a mesma foi descontinuada. Morreu ainda criança? Como criança ressuscitará. Morreu como um jovem? Como um jovem ressuscitará. Morreu como um ancião? Como um ancião ressuscitará. Nenhuma das pessoas que foram ressuscitadas na Bíblia ficou mais jovem ou tornou-se criança de colo após ter recebido tal milagre. Elas continuaram a viver exatamente do ponto onde pararam! Ao ser ressuscitado, o indivíduo que estava morto se levantará e assumirá O MESMO CORPO com o qual morrera e continuará a viver até completar o ciclo de vida que lhe foi determinado.

Ora, se o indivíduo pode morrer mais de uma vez dentro de um mesmo ciclo de vida, então, para que a Palavra de Deus possa continuar de pé e se harmonizar com todos os demais textos pertinentes, a interpretação do versículo de Hebreus 9:27 deveria ser ampla o suficiente para poder abarcar todas as situações de exceção. Ela deveria ser algo assim: “aos homens (todos os homens) está ordenado morrer pelo menos uma vez dentro de cada ciclo de vida, vindo depois disso o juízo”, pois situações haverá em que o indivíduo poderá morrer mais de uma vez dentro de um mesmo ciclo de vida, como aconteceu com os 9 indivíduos dos exemplos acima citados. Apenas Jesus Cristo morreu uma vez dentro de toda a sua existência e nunca mais tornará a morrer (Hebreus 9:24-28). Se os indivíduos que foram ressuscitados pudessem morrer apenas uma vez em toda a sua existência, como aconteceu com Cristo, não poderiam jamais ser ressuscitados como o foram, mas deveriam permanecer no lugar/condição espiritual em que estavam quando morreram e lá ficarem aguardando o juízo definitivo de Deus!

QUEM DECIDE SOBRE QUEM DEVE RESSUSCITAR?

E quanto aos juízos? Quantos serão? Serão tantos quanto o número de mortes o indivíduo vier a experimentar! Morreu uma vez? Então será julgado também uma vez! Morreu duas vezes? Duas vezes então será levado a julgamento! O que devemos atentar é que, se alguém morreu e retornou à vida é porque alguém decidiu que ele à vida retornasse! Milhares de pessoas morrem diariamente e não lhes é facultado o privilégio de ressuscitar. Quem poderia decidir isto? Apenas Deus e o seu Cristo, que tendo o direito sobre a vida e a morte de suas criaturas, podem arbitrar sobre a sua existência. Cristo disse em João 5: 21-22: “Assim como o Pai ressuscita os mortos, e os vivifica, assim também o Filho vivifica aqueles que quer. E também o Pai a ninguém julga, mas deu ao Filho todo o juízo”. Ele disse para os discípulos que lhe contaram sobre a morte de Lázaro: “Lázaro, o nosso amigo dorme, mas vou despertá-lo do sono”, ou seja: “vou ressuscitá-lo” (João 11:11). Esta era a sua vontade para com o seu amigo e como Deus encarnado que era Ele a realizaria.

Agostinho, um dos grandes patriarcas da Igreja Cristã[1], observou que toda vez que Jesus ia ressuscitar alguém chamava o indivíduo pelo nome (Lázaro) ou se dirigia diretamente ao corpo que iria ressuscitar (a filha de Jairo e o filho da viúva de Naim) e o ordenava viver. Ele então ponderou que Jesus assim procedia porque se Jesus simplesmente ordenasse que houvesse ressurreição no lugar onde estava, indistintamente, sem citar o nome da pessoa ou, referir-se diretamente ao morto, todos os mortos do respectivo local ressuscitariam também! Que coisa extraordinária! Que poder tem o nosso Cristo! Isto serve para reforçar o nosso argumento de que Deus só ressuscita a quem quer e que neste querer de Deus, há uma escolha, há uma seleção, sobre aqueles que devem ressuscitar ou não.

Fica claro também que se Deus decidiu que determinado indivíduo retornasse à Terra dos Viventes para viver um pouco mais e tornar a morrer, que este juízo, tão propalado dos púlpitos como se fora o Juízo Final, o Juízo Derradeiro, é um juízo provisório, passageiro, temporário, diferentemente daquele do Último Dia, quando todos seremos julgados segundo os atos que tenhamos praticado e nada mais se poderá fazer (Apocalipse 20:11-15). Neste retorno provisório à vida que terá, o indivíduo ressuscitado recomeçará a viver a partir do local onde o seu corpo se encontra, quer esteja este enterrado ou não, porquanto fazia parte daquela sociedade. Nela podiam ser encontrados os seus amigos, os seus colegas de trabalho, os seus parentes e os seus familiares, o que faz deste juízo um juízo de oportunidades, de reparação, de desagravo, portanto, de crescimento, de evolução, e não um juízo condenatório, pois que objetiva dar ao indivíduo a possibilidade deste reparar os seus erros com o seu próximo -, que nem sempre poderá estar tão próximo!

Já começou a sentir aquele “friozinho na barriga” e a ficar com vontade de parar a leitura? Lembra-se do que eu disse acerca dos meus leitores? Eles sentirão medo, eles sentirão pavor, mas não recuarão jamais, pois a libertação de suas mentes e espíritos é tão mais importante e necessária que os seus temores que, ainda assim,  eles avançarão resolutamente até onde não lhes seja mais possível recuar! Vamos então parar de dar atenção a esses receios que não levam a nada e prosseguir com a nossa leitura sem pensar mais em pará-la!

RESSUSCITAR PARA QUE?

A escolha que Deus faz entre ressuscitar este ou aquele outro indivíduo encontra-se baseada na história kármica de cada um (conjunto de débitos e créditos morais que o indivíduo acumulou em sua vida) e na oportunidade ótima que se lhe apresenta para ser liberado em vida. Foi exatamente isso o que aconteceu com os mortos do Calvário. O texto de Mateus 27:52 diz que, após a ressurreição de Jesus, “muitos corpos de santos que dormiam foram ressuscitados”. Não os corpos dos santos que dormiam no Calvário, como a dar a idéia de totalidade, mas muitos corpos de santos, para expressar que apenas uma parcela deles ressuscitara. Não todos, mas muitos; não dos santos, mas de santos. Não se diz também na narrativa que algum corpo de ímpio (não crente, não fiel) tenha ressuscitado na ocasião.

Os santos que haviam sido sepultados no Calvário e que, outrora, já haviam sido libertos do seu cativeiro moral, íntimo, existencial, foram também agora libertos por Cristo de seu cativeiro espiritual, o Hades, e tiveram os seus espíritos levados por Ele mesmo ao céu (Efésios 4:8-10 / Apocalipse 1:17,18 / Lucas 23:39-43). Os seus corpos não saíram dos túmulos quando da ressurreição de Cristo, no domingo, mas continuaram dentro de suas tumbas fechadas, cerradas, invioladas, e lá continuarão até a ressurreição global. Já os corpos dos santos que tiveram seus túmulos abertos na sexta-feira pela ação do grande terremoto que acontecera na região, no momento da morte de Cristo, só saíram de seus túmulos no domingo, após a ressurreição de Jesus, e entraram na cidade de Jerusalém, onde o texto diz “foram vistos por muitos”. Por que isto acontecera? Porque este grupo de fiéis tinha ainda coisas pendentes a acertar com o seu próximo e com Deus, diferentemente daquele outro grupo de fiéis que já estava totalmente liberado! Se eles aproveitaram bem a oportunidade que tiveram de saldar as suas dívidas morais com o seu próximo e com Deus não o sabemos. Só podemos assegurar que todos os integrantes deste grupo de santos ressuscitados tornaram a morrer!

Há uma pergunta mais que eu gostaria de fazer ao meu prezado leitor: Como a ressurreição de alguém pode ser vista como uma benção se as condições ruins em que a pessoa vivia continuarão a existir quando ela retornar à vida, tais como: o mesmo ambiente familiar difícil; a mesma situação de desempregado; as mesmas dívidas financeiras, as mesmas deficiências físicas, de caráter, etc.? Todas estas continuarão inalteradas! Como pode alguém, pois, dizer, que a ressurreição parcial é uma benção?

A ressurreição parcial de alguém sempre será vista como uma benção, independentemente de como a pessoa vai viver após ela, pois que lhe dará a oportunidade de acertar as coisas consigo mesma, com o seu próximo e com Deus. Ninguém é ressuscitado para ficar curado de uma doença, de um espírito maligno, para arrumar um bom emprego ou se casar com outra pessoa e sim para reparar alguma falha que tenha cometido contra alguém e preparar-se para ser liberado definitivamente. Apenas isso pode dar significado à ressurreição parcial. Com a ressurreição parcial o indivíduo ganha esta nova oportunidade e Deus, a confiança de alguns poucos mais em entregar-lhe as suas vidas. Foi exatamente isto o que aconteceu nas ressurreições operadas pelo Senhor Jesus. Apenas alguns poucos creram Nele como o Filho de Deus enviado para salvar o homem. A maior parte deles continuou e continua a desacreditar no Senhor! (Evangelho de João 12:9-11).

CONCLUSÃO

Chegando ao final desta nossa palestra, podemos dizer que ressuscitar ou não alguém é opção exclusiva de Deus; ter oportunidade de retornar à vida para quitar dívidas morais, é um direito de todos. E se é direito de todos, então Deus o fará, pois Deus não se permite ficar devedor do homem e também a ninguém discrimina. Como, porém, nem todos seremos ressuscitados por alguém e a mor parte de nós morrerá em pecado, com dívidas morais a serem pagas, tal direito só poderá chegar a todos mediante o processo da reencarnação. Isto não deveria nos assustar, pois tanto a ressurreição quanto a reencarnação são oportunidades dadas por Deus para reparação de erros e não para salvação de ninguém, pois quem morre como um demônio jamais retornará como um santo! Talvez nem eu nem o meu prezado leitor façamos parte do grupo de pessoas que serão ressuscitados por alguém algum dia, mas isto não quer dizer que já não tenhamos recebido a oportunidade de retornar a este planeta muitas e muitas vezes pelo processo da reencarnação. Podemos não nos lembrar mais de nenhuma de nossas vindas aqui, mas isto não significa que elas não tenham acontecido, pois a memória é função do intelecto e não do espírito. Agora mesmo, não nos lembramos mais, com tanto vigor, de como éramos em nossa infância, em nossa adolescência e quiçá, em nossa juventude, mas sabemos que vivemos todas as experiências acontecidas nessas fases, não é verdade? (Eclesiastes 1:11). Trataremos destas questões mais detalhadamente em outras palestras que faremos se Deus assim o permitir, está bem?

Deus abençoe a todos.

 

Caso seja do interesse de meu prezado leitor discutir mais sobre o assunto, envie-me seus comentários, questionamentos, sugestões, críticas e, quando houver, possíveis elogios.

[1] Agostinho foi uma das figuras mais importantes do Cristianismo Primitivo. Foi filósofo, teólogo, bispo e escritor. Nasceu em 13 de novembro de 354, na Argélia, e faleceu em 28 de agosto de 430. Tornou-se bispo de Hipona e passou a ser conhecido como Bispo de Hipona, ainda que seu verdadeiro nome fosse Aurélio Agostinho. Ele é responsável por ter moldado o conceito de pecado original. Defendia a idéia do primado e da infalibilidade papal. Desenvolveu a crença na Igreja como a cidade espiritual de Deus, distinta da cidade material dos homens.

I. Deve-se Crer na Reencarnação?

 

Palestra I

DEVE-SE CRER NA REENCARNAÇÃO?

Estudo elaborado pelo Pastor Olívio em Realengo, no Rio de Janeiro, em fevereiro de 2012

Não sei qual o seu credo ou mesmo se possui algum, mas, se partilha da crença católica ou evangélica e possui algum conhecimento bíblico responderá imediatamente a pergunta acima dizendo que “não”, e citará o versículo bíblico de Hebreus 9:27 que afirma que “aos homens está ordenado morrerem uma vez vindo depois disso o juízo” para justificar a sua negação. Talvez responda que a palavra reencarnação não existe na Bíblia e que esta só fala de regeneração e de ressurreição, nunca de reencarnação. Se for um pouco mais intransigente dirá que esta é uma “doutrina espírita”, criada pelo próprio demônio para arrastar os homens para o inferno e, portanto, indigna de qualquer apreciação.

Mas você sabia que a Bíblia fala, sim, desta doutrina? Que ela está repleta de passagens e de textos que tratam deste ensinamento? Que nela podem ser encontrados registros de reencarnações individuais tanto quanto de reencarnações coletivas? Que ela menciona um intenso e imenso fluxo de pessoas que vão e voltam da Terra em períodos definidos? Que ela ensina a pré-existência do espírito, o desdobramento “astral”, a doutrina do “carma” e outras mais, ditas “espíritas”?

Pois é: você pensava que a Bíblia silenciava sobre esses assuntos, mas na realidade é a Igreja que silencia sobre eles! E até onde eu sei, ela não tem a mínima intenção de estudá-los em suas classes especiais!

E você? Vai ter coragem de ler os meus artigos? Vai lê-los até o final ou recuar já nesta primeira tentativa? Vai continuar não questionando nada e aceitando placidamente tudo o que lhe ensinam, ou vai colocar a mente para funcionar e tentar descobrir, por si mesmo, qual a verdade bíblica sobre as coisas, ainda que esta possa deixá-lo desestabilizado, instável e, em algumas situações, até mesmo apavorado?

Dizer que a Bíblia não cita a palavra reencarnação para tentar destruir a veracidade de tal ensinamento é um argumento tão frágil quanto afirmar que a Trindade de Deus ou a existência do inferno também não são verdadeiras por não existirem tais palavras nos textos bíblicos originais. Apesar disto, todas as igrejas cristãs – católicas e evangélicas -, não cessam diariamente de ensinar que Deus é um Ser social, constituído de três pessoas distintas e que o inferno é eterno, cheio de fogo e tormentos, destinado ao Diabo e aos homens iníquos, convencidas que estão de que estes termos podem até não ser encontrados nos originais das Escrituras Sagradas, mas os seus princípios doutrinários, sim!

Afirmar também que a reencarnação é uma “doutrina espírita” criada pelo próprio demônio para iludir os homens e levá-los ao inferno com o objetivo de desestimular o seu estudo em nossas classes bíblicas, não só é uma ação vil contra o conhecimento, mas também um argumento extremamente imaturo, tendo em vista que, muito antes que existisse o Espiritismo clássico com a sua codificação, ou a religião judaica com sua fantástica Lei, ou ainda, o Evangelho, conforme apresentado pelo Cristo, a reencarnação já existia, sendo apregoada em toda a Escritura, e isto a partir já de seu primeiro livro – o Gênesis! A reencarnação não surgiu com nenhuma religião e sim com a criação do homem! Ela não é patrimônio de nenhuma fé ou credo e sim da humanidade! Não é algo que se deva adorar ou rejeitar, mas sim tentar compreendê-la, como fazemos com as demais doutrinas de nossos respectivos segmentos religiosos.

A reencarnação é parte integrante da doutrina da redenção humana e, juntamente com a doutrina da regeneração, é utilizada por Deus para a salvação de sua criatura. Enquanto a reencarnação propicia nova oportunidade para o homem ser salvo, através de nova manifestação de vida física, a regeneração o liberta espiritualmente e o prepara para viver a nova vida de pureza em Cristo. Nem a regeneração sozinha salva ninguém, nem a reencarnação sozinha faz coisa alguma. Ambas precisam uma da outra, precisam atuar juntas para libertar o homem de sua cadeia de pecados. Como isto acontece você ficará sabendo através de uma série de artigos que disponibilizarei neste site rotineiramente, a medida que formos avançando em nosso estudo. Não acho, pois, de bom tom afirmar que algo estabelecido por Deus para ajudar na salvação do homem seja coisa do Diabo só por não compreendê-lo bem.

Respondendo agora a questão que encabeça este artigo, “se devemos crer ou não na reencarnação, tendo em vista Deus afirmar que aos homens está ordenado morrerem uma vez, vindo depois disso o juízo”, eu diria que só podemos dar uma resposta definitiva a alguma coisa depois de analisarmos todos os argumentos que lhe sejam favoráveis e também todos os argumentos que lhe sejam contrários. A seguir devemos colocá-los nos pratos da balança da verdade e vermos para que lado o fiel da balança aponta. O Pastor Olívio fez isso com relação ao assunto da reencarnação e o ponteiro aferidor da balança apontou para o lado de sua veracidade como doutrina bíblica, sendo, portanto, digna de ser estudada e proclamada em nossas igrejas. As conseqüências disto para a minha vida pessoal e familiar foram e continuam sendo terríveis, mas, tomando emprestadas as palavras do apóstolo Paulo aos anciãos da igreja em Éfeso, eu também afirmo: “Em nada tenho a minha vida por preciosa, contanto que cumpra com alegria a minha carreira e o ministério que recebi do Senhor Jesus, para dar testemunho do Evangelho da graça de Deus” (Atos 20:24). O leitor terá acesso aos resultados de minhas pesquisas a partir já do próximo artigo que eu mesmo publicarei neste site.

Estou plenamente ciente de que a mor parte dos cristãos não gosta de examinar coisa alguma, preferindo ficar mesmo é na ignorância, no obscurantismo, como se essa omissão pudesse protegê-los, mantê-los em segurança. Mas isto é exatamente o contrário daquilo que Jesus nos ensinou! Ele disse que erramos por não conhecer as Escrituras nem o poder de Deus (Mateus 22:29). O apóstolo Paulo afirmou que devemos examinar tudo – seja bom ou ruim – e reter o que é bom (1ª Tessalonicenses 5:21). O profeta Oséias ensinou que a rejeição consciente ao conhecimento produz a destruição da alma (Oséias 4:6). Não existe, pois, glória na ignorância voluntária! Não existe proteção na estupidez desejada! Nunca a falta de informação deveria ser utilizada pelos líderes da Casa de Deus para manter o povo sob servidão! Fora com este “controle espiritual das massas”! Fora com todo obscurantismo e ignorância controlada! Os leitores de meu site não serão portadores de lindas Bíblias sem, contudo, conhecerem o que nelas existe. Eles serão sim pessoas livres em suas mentes, prontas para crescer até onde desejarem!

“Conhecereis a Verdade e a Verdade vos libertará” (João 8:32)

Deus abençoe a todos.

 

Caso seja do interesse de meu prezado leitor discutir mais sobre o assunto, envie-me seus comentários, questionamentos, sugestões, críticas e, quando houver, possíveis elogios.

V. Deveres do Rebanho em Relação ao Levantamento de Líderes

 

Palestra V

DEVERES DO REBANHO EM RELAÇÃO AO LEVANTAMENTO DE LÍDERES 

Estudo elaborado pelo Pastor Olívio em Realengo, no Rio de Janeiro, em maio de 2011 e revisado em maio de 2012

INTRODUÇÃO

Desejamos examinar nesta palestra quais os deveres do rebanho em relação a eleição de Líderes e Obreiros, tendo em vista que tais Líderes e Obreiros serão levantados para dirigi-lo. Como deve o rebanho se comportar com relação a essa questão? As Escrituras estabelecem algum princípio para isto? Se sim, quais são eles?

Destacamos seis princípios bíblicos para nossa apreciação, quais sejam:

Reconhecer que a Seara é realmente grande!

