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I. Fé, Dúvida e Incredulidade

 

Palestra I

FÉ, DÚVIDA E INCREDULIDADE

Estudo elaborado pelo Pastor Olívio em Realengo, no Rio de Janeiro, em abril de 2010 e revisado em fevereiro de 2012

Três palavras inter-relacionadas que precisam ser bem explicadas:

ENTENDENDO O QUE SEJA FÉ

Os dicionários seculares traduzem a palavra fé como “certeza”, “confiança”, “crença” e eles certamente estão corretos ao traduzirem-na assim. Já a Bíblia, o dicionário de Deus, descreve a fé como sendo “o firme fundamento das coisas que se esperam e a prova das coisas que não se vêem” (Hebreus 11:1). Isto quer dizer que a fé é algo presente, atual, que está sendo exercida agora (“firme fundamento”), mas que o objeto pretendido por ela ainda não chegou até o fiel, ainda não veio até ele, encontra-se ainda no futuro e por isso ele não o vê (“coisas que não se vêem”) e por ele espera (“coisas que se esperam”).

Ambas as definições de fé, tanto a secular quanto a bíblica, mostram que a fé não é algo material. Ela é algo invisível, intangível, imaterial. Ela é uma postura, uma atitude que o fiel assume diante daquilo que deseja. Ter fé é estar convencido de que aquilo que se acredita que vai acontecer vai acontecer de fato! O objeto de nossa fé ainda não chegou, não podemos sequer vê-lo por estar ele no futuro, mas ainda assim acreditamos que ele vai chegar! Estamos convictos disto! Temos certeza disto! O texto de Hebreus 11:27 dá-nos uma descrição fantástica do que seja a fé, pois afirma que “Moisés ficou olhando firmemente o invisível como se estivesse vendo-o”. Esta é a atitude daquele que confia, daquele que acredita, daquele que possui fé. Olhar firme para o que não chegou como se já tivesse chegado!

O fato de acreditarmos em algo que ainda não chegou a nós e que não possui materialidade alguma para que possamos demonstrá-lo a alguém não quer dizer, em absoluto, que este algo não exista, pois muitas coisas há em nosso mundo que não podem ser vistas no presente, que ainda não chegaram a nós por estarem no futuro, mas que nem por isso devem ser consideradas mentirosas ou inexistentes. Talvez a maior e mais simples de todas, por acontecer com todos os humanos, sejam as idéias. Elas se encontram presentes em nosso coração, em nossa mente, mas não se tornaram ainda visíveis, não ganharam ainda materialidade na forma de um livro, um invento, uma receita, um produto, qualquer coisa. Todas são exemplos de coisas intangíveis que ainda não chegaram ao seu buscador por se encontram elas no futuro.

Bom é que se diga que ninguém precisa ter fé para as coisas passadas; nem ainda para as coisas presentes, mas apenas para as futuras. Para acreditar nas coisas que já se passaram, não precisamos ter fé e sim conhecimento. Para as coisas que estão acontecendo agora, no tempo presente, não precisamos acreditar em nada e sim ter informação. O texto de Romanos 8:24,25 diz: “Em esperança somos salvos. Ora, a esperança que se vê não é esperança; porque o que alguém vê, como o esperará? Mas, se esperamos o que não vemos, com paciência o esperamos”. Esperança é a fé que não desanimou, que não desistiu da conquista! A fé é uma porta; a esperança, um caminho!

Sendo a fé o fundamento de algo que ainda não possuímos e a prova de algo que ainda não vemos, isto então quer dizer que a fé é fruto de nossas convicções pessoais, de nossas certezas interiores, pois aquilo que esperamos, mas não vemos, não é objeto do conhecimento ou dos sentidos e sim de uma convicção íntima, subjetiva, particular. Podemos não saber explicar como isto acontece, mas estamos convencidos que acontecerá. A fé não depende da razão nem dos sentidos, pois que vai além deles (“coisas que não se vêem”)! Não se sente fé, não se racionaliza fé. Ou a temos em nós, ou não a temos!

Sendo a fé fruto de nossas convicções particulares, pessoais, individuais, isto quer dizer que cada ser humano possui uma medida diferenciada de fé, pois aquilo que alguém deseja e espera pode não ser do interesse de outro. Mesmo que dez pessoas acreditem em determinada coisa, cada qual acreditará com uma intensidade diferente, com uma medida de fé diferenciada. Assim é que não podemos exigir das pessoas que tenham a mesma medida de fé que nós, mas podemos pedir para que creiam na mesma coisa. Por exemplo: Podemos dizer para alguém enfermo que Deus cura o câncer e que pode curá-lo, pois isto faz parte de nossas convicções, mas não podemos pedir para que a pessoa creia que Deus vai curar o seu câncer, pois isso depende da disposição do indivíduo de crer em Deus, de sua medida de fé (que pode ser maior ou menor que a nossa) e de sua vontade de ser curado ou não.

Se assumimos que possuímos algo que ninguém vê ou espera, como falamos acima, isto é considerado normal, mas se dissermos que temos uma prova deste algo conosco, uma base, um fundamento, mas que não conseguimos mostrá-lo a ninguém por estar este algo no futuro e não possuir ele ainda nenhuma materialidade, corremos o risco de ser taxados de loucos (e você há de convir que este discurso é mesmo de um louco!) e como tais, sermos considerados perigosos para a sociedade. Pois foi exatamente isto o que aconteceu com muitos inventores, pensadores, e profetas do passado! Noé, Moisés, Abraão, Elias, Jeremias, Jesus, Paulo – todos eles foram considerados loucos e também o meu prezado leitor, se for uma verdadeira pessoa de fé!

Todos estes personagens bíblicos disseram que possuíam um fundamento firme e uma prova incontestável para acreditarem naquilo em que criam, mesmo sendo impossível demonstrá-la a alguém. O que era essa coisa?

O que eles criam não era uma coisa, um objeto, e sim uma pessoa! Não era o que e sim quem – DEUS! Ele era o alicerce inabalável de sua fé!