Esta foi a primeira coisa que Jesus falou para os seus discípulos sobre a seara: que ela era realmente grande! (Mateus 9:37). Ele, que era o próprio Filho de Deus encarnado, se admirou da extensão da seara! Observe, prezado leitor, que quando Jesus falou isso para os seus discípulos, Ele ainda não os havia chamado para serem os seus apóstolos, o que quer dizer que a sua orientação era para ser observada por todos os discípulos presentes, por todo o seu rebanho, e por tantos quantos mais viessem a ser assim constituídos. Mas o que queria exatamente Jesus dizer com seara? Qual a amplidão, a abrangência, o alcance deste termo em sua mente? Seria o seu campo de trabalho na Judéia, na Galiléia, ou no Israel inteiro? A resposta a essa pergunta é maior do que se imagina e pode ser encontrada na explicação da Parábola do Joio, narrada por Jesus em Mateus 13:36-43. Ali, Ele afirma que a seara, ou seja, o campo de semeadura na qual o joio foi plantado, junto com a semente boa, é o mundo. Este era o tamanho da seara a que Ele estava se referindo! È possível que digamos que nosso campo de trabalho é muito pequeno, não indo além das fronteiras de nossa igreja ou de nosso bairro, mas a verdade é que o nosso campo de trabalho começa sempre pequeno, exatamente a partir do local onde estivermos inseridos, e deve ser desenvolvido como se pretendêssemos alcançar o mundo! (Atos 1:8). Mesmo que nunca consigamos passar dos limites de nosso bairro, devemos trabalhar como se o mundo dependesse de nosso trabalho! (Salmos 2:7,8 / Isaías 42:1-3 / Zacarias 4:10). A não ser que a igreja tenha essa visão, estaremos sempre olhando para o nosso próprio umbigo e dizendo que só somos responsáveis pelas pessoas de nossa localidade.

Reconhecer que os ceifeiros são poucos

Esta foi a segunda coisa que Jesus falou sobre a seara: que os ceifeiros eram poucos (Mateus 9:37). E porque eles eram, e são ainda tão poucos, estão sempre muito cansados pelo excesso de trabalho. Seu diminuto número quase nunca lhes permite realizar bem a tarefa proposta e atingir as metas maiores estabelecidas pela Liderança. Acho por demais interessante que o Cristo não reclamou da quantidade de discípulos existentes na seara, que chegavam aos milhares (Mateus 9:36,36), mas sim da falta de ceifeiros encontrados nela! É sempre assim: as igrejas estão abarrotadas de crentes, de discípulos de Cristo, mas vazias de Obreiros, de trabalhadores para Deus. Isto se torna uma coisa extremamente grave quando pensamos que todos os crentes receberam dons especiais para desenvolver bem o seu trabalho (1ª Coríntios 12:7-11) e o poder do Espírito Santo para realizá-lo em vitória (Tito 3:5,6). A serpente Luciferina realmente picou o calcanhar da mulher no Éden (Gênesis 3:15) e esta não consegue mais fazer as coisas com diligência, nem tampouco cumprir sua tarefa maior de evangelizar o mundo sem sentir muita dor, deslocar-se com muito esforço e livrar-se de manquejar. Se é verdade que as boas obras não salvam ninguém, que proveito se tirará de uma fé que nada produz? (Tiago 2:14-26).

Orar para que Deus Levante Obreiros!

Até aqui Jesus estava tratando conosco apenas na área do reconhecimento. Ele estava falando apenas dos problemas da seara, mas agora Ele vai trabalhar com a parte prática da solução do problema. O Mestre já havia dito que a seara era realmente grande e que poucos eram os ceifeiros para trabalharem nela, mas agora Ele vai nos dizer o que fazer para suprir essa deficiência, para suprir essa falta: Orar! Esta foi a primeira coisa que o Mestre Jesus ensinou. Segundo a sua orientação, todos aqueles que tiverem falta de obreiros em sua seara, devem solicitar a Deus para enviá-los (Mateus 9:38). Só que esta solicitação deve ser feita através de um tipo incomum de oração, um tipo de intercessão não muito usual. Ela é bastante diferente das nossas orações auto-satisfeitas, egoísticas, de “barriga cheia”: ela é um rogo, uma súplica, uma oração de desespero. Só consegue orar assim quem já se apercebeu das dificuldades trazidas pelos dois estágios acima destacados. Daí Jesus tê-los mencionados antes de entrar nesta parte prática. Somos impelidos a crer, por esta orientação do Senhor, que não temos Obreiros suficientes e com qualidade em nossa seara porque não estamos orando para tê-los ou, se já estamos orando e não alcançamos ainda a vitória, que podemos estar orando de maneira errada (Jeremias 29:13 / 33:3).

Entender que Deus mesmo é o Senhor da Seara

Por duas vezes o Senhor Jesus disse, em um pequeníssimo verso do Evangelho de Mateus, que Deus mesmo é o Senhor da seara (Mateus 9:38). Ele estava nos ensinando que a nossa preocupação sobre ter ou não Obreiros não deve ser maior do que a preocupação de Deus em enviá-los -, se é que se pode dizer que Deus tenha preocupação por alguma coisa!  A seara é Dele, pertence a Ele, é propriedade Dele. É, pois, responsabilidade Dele suprir a sua seara do que quer que ela venha a precisar. A nossa é apenas de orar. A resposta do Senhor para nossas súplicas mostrará exatamente qual é a configuração que Ele deseja que a nossa igreja (seara) tenha. Se eu rogo a Deus com meu rebanho por Obreiros e Ele só me manda gente que gosta de orar, é porque Ele deseja que minha Igreja seja uma igreja intercessora. Então eu devo investir nisso, nesse ministério! Se eu oro para Ele me mandar Obreiros e Ele só me manda gente que gosta de evangelizar, certamente a minha igreja será uma igreja evangelística. Este será o seu perfil! Se eu oro para Ele me mandar Obreiros e Ele só me manda gente que gosta de ajudar os outros certamente essa igreja será uma igreja assistencialista, misericordiosa, e assim por diante. Deus sempre nos responde à hora e de maneira precisa. Nós é que devemos aprender a olhar as coisas espirituais com um olhar espiritual, a fim de aprendermos a detectar quais as maneiras pelas quais o Senhor nos responde e, então, nos adequarmos aquilo que Ele nos respondeu.

Aprender a Identificar o Nosso Dom

As listas de dons espirituais encontradas em Romanos 12:6-8 / 1ª Coríntios 12:1-11 / Efésios 4:11 e 1ª Pedro 4:10,11 certamente nos ajudarão a identificar os nossos dons, mas, se não nos encaixarmos em nenhum deles, não devemos nos desesperar, pois há outras passagens bíblicas que falam dos dons espirituais e o Pastor da igreja pode auxiliar a sua ovelha a encontrar qual seja o seu dom. Não nos esqueçamos que o texto de 1ª Pedro 4:10 fala da “multiforme graça de Deus” se manifestando no seio de sua Igreja, na vida do homem redimido. Isto diz respeito às milhares e milhares de formas diferenciadas da graça de Deus se manifestar na vida do crente. Coisas que não existiam em nossa vida antes de nossa conversão, ou que até já existiam, mas que não possuíam nenhuma conotação espiritual e que agora surgem como um meio de ajudar a Casa do Senhor e a sua Obra! Cada ovelha deve sondar o seu coração e orar a Deus a fim de detectar suas habilidades. Todos os renascidos no tempo da graça possuem algum dom espiritual com o qual podem e devem servir ao Senhor, diferentemente dos fiéis do tempo da Lei, em que o Senhor determinava sobre quem o seu Espírito Santo repousaria para capacitá-los a fazer o que Ele desejava que se fizesse.

Apresentar-se como Obreiro

Se você já sabe que recebeu uma capacitação do Senhor para serví-Lo e se já reconheceu essa capacitação em sua vida, então está na hora de apresentar-se ao Senhor para que Este o use em sua Obra e ao Pastor de sua igreja para que este possa lhe dar oportunidades de trabalho. Não se importe se não ocupar nenhum cargo na estrutura formal da igreja, pois nenhuma igreja possui cargos suficientes para todos os seus membros, mas toda igreja possui serviços suficientes para todos as suas ovelhas. O fato de Deus ter lhe confiado um dom que proveio do céu, que pertence a Ele, é a melhor prova de que Ele deseja usá-lo. É ainda a maior prova de que você obterá sucesso naquilo que irá fazer, pois Deus nunca se mete a fazer algo que dará errado, que redundará em grande fracasso. A discípula Dorcas só sabia costurar roupas para as viúvas pobres da cidade de Jope, mas quando ela morreu foram chamar o apóstolo Pedro em outra cidade para este ressuscitá-la! (Atos 9:36-43). Era uma Obreira útil, de valor, ainda que trabalhando com um pequeníssimo dom, representado por sua agulha de coser. Tenha cuidado em se apresentar para fazer o trabalho que alguém já faz melhor do que você ou para o qual você não foi capacitado para realizá-lo. Isso evitará atritos, brigas desnecessárias e muita confusão.

CONCLUSÃO

Quando Jesus foi rogar ao Pai para enviar Obreiros à sua seara, o Pai os enviou de dentro de seu próprio grupo! Não os trouxe de longe, de um grupo de fora! Eles já estavam ali! Bastava a Jesus escolhê-los e ordená-los! Querido Líder, os futuros Líderes e Obreiros de sua Igreja já estão dentro dela! Incentive-os, pois a se apresentarem a trabalhar para o Senhor! Ovelha querida, não fique esperando que um Líder de fora venha e tome o lugar que pertence a você! Apresente-se ao seu Pastor, peça-lhe treinamento, converse com pessoas que tem o mesmo dom que o seu, e trabalhe arduamente para o Senhor!

Deus o(a) abençoe.

Caso seja do interesse de meu prezado leitor discutir mais sobre o assunto, envie-me seus comentários, questionamentos, sugestões, críticas e, quando houver, possíveis elogios.

IV. Relação dos Novos Líderes com a Liderança já Constituída

 

Palestra IV

 RELAÇÃO DOS NOVOS LÍDERES COM A LIDERANÇA JÁ CONSTITUÍDA

Estudo elaborado pelo Pastor Olívio em Realengo, no Rio de Janeiro, em maio de 2011 e revisado em maio de 2012

INTRODUÇÃO

Como deve ser o relacionamento entre os novos Líderes e Obreiros com a Liderança Maior, já constituída? Será que algo novo deve ser esperado destes que agora ocupam uma posição destacada, diferenciada no rebanho, ou tudo deve continuar como era? E o Líder Maior, o que deve esperar dos novos Líderes e Obreiros agora constituídos? O que os textos bíblicos podem nos dizer sobre o assunto?

O que os antigos textos bíblicos têm a nos dizer sobre o assunto são coisas tão fantásticas e responsabilizadoras que fariam até os mais prudentes e sóbrios Líderes de Cristo estremecer!

A primeira característica que os Novos Líderes e Obreiros devem ter com a já constituída Liderança é………

Lealdade

O texto de Marcos diz que Cristo chamou para Si os discípulos que quis (3:13). Não para o Judaísmo; não para o Cristianismo; não para o Templo ou para a Sinagoga, mas para Si. Não a Si, mas para Si. Não a Ele, mas para Ele. Isto significa que somos de Cristo, pertencemos a Cristo, somos propriedades sua (1ª Pedro 2:9 / Salmo 135:4). E o texto diz que todos os discípulos chamados vieram a Ele. Podemos trabalhar em igrejas diferentes, mas somos de Jesus. Somos servos de Cristo a serviço de sua Igreja. O apóstolo Paulo escreveu uma carta a seu amigo Filemom a fim de falar sobre um escravo dele (de Filemom) que havia fugido e que fora parar na prisão em que ele, Paulo, estava, a saber, em Roma. Naquela cadeia o apóstolo pregara-lhe o Evangelho e Onésimo, o escravo fugitivo, veio a converter-se a Cristo. Por duas vezes em sua pequena carta Paulo afirma ser “prisioneiro de Cristo” (Filemos 1:1,9). Veja isto, prezado leitor: Paulo estava preso em uma fétida e escura prisão de Roma, mas disse para seu amigo Filemom que não era prisioneiro de César e sim de Cristo! Somos prisioneiros de Cristo e não de uma religião, de uma denominação, ou de um cargo. É para o Cristo que devemos ir sempre, pois que Ele, sim, é o Senhor de nossa vocação. (2ª Timóteo 1:8,9). Isto nos ensina que o novo Líder ou Obreiro deve manter com o seu Pastor uma relação de lealdade. Afinal de contas foi por causa dele, de sua obediência a orientação do Senhor, que o novo Líder ou Obreiro foi ordenado. Este então deve ser leal a sua Liderança como o foram os primeiros apóstolos a Cristo, exceção feita, claro, à figura do traidor Judas (Marcos 3:14):

Proximidade

O verso 14 do capítulo 3 de Marcos afirma que Cristo nomeou os novos Obreiros para que estivessem com Ele. Isto fala de amizade, de companheirismo, de comunhão. Um Líder ou Obreiro que fica distante da Liderança Maior, não comparece às programações da Igreja, não participa das atividades do rebanho, podendo fazê-lo, não é Líder de nada, de coisa alguma, e só tem a perder. Ele não goza da presença do Líder Maior, não conhece sua mente, não compartilha de seus sentimentos nem conhece os seus projetos para a Obra. Não desenvolve bem o seu trabalho e fica mal visto pelo rebanho. Cristo nomeou seus doze discípulos para que estivessem com Ele e para que Ele lhes pudesse “ordenar a pregar”, ou seja, para lhes passar instruções a fim de que eles pudessem fazer bem o seu trabalho. Se o novo Líder ou Obreiro não estiver por perto como irá receber as suas instruções? As Escrituras dizem que maldito é aquele que realiza a obra do Senhor relaxadamente ou negligentemente (Jeremias 48:10). Isto só é assim porque o Obreiro poderia fazer a Obra de Deus perfeitamente, com qualidade, com esmero, mas, ainda assim ele não o fez – ao contrário, “desfez” da Obra do Senhor e agora vai ter de arcar com as conseqüências. Os discípulos mais íntimos do Pastor Jesus vivenciaram coisas que os demais não participaram: Pedro, Tiago e João viram Jesus ressuscitar a filha de Jairo (Marcos 5:37); presenciaram a sua espetacular transfiguração (Mateus 17:1-2); escreveram vários  livros do Novo Testamento; e, se tornaram as colunas da Igreja Cristã (Gálatas 2:9). Toda vez que um Líder ou Obreiro começa a ficar distante de seu Pastor, de sua supervisão, de seu olhar pastoral, acaba promovendo rebelião na Igreja, divisão no rebanho, fissura na família da fé.

Empenho no Trabalho

O evangelista Mateus disse que ao olhar Jesus para as multidões errantes e desnorteadas sentiu compaixão delas e disse para seus discípulos que “a seara era realmente grande, mas que poucos eram os ceifeiros” (Mateus 9:35-38). Ele estava alertando os futuros Obreiros para o fato de que na Obra de Deus sempre haverá muito trabalho! (Mateus 10:1). E se há muito trabalho e poucos trabalhadores então a carga de trabalho será demais para cada Líder ou Obreiro. Sabendo disto, nenhum Líder ou Obreiro deveria ficar reclamando que trabalha demais na Igreja. Marcos disse que os novos Líderes, agora já chamados de apóstolos, iam e vinham sem parar, sem tempo para descansarem ou comerem. Jesus então os chamou a um lugar aparte para eles descansarem um pouco, mas não lhes diminuiu a carga de trabalho! O descanso deles seria por pouco tempo para que não se acostumassem ao próprio descanso e, o lugar não era nenhum SPA evangélico e sim o deserto! O trabalho na Obra de Deus realmente pode ser extenuante, fatigante, extremamente cansativo para o servo do Senhor (Marcos 6:30-32), mas o novo Líder deve trabalhar com empenho na Seara do Mestre, pois que Deus nunca chama preguiçosos para trabalhar em sua Seara e sim pessoas operosas, produtivas, úteis. Paulo disse que Onésimo, o escravo de Filemom, mesmo tendo o nome de “útil”, na língua grega, era um inútil, mas que agora, com Cristo em sua vida, ele se tornaria duplamente útil para Filemom: primeiro, em agradecimento por este estar lhe dando uma segunda chance de servi-lo como escravo seu que era; segundo, porque ele agora se tornara o seu irmão em Cristo e lhe serviria com grande prazer e satisfação (Filemom 1:10-11).

Amor ao trabalho

Isto é diferente de ter empenho no trabalho ou de ser leal à pessoa do Líder. Empenho fala de esforço, de diligência, de mãos no trabalho. Amor fala de sentimento, de emoção, de se colocar a alma no que se faz. Pode-se fazer muito sem amor, mas não se pode amar sem fazer nada. Pode-se ser leal a um determinado Líder e, ainda assim, fazer o trabalho sem amor, sem afetividade alguma, só por fazer. Mateus disse que Jesus sentiu compaixão da multidão (9:36) e qualquer pessoa que seja chamada a fazer o que Ele fazia, também deve sentir o que Ele sentia ao realizar o seu trabalho. Sentir compaixão por alguém e diferente de sentir pena, de ter dó. Esta significa que você se sente condoído com a situação ruim que o outro está passando, mas que não tem poder algum para mudá-la, para fazer algo em seu favor, enquanto que aquela outra significa que você se sente condoído com a situação ruim que o outro está passando, mas que vai em sua direção para socorrê-lo e ajudá-lo a passar por aquela dificuldade. Compaixão significa “sofrer com”. Jesus sofria com o sofrimento das multidões e isto o levava a agir, a atuar, a realizar alguma coisa, e a por todo o seu coração na Obra de Deus. Todo Líder ou Obreiro deve desenvolver o seu trabalho com amor, com sentimento, com compaixão, pois a Obra a realizar é tão dura, tão pesada, que a não ser que ele faça assim, desta maneira, certamente perecerá.

Retorno Sobre o Trabalho Feito

Marcos também disse que os novos Líderes voltaram juntos para Jesus com alegria contando-lhe o que tinham feito e o que haviam ensinado (6:30). Que é isto senão uma reunião de Obreiros semelhante as que fazemos atualmente em nossas Igrejas? Todos os Líderes devem prestar relatório ao Pastor que deve ouvi-los, um a um, e todo Pastor deve agendar uma ocasião em que todos os seus Liderados, de perto e de longe, possam nela estar presentes. Nesta ocasião, os novos Líderes e Obreiros trocarão experiências, quebrarão o sentimento de solidão, principalmente se forem missionários, receberão uma visão mais atual, real e geral sobre a Obra, se estimularão uns aos outros e também descansarão um pouco. É bom realizarmos as nossas reuniões mensais com os Obreiros que trabalham conosco na igreja, mas todo Pastor deveria realizar também uma reunião, em período a ser acertado, seja ele semestral ou anual, com a duração de alguns dias, se possível, na qual todos os seus Líderes e Obreiros possam dela participar e recompor as suas forças. O sentimento de comunhão, de participação, de unidade, advindos dessas reuniões, é imenso e faz valer a pena todo o esforço e custo despendidos nelas. O fato de Cristo não ter falado nada em contrário sobre o trabalho realizado pelos seus Líderes, nem ainda sobre os ensinamentos ministrados por eles às multidões, comprovou que estes haviam entendido perfeitamente as suas ordens e que as executaram com perfeição. Como é maravilhoso quando a Liderança Maior consegue passar suas idéias sobre determinado trabalho a ser realizado e os seus Líderes e Obreiros o entendem cabalmente e o realizam com perfeição!