A fé bíblica se encontra alicerçada na pessoa de Deus, em seu caráter, e não em seus objetos. Ela não é resultante de conhecimentos físicos, científicos, materiais, pois se assim fosse, os mais sábios seriam os maiores crédulos do mundo e os ignorantes não a possuiriam. Os astrônomos estudam o Cosmo, que acreditamos ser uma criação de Deus, mas não O encontram lá. O fato de eles estudarem uma coisa de Deus, não os leva necessariamente ao conhecimento do Deus das coisas. A fé bíblica não é racional, lógica, mental, mas é espiritual, sobrenatural. Assim sendo, ela não deve ser procurada na estrutura física do homem e sim em seu espírito.

O texto de Hebreus 11:6 ensina que a fé é o meio utilizado por Deus para estabelecer um relacionamento com o homem. Ele diz: “sem fé é impossível agradar a Deus. Porque é necessário que aquele que se aproxima de Deus, creia que Ele existe e que é galardoador daqueles que O buscam”. Como fazer isso? Como gerar fé em nosso coração para acreditar que Deus existe e que vai nos galardoar (recompensar, premiar, laurear)? A resposta se encontra em Hebreus 12:2 onde se diz que Jesus é o autor e o consumador da fé, isto é, Ele é a origem e o fim da fé, o seu iniciador e o seu realizador. Cristo é o Verbo de Deus, a Palavra de Deus que se encarnou entre nós (João 1:1,14). O apóstolo Paulo disse que “a fé vem pelo ouvir e o ouvir pela Palavra de Deus” (Romanos 10:17). Ouvindo nós a Jesus, o Verbo de Deus, a fé é gerada em nossos corações e então podemos ser levados por Ele ao conhecimento do Pai (João 14:6).

Quando nos aproximamos de Deus e este vê Cristo em nós, Ele se agrada disto, pois sabe que onde Cristo está a fé está presente. Ele então se prontifica a nos ajudar e a nos galardoar nos pedidos que fizermos a Ele. Tristemente isso também quer dizer que quem não possui a Cristo não pode agradar a Deus. Nenhum incrédulo é possuidor da fé bíblica genuína, autêntica, pois que esta provém de Cristo e o incrédulo, por não possuir Cristo em seu coração, não sabe como se chegar a Deus e nem como agradá-Lo. O Pastor Olívio fica realmente triste com este fato, pois entende que Deus jamais exigiria a fé do homem se este não pudesse exercê-la e muitos estão vivendo vidas derrotadas, amarguradas, sem brilho algum, por não quererem saber das coisas espirituais e se envolverem com Deus. Isto é realmente horrível, pois a fé não só é a única maneira de agradarmos a Deus como também a única maneira de nos tornar vencedores no mundo (1ª João 5:4).

Sendo a fé uma relação de confiança para com Deus, tudo o que não provenha dela neste relacionamento, torna-se pecado. “Tudo o que não provêm de fé é pecado”, diz a Bíblia em Romanos 14:23. A adoração, o louvor, o ensino, a pregação da Palavra, a oração – tudo o que se pretenda fazer para Deus, se não estiver alicerçado na fé, é pecado. Não se esqueça disto crente querido, quando fechar este arquivo e sair para fazer alguma coisa para o Senhor. O teu Deus não mente, não se engana e não te engana, não fica atirando para todos os lados, perdido, sem saber como lhe falar, pois tudo conhece, tudo pode, tudo consegue, e há de te ajudar. Nada, pois, de ficar desconfiando Dele. Se você tiver algo a duvidar duvide de você mesmo e, em último caso, até mesmo de sua fé, mas nunca duvide de Deus!

A DÚVIDA PODE DESTRUIR OU CONSTRUIR

Pois bem, se a fé é a crença na pessoa de Deus, a confiança em seu caráter, o contrário dela é a incredulidade e não a dúvida.

A palavra dúvida significa “ambigüidade”, “imprecisão”, “suspeita”, e não se constitui um pecado em si por não levar o seu detentor a uma posição definida, final, absoluta. O apóstolo Tiago disse que “o que duvida é semelhante a onda do mar que é levada pelo vento e lançada de uma para outra parte” (Tiago 1:6). O indivíduo fica ali, indo e vindo de uma posição à outra, vacilante, sem definição alguma. Ele vive no “talvez”, no “quem sabe”, no “acho que”, indo do sim para o não, sem tomar posição alguma. Todos sabemos que o “talvez” não define posição a não ser a de continuar “em cima do muro”, em total indefinição. Somente quando o indivíduo se decide entre uma coisa ou outra é que podemos taxá-lo de incrédulo ou de crente. Até lá, ele é apenas uma pessoa que duvida, que suspeita, que ainda está indecisa.

A dúvida é um instrumento poderosíssimo para destruir certezas -, não verdades -, pois verdades jamais podem ser destruídas, conforme o apóstolo Paulo nos ensinou em 2ª Coríntios 13:8, por serem estas provenientes de Deus (João 14:6). As certezas, porém, são humanas, fazem parte de nossas convicções, de nossas confianças, e por isso podem ser destruídas. Na mor parte das vezes uma enorme montanha de convicções, vem totalmente abaixo por uma simples banana de dinamite de dúvida! A dúvida é utilizada para destruir pseudo-certezas e se constitui em um elemento de desestabilização, de estremecimento, de desmonte de convicções estabelecidas. “A Serpente” do Éden lançou dúvidas sobre nossos primeiros pais com relação ao caráter de Deus, naquilo que Ele lhes dissera (Gênesis 3:1-5). Pela dúvida lançada por ela, veio a incredulidade aos nossos pais e pela incredulidade o cometimento de outros pecados.