Harmonia entre os Obreiros

Todos os textos examinados deixam transparecer que os apóstolos trabalhavam em harmonia entre si e em perfeita sintonia com as determinações do Cristo. Isto pode ser deduzido pelo fato de que, em todos esses textos, se afirma que os apóstolos voltaram juntos para contarem a Cristo o que haviam feito. Nenhum deles voltou depois do outro, destacadamente, como que a caracterizar um possível desafeto, um desentendimento no grupo A relação entre eles era perfeita, até onde todos podiam detectar. Três anos depois eles ainda estavam assim. Apenas Jesus viu o sentimento mau e discordante no coração de Judas, mas não os seus discípulos (João 13: 21-30). Nenhum sentimento de rivalidade, de disputa, de supremacia de um sobre outro, deve existir entre os servos de Cristo, e menos ainda, se este se tornou um Obreiro ou um Líder Maior na Casa do Senhor. Os exemplos de Cristo cingindo-se de uma toalha e lavando os pés dos discípulos (João 13: 1-20) e de seu extraordinário esvaziamento da Divindade, conforme relatado pelo apóstolo Paulo em Filipenses 2:3-11 para estar conosco em igualdade de condições na batalha contra o Diabo, a carne e o mundo, são os exemplos norteadores desta nossa caminhada cristã.

Deus abençoe a todos.

Caso seja do interesse de meu prezado leitor discutir mais sobre o assunto, envie-me seus comentários, questionamentos, sugestões, críticas e, quando houver, possíveis elogios.

III. Como Levantar Obreiros

 

Palestra III

 COMO LEVANTAR OBREIROS

 Estudo elaborado pelo Pastor Olívio em Realengo, no Rio de Janeiro, em maio de 2011 e revisado em maio de 2012

COMO LEVANTAR OBREIROS

Nunca existiu um Líder melhor e mais competente que Jesus Cristo. Ele treinou 12 homens dentre os mais difíceis de serem treinados e, em apenas 3 anos e meio, eles já estavam prontos, preparados para operarem a maior de todas as revoluções do mundo – a revolução da consciência. Como foi que o Cristo fez isto? Segundo os Evangelhos de Mateus 10:1-42 / Marcos 3:13-19 / Lucas 6:12-15, Ele o conseguiu observando alguns princípios de liderança já existentes e estabelecendo também novos princípios para serem cumpridos por aqueles que já se encontram constituídos como Líderes e que tenham como atribuição levantar outros Líderes e Obreiros para a Obra do Senhor. Vamos examinar então que princípios foram estes observados pelo Senhor Jesus:

Quanto ao Tempo Ideal para se Levantar Obreiros

O texto de Mateus 9:35-38 deixa claro que Jesus levantou seus Obreiros quando, ao olhar para a multidão que o seguia, percebeu que esta o seguia como ovelhas errantes que não têm Pastor. Ele era apenas um e havia tanto trabalho a ser realizado! Sozinho Ele não conseguiria dar conta de tudo. Precisava de ajudantes. Então o texto seguinte diz que Ele subiu ao monte e foi tratar desse problema com Deus (10:1-5). O que aprendemos com isso? Aprendemos que o tempo certo para se levantar Obreiros é aquele em que a necessidade do trabalho se faz evidente. Nenhum Pastor deve levantar Obreiros só para lhe dar um cargo, prender pessoas na congregação, ou mostrar que a “sua“ Igreja é um lugar de muito trabalho! Muitos cargos hoje são “distribuídos” nas igrejas de Cristo politicamente, para destacar algum amigo ou para prender pessoas que dão dízimos elevados, mas este é um comportamento tão mesquinho, tão baixo, tão reprovável que chega a nos causar asco (nojo). Se a necessidade para o cargo não existir, não deve também existir o Obreiro. Quando Jetro viu Moisés atendendo o povo de manhã até a tarde em suas questões pessoais soube que aquele era o momento ideal para se levantar Lideranças. Então ele orientou Moisés a levantar chefes do povo sobre mil, cem, cinqüenta e dez para ajudarem-no, o que Moisés fez e equacionou aquele problema (Êxodo 18:13-27). Caso não observemos isto e teremos uma Igreja politizada, inchada de tanto “chefes” e bastante ruim para se estar.

Quanto ao Tempo de Formação dos Obreiros

Há diferença entre o tempo de preparação de um Obreiro para a ocupação de um cargo setorial, e o tempo de preparação para a substituição do Líder principal de uma Obra. O Senhor gastou 80 anos preparando Moisés para libertar o seu povo do Egito (40 anos no Egito – Atos 7:20-23 – e 40 anos em Midiã, com Jetro, seu sogro – Atos 7:29-30) e mais 40 anos ainda para este efetivá-la (Atos 7:35,36). Ele gastou 30 anos preparando Jesus para a sua obra vicária, redentora (Lucas 3:23), mas usou-o por apenas 3 anos e meio. Ele levou muito tempo para preparar o apóstolo Paulo (Gálatas 1:14 / 2:1), mas poucos anos depois este já estava sendo [1]morto. Quando foi levantar um Líder para substituir a Moisés, o Senhor tomou a Josué que já estava sendo preparado por pelo menos 40 anos para aquele momento (Números 13:116 / 14:34), mas quando Moisés foi levantar maiorais de mil, de cem, de cinqüenta e de dez para ajudá-lo a julgar as causas do povo,  ainda que o texto não nos informe quanto tempo ele tenha levado para procurá-los, escolhê-los e ordená-los, sabemos que não foi algo tão demorado, dada a premência para solução do problema. Cristo levou 3 anos e meio para preparar seus Obreiros, mas quando teve de ser substituído, o único Líder no mundo com capacitação suficiente para fazê-lo foi o Espírito Santo de Deus que conosco permanece até os dias de hoje (João 14:16-18,26 / 16:7-15). Paulo preparou muitos Líderes para a Obra de Cristo, mas não foi substituído por ninguém. O que aprendemos com tudo isto?

  • Primeiro, que gasta-se muito tempo para preparar material humano e pouquíssimo tempo para usá-lo;

  • segundo, que quanto maior a posição do Líder, maior o tempo de preparo de seu substituto;

  • terceiro, que o Obreiro que vai substituir o Líder principal deve estar com este desde o princípio da Obra;

  • quarto, que o tempo ideal para que isto aconteça é aquele que a Liderança Maior entender que deixará o seu Obreiro capacitado para realizar a tarefa proposta.

Quanto ao Método de Preparação de Obreiros

O método utilizado por Cristo para a preparação de seus Obreiros foi o da [2]Instrução Direta e Companhia Permanente. Cristo nunca contratou professores ou doutores de religião para instruir os seus discípulos. Tampouco alguma vez os mandou fazer algum dever de casa para trazê-lo no outro dia, como fazemos em nossas instituições de ensino. Ele mesmo preparou-os, dando-lhes instruções do céu e ensinando-os como fazer as coisas diretamente, no local de trabalho, em sua companhia. É muito bom que o futuro Líder ou Obreiro estude em instituições de ensino preparadas para tal e se empenhe ao máximo com o objetivo de se tornar um Obreiro irreprovável (2ª Timóteo 2:15), mas não deixa de ser menos importante que ele receba instruções diretamente de seu Pastor sobre o que fazer na Obra. Os Seminários, Institutos e Faculdades Teológicas são locais onde o novo Líder receberá instruções, mas a Igreja e o mundo são os locais onde o Obreiro terá a sua atuação. Todo Pastor deve preparar pessoalmente seus Líderes naquilo que pretenda que eles façam, lado a lado com a instituição de ensino.

Quanto ao Tempo Necessário para a Escolha dos Obreiros

O evangelista Marcos registrou que Jesus subiu ao monte e lá, no alto da montanha, chamou para Si os discípulos que quis (v. 13). Lucas afirma que Cristo passara a noite inteira em oração e que quando já era dia chamou a si os discípulos que escolhera (vs. 12,13). O que isto nos ensina? Que os Líderes que iremos preparar devem ser escolhidos depois de um período longo e de intensa oração. Não de um pouco de oração apenas, mas de muita oração. Jesus passou a noite inteira orando ao Pai apenas por isto. Não se diz em nenhum dos textos que Ele tenha orado por outro motivo que não este. Há que se gastar tempo com Deus para se saber a quem devemos entregar os mistérios eternos. Há que se gastar tempo com Deus para se saber a quem devemos colocar como Líderes e Obreiros sobre seu rebanho. Há que se gastar tempo com Deus para se saber com quem devemos partilhar a nossa unção espiritual. Não podemos ter pressa aqui (1ª Timóteo 5:22). Uma falha apenas e podemos por toda a Obra a perder. Quando um rebanho vê um Líder que foi levantado depois de muita e intensa oração, ele se sente confiante de que Deus fará uma grande obra através daquele Líder, mesmo que em determinados momentos este novo Líder pareça vacilante ou fraco. Se este período de oração não ocorreu, o rebanho fica sem base espiritual nenhuma para crer que aquele Líder ou Obreiro será uma benção e desenvolverá um ministério profícuo.

Quanto ao Momento Cruciante da Escolha

Os Evangelhos também informam que apenas Jesus subiu ao monte para orar por seus futuros ajudantes. Ele já estava experimentando a companhia de Pedro e de seu irmão André (Mateus 4:18-20), de Tiago e João, filhos de Zebedeu, que já eram seus discípulos (Mateus 4:21,22). Mateus já o estava seguindo (Mateus 9:9) e de igual maneira, Filipe e Natanael (João 1:43-49). Mas ainda assim, quando Ele foi orar ao Pai para que este lhe informasse quais deveriam ser os futuros Líderes de sua Obra Ele subiu ao monte sozinho. E não disse para ninguém o que ia fazer! Por que foi que Ele fez isto? Por que Ele não levou alguém para ajudá-lo em oração? Porque a sua escolha não poderia ser influenciada por ninguém. Tivesse Ele um discípulo ali, orando com Ele, e seu coração poderia pender para escolher esse discípulo como um de seus Líderes, pela sua devoção. O próprio discípulo poderia “forçar uma barra” para ser escolhido por Jesus e então, neste caso, as duas decisões que poderiam sair dali seriam erradas: se o discípulo fosse escolhido como apóstolo, teria ganho uma projeção pessoal e não uma oportunidade para projetar a Cristo; se não fosse selecionado, ficaria a vida inteira amargurado contra Jesus e possivelmente se tornaria seu inimigo e opositor da Obra. Toda a Igreja pode e deve orar para que Deus ajude o seu Pastor na escolha de seus Obreiros, mas no momento crítico, crucial, da recepção dos nomes, da revelação sobre quais deverão ser os seus Ajudantes, apenas o Pastor deve permanecer na presença de Deus, em oração.

Quanto ao Anúncio dos Selecionados

Depois de ter ficado uma noite inteira em oração, Jesus chamou para Si os novos Líderes. Estes eram pessoas comuns que, nenhum de nós, em sã consciência, escolheria para liderar nada! Em seu grupo não havia escritores, empresários, profissionais liberais, professores universitários, mestres de religião ou políticos. Apenas pescadores (Pedro, André, Tiago e João), um subversivo (Simão, o Zelote), um coletor de impostos (Mateus), crentes incrédulos (Filipe e Tomé), gente comum e desconhecida de nós (Bartolomeu, Tadeu) e ainda aquele que o iria trair (Judas). Cristo não chamara Natanael, por exemplo, para compor o seu grupo, pessoa de quem afirmara não existir nenhum dolo (João 2:47) nem ainda sua Mãe, que sabia ser Ele o Messias (Lucas 1:26-35 / 2:8-20). Ao analisarmos friamente as escolhas que Jesus fez somos levados a afirmar que sua oração foi o maior fracasso de sua vida! Como escolher gente tão despreparada como pescadores para serem as futuras colunas da Igreja? Como escolher um zelote (Simão cananita) e um publicano (Mateus), que eram inimigos, e colocá-los no mesmo grupo? Como escolher para apóstolo o seu próprio traidor? É que a escolha dos Líderes da Obra de Deus não pertence a nenhum de nós, e sim a Ele mesmo. É Ele quem escolhe as pessoas que Ele quer, cabendo a nós apenas obedecê-Lo e honrá-Lo. Nossas escolhas devem refletir exatamente as escolhas que o Senhor já fez. Com isto aprendemos que não devemos chamar para Líderes aqueles que simpatizam conosco ou que nos agradam, mas sim aqueles que Deus mesmo já escolheu para Si. Muitos dos Líderes chamados por nós podem causar estranheza ao rebanho, mas esta estranheza, esta falta de obviedade, é a maior certeza de que a escolha foi feita por Deus, pois só Ele poderia chamar para Si tais pessoas para serem Líderes! Para o discípulo chamado, isto também traduz grande segurança, por não se sentir capaz de assumir tal posição. Foi assim com Moisés (Êxodo 4:1,10,13), Jeremias (1:6), Amós (7:12-15) Paulo (1ª Coríntios 15:8-11 / Gálatas 3:6-9 / 1ª Timóteo 1:12,13), e tantos outros.

Quanto a Qualificação dos Líderes

Isto é uma das coisas que mais impressionam no chamamento de Cristo. Ele não exigiu nenhuma qualificação educacional ou social de seus discípulos! Nem ainda mesmo uma qualificação moral! Caso o tivesse feito e poderia ter se livrado logo daqueles discípulos problemáticos, do seguidor traiçoeiro e dos apóstolos sem expressão! Afinal de contas Ele conhecia cada um deles e o que estava em seus corações, não precisando que ninguém Lhe informasse sobre quem eles eram (João 2:25). Ainda assim Ele escolheu exatamente aqueles discípulos. Sua única imposição, segundo o evangelista Lucas, foi que eles fossem convertidos, fizessem já parte de seu grupo de discípulos (Lucas 6:13). Por que foi que Ele fez isto? Porque cabia a Deus escolher os trabalhadores de sua Obra e não ao Cristo! A este cabia apenas orar, receber e obedecer, como um filho faz, levantando exatamente aqueles a quem o Pai já havia escolhido. Afinal de contas este fora o motivo pelo qual Ele fora orar ao seu Pai. Caso Ele tivesse estabelecido qualquer outra condição que não fosse a espiritual e poderíamos atribuir o sucesso ou fracasso da Obra de Deus a existência desta ou daquela outra condição e não à soberania de Deus. Moisés tivera liberdade para escolher os seus Líderes e exigir deles suas qualificações (Êxodo 18:21) mas não o Cristo. Neste assunto Ele não poderia arbitrar. Tinha que escolher exatamente aqueles a quem Deus o Pai já escolhera. Daí aquela estranha seleção de discípulos! Mais tarde a Igreja Cristã passou a condicionar o levantamento de Líderes aos cargos de apóstolos (Atos 1:21-26); Bispos (1ª Timóteo 3:1-7 / Tito 1:5-9) e Diáconos (1ª Timóteo 3:8-13).

Quanto a Procedência dos Líderes

Cristo chamou para apóstolos pessoas que já faziam parte de seu grupo de seguidores e não de outros rebanhos existentes. Isto é importantíssimo para nós, pois nos ensina que o Pastor deve chamar para a Liderança do rebanho pessoas que dele já façam parte e não pessoas vindas de outros agrupamentos. O Senhor já havia estabelecido, através de Moisés, uma legislação sobre a eleição de um rei na qual orientara o povo a colocar sobre si um rei que viesse de seus próprios irmãos e não de um povo estrangeiro (Deuteronômio 17:14,15). Cristo poderia ter escolhido gente mais bem preparada do segmento dos fariseus, dos herodianos, dos saduceus, dos essênios e de outros grupos quaisquer para colocar sobre seu rebanho, mas não o fez. Ele os escolheu dentre os seguidores de seu próprio grupo. Por que foi que Ele fez isto? Porque Ele sabia que se já é difícil para nós aceitar como Líderes e Obreiros pessoas que já conhecemos, que trabalham conosco, e que jamais escolheríamos para nos liderar, (segundo os nossos critérios, claro), quanto mais uma pessoa vinda de fora, que não conhecemos nem a ela nem ao seu trabalho e que também não conhece nada sobre nós! O desânimo que poderia se abater sobre alguns por não terem tido a oportunidade de servirem a Cristo no local onde congregam poderia ser fatal a sua fé ou lhes incentivar a procurarem outro rebanho.

Quanto ao Número de Obreiros Eleitos

Ele escolheu, dentre os milhares de discípulos que tinha em Israel, apenas doze. A Bíblia diz que sua fama já havia ultrapassado os limites de seu país e chegado à Síria e que de todas as partes vinham ter com Ele para serem curados e libertos (Mateus 4:23-25). Em outra parte se diz que estava vindo gente da Fenícia, das cidades de Tiro e Sidom para ouvi-Lo (Lucas 6:17,18), mas ainda assim Ele só escolheu doze discípulos para serem Líderes. Porque foi que Ele fez isto? Para nos ensinar que o Pastor deve chamar para Líderes de seu rebanho, apenas a quantidade necessária para desenvolver o trabalho pretendido com eficácia. Nem Obreiros demais, passando a idéia de que “há muitos caciques para poucos índios”, nem Obreiros de menos passando a idéia de que “há muitos índios para poucos caciques”. O numero de Líderes a ser levantado deve ser exatamente aquele que a Igreja necessita. Doze é o número da plenitude dos redimidos e tem a ver com o povo de Deus. Doze eram os filhos de Jacó e das tribos de Israel. Que adiantaria o Cristo chamar uma pessoa de cada aldeia, de cada cidade, de cada região para ser Líder sobre um grupo, se apenas na Galileía existiam 204 cidades e aldeias? Este grupo acabaria contendo milhares de pessoas e a sua supervisão sobre ele seria quase impossível, tomando um tempo imenso que o Cristo não possuía e comprometendo seriamente a sua missão. Treinando apenas aqueles doze, estes treinariam outros tantos e estes a outros mais e assim, sucessivamente. Todo Pastor deve estar capacitado a preparar Líderes que possam preparar outros Lideres.

Quanto as Novas Atribuições dos Líderes e Obreiros

Mateus disse que Cristo após ter chamado para Si os doze discípulos que seriam nomeados apóstolos, deu-lhes orientações sobre quais seriam as suas novas atribuições (10:5-42). São 37 versículos tratando do trabalho a ser desenvolvido pelos novos Líderes e um capítulo inteiro do Santo Evangelho para tratar de sua nomeação. Marcos também fala das novas atribuições que Cristo dera a seus Ajudantes (3:14-15). Moisés dissera a seus novos Líderes quais seriam as suas atribuições e o tempo a ser despendido no trabalho (Êxodo 18:22). Creio que Deus julga ser isso uma coisa muito importante por ter utilizado tanto espaço nas Escrituras para falar sobre esse tema, mas também creio que esta é uma das partes mais falhas nos programas de preparação de Líderes existentes. A liderança chama alguém para trabalhar, o nomeia como Obreiro, mas não lhe diz exatamente o que deve fazer, não lhe informa quais serão as suas novas atribuições. O resultado disso, claro, é uma grande confusão. Pastores há que estão sendo sub-utilizados em seus ministérios, Presbíteros há que não possuem entendimento algum sobre o que seja o seu cargo, Diáconos há que estão tomando conta de crianças, do pátio de estacionamento ou tão somente servindo os elementos da ceia, e por aí vai. Todo Pastor, antes de nomear um Líder, deve estabelecer quais serão as suas atribuições.