Por ser a dúvida um instrumento de destruição de certezas, esta também pode levar o indivíduo ao máximo da realização humana, pois através dela ele se sente estimulado a procurar novos conhecimentos. É graças à dúvida do pesquisador sobre algo; sua desconfiança sobre verdades estabelecidas; sua contestação a ensinos e doutrinamentos tidos como intocáveis; sua capacidade crítica e lógica de argumentação; sua ousadia e coragem para discordar de coisas e pessoas, que o progresso e o conhecimento humanos são gerados. Pelos resultados benéficos trazidos pela dúvida povos readquirem a esperança e a raça humana amplia os limites do conhecimento. Quem não possui dúvidas parou de crescer ou já chegou ao estado do conhecimento absoluto, ou seja, tornou-se igual a Deus.

É importante dizer que todo ser humano possui dúvidas acerca de algo. Ela é inerente ao ser humano, nasceu com ele, encontra-se presente no âmago de sua estrutura. Mesmo os homens mais santos e sábios a possuíam, pois que ela não é produto de desconfiança do caráter da outra pessoa e sim da falta de informação sobre algo que poderia levá-las a tomar uma posição definida. Foi assim com João Batista quando enviou discípulos seus a questionar Jesus sobre se Ele era ou não o Messias prometido (Mateus 11:1-6). Jesus proveu a João de informação e transformou suas dúvidas em certezas. Foi assim também com o salmista Asafe quando estava se questionando sobre o distanciamento de Deus. Ele estava perturbado e sem paz no coração. Então ele se lembrou dos feitos do Senhor no passado e de sua misericórdia sem fim. Essa lembrança das coisas antigas reacendeu a fé de Asafe em Deus e ele o exaltou com um belíssimo Salmo (o de nº 77). Temos assim que prover o duvidoso da informação necessária, quer seja esta nova ou antiga (como é o caso das lembranças, das recordações, tendo em vista só podermos nos lembrar de coisas que tenhamos vivido, experimentado) podem eliminar radicalmente a dúvida.

Se é verdade que é saudável ter dúvidas, é patológico, doentio, viver uma postura permanente de dúvida, pois a Bíblia afirma em Tiago 1:8 que “o homem de coração dobre é inconstante em todos os seus caminhos”. Ele é vacilante em decidir sobre emprego, negócios, quem deve ser sua companheira – tudo! A Bíblia ainda adverte: “não pense tal homem que receberá do Senhor alguma coisa” (Tiago 1:7). Quando alguém possui as informações necessárias para tomar uma decisão e se recusa a tomá-la por medo de que algo ruim possa acontecer-lhe, tal indivíduo deixa de ser duvidoso e passa a ser um covarde, pois tinha tudo para tomar a decisão devida e ainda assim não o fez. A Bíblia diz em Apocalipse 21:8 que os covardes e incrédulos não herdarão o Reino dos Céus.

A INCREDULIDADE SEMPRE É UM PECADO

Conforme já aprendemos, podemos ter dúvidas acerca de coisas e de situações, mas não podemos ter dúvidas acerca de pessoas. Quando isto acontece, a dúvida deixa de ser apenas dúvida e se transforma em desconfiança, que é a base da incredulidade Podemos não ter convicção sobre algo que alguém faça ou diga, por exemplo, que vai criar uma nave para viajar até o sol ou, se tornar maior do que o rei Pelé no futebol, mas isto não nos obriga a desconfiar de seu caráter. A dúvida se encontra relacionada a coisas, a objetos; já a incredulidade ao caráter das pessoas. A tradução de Atos 16:31, por exemplo, que afirma “Crê no Senhor Jesus Cristo e serás salvo tu e a tua casa” ficaria bem mais forte e adequada se fosse empregada corretamente a palavra “confia” no lugar de “crê”

Incredulidade é descrédito, é descrença, é desconfiança e só é chamada assim na Bíblia porque tinha tudo para não ser e ainda assim se fez. Este foi o caso dos israelitas que saíram do Egito e pereceram no deserto. Eles tinham todos os motivos do mundo para acreditarem em Deus, mas ainda assim, não o creram. Eles haviam tido inúmeras provas sobre o seu caráter e boas intenções para com eles quando Ele os livrou do Egito e os manteve por todos aqueles anos no deserto, sem fome, sem sede, sem remédios ou sem roupas novas. Ainda assim eles desconfiaram de Deus – não de seu poder, mas de seu caráter, de sua boa vontade, de seus propósitos para com eles. Não foi a dúvida que matou os israelitas no deserto e sim a incredulidade. A incredulidade é considerada pecado por levar o indivíduo a desconfiar de Deus quando motivo algum existe para ele desconfiar. Leia os textos de Hebreus 3: 17-19 e 4:4-6, para aumentar a sua compreensão sobre o assunto, por favor.

Tanto a fé quanto incredulidade são elementos que dependem de nossa vontade, de nosso anseio, de nossa disposição. Jesus sempre apelava aos seus ouvintes para que cressem em suas palavras. Isto significa que eles poderiam crer se quisessem. O mesmo faziam os seus discípulos. Nenhuma pessoa pode ser taxada de incrédula, de descrente, de infiel, se não lhe for dado motivo para crer ou descrer. É disto que fala o apóstolo Paulo em Romanos 10: 13,14, quando afirma: “Todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo. Como pois invocarão aquele em quem não creram? E como crerão naquele de quem não ouviram? E como ouvirão, se não há quem pregue?” A fé vem pelo ouvir a Palavra de Deus, lembra-se? Quando pois as Escrituras dizem em Apocalipse 21:8 que os incrédulos não entrarão no reino dos céus, não está afirmando que aqueles que nunca ouviram falar do Evangelho para poderem crer nele ou rechaçá-lo nunca serão salvos, e sim que aqueles que poderiam ter crido e não o fizeram por um ato de sua vontade, por uma deliberação sua, por uma escolha própria, serão condenados ao inferno por essa sua incredulidade.

Se a falta de fé pode ser suprida pelo ouvir a Palavra de Deus e a dúvida pode ser eliminada pela informação necessária, como podemos eliminar a incredulidade? Crescendo em comunhão e em amizade com Deus até o ponto em que possamos confiar totalmente em sua Pessoa. Abraão acreditou na palavra que Deus lhe dissera que de sua semente sairiam tantos que encheriam a terra, como as estrelas enchem o céu e os grãos de areia a praia. Quando Deus o experimentou mandando que ele oferecesse o seu único filho ele o fez sem vacilar pois, para que as promessas de Deus se cumprissem, seu filho Isaque não poderia estar morto, ele teria de estar vivo. Então ele o ofereceu crendo que mesmo que ele, Abraão, viesse a matá-lo, Deus teria de ressuscitar Isaque para dar cumprimento as suas promessas nele. As Escrituras dizem que Deus se agradou tanto desse pensamento e da atitude de Abraão que ele foi chamado de ”o amigo de Deus” (Gênesis 15:4,5 / 22:1-18 / Tiago 2:23).

Toda vez que Deus diz que vai fazer algo e não o cremos fazêmo-Lo mentiroso, desacreditamos de sua Palavra, de sua honra, de sua dignidade, e nos tornamos culpados do pecado de incredulidade. Isso aconteceu com Moisés no deserto quando o Senhor mandou que ele ordenasse à rocha para que dela saísse água (Números 20:7-13). Moisés já havia tido essa experiência quando Deus lhe ordenara que ferisse a rocha garantindo-lhe que dela sairia água. Moisés assim o fez e tal aconteceu (Êxodo 17:1-7). Muitas outras maravilhas ele já havia visto Deus operar, pois acabara de sair do Egito, terra onde o Senhor fizera milagres extraordinários. Ferir a rocha com o seu cajado era uma coisa, mas falar à rocha, sem tocar nela….hum….isso era bastante diferente! Ele então feriu a rocha duas vezes, desobedecendo ao Senhor. Por misericórdia e amor ao seu povo Deus fez a água fluir da rocha, mas Moisés foi impedido de entrar na Terra Prometida.

Coisa semelhante acontecera com os discípulos de Cristo. Ele havia lhes dito que iria ressuscitar ao terceiro dia (Mateus 12:40 / 16:31). Seus discípulos o viram ressuscitar pessoas que eles próprios conheciam (Marcos 5:35-43 / Lucas 7:11-17 / João 11:1-45). Cristo havia lhes dito que a sua dificuldade, como Deus Encarnado que era, não era permanecer vivo e sim morrer! (João 17:18). Ainda assim, quando as mulheres foram contar-lhes que haviam visto Jesus ressuscitado eles duvidaram delas (Marcos 16:9-11) e ficaram agrupados na casa onde estavam até o Senhor lhes aparecer em carne. Cristo lançou-lhes em rosto a sua incredulidade e perdoou os seus pecados (Marcos 16:14), e disse para Tomé: “bem-aventurados os que não viram e creram” (João 20:29).

Querido, ao falar aquilo para Tomé, Cristo estava falando de nós! Não o vimos, não o conhecemos, mas ainda assim cremos que Ele ressuscitou dentre os mortos e que é o Nosso Salvador e O amamos tanto e tanto, até o mais profundo de nossa alma! Como, pois, podemos dar tanto fôlego a nossa descrença, a nossa incredulidade, a nossa pequena fé, quando o Filho do Deus Todo-Poderoso, disse que somos bem-aventurados por termos uma fé deste tamanho? Ó, amado, neste tempo de graça e de perdão, uma nova oportunidade de fé nos está sendo dada. Vamos aproveitá-la para crescermos ainda mais na graça, na comunhão e no amor de nosso Bendito Deus!

Deus abençoe a todos.

Caso seja do interesse de meu prezado leitor discutir mais sobre o assunto, envie-me seus comentários, questionamentos, sugestões, críticas e, quando houver, possíveis elogios.

 

IV. Famílias Cheias do Espírito Santo

 

Palestra IV

FAMÍLIAS CHEIAS DO ESPÍRITO SANTO

Estudo elaborado pelo Pastor Olívio em novembro de 2010 e revisado em março de 2012, em Realengo, no Rio de Janeiro

INTRODUÇÃO

Queremos tratar nesta palestra sobre a responsabilidade, o dever, e a necessidade que têm as famílias cristãs de serem cheias do Espírito Santo, de forma a poderem abalar todos aqueles que entrarem em contato com os seus membros, individual ou coletivamente falando. Temos visto famílias cristãs tão fracas e também igrejas tão fracas que chega a doer o nosso coração! Apesar disso, não cessamos de apresentar desculpas para as nossas fraquezas: “Não tenho muito tempo para ir à Igreja”; “quase não tenho tempo para me dedicar ao Senhor”; “minha igreja possui poucos trabalhos”, “não temos cultos de libertação lá”, “não sei como fazer cultos domésticos”, e por aí vai. O importante é ter alguém para colocar a culpa! Aprendemos isto com os nossos primeiros pais no Gênesis (3:9-13). O homem culpou a mulher pela sua queda (v.12); que por sua vez culpou ao Diabo (v.13), que não teve ninguém a quem culpar! (v.14). O resultado desse comportamento fraco e mentiroso são vidas cristãs vazias, quebradiças, ineficientes. Vamos, pois, encarar com realismo as nossas deficiências, confessar a Deus os nossos pecados e começar a viver uma vida cheia do Espírito Santo!

Os textos que inicialmente irão nos ajudar a dar estes passos são os de Genesis 2: 23,24 / 3:8 e outros a serem citados durante o estudo.