Quanto a Titulação dos Novos Obreiros

O texto de Lucas 6:13 diz que Cristo passou a chamar os doze discípulos escolhidos de “apóstolos”. Isto também se encontra em Mateus 10:1,2. Era um título diferente que, quando pronunciado, trazia à mente de seu possuidor a lembrança de sua nova posição e de suas novas responsabilidades ao mesmo tempo que mostrava para os demais seguidores que aquelas pessoas gozavam de uma certa distinção. Eles não eram mais apenas discípulos, mas “apóstolos”, escolhidos dentre milhares e milhares de seguidores de Cristo em toda a Nação. Por esse titulo passaram a ser conhecidos em toda a História. O que o Cristo pretendia nos ensinar com Isto? Que o Pastor deve dar o título correspondente às novas funções de seus Líderes. Não apenas lhes dar novas atribuições e deixá-los como eram antes, como discípulos desconhecidos, mas honrá-los com a nova designação pela qual eles passarão a ser conhecidos! (Romanos 13:7). Isto estimula o espírito do cooperador, pois ele sabe que aos olhos dos demais isto quer dizer que ele se encontra em uma posição mais próxima de seu Líder. Certo é que alguns podem demonstrar orgulho espiritual por isso, mas o mesmo texto de Lucas a que nos referimos disse que Cristo deu nome de apóstolos aqueles que eram discípulos. Antes de sermos qualquer coisa que Deus nos permita ser, somos discípulos de Cristo. Aqui está a nossa maior honra!

Quanto a Ocasião de Nomeação dos Novos Obreiros

É interessante observar que todos os Obreiros foram nomeados de uma única vez, ao mesmo tempo e não aos pouquinhos, em vários grupos e ocasiões diferentes (Lucas 6:13-17). Todos foram nomeados de uma só vez e na presença de todos! Por que o Cristo fez assim? Porque desta maneira todos se sentiriam estimulados a trabalhar ao saberem que havia também outros parceiros de ministérios como eles, se cobrariam mutuamente por melhores resultados, tomariam conta uns dos outros, trocariam experiências entre si, se sentiriam valorizados ao saberem que o Cristo não havia feito nenhuma outra nomeação secreta, individualizada e que os considerava a todos igualmente. Isto nos ensina que, sempre que possível, o Pastor deve nomear todos os seus Líderes e Obreiros de uma única vez, em uma única data, em um único evento, em apenas uma ocasião.

Quanto à Ordenação dos Líderes

Após a nomeação dos novos Obreiros, Cristo deu-lhes poder para realizarem a sua missão (Mateus 10:1). Os capacitou, os revestiu de autoridade, os ungiu com poder espiritual. Deu algo de Si, que estava dentro Dele, para os novos Líderes. Só podemos dar aquilo que temos (Atos 3:6) e Cristo deu-lhes daquilo que possuía. Tudo o que um Pastor possui de melhor em sua vida deve compartilhar com o novo Líder na hora da unção: capacidade evangelística, poder para curar enfermos, sabedoria na Palavra, capacidade administrativa, e todas as demais coisas que ele sabe que Deus lhe deu em abundância. O novo Líder será o reflexo da vida espiritual de seu Pastor e, portanto, quanto mais de si ele tiver, mais segurança o Pastor terá que o novo obreiro desenvolverá um bom ministério. Nunca um Pastor deveria reter o poder espiritual que possui a fim de desqualificar um novo Líder ou mantê-lo pequeno diante de todos (Deuteronômio 34:9 / 1ª Timóteo 4:14 / Hebreus 6:1,2). Isso não condiz com sua posição de homem de Deus.

Quanto ao Momento da Liberação dos Líderes e Obreiros

Por último, o texto de Mateus 10:5 diz que Cristo os enviou a realizar o que tinham para realizar. O que isto quer dizer? Quer dizer que o Pastor deve determinar o momento a partir do qual o novo Líder será responsável por tudo o que diga respeito a seu cargo. O momento em que o novo Líder terá o seu cordão umbilical administrativo cortado e se tornará, de fato, o cabeça daquele setor, o detentor daquele cargo, o Líder daquele grupo, etc.. Não se pode trabalhar livremente em um setor da Igreja se a Liderança está o tempo todo ditando as regras a serem observadas, as maneiras de se fazer o trabalho, as pessoas a serem levantadas como auxiliares e coisas assim. O Obreiro tem de ter liberdade para trabalhar em seu Setor, para expor suas idéias, para nomear os seus auxiliares e fazer o que tem de ser feito. Ou o Líder confia totalmente em seu Obreiro ou não o coloca no cargo. Cristo deu as instruções necessárias a seus Obreiros e os lançou no campo, como o agricultor a semear em um campo (Salmo 126:5,6). A partir daquele momento, o novo Líder será o responsável por seu ministério com suas novas responsabilidades.

Deus abençoe a todos.

 

Caso seja do interesse de meu prezado leitor discutir mais sobre o assunto, envie-me seus comentários, questionamentos, sugestões, críticas e, quando houver, possíveis elogios.

[1] Paulo se converteu nos primeiros anos do movimento cristão, provavelmente entre 33 e 35 d.C, e morreu decapitado em Roma, em cerca de 70 d.C.

[2] Apesar de o método de ensino utilizado por Cristo ser parecido com o método utilizado por Aristóteles, conhecido como peripatético, palavra grega para ‘ambulante’ ou ‘itinerante’ em razão do hábito deste filósofo ensinar ao ar livre, caminhando enquanto lia e dava preleções, por sob os portais cobertos do Liceu, conhecidos como perípatoi, ou sob as árvores que o cercavam, o seu método diferia daquele por não estabelecer lugar e horário para o ensino.

II. Porque Constituir Líderes

 

Palestra II

POR QUE CONSTITUIR LÍDERES?

 Estudo elaborado pelo Pastor Olívio em Realengo, no Rio de Janeiro, em maio de 2011 e revisado em fevereiro de 2012

POR QUE CONSTITUIR LÍDERES?

A PRIMEIRA razão pela qual a Liderança Maior (Apóstolo, Bispo, Pastor) deve constituir Líderes e Obreiros é simples e natural e não deve assustar ninguém, como seja, onde houver dois indivíduos, sempre um deles será o Líder. Isso foi estabelecido por Deus desde o princípio da humanidade. Quando o Senhor criou os nossos primeiros pais determinou que a mulher fosse a ajudadora do homem e não o homem o ajudador da mulher (Gênesis 2:18,20). Isso fez do homem o Líder, o Cabeça, pois quem ajuda alguém, apóia alguém que já está fazendo alguma coisa. A iniciativa de fazer algo, de começar uma coisa nova, faz do indivíduo que a iniciou um Líder (Gênesis 2:24). O apóstolo Paulo escreveu aos crentes coríntios apontando três razões pelas quais o homem deveria assumir a posição de Cabeça do casal. Ele disse que: a) o homem é a imagem e glória de Deus enquanto a mulher é a glória do homem; b) a mulher veio do homem e não o homem da mulher; c) o homem não foi criado por causa da mulher e sim a mulher por causa do homem (1ª Coríntios 11:3, 7-9). Mesmo entre irmãos gêmeos a Liderança de um sobre o outro se faz presente. O Senhor disse que, dos filhos gêmeos de Isaque e Rebeca, a saber, Esaú e Jacó, o maior seria o menor e o menor seria o maior, daí a luta de ambos no ventre da mãe, durante toda a sua gravidez (Gênesis 25:19-23). Até na Pessoa Divina encontramos exemplo de uma sadia Liderança! O Pai sempre aparece como o Líder das duas outras Pessoas Divinas. Foi Ele quem tomou a iniciativa da criação do Universo (Gênesis 1:1 / Isaías 45:12); da criação do homem (Gênesis 1:26,27) e da obra de redenção da humanidade (Gênesis 3:15). Foi Ele quem enviou o seu Filho ao mundo (João 3:17) e também enviou o Espírito Santo à Igreja (João 14:26), mas Ele mesmo de ninguém é enviado. Levantar, pois pessoas na Igreja, para ocuparem cargos de Liderança, não deve ser algo para nos deixar arrepiados, apavorados, de cabelos em pé, mas sim para ser visto como algo genuíno, legítimo e fundamentalmente natural.

A SEGUNDA razão pela qual se deve constituir Líderes é porque são eles quem garantem a realização e a permanência do serviço a ser executado. Sem o poder de agregação dos Líderes jamais conseguiríamos realizar coisa alguma. Se todos fizessem o que desejam fazer, a seu bel-prazer, sem ordenação nenhuma, não se chegaria a lugar algum, mesmo somando-se todos os esforços. O apóstolo Paulo orientou magistralmente os coríntios sobre o esforço de unidade que eles deveriam fazer caso desejassem realizar alguma coisa. Para isto ele usou a figura do corpo humano como exemplo visto este possuir uma variedade enorme de órgãos que se unem para cumprir as tarefas devidas (1ª Coríntios 12: 12-31). É apenas quando nos unimos a outros para fazer algo sob a Liderança de alguém que planeja ações, reúne materiais, agrega esforços e estabelece metas, que as coisas acontecem. Encontramos na Trindade Divina o maior exemplo de cooperação do universo. Todas as Pessoas Divinas trabalharam juntas, harmônicas, em sintonia, para que o universo viesse a existir, o homem ganhasse existência e a redenção da humanidade se tornasse uma realidade, contudo, nenhuma Pessoa da Deidade fez tudo sozinha, individualmente. Se o Pai quisesse fazer uma coisa e o Filho ou o Espírito Santo outra, discordando entre si, nada do que existe teria vindo à existência. Tudo foi feito de comum acordo, em plena cooperação e harmonia. É pela cooperação dos liderados, sob a direção sadia de um Líder, que as coisas vêm à existência!

Mas os Líderes ou Obreiros de uma igreja não são importantes apenas porque ajudam a Liderança maior a realizar as coisas que ela deseja, mas também porque eles garantem a permanência, do serviço. Caso eles não estivessem exercendo a sua autoridade, a sua liderança, a sua supervisão o tempo todo, e todo o serviço ou obra estaria perdido. Logo as pessoas se afastariam uma das outras e a obra, atividade ou serviço, conquistado com tanto esforço, se extinguiria. Todos ficariam muito tristes e o sentimento de frustração consumiria os seus corações. Todos sabemos que manter ou preservar algo que foi conquistado é muito mais difícil do que a conquista do algo em si. Destruir ou perder aquilo que foi conquistado então é a parte mais fácil de todo o processo! Nossa salvação em Cristo é um bom exemplo disto. Converter-se ao Senhor durou só um momento de nossa vida, um só instante, mas permanecer firme em seus ensinos até o final de nossas vidas, vencendo as lutas do dia a dia…ufa! Como isto é difícil!

A TERCEIRA razão pela qual devemos constituir Líderes e Obreiros na obra de Deus é que apenas com o apoio destes, o Líder maior poderá realizar a sua própria Obra! Veja o exemplo de Moisés. Ele devia colocar o povo hebreu, recém liberto do Egito, dentro da terra de Canaã. Esta era a sua incumbência, a sua missão maior, estabelecida pelo próprio Deus, mas tinha também de ouvir o povo em suas questões pessoais, particulares, ainda que esta fosse uma missão menor. Ele ficava desde a manhã até a tarde ouvindo o povo em suas causas e então os aconselhava dentro das orientações de Deus (Êxodo 18:13). Jetro, o seu sogro, viu Moisés fazendo aquilo e ficou absurdamente apavorado! (18:14). Ele então chamou o seu extenuado genro ao final do dia e lhe disse que se ele continuasse fazendo aquele serviço daquela maneira e sozinho desfaleceria e todo o povo com ele! (Êxodo 18:15-18). Jetro então aconselhou Moisés a reunir todo o povo e a declarar-lhe todos os mandamentos e leis de Deus em que eles deveriam andar e a obra que deveriam fazer (19:20), o que já eliminaria uma multidão de problemas. A seguir, ele deveria cercar-se de ajudantes que o auxiliassem a fazer aquele grande serviço e só procurarem Moisés nas causas mais sérias que eles não tivessem competência para julgar (vs.21-23). Moisés assim o fez, o povo continuou sendo atendido em suas necessidades de uma maneira até mais ampla, a Obra maior de Deus para com Moisés não foi descontinuada e o grande Líder pode descansar melhor de seu trabalho (vs.25-27). Que grande administrador era Jetro, o sogro de Moisés! Este é um dos personagens bíblicos que eu gosto e que certamente possuía o maravilhoso dom de governos!

Com o sogro de Moisés, Jetro, aprendemos coisas sobre Líderança que nenhuma Liderança Maior deveria jamais abrir mão ou omitir-se de fazê-las, como seja:

  • Os Líderes e Obreiros são a extensão da Liderança Maior, pois que é através deles que esta Liderança chega às pessoas mais distantes que lhe estão subordinadas. Sem a presença destes a congregação jamais ficaria sabendo qual é a vontade do Líder Maior para os mais diversos assuntos e setores da instituição. São os Líderes e Obreiro que repicam, reproduzem, repetem as orientações do Líder Maior para os seus liderados e assim todos são atingidos. Eles atuam como se fossem o microfone da Liderança Maiorda instituição, levando a voz desta a todos. Mediante os conselheiros de Moisés, todos os integrantes daquela imensa multidão, de alguns milhões de indivíduos, tornaram-se conhecedores da vontade de Deus para as suas vidas, mesmo não tendo se aproximado da pessoa do grande Líder!

  • Os Líderes e Obreiros atuam como uma espécie de filtro para a Liderança Maior. Esta não pode e nem consegue falar com todos os integrantes de sua instituição pessoalmente, “cara a cara”. Mesmo em uma igreja de pequeno porte o Líder não consegue falar com todos os seus membros nem ouvir-lhes os problemas. Moisés jamais conseguiria falar pessoalmente com toda aquela multidão e resolver todos os seus problemas, que se renovavam a cada dia. Ele só poderia abençoar a alguns diariamente, por mais que se esforçasse. Para que este serviço pudesse continuar e assim abençoar a todos os que dele necessitassem, ele deveria ser feito de uma maneira diferente. Foi aí que Jetro entrou e falou com Moisés sobre os conselheiros de mil, de cem, de cinqüenta e de dez que ele deveria colocar sobre o povo. Estes filtrariam os problemas da multidão permitindo que só chegassem a Moisés os problemas mais complexos.

  • Os Líderes e Obreiros atuam como um muro de proteção contra o ego do Líder Maior. Tudo o que a Liderança Maior realiza, só realiza com a ajuda de seus Líderes e Obreiros. Sozinha, ela não consegue fazer nada nem ir a lugar algum. Sendo assim, como é que um Líder Maior tem a audácia, o desplante, o descaramento de dizer: “eu fiz isto, eu fiz aquilo, eu montei isto, eu montei aquilo” ao invés de “nós fizemos, nos realizamos, nós construímos”, se um exército de pessoas o ajudaram a dar existência ao seu projeto? Onde fica o seu Orientador Maior, o Espírito Santo nisto? Ele não o ajudou em nada? Consegue imaginar Moisés agindo assim? Só para realizar o trabalho proposto por Jetro ele teria de levantar quase 80 mil pessoas como conselheiros, pois o número de hebreus que saíram do Egito com ele, de vinte anos para cima, era de 603.550! (Números 1:1-3, 46-49). E olha que os hebreus não incluíam em suas contagens as mulheres, adolescentes e crianças e nem ainda os levitas!

  • É pela descentralização de tarefas que garantimos a continuidade e o crescimento da Obra. Sei que quando falamos sobre o assunto muitos Líderes não gostam por terem receio de dividir tarefas com outras pessoas. Eles entendem que perderão poder, controle e qualidade no trabalho, mas isto tem mais a ver com nosso egoísmo, orgulho e desconhecimento das Escrituras do que com a incapacidade das pessoas que possam nos ajudar. Ninguém, a exceção do Senhor Deus, consegue fazer tudo sozinho, com perfeição, e dentro do tempo devido. Além do mais, nenhum de nós detém o conhecimento sobre tudo. Jetro disse para Moisés que seus ajudantes o ajudariam a carregar sua carga e não que a tomariam para si (v.22). Tanto que Moisés continuou julgando as causas do povo, só que agora, as mais complexas. Paulo orientou os gálatas a carregarem as cargas uns dos outros, sem esquecerem-se de suas próprias (Gálatas 6:2,5). Cristo mesmo se ofereceu para trocar o nosso fardo com o Dele, mas ainda assim temos de carregar alguma carga (Mateus 11:28-30). Quando dividimos nosso fardo com outros mostramos o quanto eles são importantes para nós, para a Obra de Deus e para a continuação do trabalho que tanto amamos.

Só podemos e devemos dividir tarefas, mas nunca responsabilidade. Essa jamais pode ser delegada, pois que pertence apenas ao Líder Maior. Morrer pelos pecados da humanidade na cruz, só Cristo poderia fazê-lo; pregar o Evangelho e sarar os enfermos, Obreiros qualificados poderiam realizá-lo. Libertar o povo hebreu e levá-lo à Terra Prometida era a Missão precípua da vida de Moisés, que apenas ele deveria fazê-lo; julgar as causas do povo no dia a dia, Obreiros qualificados poderiam realizá-lo. Supervisionar e pastorear rebanhos segundo os ditames do Novo Testamento apenas o Líder Maior da igreja, constituído para tal, poderá fazê-lo; ajudá-lo nas tarefas rotineiras de atenção com as ovelhas e com as congregações, Líderes preparados poderão realizá-lo.

É apenas quando a Liderança Maior constitui Líderes e Obreiros para os ajudarem na Obra que a Obra cresce! Isto parece contraditório não é? Como é que dividindo-se uma coisa esta pode vir a crescer? É que na Matemática dos céus quando dividimos algo com alguém ele não fica menor, diminuído, subtraído, mas aumenta, cresce, multiplica, fica maior! (João 6:1-13). Quando levantamos Líderes e Obreiros para trabalharem na Obra de Deus permitimos que ela ganhe consistência interna e cresça muito além de nós mesmos! E esse crescimento não é apenas quantitativo, mas qualitativo também! Jetro disse que o povo ficava de pé, aguardando o julgamento de Moisés sobre suas causas, de manhã até a tarde! (Êxodo 18:13,14). Isto era extremamente exaustivo para todos. Com a orientação do velho sogro de colocar maiorais sobre o povo para atendê-lo, o trabalho fluiu melhor e com maior qualidade! Antes de os apóstolos ordenarem os sete Diáconos para resolverem o problema da distribuição dos benefícios dados às viúvas pobres em Jerusalém o texto bíblico diz que o número de discípulos apenas “crescia” (Atos 2:47 / 4:4 / 5:14 / 6:1-7). Com a divisão de tarefas, o texto afirma que, pela primeira vez, o número de discípulos se “multiplicava” (Atos 6:7). Você pode imaginar o que significava isso? Que coisa extraordinária! Que selo maravilhoso de Deus em uma obra!

Pedro disse que o trabalho dos Apóstolos, os Líderes maiores da Obra de Deus, não era o de ficar resolvendo problemas administrativos, mas sim o de se dedicarem a oração e ao ministério da Palavra de Deus (Atos 6:4). Milhares de Igrejas estão fraquíssimas espiritualmente e não crescem nem internamente nem externamente porque os seus Líderes principais não estão se dedicando à oração e ao ministério da Palavra, mas se envolvendo com toda sorte de problemas administrativos, participando de reuniões intermináveis e improdutivas que lhes exaurem o vigor espiritual e toma todo o tempo a ser dedicado as tarefas espirituais. Termos de aprender a nos desincumbir de tarefas que nos tomem tempo desnecessário e que possam ser realizadas por outrem para realizarmos a Obra maior que o Senhor nos deu para fazer, ou seja, temos de aprender a descentralizar!

O apóstoloPaulo disse que ninguém consegue ser olho e ouvido ao mesmo tempo e que o órgão constituído para determinada coisa, a desempenha melhor do que qualquer outro órgão do corpo, mesmo que aquele outro seja mais nobre que este (1ª Coríntio 12:16-26). Vamos deixar essa mania de querer fazer tudo na igreja e de ficar pensando que sem nós o trabalho não anda e vamos passar a trabalhar de acordo com as orientações bíblicas e botar a nossa Igreja para funcionar!