A Comunhão de Nossos Primeiros Pais Antes da Queda

Por esses dois textos aprendemos que, apesar de nossos primeiros pais serem puros, poderosos e agradarem ao Senhor, a comunhão que estes mantinham com Ele era extremamente limitada em relação a que possuímos hoje! Esta só acontecia dentro Jardim do Éden, circunscrita a seus limites, ou seja, era localizada, restrita aquele território. O homem não podia sair do Jardim e continuar mantendo comunhão com o Senhor; só acontecia no período certo da viração do dia, isto é, entre as duas tardes (cerca de 15:00h), o mesmo horário em que Cristo morreria tanto tempo mais tarde (Mateus 27:45-53); e, para complementar, Deus estava do lado de fora do homem e não dentro dele! Em nenhuma parte da Bíblia se diz que Adão fora um homem cheio do Espírito Santo, fora chamado de filho de Deus ou que tomava a iniciativa da comunhão com o Senhor. Apesar disso:

  • Declarou que a mulher (varoa) iria estar na mesma posição de comando que ele (v.23);

  • Profetizou sobre a unidade do casamento (2:24);

  • Profetizou que todos os homens teriam um pai e uma mãe e se uniriam em casamento, mesmo sem ter tido, ele e Eva, um pai ou uma mãe terrenos e terem tido um casamento formal (2:24)

A Comunhão de Nossos Primeiros Pais Depois da Queda

De Eva se diz que, mesmo após a queda, depois de ter recebido a dura sentença da parte de Deus de que teria filhos com muita dor (3:16), ainda assim decidiu manter-se viva e ter esses filhos com muitas dores! Ela permaneceu como fiel companheira de Adão até os fins de seus dias!

Dos filhos deste casal decaído se diz que um deles, Abel, foi tão grande, tão proeminente, que recebeu elogios do próprio Senhor Jesus! (Mateus 23:35). Foi também elencado como um dos destaques na galeria dos Heróis da Fé, de Hebreus 11 (v.4)!

Mesmo depois da queda, com todo o drama da perdição humana, Adão ensinou os seus filhos o sistema de sacrifícios substitutivos (3:7, 21 / 4:3,4)!

E nós, que somos chamados de filhos de Deus (João 1:12); que podemos comungar com Ele permanentemente, na hora e local que desejarmos (1ª Tessalonicenses 5:17); que temos o Espírito Santo habitando em nós (1ª Coríntios 3:16,17 / 6:19,20), ainda assim somos tão fracos e tão quebradiços! O que está acontecendo com os crentes modernos, com as famílias ditas cristãs, e com as nossas “poderosas” igrejas?

Olhando para uma Pequena Família de Israel

Maria era o nome de uma virgenzinha adolescente de Israel. Possivelmente tivesse pouco mais de treze anos de idade, pois, com 12 ou 12 anos e meio, as virgens eram prometidas aos seus pretendentes no Israel antigo. Os homens normalmente se casavam com 18 anos, pois já teriam aprendido uma profissão artesanal, de subsistência, e teriam terminado os seus estudos básicos. José, marido de Maria, era um carpinteiro, profissão dura, mas que lhe garantia o sustento diário e, depois de casado, de sua grande família também (Marcos 6:1-3). Jesus, como filho primogênito do casal, aprendera a profissão do pai e como este, passou a ser também conhecido como “o carpinteiro” pelas pessoas de sua cidade (Marcos 6:3). Apenas aos trinta anos de idade começou o seu ministério espiritual (Lucas 3:21-23).. Ele abrira mão de se casar por causa de sua importante missão e, ainda, para não deixar um montão de “Jesuszinhos” que, certamente seriam idolatrados por seus conterrâneos e pelos seus descendentes também! Esta era uma família de operários, pobre, e bastante comum em Israel. Apesar disso:

  • Maria conversou com um anjo e experimentou o maior milagre que um ser humano podia receber da parte de Deus! (Lucas 1:26-38);

  • José tinha revelações com os céus até estando dormindo! (Mateus 1:18-25);

  • Jesus se tornou o Salvador da humanidade! (Lucas 2:8-20).

Você dirá que isto foi um ato de soberania da parte de Deus e que não há nada que possamos fazer para sermos iguais a esta família palestínica. VOCÊ ACERTOU! Deus não precisa gerar outro Salvador para a humanidade, mas se observarmos a família simples do operário José poderemos perceber coisas que ajudarão nossas famílias a se tornarem fortes também!

1. Todos conheciam perfeitamente a sua posição dentro do grupo familiar.

 

  • José liderava a família. Ele a levou para o Egito quando Herodes queria exterminá-la (Mateus 2:13-18) e a trouxe de volta quando este governante morreu (Mateus 2: 19-23). Fixou residência em Nazaré (Mateus 2:23), ensinou sua profissão a seu filho mais velho (Marcos 6:3) e cuidou, com responsabilidade, de sua grande família (Marcos 6:1-3);

  • Maria obedecia as determinações do esposo (Lucas 1:48) e orientava os filhos, como uma mãe deve fazer. Ela introduziu Jesus na vida de milagres e em seu ministério público (João 2:1-5).

  • Jesus obedecia fielmente as ordens de seus pais terrenos – Lucas 2:51,52.

2. Todos eram tementes e submissos ao Senhor.

Muito antes deles serem cheios do Espírito Santo já eram crentes extremamente devotados e  abençoados!

  • Quando José recebeu a primeira revelação do anjo ainda não fora cheio do Espírito Santo (Mateus 1:18-25). Ele já era justo e temente a Deus;

  • Tampouco Maria quando recebera a visitação de Gabriel (Lucas 1:35);

  • Nem ainda Jesus quando discutia as Escrituras com os doutores no Templo (Lucas 2:39-48).

Eles eram pessoas tementes a Deus que cumpriam fielmente as obrigações religiosas instituídas pelo Senhor em sua Lei (Lucas 2:21-24,41).

3. Todos eram destituídos de arrogância!

Deus não pode nos encher de seu Santo Espírito se já estivermos cheios de nós mesmos. Somente vasos vazios são cheios. Apenas quando estivermos vazios de nós mesmos é que poderemos ser cheios de Deus! Há muita gente fazendo de tudo para ser cheio do Espírito Santo, mas não fazendo nada para se esvaziar de si mesmo! Se Deus nos enchesse de seu Espírito Santo estando nós vivendo em pecado, poderíamos acusá-Lo de irresponsabilidade, pois um pouco de tinta colorida, embota toda água.

  • José tinha acabado de receber uma revelação angélica de que seria pai do Salvador do mundo (Mateus 1:18-25), mas não saiu se vangloriando e espalhando essa notícia para ninguém;

  • Maria recebera a visitação do estafeta pessoal do Senhor que lhe dissera que ela seria a Mãe do Salvador do mundo, mas ela guardou esse segredo em seu coração (Lucas 2:19);

  • Jesus levou trinta anos para manifestar-se como Filho de Deus (Lucas 3:21-23), mas não ficou se gabando diante dos outros de que fora escolhido para essa missão.

Se fizermos as mesmas coisas que aquela humilde família da Palestina fez e buscarmos a Deus de todo o nosso coração (Jeremias 33:3) teremos muitas famílias cristãs em nossas igreja e em nossas comunidades cheias do Espírito Santo!

Bom é que se diga que ser cheio do Espírito não é uma opção nossa, mas um mandamento de Deus para cada um de nós (Efésios 5:18). E se é um mandamento, então é responsabilidade nossa sermos cheios do Espírito e não de Deus nos encher! Tomar a iniciativa de ser cheio do Espírito Santo compete a nós e não a Deus!

Quando isto acontecer, então eu e você entraremos em outra dimensão espiritual! José, o operário laborioso das mãos calejadas e tão submisso a Deus se tornou o pai do maior personagem da história da humanidade! Maria, com apenas o embrião de Jesus no ventre, encheu Isabel do Espírito Santo e João Batista que, com 6 meses de idade, pulou de alegria no ventre de sua mãe! (Lucas 1:39-45). Um grama de Jesus vale mais do que uma tonelada de demônios! Jesus enfrentou Satanás pessoalmente, sem nenhum armamento ou guarda-costas e se tornou, depois disso, uma bateria divina de milagres! Se você é um cristão e possui comunhão com Deus, pode esperar a qualquer momento receber um derramamento do Espírito Santo sem igual! A exemplo da família de Cornélio, o Espírito Santo está “doidinho para cair sobre nós também! (Atos 10:44). Aleluia! Como isto faz vibrar a minha alma!

Quando isto acontecer, teremos fome e sede de Deus até o fim de nossos dias. Não temos muitas informações sobre a vida de José até o final de seus dias, já que, por ocasião da crucificação de Jesus, ele já estaria morto (João 19:25-27). De Jesus se diz que, depois de ser cheio do Espírito Santo, estava caminhando sobre águas, multiplicando comida, ressuscitando mortos e conversando pessoalmente com o Pai. E Maria, como estava? Após ter sido cheia do Espírito e gerado um filho de forma sobrenatural passou a freqüentar diariamente as reuniões de oração na casa de João Marcos, em Jerusalém, para receber a plenitude do Espírito Santo (Atos 1:13,14). Quando você tiver mais de Deus, sabe o que vai acontecer? VOCÊ VAI QUERER MAIS DE DEUS AINDA! É isto o que o mandamento de Paulo aos efésios quer significar (5:18). Ele disse que eles deveriam ser cheios do Espírito e continuar sendo! O verbo ali registrado foi colocado no presente contínuo da língua grega que significa que a ação deve ser continuada, prosseguida. Era como se ele estivesse dizendo “enchei-vos agora do Espírito Santo e continuai a ser cheio”. Até quando devemos ser cheios do Espírito Santo? Até onde possamos nos satisfazer de Deus. O limite não está na vontade de Deus em nos dar mais de seu Espírito e sim em nossa vontade de querê-Lo!

Como podemos continuar nos enchendo do Espírito Santo?

O texto de Efésios 5:19-21 nos ensina. Vamos examiná-lo:

a) “Falando entre vós em salmos, e hinos, e cânticos espirituais” – isto fala de crentes reunidos entoando toda sorte de canto – alegres, festivos, doutrinários, e aqueles direcionados para uma adoração profunda;

b) “Cantando e salmodiando ao Senhor no vosso coração” – isto tem a ver com o crente louvar ao Senhor sozinho, em sua alma, em sua mente. È possível que ninguém o ouça quando estiver louvando, mas sua alma estará cantando ao Senhor;

c) “Dando sempre graças por tudo a nosso Deus e Pai, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo” (Filipenses 4:6,7) – mesmo que não entendamos tudo o que aconteça conosco, podemos crer que tal coisa só nos acontece pela permissão de Deus e louvá-Lo, pois Ele tem cuidado de nós;

d) “Sujeitando-vos uns aos outros no temor do Senhor” – esta talvez seja a parte mais difícil das recomendações para nós, pois não gostamos muito de nos submeter a ninguém. Em Filipenses 2:3-11 Paulo cita o exemplo de Cristo como sujeição máxima já vista em alguém.

 

Nossas famílias precisam ser salvas e cheias do Espírito. Como fazer isso?

a) Orando por elas. Todos podem orar por suas famílias;

b) Pregando Cristo a elas – mesmo sendo nós “profetas da mesma pátria”, sem glória alguma (Marcos 6:4,5);

c) Convidando-as para participar de nossas reuniões – Atos 10:24,27;

d) Crendo na Palavra de Deus de que Ele as salvará – Atos 16:31

Se apenas um indivíduo cheio do Espírito já é uma benção, imagine uma família inteira!

Se algum incrédulo entrasse na casa de Jesus, teria de passar primeiro pela humildade de José. Se escapasse da humildade de José teria de passar pela consagração de Maria. Se escapasse da consagração de Maria teria de passar pelo Cristo Salvador! Era quase impossível não sair salvo daquela casa! De igual maneira a família de Felipe, o diácono-evangelista. Quem passasse por ele teria de passar pelas suas quatro filhas profetisas (Atos 21:8,9). E que dizer da família de Lázaro? Quem entrasse em sua casa iria ouvi-lo falar de sua ressurreição e de seu amigo Jesus que o ressuscitara e o buscara no além. Oh! Queridos. Como seria bom se todos os nossos familiares fossem de Cristo!