Há uma conseqüência benéfica para aqueles Líderes que descentralizam as tarefas da Igreja, qual seja, a de conseguirem tempo para renovarem as suas forças. Este não é e jamais deveria ser o motivo para descentralizarmos atividades, mas não deixa de ser uma boa conseqüência desta. Se vamos trabalhar menos, ganharemos mais tempo para renovação de nossas forças físicas, mentais e espirituais. Tudo quanto existe no mundo se desgasta e precisa ser renovado, re-energizado, recomposto. Apenas Deus não precisa de descanso (Isaías 40:28), mas ainda assim Ele descansou de sua Obra criativa para nos dar o exemplo (Gênesis 2:1-3). Ele criou um dia sabático para os seres humanos e todos nós temos mandamento de observá-lo (Êxodo 20:8-11). Chama a atenção que o mandamento para a guarda do dia sabático era o maior de todos os do Decálogo, maior até mesmo que o de “não matar” (v.13). Porque isto acontecia? Porque quem não descansa segundo os ditames e orientações de Deus, de qualquer maneira já está se matando mesmo! Aquele que nos criou disse que é necessário que experimentemos um descanso diário e semanal. Até a terra de Israel tinha o seu descanso de sete em sete anos (Êxodo 23:10-13). A melhor maneira de garantirmos a nossa continuação eficiente na Obra do Senhor por muitos e muitos anos é dando descanso ao nosso corpo, mente e espírito, conforme o Senhor nos ordenou em 1ª Tessalonicenses 5:23. Não cumprir este mandamento não é excesso nenhum de consagração – é desobediência mesmo!

Tendo visto todas essas coisas vantajosas sobre o processo da descentralização como pode um Líder ainda ficar reticente, temeroso de levantar pessoas qualificadas para o ajudarem a tocar a sua Igreja ou outra instituição?

A QUARTA e última razão pela qual devemos constituir Líderes e Obreiros na Casa de Deus é porque não somos insubstituíveis! No mundo material, se não passamos conhecimento para ninguém nem permitimos que pessoas capazes nos ajudem, quando morrermos, a obra que realizamos e o conhecimento que detivemos durante a nossa vida perecerá conosco. Só que na Obra do Senhor a coisa é diferente. O homem morre, mas a Obra continua, pois a Obra não pode parar! Não existe ninguém insubstituível na Obra de Deus! Moisés talvez seja o maior exemplo disto. Ele era inteligente, sabia comandar pessoas e possuía uma íntima comunhão com Deus. Parecia ser insubstituível em todos os aspectos que se possam analisar, mas quando morreu sem conseguir colocar o povo na Terra Prometida, Deus levantou Josué que, após muitos combates e esforço, colocou o povo de Deus lá dentro! Cristo distribuiu o seu conhecimento e poder com os seus discípulos e então, após deixar o planeta e ascender aos céus, eles continuaram eficientemente a sua obra. Todo o mundo conhecido de então foi alcançado por seus ensinamentos e ainda hoje sua Obra não dá os mínimos sinais de fadiga e de que vai parar!

Não sabemos nada sobre o nosso tempo, queridos. Não sabemos nada sobre até quando estaremos disponíveis para trabalhar. O Senhor pode nos chamar a qualquer momento ou podemos enfermar e então, vamos ficar profundamente tristes e frustrados por não termos conseguido cumprir a nossa missão. Vamos seguir, pois a orientação do sábio Salomão em seu livro de Eclesiastes 9:10 e trabalhar com afinco e prazer para o Senhor nosso Deus: “ Tudo quanto te vier à mão para fazer, faze-o conforme as tuas forças, porque na sepultura, para onde tu vais, não há obra, nem indústria, nem ciência, nem sabedoria alguma”

Deus abençoe a todos

Caso seja do interesse de meu prezado leitor discutir mais sobre o assunto, envie-me seus comentários, questionamentos, sugestões, críticas e, quando houver, possíveis elogios.

I. Características de Um Líder Cristão

 

Palestra I

 CARACTERÍSTICAS DE UM LÍDER CRISTÃO

Estudo elaborado pelo Pastor Olívio em Realengo, no Rio de Janeiro, em maio de 2011 e revisado em fevereiro de 2012

O QUE SÃO LÍDERES?

Líderes são pessoas que estão, formal ou informalmente, à frente de um grupo de indivíduos realizando algum trabalho de interesse comum. São eles que orientam as tarefas coletivas, agregadoras, que exigem o esforço de todos. Na mor parte das Igrejas Cristãs é costume chamar de Líderes apenas os integrantes do ministério espiritual maior da Igreja (Apóstolos, Bispos, Pastores, Presbíteros, etc.) e de Obreiros, todos os demais detentores de cargos menores, quer sejam estes espirituais (Missionários, Evangelistas, Líder da Intercessão, etc.) ou materiais (Líder de Eventos, da Cantina, Secretária, Tesoureiro, etc.). Outras, no intento de encurtarem a distância entre a Liderança Maior e demais lideranças, criaram um escalão intermediário de autoridades eclesiais denominado “Oficiais da Igreja”, no qual estão inseridos os Presbíteros e Diáconos. Outras ainda reconhecem como Líderes apenas aqueles que estão à frente de alguma atividade espiritual e como Obreiros os detentores de cargos administrativos. Outras mais só reconhecem como Líder o dirigente principal da Igreja sendo todos os demais cargos ocupados por Obreiros. Como se pode ver, esta é uma questão na qual não existe consenso, tendo em vista que cada Igreja tem a sua própria maneira de se organizar, de se estruturar. Não existe nenhuma orientação divina legislando sobre o assunto o que nos impede de radicalizar sobre ele. Para efeito de nossa Palestra, contudo, consideraremos como Líderes aqueles indivíduos que, além de se enquadrarem na definição acima proposta, estão na posição de nomearem outros para o desenvolvimento de algum trabalho, quer seja este de caráter espiritual ou material e como Obreiros os indivíduos, também detentores de um cargo, espiritual ou material, que não possuem o poder de nomearem outros, ainda que possam chamar pessoas para atuarem como seus ajudantes e cujo trabalho nem sempre necessita ser o de liderança sobre indivíduos.

CARACTERÍSTICAS DE UM LÍDER CRISTÃO

Biblicamente falando, um Líder cristão é essencialmente, alguém dotado por Deus com o “dom de governos”, conforme registrado em 1ª Coríntios 12:28 e descrito em Atos 27. Sem este dom, o Líder ou Obreiro cristão não passa de um Chefe de Igreja ou de Departamento, respectivamente, que fica dando ordens a seus subordinados o tempo todo e exigindo deles que cumpram a sua função. Este dom espiritual, que aparece no original grego na forma plural (governos), indica que existem várias formas e níveis dele se manifestar. É um dom que capacita o indivíduo a conduzir, guiar, dirigir um grupo, igreja ou qualquer outra instituição a um determinado local ou situação com objetivos determinados, fixados, estabelecidos. Não é um dom concedido para o indivíduo ficar mantendo, coordenando, controlando um grupo sem ir a lugar algum! Isto é ser chefe e não ser Líder! A palavra que indica o dom de governos no grego é KUBERNESIS que significa “pilotar”, “dirigir”, “guiar”. Isto indica que ele é um dom de movimento, de progresso, de ação! Encontramos a palavra KUBERNETE em Atos 27:11 para designar o piloto do navio em que Paulo viajava para a Itália. O indivíduo que possui o dom de governos olha para a sua instituição como se fosse um barco que precisa singrar os mares, vencer os ventos da oposição e chegar ao lugar determinado! Ele fica absurdamente estimulado para botar o seu barco para se mover, para “andar”! Todos nós sabemos que nenhum navio é construído para viver atracado no porto, sem ir a lugar algum, da mesma maneira que nenhuma Igreja é constituída para só ficar realizando atividades internas de entretenimentos sem ir a algum lugar. Temos de colocar a nossa embarcação para navegar e, com a ajuda de Deus, ela vai começar a se mover hoje, agora mesmo na vida de meu prezado leitor que possui o dom de governos e de liderança e que está a gente de algum trabalho, tão logo acabe de ler esta Palestra!

Para colocar a embarcação que dirigimos para se mover precisamos da ajuda de muita gente, o que faz do dom de governos um dom unitivo, agregador. Assim como o piloto de um navio precisa do apoio de toda a sua tripulação para fazer o navio navegar, assim também o Líder maior da obra (Bispo, Pastor, Apóstolo), possuidor do dom de governos, precisa da ajuda de todos os seus ajudantes, sejam estes Líderes ou Obreiros, para fazer a igreja andar. Isto mostra bem o que sejam os dons de governo e o de liderança. Dentro de um navio um é líder sobre a cozinha, outro sobre o combustível, outro sobre a enfermaria, outro sobre a segurança, e assim por diante. Dentro de uma Igreja a mesma coisa acontece: um é líder sobre a intercessão, outro sobre o evangelismo, outro mais sobre o ensino bíblico e outro ainda sobre a adoração. Todos esses líderes cristãos possuem o dom da liderança e o de governo em algum grau, mas apenas o Líder maior da Igreja, possui o dom de governos em total dimensão. Isto porque cada Líder ou Obreiro lidera apenas sobre um setor específico. O Líder maior sobre a instituição inteira! Os primeiros são líderes sobre pessoas comuns. O segundo é líder sobre líderes! Comanda pessoas de comando! Dirige pessoas que dirigem!

Esta altíssima posição de vanguarda, de dianteira, de pessoa principal pode assustar – e assusta mesmo – muitos Líderes da Igreja de Cristo que estão deixando de realizar um trabalho excelente, firme e bonito para o seu Senhor com medo de assumirem os riscos desse seu posto. Eles estão se escondendo atrás de desculpas fúteis, assumindo uma postura de pseudo-humildade, que na realidade só serve para ocultar o enorme medo que estão sentindo de estarem onde estão. Parecem até Moisés quando Deus o chamou para tirar o seu povo do Egito. Leia os textos aqui assinalados e veja como era tímido e reticente o grande Líder Moisés (Êxodo 3:11,13 / 4:1,10,13 / 5:23 / 6:12,30). Mas a Bíblia é enfática em afirmar que se Deus chama alguém, Ele o capacita! Deus nunca chamou ninguém para colocá-lo em posição de humilhação, de vexame, de vergonha! Se Deus chamou você para ser um Líder então é para você ser grande mesmo! Você tem de assumir isto, pois que foi feito do mesmo “material” de Deus (Gênesis 2:7) e uma das características deste “material divino” em nós é que ele contém “ousadia”, “coragem”, “atrevimento” (2ª Timóteo 1:7).

Mas esta altíssima posição de destaque pode também trazer muita inveja e cobiça por parte de indivíduos não muito bem estruturados. Eles querem a elevada posição do cargo, mas não estão preparados para sua grande responsabilidade. Parecem Datã, Coré e Abirão querendo o cargo de Moisés (Números 16). Todos eles foram mortos, com os seus simpatizantes, por uma ação terrível do Senhor. Davi era extremamente zeloso com essa questão. Nas muitas vezes que pode se insurgir contra Saul não o fez por entender que apenas aquele que põe alguém em uma posição o pode tirar. Somente quando o rei Saul morreu Davi aceitou ser rei sobre todo Israel. O que todos nós precisamos compreender é que da mesma maneira que uma embarcação só precisa de um piloto para dirigi-la assim também a igreja só precisa de um Pastor para dirigir o rebanho. Ele poderá ter tantos assessores quanto necessite, mas nenhum deles terá o seu cargo de Líder Maior, que é único, dividido com ele. Esta compreensão evitará brigas internas e manterá os olhos de todos fitos na missão.

Um Líder ou um Obreiro cristão, queira ou não queira, é uma pessoa de vanguarda, de testeira, pois quem dirige alguma coisa está à frente, na ponta, na cabeceira, e não na retaguarda, na traseira, vindo a reboque. Isto não é uma questão apenas de posicionamento do Líder ou Obreiro em relação ao grupo, mas de postura, de atitude também! Um capitão nunca deve chefiar os seus soldados dando ordens pela retaguarda, como sendo o último homem, e sim na vanguarda, à frente de seu pelotão! Ele não pode seguir os seus soldados e sim os seus soldados o seguirem! Sua patente de capitão o credencia e o obriga a estar na posição em que se encontra! Ele não pode fugir dela! Não deve ter medo dela, pois que foi talhado por Deus para a assumir! No exemplo de Liderança espiritual dado por Jesus em João 10: 1-16 as ovelhas seguem o seu Pastor o que quer dizer que este vai à frente dos animais, na dianteira, e não atrás. Assim deve ser o Líder ou Obreiro cristão! Um crente de vanguarda, de dianteira, de condução!

Uma vez que o Líder maior já possua tudo à sua disposição para movimentar a Igreja, para fazê-la andar, é necessário agora ele fazer os seus liderados trabalharem em sintonia com ele a fim de fazerem o que ele deseja. Isto é conseguido através da credibilidade e simpatia que este passa a seus liderados ao demonstrar que possui familiaridade com o seu trabalho e que é uma pessoa firme, mas gentil. Um piloto sabe tudo sobre o seu navio, a sua tripulação, as condições do tempo e os mares que vai navegar. Isto traz confiança a quem vai lhe entregar a vida, ainda que por algumas horas ou dias. No exemplo de liderança espiritual dado por Jesus, o humilde Pastor de ovelhas entra pela porta do curral, chama as suas ovelhas, cada uma por seu nome, em um redil capaz de abrigar diversos rebanhos e elas o escutam e o seguem para onde ele as quiser conduzir (João 10:1-16). Tudo no texto demonstra a familiaridade do Pastor com o seu trabalho, com o lugar que abrigava as ovelhas e com cada um de seus animais (vs.1-4). Muitos Líderes e Obreiros da Casa de Deus não conhecem bem o seu serviço, suas atribuições e, menos ainda, as pessoas com as quais trabalha. O resultado disto são insatisfações reprimidas, medos não confessados e distanciamento cada vez maior entre os Líderes e seus liderados. Todo Líder e Obreiro tem a obrigação moral e funcional de conhecer bem o seu trabalho. Como o piloto de um navio, aquele que possui o dom de governo ou de liderança tem de ser um indivíduo capaz de mobilizar o seu grupo para realizar o que ele pretende.

Todo Líder ou Obreiro cristão, a exemplo do piloto de uma embarcação, tem de ser também um indivíduo extremamente organizado. Não existe esse negócio de Líder ou Obreiro de Cristo bagunçado, desorganizado, “esculhambado”! A ele não foi dado esse direito, pois que trabalha com vidas valiosas, adquiridas pelo precioso sangue de Cristo e para as quais ele deve ministrar ao máximo de sua capacidade. Como um piloto de navio que planeja minuciosamente a sua viagem, coordena ações, comanda pessoas, corrige rotas, estabelece estratégias para alcançar seu destino sem acidentes e interrupções, que se cerca de todos os recursos necessários para realizar bem a sua viagem, tais como; cartas marítimas, indicadores meteorológicos, combustível, semáforos, população treinada, alimentação, medicamentos, botes de segurança, coletes salva-vidas e toda uma parafernália de instrumentos capazes de orientá-lo em sua missão, assim também deve acontecer com a Liderança constituída da Casa de Deus. O Líder ou Obreiro de Cristo precisa cuidar de todos os detalhes de seu trabalho antes de iniciá-lo. Nada de achar que por ser o seu trabalho um “trabalho espiritual” ou ser o seu Setor um dos “menos importantes” da Igreja que ele não precisa ter o seu planejamento, seu olhar de administrador, seu poder de organização. Se você pensa assim, deve reler todo o capítulo 1 do livro de Gênesis e ver que o Deus do Universo é um Deus organizado! Deus planeja todas as suas ações antes de trabalhar em seus planos e nós não estamos autorizados a não planejar as nossas! Essa falta de planejamento, longe de ser um sinal de espiritualidade ou de grande fé é sim um sinal de enorme displicência, de relaxamento, de negligência para com a Obra de Deus (Jeremias 48:10 / Provérbios 18:9).

Claro também fica que se alguém é Líder de alguma coisa então esta pessoa, obrigatoriamente, tem de ser uma visionária. Todo Líder ou Obreiro da Igreja de Cristo deve ser uma pessoa de visão. Ela vê o que ninguém ainda vê. Ela enxerga o que ninguém ainda conseguiu enxergar. O piloto que sai para o mar não vê nada à sua frente a não ser água, água e água e, ainda assim, ele se lança a navegar sobre ela e chega por fim ao porto desejado, causando admiração em todos por sua perícia. O pastor de ovelhas sai com seu rebanho para procurar pastagens e água fresca em lugares que desmentem que ele os encontrará, mas ainda assim ele sai e os encontra. Jesus disse para seus discípulos em João 4:34: “Levantai os olhos e vede os campos que estão brancos para a ceifa”. Ele estava ensinando que não basta apenas levantar os olhos e olhar, é necessário ver, enxergar, contemplar. Ele “viu” a multidão que o seguia e disse que seus integrantes estavam errantes e desgarrados como ovelhas que não tem Pastor (Mateus 9:35, 36). Quem olha, enxerga, quem vê, percebe (João 9:1 / Lucas 19:5). Muitos Líderes e Obreiros da Casa de Deus dirigem pessoas e serviços sem terem nenhuma intenção de chegar a lugar algum. Eles simplesmente se repetem e se repetem nas coisas que estão fazendo, sem sair do lugar e enfadando a todos quantos com eles trabalham. Até onde você deseja levar o seu Setor? Até onde você deseja levar sua igreja? Um Líder ou Obreiro deve ser o olho divino que projeta pessoas e serviços para diante, a uma posição que ninguém nunca sonhou e ousou em chegar. A visão deve ser longa, distante, desafiadora, como a visão de Jesus de evangelizar o mundo todo usando pessoas como eu e você! Quem poderia acreditar nisso? Muitos o chamarão de louco, como fizeram com Jesus, mas quando começarem a fazer isso, comece a glorificar o Senhor, pois então você terá certeza de que está no caminho certo!

Todo Líder ou Obreiro cristão, a exemplo do capitão de um navio, é uma pessoa extremamente responsável. Ele dirige vidas humanas e precisa chegar com elas sem dano algum ao seu destino. O capitão do navio em que Paulo estava carregava 276 almas (Atos 27:37). Isto faz com que o Líder ou Obreiro seja uma pessoa atenta, precavida, vigilante, que adota todas as medidas possíveis de segurança, antes de iniciar o seu trabalho e não quando o problema acontece, pois sabe que uma vez que o seu navio tenha saído do porto, não poderá mais a ele retornar! Por isto, tudo já foi previsto e planejado lá mesmo, no porto, ainda que tais eventualidades nunca venham a acontecer! Nenhum Líder ou Obreiro da Igreja de Cristo deve jamais ser re-ativo e sim pró-ativo, ou seja, ele não deve nunca esperar o problema acontecer para só depois correr atrás da solução, mas sim, se antecipar a ele a fim de evitar que ele aconteça! Ele não deve jamais ter de re-agir a alguma coisa e sim agir, pois que re-agir é tomar atitude depois que algo já aconteceu, diferentemente de agir, que é tomar atitude antes que algo aconteça. Isto é antecipação, é antevisão, é responsabilidade. Imagine se um piloto, carregando milhares de vidas em sua embarcação, vai ficar esperando seu navio bater em um iceberg, um recife, um banco de areia, passar por uma calmaria, um furacão, uma tempestade e outros perigos mais, para só depois então pensar no que fazer! Isto seria ridículo, inaceitável, fatal! Um piloto está sempre alerta sobre todos os possíveis perigos que lhe possam advir do mar. (Atos 27:7,9,14,15,18,20,29,33,41,42). Se ainda assim algo ruim vier a acontecer ele tenta salvar aqueles que estão sob sua responsabilidade, mesmo com o risco de sua própria vida (João 10:11-15).