CONCLUSÃO

Não vamos tirar nossas famílias do propósito de salvação de Deus, pois é através dela que outras famílias serão salvas. Também não vamos nos contentar em sermos crentes quebradiços. Vamos procurar a unção contínua de Deus e, através desta, fortalecermos a nossa igreja e conquistarmos muitas vidas para Cristo!

Deus abençoe a todos.

Caso seja do interesse de meu prezado leitor discutir mais sobre o assunto, envie-me seus comentários, questionamentos, sugestões, críticas e, quando houver, possíveis elogios.

III. Nossa Lista de Prioridades

 

Palestra III

NOSSA LISTA DE PRIORIDADES

Estudo elaborado pelo Pastor Olívio em Realengo, no Rio de Janeiro, em novembro de 2010 e revisado em março de 2012

INTRODUÇÃO

Nesta palestra iremos abordar um dos mais graves problemas que afetam o homem moderno. Ele não é um demônio, nem ainda algo criado para nos obstruir os passos. Ele afeta crentes e não crentes; pastores e ovelhas; indivíduos e coletividades; famílias e igrejas. Seu poder de desagregação é imenso e, apesar disso, quase não é percebido. Estou falando de nossa falta de priorização das coisas em nossa vida. É fácil ordenar coisas muito importantes de um grupo de coisas pouco importantes, mas não é fácil colocar no lugar certo, coisas que são, todas elas, extremamente importantes. Nesta palestra iremos aprender a correta posição, segundo a as Escrituras, que as coisas mais importantes devem tomar em nossa vida e juntamente com elas, os respectivos “círculos de responsabilidades”. Cada item a ser citado possui uma posição que jamais deve ser violada sob o risco de transtornar por inteiro a nossa vida e nos deixar desorientados até o final de nossos dias. A maneira de descobrirmos quais são esses itens e a posição correta destes em relação aos demais, com suas respectivas responsabilidades, é examinando a ordem em que eles aparecem no Gênesis, já que é neste livro que se encontra o princípio das coisas, a origem de tudo, e as citações deste estudo se encontrarem espalhadas pelos seus capítulos do 2 ao 4.

Partindo então do mais importante para o de menor importância, temos que o primeiro item a ser destacado é a pessoa de Deus.

DEUS

Quando o homem foi criado Deus já existia e o homem só foi trazido à existência pela vontade e sabedoria de Deus. Havia já uma infinidade de seres excelentes povoando os céus, mas de todos os seres já existentes Deus era o maior de todos e Ele quis fazer o homem à sua imagem e semelhança (Gênesis 1:27 / 2:7). Ao terminar de criá-lo Deus colocou-o em um Jardim para trabalhar, fez-lhe uma linda mulher para sua satisfação sexual e procriação e deu-lhe muitos filhos. O Senhor vinha comungar com o homem todas as tardes (Gênesis 3:8) e dividia com ele as idéias de transformação e de conquista do planeta. Por dever o homem a sua vida à Deus; ter sido criado à sua imagem e semelhança; ter recebido um trabalho e capacitação para desenvolvê-lo; ter recebido uma companheira linda e fiel que lhe deu filhos; e poder com o seu Criador manter comunhão, Este deve assumir o primeiríssimo lugar em nossa vida (Marcos 12: 28-34). Tudo o que possuímos ou viermos a possuir só acontece e acontecerá pela graça de Deus. Nossas responsabilidades para com Ele, como filhos seus que somos, seja por criação, seja por adoção, é de lhe prestarmos obediência permanente (Hebreus 5:8 / Filipenses 2:5-8), comungarmos com Ele por toda a vida e vivermos a vida que Ele nos deu para viver em plenitude (João 10:10).

VOCÊ

Depois do Senhor, o elemento mais importante de sua vida e com o qual você tem uma série de responsabilidades, é você mesmo! Quando Deus terminou de fazer o homem, o que havia? Deus e o homem! Então ele foi percebendo o que de mais havia no universo: estrelas, planetas, anjos, animais, plantas, jardim, etc. É a partir da percepção que temos de nós mesmos, que começamos a perceber as demais coisas. Jesus disse que devemos amar ao nosso próximo como a nós mesmos (Marcos 12:31). Nossa medida de amor aos outros é a medida de amor que temos para com nós mesmos. Jamais conseguiremos amar alguém se não amarmos a nós mesmos. Muitos de nós detestamos coisas que encontramos em nossa pessoa relacionadas ao corpo, a mente e ao espírito. Se você não ama a você mesmo, qual o direito que tem de exigir que outras pessoas o amem? Por esta orientação de Jesus não devemos jamais acreditar nas pessoas que dizem amar o mundo inteiro e detestam a si mesmos. Temos de ter responsabilidade em cuidar de nosso corpo, nos alimentar saudavelmente, dar conhecimento a nossa mente, cuidar em ter sentimentos sadios, dar prazer à nossa vida, e tudo o mais que tenha a ver conosco conquanto indivíduos. Você é o segundo elemento mais importante em sua vida e estou convencido que, até este momento, você se colocava em todas as listas de prioridades que se lhe apresentavam em último lugar!

O TRABALHO

Esta foi a terceira coisa que aconteceu na vida do homem. Tão logo Deus o criou, colocou-o no Jardim para trabalhar (Gênesis 2:15). Seu corpo fora preparado de tal maneira que o homem precisava colocá-lo em movimento para conseguir realizar coisas e manter-se vivo. Através do trabalho ele tirava o seu sustento, adquiria energia para mantê-lo e desenvolvia ferramentas e métodos para aumentar o seu desempenho. Foi Deus mesmo quem criou o trabalho e se você se sente infeliz por ter de trabalhar todo dia certamente é porque trabalha no que não gosta. Jesus disse que Deus trabalha até agora e Ele trabalha também (João 5:17). Já que fomos feitos à imagem de Deus, então só glorificaremos o seu Nome sendo trabalhadores e não preguiçosos, pois Deus é um Ser trabalhador. Sem o trabalho o ser humano fica ocioso, dependente, e perde a sua grandeza. Nossas responsabilidades para com nosso trabalho vão desde a observância aos horários instituídos, ao leque de tarefas que nos forem delegadas, a manutenção do ambiente de trabalho propício ao desenvolvimento de nossas atividades e ao respeito a nossos superiores. Por mais incrível que possa parecer, o trabalho fica à frente de muitas coisas que achávamos ser mais importantes em nossa vida!