O capitão do barco onde Paulo estava havia tomado todo o cuidado para preservar as vidas, mas ainda assim, o navio que dirigia naufragou. Todas as almas, porém, foram salvas, incluindo a dele mesma. Como isto aconteceu? Não foi pela sua falta de perícia, pois que era piloto acostumado a singrar por aqueles mares. O que foi então? O problema estava na natureza de seu trabalho. Ele era tão imponderável, tão imprevisível, que ficou faltando uma coisa em seu preparo formal para capacitá-lo plenamente. Faltou-lhe o conhecimento e a comunhão constante com Deus! Isso o apóstolo Paulo tinha de sobra e pelas orientações recebidas do Deus Vivo pode salvar a todos sem perda de nenhuma vida! Podemos ser bons em conduzir navios, mas Deus é o Governador dos mares! Podemos ser bons em dirigir igrejas, mas só Deus sabe conduzir condutores! Mesmo que tenhamos o máximo de preparo teológico e de educação secular – e todo Líder deve se esforçar ao máximo para tê-los -, precisamos de Deus para tocar nossa vida e nos ajudar a dirigir o nosso barco sem acidente algum. Quantos na Igreja de Cristo estão despercebidos, trabalhando em sua mesmice, correndo riscos enormes capazes de destruírem a sua embarcação e aniquilar vidas! Forças demoníacas os estão cercando e eles parecem nada perceber ou mesmo ligar para isso (Mateus 16:18 / Tiago 4:7). Quem vai responder pelas vidas que Líderes e Obreiros sem responsabilidade, displicentes, não estão fazendo nada para mantê-las vivas e saudáveis?

Mais uma coisa ainda deve ser dita neste estudo: O navio em que o piloto e a sua tripulação trabalham não pertence a nenhum deles. Eles já o encontraram pronto, terminado no cais. O piloto não o construiu nem ainda um de seus ajudantes. Ao piloto cabe apenas governá-lo e aos membros de sua tripulação dirigir bem os seus respectivos setores. Isto quer dizer para os Líderes e Obreiros cristãos que a igreja onde eles estão trabalhando não lhes pertence, mesmo que o prédio físico tenha sido construído por eles. A Bíblia diz que Jesus vai tirar a sua igreja verdadeira de dentro das igrejas para levá-la ao céu (Mateus 24:37-41). Os prédios vão ficar e as pessoas vão subir. Não lideramos sobre edifícios e sim sobre pessoas. Pense bem no que seria a sua igreja ou o Setor que você dirige sem pessoa alguma para você liderar. Somos Líderes sobre indivíduos e a igreja física o lugar onde exercemos os nossos dons. O apóstolo Pedro disse em sua primeira carta: “Cada um administre aos outros o dom como o recebeu, como bons dispenseiros da multiforme graça de Deus. Se alguém falar, fale segundo as palavras de Deus: se alguém administrar, administre segundo o poder que Deus dá; para que em tudo Deus seja glorificado por Jesus Cristo, a quem pertence a glória e o poder para todo o sempre. Amém” (1ª Pedro 4:10-11). Leia ainda o texto de 1ª Pedro 5:1-4 para obter mais luz sobre esta questão. Infelizmente, ainda encontramos na Igreja de Jesus, pessoas que estão atuando como verdadeiros chefes, gerentes de empresas, empresários, olhando para a Igreja do Senhor como se fosse o seu escritório particular e para os irmãos em Cristo como se fossem seus empregados. Eles brigam, reclamam, impõem sanções aos irmãos, usam coisas da Igreja para seu proveito próprio como se a Igreja lhe pertencesse e os objetos fossem seus, mas a Igreja não é propriedade deles e sim de Jesus! (Mateus 16:18). Tais irmãos até podem possuir o estranho ”dom da chefia”, se é que isto é possível, mas estão longe de possuir o puro e maravilhoso dom de governos concedido pelo Espírito Santo!

Deus abençoe a todos.

Caso seja do interesse de meu prezado leitor discutir mais sobre o assunto, envie-me seus comentários, questionamentos, sugestões, críticas e, quando houver, possíveis elogios.

II. Gehena – A Prisão do Corpo e da Alma

 

Palestra II

GEHENA – A PRISÃO DO CORPO E DA ALMA

Estudo elaborado pelo Pastor Olívio em Realengo, no Rio de Janeiro, em maio de 2012

INTRODUÇÃO

A palavra “Gehena” é de origem grega e, a exemplo de “Sheol”, de “Hades” e de “Tartaro”, se encontra traduzida por “inferno” na maioria das versões de nossas Bíblias em português, o que dificulta bastante o leitor comum de encontrá-la. Contudo, mesmo que o leitor a encontrasse, não saberia dizer qual o significado original dela, o que o deixaria perdido da mesma maneira. Se considerarmos que a concepção que se tem do inferno hoje é a de um lugar de muito sofrimento, com a presença de verdugos, fogo, trevas, ranger de dentes, desesperança, ódio, e tudo o que de ruim possa existir no universo, mais a presença do Diabo e dos demônios, então entenderemos porque alguns comentaristas bíblicos interpretaram a Gehena como sendo o Lago de Fogo, pois muitos dos elementos encontrados em um são também encontrados no outro. Mas como esperamos demonstrar essas duas realidades espirituais não são a mesma coisa, como veremos a seguir.

Ao tempo em que a Gehena foi idealizada, ela estava longe de se parecer com o inferno final, ou seja, o Lago de Fogo. Ela era apenas o lixão da cidade no qual eram lançados cadáveres de assassinos, carcaças de animais e as imundícias da localidade. Para que o lixo fosse totalmente consumido, não atraísse doenças e seu cheiro ruim fosse dissipado, era-lhe adicionado permanentemente enxofre que, além dessas propriedades, aumentava também a temperatura do fogo. Foi Jesus quem, pela primeira vez, relacionou aquela cena de consumição de lixo com o destino dos pecadores impenitentes. Ele foi a pessoa no mundo que mais falou sobre a Gehena, mas estranhamente os transmissores de sua mensagem são os que menos falam sobre ela! Talvez eles não a entendam totalmente e por isso não a proclamem ou talvez não a proclamem exatamente porque a entendam plenamente!

De todos os tipos de inferno existentes na Bíblia, a Gehena foi o inferno do qual Jesus mais falou. Ele a mencionou onze vezes em apenas três dos quatro Evangelhos (Mateus, Marcos e Lucas), o que dá à Gehena uma concentração de ensinamentos tal que só pode ser encontrada nas mais importantes doutrinas da fé cristã! Além de Jesus, apenas Tiago, o seu irmão carnal, falou sobre a Gehena, mas isto só aconteceu uma vez e em uma única passagem de sua Carta (Tiago 3: 5,6), o que faz de Jesus o seu grande idealizador e, ainda, o maior divulgador da Gehena como lugar de punição para o pecador. Vamos examinar juntos as características deste lugar / condição tão estranho apregoado pelo Senhor Jesus.

CARACTERÍSTICAS DA GEHENA

A primeira coisa que Jesus ensinou sobre a Gehena foi que a Gehena é uma prisão, temporária, provisória, passageira, o que já a diferencia, de imediato, do Lago de Fogo, cuja característica principal está justamente no fato de ser eterno, definitivo, para sempre. A passagem de Mateus 5: 21-26 fala dessa transitoriedade, dessa impermanência da Gehena. Veja só: “Ouvistes que foi dito aos antigos: não matarás; mas qualquer que matar será réu de juízo. Eu, porém, vos digo que qualquer que, sem motivo, se encolerizar contra seu irmão, será réu de juízo, e qualquer que disser a seu irmão: Raca, será réu do sinédrio; e qualquer que lhe disser: Louco, será réu do fogo do inferno. Portanto, se trouxeres a tua oferta ao altar, e aí te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa ali diante do altar a tua oferta, e vai reconciliar-te primeiro com teu irmão, e depois vem e apresenta a tua oferta. Concilia-te depressa com o teu adversário, enquanto estás no caminho com ele, para que não aconteça que o adversário te entregue ao juiz, e o juiz te entregue ao oficial, e te encerrem na prisão. Em verdade te digo que de maneira nenhuma sairás dali enquanto não pagares o último ceitil”. A expressão “fogo do inferno”, que aparece no texto, é, em seu original, “Gehena de fogo”. O que fica evidente, de imediato, nesta passagem, é que se o indivíduo pode entrar em um inferno e depois sair dele, é porque esse inferno não é eterno, não é para sempre, não é duradouro! Sei que nenhum católico, evangélico ou judeu moderno gosta muito de pregar sobre este texto do Evangelho, pois de alguma maneira, ele cheira a reencarnação!

 A segunda coisa que Jesus ensinou sobre a Gehena foi que ela é um tipo de inferno provisório para o corpo e para a alma, o que significa dizer que a Gehena afeta tanto o mundo físico quanto o mundo espiritual ao mesmo tempo! Isto é simplesmente fantástico, pois como vimos na palestra anterior, o Sheol e o Hades são prisões apenas para o espírito e não para o corpo que desaparece na sepultura; o Tártaro ou Abismo é uma prisão para demônios, que são espíritos sem corpos, e o Lago de Fogo, apesar de ser uma prisão para o corpo e para a alma, como a Gehena, não permite a saída do indivíduo de lá como a Gehena o permite. Veja as passagens bíblicas nas quais Jesus falou sobre isso: “Não temais os que matam o corpo, e não podem matar a alma; temei antes aquele que pode fazer perecer no inferno (na Gehena) a alma e o corpo” (Mateus 10:28) e a outra: “Eu vos mostrarei a quem deveis temer; temei aquele que depois de matar, tem poder para lançar no inferno (na Gehena); sim, vos digo, a esse temei” (Lucas 12:5). Muito Interessante o cuidado que Jesus tem ao dizer que não devemos temer aqueles que depois de matarem o corpo não podem matar a alma, mas sim temer aquele que depois de matar, pode fazer “perecer” no inferno (Gehena) o corpo e a alma do indivíduo, pois o termo “perecer”, utilizado por Jesus aqui, não significa “deixar de existir”, “ser aniquilado”, pois se assim fosse, ninguém jamais poderia sair da Gehena, como Ele mesmo disse que aconteceria com o indivíduo após este ter pago o último ceitil de sua dívida! O que Jesus estava ensinando é que na Gehena, o sofrimento do indivíduo que já morreu, já faleceu, e que foi nela lançado em alma e corpo, é tão intenso, tão profundo, tão inimaginável, que o indivíduo perde toda a satisfação pela vida, perece totalmente em sua alegria de viver!

Outra coisa mais que Jesus ensinou sobre a Gehena foi que quem entra nela é porque já foi julgado, já foi sentenciado, já passou pelo tribunal pós-morte. Leia novamente a passagem de Mateus 5:21-26 e a de Mateus 18:23-35 e veja como ambas tratam de um julgamento. Na primeira, a cena que está ali armada é a de um tribunal romano e todos os termos nela empregados são tirados do ramo do Direito: réu, juízo, sinédrio, reconciliação, juiz, oficial (meirinho), pagamento de dívida, prisão, etc.; na segunda cena temos: acerto de contas, dívida, pagamento, perdão de dívida, soltura, prisão, atormentadores, ofensas, etc. Já aprendemos que tanto o antigo Sheol quanto o atual Hades não são lugares / condições para se julgar ninguém e sim para o recolhimento de almas. Quem morre com delitos, com pecados no coração, vai diretamente para o Hades, onde é julgado e fica aguardando a sentença. O cumprimento da pena nunca é paga no Hades e sim na Gehena, que é o lugar apropriado para o seu cumprimento. A Gehena é o único tipo de inferno do qual se diz que o indivíduo é nele lançado para cumprir pena, quer seja em forma de castigo (açoites), quer seja em forma de pagamento financeiro (ceitil), e em que depois de paga a dívida, o indivíduo é solto para continuar a tocar sua vida. Conforme demonstrei na Palestra II a, do tema “Reencarnação”, todos os indivíduos que retornaram à vida só retornaram a ela porque já haviam sido julgados.

Como toda prisão que existe, ninguém vai para a Gehena de vontade própria, deliberadamente, mas é nela lançada, atirada, jogada para sofrer as restrições devidas e assim anelar pela liberdade (Mateus 5:29,30 / 18:8,9 / Marcos 9:43,45,47). Os termos utilizados por Jesus para falar sobre este momento não são nada doces, não são suaves, mas os mais duros possíveis. Há uma resistência por parte do infrator em entrar na Gehena. Ele não quer ir para lá de jeito nenhum, não deseja ir para lá, por isso ele se debate, resiste, luta, mas tudo isso é vão porque os encarregados de o levarem à prisão já estão acostumados com este tipo de resistência por parte dos prisioneiros e estão revestidos de autoridade moral e espiritual para fazerem o que fazem. Por ser a Gehena uma prisão, um cárcere, uma cadeia, não é um lugar de lazer, de prazer, de bem-aventurança, mas sim um lugar de sofrimento, de restrições, de limitações. Nela, o indivíduo terá tempo para pensar em sua vida, repensar os seus atos errados e decidir entre voltar a ela mais uma vez ou sair definitivamente dela para nunca mais voltar! Isto dá a Gehena um caráter educativo, disciplinador, ressocializador, pois que permite ao infrator alterar suas escolhas erradas, se arrepender de seus maus atos e tornar à vida em sociedade. Se ele fosse lançado no Lago de Fogo nada mais poderia ser feito a não ser esperar pelo “sofrimento eterno”.

Uma das coisas mais pavorosas sobre a Gehena, ensinada pelo Senhor Jesus, foi a de que nela podem ser encontrados tanto crentes quanto incrédulos! Só não podem ser encontrados salvos, indivíduos que não devam coisa alguma a alguém, pois que já pagaram as suas dívidas em Cristo e foram liberados de suas amarras espirituais! Muitos crentes acham que, pelo simples fato de serem crentes, podem morrer em pecado e, ainda assim, irem para o céu. Ledo engano! As Escrituras são enfáticas em nos ensinar que Deus nos salva do pecado, mas em nenhum lugar elas ensinam que seremos salvos em pecado. Todos têm de pagar suas dívidas, por menor que elas sejam, e tomarem todo cuidado para não as cometerem mais (Mateus 5:21-26). Você já imaginou Jesus subindo aos céus com apenas um pecadinho ínfimo, minúsculo, no coração? Que desgraça terrível seria isso para o Cosmo, para Ele mesmo e para a humanidade? Que exemplo de Salvador nós teríamos? Entretanto, muitos crentes se sentem no direito de continuar pecando, só porque dizem ser filhos de Deus. Alguém lhes ensinou que eles podem morrer em pecado e, quando chegarem ao céu (não sei como isso seria possível!), pedirem perdão a Deus através de Jesus Cristo, o fiel advogado dos crentes, que os defenderá ali mesmo na porta do céu, diante do Pai e das mais excelentes criaturas do universo, que todo bondoso e condescendente, os deixará entrar e se apossar de seu riquíssimo galardão! Não sei como alguém pode ensinar uma coisa assim! Eu não pagaria nem um ceitil para ver pessoalmente o que aconteceria com tal indivíduo! O mordomo que tomava conta da casa de seu senhor, descrito na parábola do servo vigilante, contada por Jesus em Lucas 12:43-48, percebeu que o seu patrão demorava a voltar para casa e então começou a praticar coisas condenáveis para alguém em sua posição: glutonaria, embriaguês, espancamento dos outros serviçais, mundanismo, e outras coisas mais. Jesus disse: “Virá o senhor daquele servo no dia em que ele o não espera, e numa hora que ele não sabe, e separá-lo-á, e lhe dará a sua parte com os infiéis” (v.46). O adorador que Jesus citou em Mateus 5:21-26 só estava com um ínfimo pecado em seu coração, comparado a menor de todas as moedas romanas da época, o ceitil, mas ainda assim poderia ser lançado na Gehena, caso não quitasse logo a sua dívida!

Na Gehena todo transgressor paga exatamente o que deve, nada além disto, o que significa dizer que cada pena possui uma duração diferente. Na parábola do servo vigilante, citada acima, Jesus disse: “O servo que soube a vontade de seu senhor, e não se aprontou, nem fez conforme a sua vontade, será castigado com muitos açoites; mas o que a não soube, e fez coisas dignas de açoites, com poucos açoites será castigado. E, a qualquer que muito for dado, muito se lhe pedirá, e ao que muito se lhe confiou, muito mais se lhe pedirá” (Lucas 12: 47,48). Ao dizer Jesus que um servo seria castigado com muitos açoites e o outro seria castigado com poucos açoites, estava nos ensinando que os delitos cometidos pelos transgressores possuem peso e gravidade diferentes e por isso deviam variar em quantidade e duração. Se duas pessoas estiverem penduradas em uma mesma corda e esta arrebentar, ambas cairão no chão, mas, dependendo do local onde elas estiverem se segurando, as conseqüências do tombo serão desiguais. Foi isto que Jesus disse ao afirmar: “a qualquer que muito for dado, muito se lhe pedirá, e ao que muito se lhe confiou muito mais se lhe pedirá”. Quanto mais alto for a posição de uma pessoa, maior será a sua queda.

A LOCALIZAÇÃO DA GEHENA

Ditas essas coisas sobre a Gehena surge então a grande pergunta que muitos de meus prezados leitores que ainda não leram o meu livro querem fazer: onde fica a Gehena? Onde fica esta prisão espiritual que aprisiona o corpo e a alma do indivíduo depois deste ter sido morto? Leia a passagem de Mateus 18:23-35 e descobrirá: a Gehena fica na Terra! Os servos devedores do rei que foram na Gehena lançados puderam dela sair após terem pago suas respectivas dívidas. O que eles encontraram ao sair? As mesmas coisas terrenas existentes ao tempo de sua prisão: o rei, os servos, dinheiro, negociações, atormentadores, mulheres, famílias e a própria prisão que continuava ali mesmo! Isto serve para demonstrar a contemporaneidade da Gehena! Ela acontece ao mesmo tempo em que a vida se desenrola no Planeta! A Gehena é uma prisão atual, presente, e não futura como o Lago de Fogo o é! Ela não é a Terra, mas se localiza na Terra, porquanto é na Terra que se encontram os transgressores das Leis de Deus! Na realidade, em todo e qualquer lugar onde exista um transgressor das leis de Deus, um filho rebelde, uma criatura que esteja abrigando um pecado que seja no coração, aí estará a Gehena, pois a Gehena não é uma prisão física, visível, material, mas uma cadeia espiritual, existencial, supradimensional, que se desenvolve em um local material. Entende agora porque a Terra se encontra do jeito em que está? Ela tem uma prisão enorme dentro dela e todos os seus detentos se encontram vivendo nela!

A CONDIÇÃO ATUAL DA GEHENA

Outra coisa interessante sobre a Gehena, decorrente até do que acima falamos, é que ela se encontra sempre cheia, sempre lotada, o que é mais uma característica diferenciadora entre a Gehena e o Lago de Fogo, pois enquanto a Gehena está plena, cheia de gente agora, o Lago de Fogo se encontra vazio (Apocalipse 20:7-10 / 19:20 / 21:8). Na Gehena o fluxo de pessoas que entram e saem é imenso e intenso. Também pudera! Quantos indivíduos, neste exato momento em que o meu leitor está lendo este parágrafo, não estão sendo “lançados na Gehena”, conforme dizia o Cristo, para pagarem, em corpo e espírito, as suas dívidas morais? E quantos não estão sendo também dela liberados para nunca mais a ela retornarem? O nascimento de alguém em nosso mundo material é a porta de entrada na Gehena espiritual e a sua morte em paz, em segurança no Divino, a sua saída. A entrada em nosso mundo material sempre é difícil e acompanhando de sofrimento. A saída, nem sempre. Tem que se fazer muita força para uma criança nascer e a forma como nosso nascimento acontece é sempre decorrente de uma expulsão! Somos quase que literalmente lançados para fora do ventre de nossa mãe ao mundo exterior! A passagem do mundo uterino para o mundo externo é feita com dor, violência e muita pressão! O corpo denso que trazemos a este mundo garante que nosso espírito transgressor não deixará a prisão em que foi lançado até ter pago o último ceitil. Daí o corpo sempre ser visto como uma prisão para o espírito! Mas não é o corpo que é a prisão da alma e sim a trama de pecados em que nosso espírito está envolvido. Sim, a Gehena é um local / condição de muito trânsito, diferentemente do Lago de Fogo que não possuirá trânsito algum, pois as Escrituras ensinam que quem entrar nele nunca mais poderá dele sair! Não existirá tráfego no Lago de Fogo! Lá será apenas uma ida sem volta! segundo o Mestre Jesus, maior é o número dos que entram na Gehena, do que o número dos que dela saem! (Mateus 7:13,14 / Lucas 13:23,24).

A GEHENA E A REENCARNAÇÃO

A existência da Gehena nos obriga a crer na doutrina bíblica da reencarnação, pois cada vez que morremos com dívidas, somos obrigados a retornar a ela. Mesmo se conseguimos nos libertar da Gehena em vida, caso venhamos a cometer novas dívidas, seremos mais uma vez nela lançados, até que experimentemos novamente o perdão do ofendido. Esse é o perigo de alguém morrer com ofensas contra outrem! Jesus disse que devemos ir depressa procurar a pessoa a quem ofendemos a fim de pedir-lhe perdão e, assim, evitar sermos lançados na Gehena novamente! (Mateus 5:25). Alguém poderia dizer que a Gehena nada mais é do que o “inferno consciencial” que experimentamos após termos cometido algum delito, mas “consciência pesada” não é o mesmo que Gehena e sim um dos componentes que pode acontecer ou não com o infrator das leis divinas! Cristo demonstrou que aquele fiel do Evangelho que estava adorando não estava com a consciência pesada por ter cometido algum um mal a alguém. Ainda assim Ele disse que se o fiel “se lembrasse”, na hora da adoração, de alguma pessoa que tivesse algo contra ele, por um ato errado que ele houvesse cometido contra essa pessoa, deveria ir acertar as coisas com ela o mais rápido possível a fim de evitar ser lançado na Gehena! Aquele fiel não estava ainda na Gehena, mas poderia ser lançado nela se, após lembrar-se de sua dívida, não tomasse nenhuma atitude para saná-la! Consciência pesada e Gehena não são a mesma coisa! Gehena é a prisão, como um todo, “consciência pesada” é o sofrimento que os delitos que o infrator cometeu contra alguém podem lhe acometer ou não, tirando-lhe a paz da alma. Segundo o Cristo, as conseqüências ou efeitos dos delitos que cometemos, quer provoquem em nós sofrimento consciencial ou não, podem perdurar até o final de nossa vida física, atravessar para o outro lado da morte e continuar ainda a vigir, a vigorar, em várias outras manifestações de vida! O ciclo de entrar e sair da Gehena parece ser interminável, pois cada vez que reparamos os delitos em alguma área de nossa vida, outros acontecem em outras áreas mais fragilizadas de forma a nunca estarmos totalmente livres. É bem verdade que pela reencarnação ganhamos nova oportunidade de sairmos definitivamente da Gehena, mas não temos nenhuma certeza ou garantia de que tal coisa acontecerá. Como poderemos então vencer tal combate? Como podemos manter a esperança de um dia sermos definitivamente livres?

É POSSÍVEL SAIR DA GEHENA?

As Escrituras informam que é possível, sim, sair da Gehena! Fugir, nunca; mas abandoná-la, sim! A Gehena é uma prisão à prova de fugas, mas não à prova de perdão! Na realidade existem três maneiras do prisioneiro deixar a Gehena:a) mediante o pagamento integral da dívida, a ser feito pelo devedor, ao seu credor; b) mediante o aprisionamento do infrator, com o seu conseqüente castigo, pelo tempo estabelecido pelo juiz; c) ou, ainda, pelo pagamento da dívida do transgressor, por parte de alguém que se ofereça para pagar-lhe a dívida. As duas primeiras alternativas são impossíveis de acontecer na vida do ser humano visto nenhum de nós jamais conseguir pagar todas as dívidas que cometemos contra todas as pessoas com as quais vivemos, em todas as nossas manifestações de vida! Também não teríamos tempo de vida suficiente para pedirmos perdão a todas elas, além de estarmos permanentemente contraindo novas dívidas. Apenas a terceira opção é possível, não por causa de nós mesmos, mas por causa daquele que se ofereceu para pagar nossa dívida – Jesus Cristo (Isaías 53:1-12). Cristo pagou nossa dívida que, por ser uma dívida de vida, teve de ser paga com a sua própria vida! Por isso dizemos que o homem só pode ser salvo de seus pecados mediante o sacrifício voluntário e substitutivo de Cristo. Se todos aceitarão este perdão que Deus oferece gratuitamente é coisa que não sabemos, mas ele está disponível a todos que se reconheçam como transgressores das Leis de Deus e que desejam ser agora mesmo absolvidos! (Tito 2:11). Jesus pode nos libertar definitivamente da Gehena! Uma vez perdoados e livres da trama de pecados que nos prendia por séculos e milênios afora, temos de tomar cuidado em permanecermos livres, não nos envolvendo mais com coisas erradas que possam implicar em nosso retorno à antiga prisão (Gálatas 5:1). Fomos salvos por Cristo e perdoados de todos os pecados passados, mas temos de zelar pela nossa salvação presente, pois a libertação que recebemos, ainda está se processando e depende de nosso querer, de nosso desejo em nos mantermos plenamente santos até o dia de nossa partida para ser completada – Filipenses 2:12,13 / Hebreus 12:14.

CONCLUSÃO

Muitos diziam não acreditar na reencarnação por não ter o Cristo falado nada sobre ela, mas o Pastor Olívio acabou de demonstrar que o Cristo falou, sim, e muito sobre ela, e isto de uma maneira como ninguém ainda o havia feito sobre a Terra. Cabe agora ao amigo leitor aceitar ou não o que o Cristo ensinou e, em caso de dúvidas persistentes, ir até o seu Pastor, Padre, ou outro guia espiritual que tenha e perguntar-lhe sobre as mesmas. Se apesar de todas as demonstrações aqui apresentadas o meu leitor e seu guia espiritual ainda continuarem duvidosos podem ler as outras palestras do site que abordem o assunto. Falem com o Espírito Santo, acessem o Pastor Olívio. Possivelmente nós poderemos ajudá-los. Só não o conseguiremos se os amados optarem por continuar insensíveis e distantes, não dando atenção aos ensinamentos do Cristo. Continuar afirmando que não acredita na doutrina da reencarnação só por não querer acreditar nela talvez seja conveniente para o amado e para o seu Líder. Talvez o leitor e o seu Guia, não possuam ainda estofo espiritual suficiente para aceitar e ensinar a doutrina da reencarnação em sua igreja. Talvez nem seja tão difícil acreditar na doutrina bíblica da reencarnação, mas extremamente difícil e temeroso contrariar a visão de amigos ou da Convenção. Eu fiz a minha escolha e, com tudo o que ela possa me trazer, sinto-me feliz e pacificado em espírito, pelas muitas respostas coerentes que eu pude encontrar.

Qual será a escolha de meu prezado leitor?

Deus abençoe a todos

Caso seja do interesse de meu prezado leitor discutir mais sobre o assunto, envie-me seus comentários, questionamentos, sugestões, críticas e, quando houver, possíveis elogios.

I. As Prisões Espirituais do Ser

 

Palestra I

AS PRISÕES ESPIRITUAIS DO SER

Estudo elaborado pelo Pastor Olívio em Realengo, no Rio de Janeiro, em maio de 2012

Sei que o meu prezado leitor tomou um susto ao ler o título da pasta que contêm esta palestra: “INFERNOS”. “Será que o título é este mesmo ou o Pastor Olívio a nominou erradamente?”, você deve ter se perguntado. Bem, o título está correto; o ensino sobre o tema, como nos foi e tem sido apresentado no correr dos tempos, é que não está. Você sempre acreditou que o inferno era um só, seus amigos e irmãos também acreditaram, o mesmo acontecendo com os seus guias espirituais e mestres. Eu mesmo, durante anos, sabia que alguma coisa não se encaixava bem em tal ensino, mas não sabia exatamente o que era! As dificuldades em harmonizar os diferentes textos bíblicos que pareciam se contradizer, aliada a grande insatisfação de minha alma pelas respostas apresentadas pela moderna teologia sobre o assunto, me levaram a pesquisar ainda mais as Escrituras e então eu descobri! Ó, glória a Deus, eu descobri! Descobri, que as Escrituras falam, sim, não apenas de um, mas de vários tipos de inferno, cada um com suas características, propósitos e durações! Isto se transformou na maior descoberta de minha vida, pois, através dela, outras revelações vieram que libertaram ainda mais a minha alma! Não que eu houvesse sido liberto e salvo apenas ao conhecer essas doutrinas, pois doutrina alguma, por mais sublime que seja, pode libertar homem algum de seus pecados. Apenas Cristo, com seu sacrifício vicário, substitutivo, pode fazer isso e eu já era um “servo liberto de Cristo” há muito tempo e liderava também muitas ovelhas. O que estou dizendo é que essas revelações trouxeram uma grande libertação à minha alma, por terem trazido lógica e consistência à muitas de minhas indagações.

Tudo começou quando, um dia, ao ler o Sermão da Montanha, pregado pelo Cristo e registrado no Evangelho de Mateus 5:21-26, eu percebi que tal passagem trazia uma gama imensa de revelações que eu não estava acostumado a ouvir ou a ler nos compêndios teológicos e que me soavam como muito esquisitas e bastante irreais. Eu precisava de confirmações bíblicas para atestar a veracidade e consistência de tais ensinos. Então eu pus-me a pesquisar com afinco as Escrituras. O resultado dessa pesquisa foi tão extraordinário que eu publiquei um livro contando tais descobertas! Espero que o leitor possua recursos para adquiri-lo e alguma coragem para lê-lo e as minhas palestras. Leia comigo o texto do Evangelho que me trouxe tanta libertação: “Ouvistes que foi dito aos antigos: não matarás; mas qualquer que matar será réu de juízo. Eu, porém, vos digo que qualquer que, sem motivo, se encolerizar contra seu irmão, será réu de juízo, e qualquer que disser a seu irmão: Raca, será réu do Sinédrio; e qualquer que lhe disser: Louco, será réu do fogo do inferno. Portanto, se trouxeres a tua oferta ao altar, e aí te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa ali diante do altar a tua oferta, e vai reconciliar-te primeiro com teu irmão, e depois vem e apresenta a tua oferta. Concilia-te depressa com o teu adversário, enquanto estás no caminho com ele, para que não aconteça que o adversário te entregue ao juiz, e o juiz e entregue ao oficial, e te encerrem na prisão. Em verdade te digo que de maneira nenhuma sairás dali enquanto não pagares o último ceitil”.

Você percebeu como essa passagem é estranha? Notou, por acaso, que um indivíduo pode ser lançado dentro do fogo do inferno e dele sair, após ter pago o seu último ceitil? Que este inferno apregoado por Jesus é um inferno de fogo sim, mas que o indivíduo sai dele vivinho, sem ter sido carbonizado, após ter quitado sua dívida moral? Que esse inferno tem como propósito o pagamento de dívidas morais cometidas contra pessoas e não contra Deus? Que o Indivíduo do qual Jesus está falando é um fiel que oferece sacrifício a Deus, como uma maneira de agradar-lhe, adorar-lhe, e não um ímpio transgressor da Lei? Como se não bastasse todas essas coisas, perguntas surgem, tão estonteantes, que nem sequer sabemos o que pensar, como, por exemplo: Se o indivíduo pode entrar e sair do inferno, como dizer que esse inferno é eterno? Se ele pode entrar e sair dele, quantas vezes poderá fazê-lo? Como é que se sai de dentro de um inferno? O tempo de aprisionamento de alguém no inferno pelo simples xingamento de outrem será o mesmo que o de um assassino, de um governante corrupto ou de um pedófilo? Como o meu leitor pode ver, as implicações teológicas destes versículos são inúmeras e bastante complexas!

Mas havia ainda um outro texto bíblico excelente para me ajudar na compreensão dos infernos e este era o de Lucas 16:19-31, já bem explorado na Palestra III, do tema Reencarnação, no qual o Senhor Jesus conta a história de um homem pobre chamado Lázaro e de um outro, de nome desconhecido, muito rico. O homem rico, após morrer, fora lançado em um inferno de fogo, mas também não se consumira e até conversava com o santo Abraão e pedia a este para enviar algum dos mortos até a casa de seus parentes na terra para adverti-los sobre aquele lugar! A palavra traduzida do original grego como inferno em nossas Bíblias nessa passagem era totalmente diferente da traduzida no texto do Evangelho de Mateus! Tínhamos então agora duas palavras de conotações diferentes em sua língua original traduzidas como se fosse a mesma coisa para a nossa língua portuguesa. Duas outras palavras, também traduzidas como inferno, de conotações diferentes das duas primeiras, vieram se juntar a estas, complicando ainda mais a pouca compreensão que eu tinha daquele lugar! Um quinto termo da língua grega, não denominado inferno, mas traduzindo integralmente a idéia deste, ainda aparece nas Escrituras. Assim é que temos cinco tipos diferentes de inferno na Bíblia, mas que a nós foram passados por nossos guias espirituais e mestres como se fosse um só, causando muito sofrimento, dor e desespero desnecessários.

Nesta palestra estudaremos quatro desses lugares/condições espirituais e na seguinte, o lugar-prisão mais esquisito de todos!

A palavra “inferno” é de origem latina (infernum) e significa “profundezas”, “mundo inferior”, “mundo subterrâneo”. Ela não existe nos originais da Bíblia, a exemplo das palavras “trindade”, “reencarnação”, “extraterrestres”, etc. É um lugar/condição idealizado por várias religiões como sendo um sítio espiritual de sofrimento e de condenação para aqueles indivíduos que viveram e morreram em total desobediência a Deus. De uma maneira geral, inferno significa o desajuste total do ser, uma desarmonia existencial, um descontrole profundo da vida. Assim é que quando uma pessoa está vivenciando uma situação como a descrita acima, se sente absurdamente infeliz, estressada, deprimida e afirma estar vivendo “num verdadeiro inferno”, ainda que fisicamente nele não esteja. Começaremos a analisar a mais antiga concepção bíblica do que era o inferno e o material de referência para isto serão as Escrituras Hebraicas ou Antigo Testamento, como é mais conhecida no meio cristão. Optamos por elencar em pequenos resumos as principais características de cada um desses locais, ao invés de analisá-los em texto corrido, contínuo, a fim de facilitar a compreensão do leitor. Infelizmente não poderemos transcrever literalmente as passagens bíblicas que tratam dos diversos locais/condições de punição do espírito, mas apenas citá-las, tendo em vista o grande número das mesmas.

• Sheol – o inferno do Antigo Testamento•

  • A palavra “Sheol” é remotíssima e segundo alguns estudiosos é de proveniência sumeriana. Ela significava, em sua concepção mais remota, “ser oco”. Como alguma coisa com limites definidos em toda a sua volta, sem saída, mas que devesse ser preenchida.

  • Era para este lugar que deveria migrar todas as almas dos homens que morreram antes do sacrifício de Cristo, independentemente de serem eles injustos ou não. O Sheol abrigava as almas de todo o gênero humano – Jó 3:17-19 / Gênesis 37:35 / Salmo 86:13 / Isaías 14:9-11.

  • O Sheol era tido como um lugar escuro, tenebroso, de penumbra e que ficava debaixo da terra – Jó 10:18-22 / Amós 9:2 / Isaías 7:11 / Provérbios 15:24 / Salmo 139:7,8.

  • Aos poucos, com o aumento da revelação profética, o Sheol foi sendo caracterizado como um lugar de punição para os ímpios – Salmo 9:17 / Provérbios 23:14 / Isaías 24:21,22.

  • Uma divisão de locais começou a aparecer dentro do Sheol para separar as almas dos justos das almas dos ímpios – Salmo 55:15 / Ezequiel 32:23 / Isaías 24:21,22.

  • Ainda assim o Sheol era diferente da atual configuração que se pretende dar ao inferno como um lugar de fogo, trevas, verdugos, ranger de dentes e tudo o mais – Jó 14:13 / 1ª Samuel 28:1-25.

  • A esperança dos justos em sair do Sheol estava atrelada a ressurreição dos mortos a acontecer no Último Dia – Jó 19:25-27 / Salmo 16:10 / Oséias 13:14.

• Hades – o inferno depois do sacrifício de Cristo

  • Até o sacrifício de Cristo, o Hades possuía a mesma configuração do Sheol do Antigo Testamento. Ele era o mesmo inferno do Antigo Testamento sendo que Sheol era o termo utilizado para inferno em língua hebraica e Hades, em língua grega – Salmo 16:10 / Atos 2:27,31.

  • Após o sacrifício de Cristo, a divisão interna que separava as almas dos justos das almas dos ímpios não existe mais, pois Cristo transferiu todas as almas justas que estavam no “Seio de Abraão” e que foram “compradas por Ele por bom preço” para o “Paraíso”, a morada de Deus – Efésios 4:8-10 / 2ª Coríntios 12:1-4 / Lucas 23:43.

  • A partir do sacrifício de Cristo, todos os santos que morrem vão diretamente à presença de Deus – Atos 7:55,56 / Filipenses 1:21-23 / Apocalipse 14:13 e todos os que morrem em pecado, em desobediência ao Senhor, vão para o Lugar de Tormento ou Hades, visto que ele agora é o único lugar / condição espiritual destinado a prisão de humanos, contendo este diversas “prisões conscienciais” – Mateus 16:18 / Apocalipse 1:17,18 / 2 ª Timóteo 3:1-5.

  • O Hades / Sheol atualmente é a sala de espera do julgamento de todos os que morrem em pecado – Lucas 16:19-31. Todos os que foram ressuscitados, antes e depois de Cristo, saíram desse lugar!

  • O Hades / Sheol é um inferno provisório, temporário, pois será lançado no Lago de Fogo, no final dos tempos, o que quer dizer que ele não é eterno – Apocalipse 6:8 / 20:13,14.

 

• Tártaro ou Abismo – o inferno dos demônios

  • Este inferno ficava na parte mais inferior do Sheol / Hades e permanece ainda lá – 2ª Pedro 2:4,9 / Judas 6.

  • Era um lugar temido pelos próprios demônios – Lucas 8:30,31.

  • Nele se encontravam os piores elementos de todo o universo, espíritos maus, prisioneiros da antiga rebelião de Lúcifer – 2ª Pedro 2:4,9 / Judas 6.

  • O Abismo, outro nome dado ao Tártaro, é uma prisão que cresce para baixo, que se aprofunda, por isso é também chamado de Poço do Abismo – Apocalipse 9:1,2 / 9:11 / 20:1-3.

  • Satanás vai ser amarrado e lançado neste lugar no final dos tempos para ficar ali preso por mil anos – Apocalipse 20:1-3.

  • O Abismo também não é eterno, pois será lançado no Lago de Fogo quando o Hades lá for lançado – Apocalipse 6:8 / 20:13,14.

  • Jesus é Senhor sobre o Abismo, sobre Lúcifer e sobre todos os demônios, e não o capeta, que não é líder de nada, como se poderia pensar – Lucas 8:26-32

 Lago de fogo – o inferno de todos os infernos

  • Esta expressão acontece somente no livro de Apocalipse e foi utilizada apenas pelo apóstolo João. É o inferno final, último, definitivo. O único inferno do qual se diz ser eterno nas Escrituras (Mateus 25:41 / Apocalipse 20:19). Todos os demais infernos serão lançados nele.

  • Satanás, depois de atuar por mil anos na terra, vai ser lançado neste Lago de Fogo – Apocalipse 20:7-10 / 19:20.

  • O Lago de Fogo representa a segunda morte para os seres vivos – Apocalipse 21:8.

  • O Lago de Fogo não foi preparado para os homens e sim para o Diabo e seus anjos – Mateus 25:41.

  • O Lago de Fogo mistura todos os tipos de transgressores do universo em um único lugar, o que faz deste um lugar medonho! – Apocalipse 20:10,14,15 / 21:8.

Aí estão os quatro lugares / condições espirituais que fundamentavam e ainda fundamentam a crença judaico-cristã na existência do inferno. Pode parecer uma coisa terrível demais para nós pensarmos que o Augusto Deus do Universo, o Senhor de Toda a Criação, O Deus Todo-Poderoso seja capaz de lançar uma de suas próprias criaturas em tal lugar – e de fato o é -, mas quando vemos um pedófilo abusar de uma criança mentalmente doente e/ou totalmente inocente; um ditador dizimando milhares de seus compatriotas; um aborteiro matando com crueza mães e infantes; um político vendendo sua alma e nação por uns míseros trocados, e tantos outros exemplos ruins de seres que até duvidamos serem humanos, que façam parte de nós, achamos que Deus realmente tem razão em fazer o que faz!

Mas o tempo vai passando e começamos a achar que Deus bem que poderia aplicar um tipo de castigo ao transgressor que não precisasse ser necessariamente eterno, infinito, pois a criatura que ele castiga é finita no tempo, tem vida biológica curtíssima e não merece um castigo eternal; que nenhum ser humano tem a noção da gravidade e extensão de seus delitos, por já ter nascido em uma raça pecadora, degradada, sem nenhuma visão espiritual; que outras oportunidades, senão todas, deveriam ser concedidas ao transgressor para a sua recuperação moral e progresso espiritual, pois nós, humanos, que somos tão falhos em nossos julgamentos, não mandamos nossos filhos para a cadeia só por terem cometido um único erro; que os diversos ambientes em que as pessoas nascem e vivem criam diferenças éticas, sociais, morais, culturais e religiosas que facilitam a alguns e dificultam a outros o cometimento de pecados e aceitação do Evangelho; que todo ser humano, por ser uma criatura livre, autônoma, soberana, é capaz de mudar, no momento em que deseje, as suas escolhas, e assim, aquele que hoje escolheu desobedecer, pode amanhã decidir-se pela obediência, e por aí vai. Nossos argumentos humanos se amontoam e se empilham na tentativa de compreender a justiça, a perfeição, a longanimidade e o amor de Deus com a realidade de um lugar / condição chamado inferno.

Todos concordamos que qualquer transgressor que seja merece receber uma punição por seus atos errados, mas nem todos concordamos que essa punição tenha de ser eterna, para sempre, infinda. Este pensamento incomodou tanto o espírito dos teólogos, que outras correntes de pensamento surgiram no cenário evangélico tentando dar uma explicação mais racional, mais lógica para o fim das coisas e para a existência eternal do Lago de Fogo. Os “tradicionalistas” continuaram afirmando que o inferno não teria fim nunca, que duraria para sempre, seria eterno. Na visão desses estudiosos aqueles que forem no inferno lançados viverão para sempre em torturas eternais. Os “reducionistas” surgiram dizendo que tempo haverá em que o mal será totalmente extinto, aniquilado, destruído. Todos os que abrigarem o mal em seus corações serão aniquilados, extintos, deixarão de existir e esse “não existir mais como pessoa”, como entidade, como indivíduo é que seria o inferno. Os “restauracionistas” apareceram dizendo que tempo haverá em que tudo voltará ao estado de pureza original e o inferno e todo o mal existente no universo desaparecerá. Todos os que forem lançados no Lago de Fogo, em algum momento, em alguma era, em alguma eternidade, se voltarão para Deus, inclusive o Diabo. Paz então haverá para todos!

Quando iniciei minhas pesquisas sobre o tema, descobri a existência de um tipo de inferno que era, e ainda é confundido com o Lago de Fogo por muitos estudiosos, que lançava um pouco mais de luz sobre o que acontece com o transgressor que parte desta vida com ofensas e pecados no coração. Ele é um inferno estranho, diferente de todos os demais que examinei, porquanto cheio de vida, de movimento! O sofrimento se encontra presente nele, é verdade, mas fundamentado em justiça, em reparação. Ao transgressor é permitido fazer novas escolhas, se arrepender de seus maus atos e sair deste local / condição, totalmente liberado! Ele é tão estranho e desconhecido que nunca ouvimos nada sobre ele de nossos púlpitos e tribunas, mas ainda assim se constitui na única esperança que temos de escapar do Lago de Fogo, o inferno definitivo! Na próxima palestra eu estarei falando sobre ele e espero que o prezado leitor a divulgue para todos os seus conhecidos e que a comente também com seus líderes espirituais. Tenho certeza que o espírito ávido, faminto, pesquisador de meu leitor não vai deixar passar esta oportunidade de ouvir um Pastor evangélico falando sobre esses temas tão complexos, mas totalmente fundamentados na Bíblia!

Deus abençoe a todos

Caso seja do interesse de meu prezado leitor discutir mais sobre o assunto, envie-me seus comentários, questionamentos, sugestões, críticas e, quando houver, possíveis elogios.

II. A Postura do que Crê

 

Palestra II

A POSTURA DO QUE CRÊ

Estudo Elaborado pelo Pastor Olívio em Realengo, no Rio de Janeiro, em março de 2012

Conforme vimos na palestra anterior a fé não é um objeto material, alguma coisa que se pegue ou que se meça, e sim uma relação de confiança entre o fiel e Deus. O Senhor prometeu alguma coisa ao fiel que fica esperando pela coisa prometida até ver a sua realização. Enquanto o objeto de sua fé não aparece, não se materializa, não surge no cenário físico, fenomênico, o fiel fica exercendo uma postura condizente com a fé que possui, postura esta radicalmente contrária a adotada pelo não crente!

Quando um indivíduo, por exemplo, olha para uma casa, um carro, um barco, ou qualquer outra coisa e a deseja fortemente em seu coração, começa logo a lutar para conseguir o objeto de seu desejo e envida todo o esforço necessário para conseguí-lo: poupa dinheiro, investe recursos, vende objetos, trabalha dobrado, pede ajuda a parentes e amigos, faz empréstimo e, quando vai fechar a proposta ainda negocia prazos e prestações. Se alguém lhe perguntar sobre o porquê de tanto esforço ele fala de sua pretensão enorme, quase inconquistável, e afirma ter fé de que vai conseguir o que deseja! Afinal de contas, diz ele, se alguém deseja ser ou conquistar alguma coisa na vida, deve lutar para conseguí-la!

Isso é tudo o que um fiel não faz! O fiel não se esforça para obter nada, não luta para conquistar nada, pois sabe que Jesus já conquistou tudo para ele na cruz. Apenas crê, confia, acredita, pois sabe que o objeto de sua fé é impossível de ser obtido por qualquer esforço que faça. Somente Deus pode conseguí-lo para ele. O verdadeiro fiel sabe que não se precisa usar a fé para conseguir coisas possíveis. Só pode possuir fé quem não tem recursos suficientes para alcançar o que deseja. Se alguém possui dinheiro para comprar um barco, não precisa ter fé para adquiri-lo e sim vontade! Se alguém possui forças para erguer-se do leito, onde está enfermo, e ir até o banheiro, não precisa ter fé e sim pernas! Jesus mandou que o cego em quem aplicara uma pasta de lodo com a sua saliva e colocara sobre seus olhos fosse caminhando até o Tanque de Siloé e lá se lavasse, garantindo-lhe que ficaria curado. O cego foi, lavou-se e voltou vendo! (João 9:1-7). Aquele homem não precisava de cura para as suas pernas, pois que não era paralítico e sim cego! Deus jamais fará por nós o que pudermos fazer por nós mesmos.

Se pudéssemos conseguir qualquer coisa pelo nosso esforço, empenho ou recurso poderíamos dispensar a fé e abrir mão de Deus também, já que a fé provêm Dele. A fé deixaria então de ser algo sobrenatural e se transformaria em algo mecânico, automático, natural. Mas tal não é assim. Pela fé natural o homem consegue o que quer. Pela fé bíblica, sobrenatural, o homem recebe de Deus o que Ele quer lhe dar. Quem crê não faz, espera. Quem não crê não espera, trabalha. E trabalha como um louco para conseguir o que deseja! O que o incrédulo chama de fé é na realidade determinação, o que o crente chama de fé é confiança absoluta em Deus. Quando trabalhamos afoitamente por algo que desejamos e que está em nossas mãos o poder de obtê-lo, estamos exercendo a fé natural e não a sobrenatural. A fé natural utiliza as mãos para conseguir coisas; a fé sobrenatural, o coração. Por compreender essas coisas, a postura daquele que confia em Deus é uma postura de descanso, de repouso, de tranqüilidade. Não existe nenhuma guerra interior nele, nenhuma intranqüilidade, nenhuma perturbação.

O profeta Isaías disse no capítulo 26:3 de seu livro: “Tu conservarás em paz aquele cuja mente está firme em Ti; porque ele confia em Ti”. Isto me faz lembrar de Elizeu, cujo discípulo seu, de nome Geazi, chegou correndo e gritando que o exército sírio havia cercado a cidade com muitos cavalos e carros de guerra para levar preso o profeta ao rei da Síria. Elizeu estava sentado tranquilamente em sua cadeira de balanço, em sua casa, e ao ouvir aquilo, pediu a Deus que abrisse os olhos de seu pupilo. O que Geazi viu deixou-o sobremaneira assombrado: todo o monte ao redor estava tomado por um exército celestial ainda maior que o exército dos sírios, cheio de cavalos e carros de guerra de fogo! (2º Livro dos reis 6:8-23). Daí a postura de descanso, de repouso em Deus por parte de Elizeu, pois ele sabia que o Senhor cuida dos seus. Aqui, a primeira grande diferença na postura do indivíduo que possui a fé natural e na do indivíduo que possui a fé bíblica. Na fé natural o que vale é o esforço. Na fé bíblica o que vale é o descanso. Todo indivíduo que confia plenamente em Deus é uma pessoa espiritualmente tranqüila.

Mas o fiel sabe que as coisas que ele pede a Deus ou, que Deus lhe prometeu dar ou fazer, nem sempre acontecem ou acontecerão de imediato, instantaneamente. Na mor parte das vezes elas levarão algum tempo para se concretizarem, pois estão ainda no futuro, a dimensão do tempo na qual a fé se prepara para trazer ao fiel as coisas que lhe foram prometidas ou por ele solicitadas. Talvez o que desejemos chegue hoje; possivelmente, amanhã; ou, quem sabe, demore um pouco mais. O que não podemos duvidar é que elas chegarão dentro do prazo de Deus e abençoarão nossas vidas, pois “fiel é o que prometeu” (Hebreus 10:23). A Bíblia diz que o Senhor é “poderoso para fazer infinitamente mais além daquilo que pedimos ou pensamos, segundo o seu poder que opera em nós” (Efésios 3:20). Nenhum crente verdadeiro, pois, deve ser um indivíduo afobado, desesperado, inquieto. O fiel sabe que Deus conhece o tempo excelente das coisas; que não se adianta e nem se atrasa; que nunca pode ser pego de surpresa; que não pode jamais ser chamado de mentiroso, pois tudo o que promete, cumpre. Então ele fica esperando o tempo de Deus. Pacientemente ele espera, nem que aquilo que o Senhor prometeu só venha a se concretizar após a sua morte. A Bíblia diz que “se esperamos o que não vemos, com paciência o esperamos” (Romanos 8:25).

Sei que algumas pessoas têm feito uso errado da passagem do Salmo 68:4 que diz “Cantai a Deus, cantai louvores ao seu nome; louvai aquele que vai sobre os céus, pois o seu nome é JÀ; e exultai diante dele” para dizer que Deus faz as coisas imediatamente, no momento em que as pedimos, mas isto não é verdadeiro. O termo JÁ que aí aparece é uma forma abreviada e carinhosa do nome Jeová, tido por muitos como o nome pessoal e sagrado de Deus e não um advérbio de tempo, com o objetivo de traduzir a idéia de algo que vai acontecer instantaneamente, imediatamente após o nosso pedido! O resultado dessa interpretação errônea é que crentes estão se frustrando desnecessariamente com as suas orações, pois estão percebendo que Deus não está respondendo as suas orações e não estão acreditando mais que Ele as responderá em tempo algum. A postura daquele que crê em Deus deve ser sempre uma postura de paciência, de perseverança, de “expectante despreocupação”.

Jorge Muller, o apostolo da oração, orou cinqüenta e sete anos pela conversão de dois companheiros seus, que só vieram a se converter cinco anos após a sua morte! Quem conhece a sua história sabe que eu não estou falando de um intercessor qualquer, mas de um  homem que possuía um registro com mais de cinqüenta mil orações feitas a Deus e respondidas, todas elas a seu tempo! A fé ultrapassa as barreiras do tempo! Calebe pediu que Josué lhe permitisse conquistar as terras que Deus, através de Moisés, lhe prometera dar quando ele tinha ainda quarenta anos. Com oitenta e cinco anos, isto é, quarenta e cinco anos depois, confiando ainda na promessa que Deus lhe fizera, Calebe conquistou suas terras prometidas! (Josué 14:6-15). Noé pôs-se a construir uma imensa arca para abrigar os animais e a sua família do dilúvio que Deus dissera iria mandar sobre a terra para castigar os homens de seu tempo, tarefa na qual ele se empenhou por cento e vinte anos! (Gênesis 6:1-3). Ao terminar a arca, o dilúvio chegou e Noé foi salvo com todos os animais terrenos e com sua família! José, décimo primeiro filho do Patriarca Jacó, neto de Isaque, bisneto de Abraão, pediu que, quando ele morresse, transportassem os seus ossos do Egito para a terra de Canaã, prometida por Deus ao seu povo, coisa que só veio a acontecer quatrocentos anos após a sua morte! (Gênesis 50:25,26 / Êxodo 13:19 / Josué 24:32).

Mas ninguém superou o Mestre Jesus na capacidade de crer e de esperar em Deus! Ele orou ao Pai para que todos os que viessem a crer Nele (eu e você, portanto!) se tornassem um, como Ele era com o Pai, a fim de que o mundo cresse que Deus o enviara como Salvador do mundo (João 17:20,21). Isto parece ser uma oração impossível de se realizar! Pessoas outrora antagônicas, inimigas, agora transformadas pelo poder do Evangelho e de tal forma conectadas, unidas, que os incrédulos fiquem convencidos de que somente Deus poderia operar tal transformação em suas vidas e que para conseguir este grande feito Jesus Cristo tem de ser mesmo o Salvador do mundo! Isto é tão inacreditável, tão surpreendente, que chega as raias do impossível, pois, mesmo nos dias de hoje, crentes ditos “transformados”, quase não se comunicam entre si, não falam uns com os outros, e mal se suportam, só por serem de denominações diferentes! Ninguém parece fazer a mínima questão de viver essa tal “bendita união!” Como podia Jesus crer assim? Dois mil anos já se passaram e Ele continua esperando o resultado dessa sua prece! Nem sequer mais no planeta Ele está para ver como ela se desdobrará no tempo, mas ainda assim Ele continua confiando firmemente em sua oração! Como é grande o nosso Mestre Jesus! Como é nobre e majestoso em suas petições!

Não devemos ficar dizendo para Deus como, quando e onde Ele deve nos dar as coisas que prometeu, nem ainda ficar impacientes, murmurantes, queixosos, quando as respostas as nossas preces parecerem demorar demais. O Senhor sabe o que é melhor para nós e fará “o impossível” para nos abençoar. O possuidor da verdadeira fé bíblica vive em “expectativa despreocupada”, sem tensão nenhuma, crendo permanentemente no recebimento do que lhe foi prometido, não importando se o que ele crê vai chegar daqui a cem, mil, ou dez mil anos. Ele o esperará confiantemente em Deus, esteja onde ele estiver, até a sua benção chegar! E, preste bem atenção ao que eu vou lhe dizer, prezado leitor: enquanto ele estiver assim, nesse estado de fé expectante, estará vivendo em estado de fortaleza e prontidão espiritual!

Mas aquele que confia no caráter do Senhor possui, além de uma postura de descanso e de paciência, uma postura firme, estável, equilibrada. Isto acontece porque o instrumento gerador da fé, o elemento produtor da mesma, é algo inabalável, inamovível, indestrutível, qual seja, a Palavra de Deus. O apóstolo Paulo disse aos crentes romanos que “a fé vem pelo ouvir e o ouvir pela Palavra de Deus” (Romanos 10:17). Escutamos com os ouvidos naturais, mas ouvimos com o coração. Jesus apelava sempre aos seus seguidores para que ouvissem a sua palavra e não apenas para que as escutassem. Quando ouvimos a Palavra de Deus, seja de que forma for – pregada, cantada, representada, impressa, etc. e Ele coloca algo em nosso coração sabemos que esse algo se realizará nem que seja daqui até outra eternidade! O profeta Isaías disse: “Assim como desce a chuva e a neve dos céus, e para lá não torna, mas rega a terra, e a faz produzir, e brotar; e dar semente ao semeador; e pão ao que come, assim será a palavra que sair da minha boca: ela não voltará para mim vazia, antes fará o que me apraz, e prosperará naquilo para que a enviei” (Isaías 55:10,11).

Esta palavra que sai da boca do Senhor, que faz o que lhe apraz, e que volta para Ele plena de resultados, tem um nome específico, a saber Jesus Cristo, o Verbo de Deus (João 1:1,14). A Bíblia diz em Hebreus 12:2 que Jesus Cristo é o autor e o consumador da fé, o que quer dizer que Ele tanto gera a fé em nosso coração quanto a consuma. Somos o campo espiritual onde as grandezas de Deus se manifestam ou se perdem, como nos ensinou o Abençoado Mestre na Parábola do Semeador (Mateus 13:1-30). Muitos dizem que crêem em Deus e que dariam a sua vida pelo Evangelho, mas seu comportamento espiritual contradiz as suas declarações de fé. Eles são instáveis, vacilantes, inseguros. É impossível pensar em alguém que afirme crer no Senhor Jesus mas que se mostra o tempo todo reticente, oscilante, duvidoso. A postura daquele que crê verdadeiramente em Deus é uma postura firme, estável, equilibrada.

Vamos então ousar crer em Deus, pois cada vez que desacreditamos Nele estamos, na realidade, confiando no Diabo que afirma ser Deus um Ente não confiável e de palavra duvidosa.

Deus abençoe a todos.

 

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