O CONHECIMENTO

Depois de ter colocado o homem no Jardim para trabalhar, e antes de criar a mulher que o faria tão feliz, o Senhor Deus trouxe os animais a Adão para este ver qual nome este lhes daria (Gênesis 2:19:20). Isto fala de crescimento do intelecto, de exercício mental, pois o nome de cada animal deveria ser coerente com as suas características. Nenhum pardal poderia ter o nome de hipopótamo por ser tão diferente deste. O homem já possuía sabedoria, dada por Deus, para cuidar e arar a terra. Isto exigia um certo grau de conhecimento básico, mas colocar o nome a todos os animais do campo, as aves do céu e em todo o gado (não nos peixes e animais marinhos, pois o homem poderia morrer afogado!), fala de um conhecimento mais refinado, mais excelente, superior. Todo ser humano tem desejo de aprender, de progredir, de avançar em conhecimento. Negar esse impulso em nós é abrir mão de tudo o que temos capacidade de ser. Nossas responsabilidades para com o conhecimento passam por aprender a ler e a escrever, isto é, colocar em ação a nossa capacidade de receber e de transmitir o conhecimento, aprofundando-nos naquilo que nos dá prazer e conhecendo tudo o mais que pudermos sobre as demais coisas e campos do saber. Tanto o trabalho quanto a educação são coisas que estão relacionadas ao indivíduo, ou seja, fazem parte de seu círculo de responsabilidades consigo mesmo. Agora iremos ver algumas coisas que trazem responsabilidades dele, indivíduo, com outras pessoas,

O CÔNJUGE

Este é um ponto em que falhamos bastante. Colocamos filhos, igreja, amigos e outras coisas à frente de nosso companheiro e os resultados ruins logo se fazem aparecer. Confusão familiar, brigas entre o casal, sentimentos de rejeição, humilhação, etc. Nossos filhos não são mais importantes do que o nosso cônjuge, pois que são derivados de nós, são conseqüências de nossa união. O efeito nunca pode ser mais importante do que a causa e nem ainda anterior à ela. A fonte, a origem, a iniciadora ou iniciador de tudo foi o seu cônjuge e a ele deve ser dada maior importância que aos filhos. A responsabilidade de nunca se separar um do outro foi dada aos cônjuges e não aos filhos (Genesis 2:23,24). A estes, pelo contrário, foi mencionado o dever de se separarem de seus pais para constituírem sua própria família! Quando a Bíblia, pois, diz que aqueles a quem Deus ajuntou, não o separe o homem (Mateus 19:6), ela esta falando de marido e mulher e não de pais e filhos! Nossas responsabilidades com o nosso cônjuge é ficar com ele até o fim de nossos dias e de ampará-lo em amor até a morte! Você pode perguntar: “Pastor Olívio, por que você colocou o trabalho e o conhecimento, que não são pessoas à frente dos cônjuges que são indivíduos?” Primeiro, porque esta é a ordem sagrada, escriturística, dada por Deus: Segundo, porque muito antes que estejamos preparados para nos casar, já devemos estar trabalhando e estudando: Terceiro, porque quem trabalha e estuda está mais pronto a constituir uma família de sucesso do que aquele que não faz nenhuma dessas coisas.

OS FILHOS

Os filhos, que muitos de nós julgávamos ser mais importantes do que a esposa, os pais, e em alguns casos, até mais importante que o próprio Deus, vem em sexto lugar na lista de prioridades que o homem deve dar as coisas de sua vida. Todas as pessoas que vieram antes de nós foram responsáveis pela nossa vinda ao mundo (Deus, nosso pai e nossa mãe). Eu e você somos seres derivados de outros. Quem veio antes de nós, antes de nós deve ficar nessa lista de prioridades. Devemos amar a nossos filhos com todas as forças que o amor filial permitir, pois continuaremos nossas vidas neles, mas jamais devemos idolatrá-los. João Korps, em seu livro “Pepitas de Ouro”, diz: “Se fizermos de nossos filhos ídolos, mais tarde eles exigirão sacrifícios”. Fantástica essa citação do autor! Nosso encantamento por nossos filhos nunca deve nos levar à idolatria dos mesmos. Filhos devem ser preparados para a obediência e para a realização de tarefas e não para mandar na casa e submeter seus pais (Efésios 6:1-3/ Colossenses 3:20). A Bíblia diz que Jesus, o Senhor do Universo, era sujeito a seus pais terrenos e que aprendeu com eles a obediência (Lucas 2:51 / Hebreus 5:8). Nossas responsabilidades com nossos filhos são de amá-los, protegê-los, sustentá-los e educá-los, tanto na sabedoria secular, quanto na sabedoria de Deus.

A PARENTELA, OS AMIGOS, ETC.

Depois de Deus, de você, e da família, (não se esquecendo que neste último núcleo o cônjuge vem primeiro que os filhos) seguem-se sua parentela (irmãos, netos, sobrinhos, primos, etc.) e os amigos. É esta a ordem de prioridades do Gênesis. Nada de colocar parentes e amigos à frente de sua família, pois a Bíblia diz em 1 Timóteo 5:8: “Se alguém não tem cuidado dos seus, principalmente dos da sua família, negou a fé, e é pior do que o infiel”. O homem é um ser social, relacional, gregário. Gosta de se relacionar com seus semelhantes e sente curiosidade em saber como é o outro. Pode ser um novo vizinho, um colega de trabalho, um novo passageiro da condução, não importa. Não conseguimos viver sem nos interessar pelo outro. Por isso a Bíblia, depois de citar os filhos de Adão, vai enumerar a sua genealogia e a de seus filhos (capítulos 4 e 5). Mas ninguém pode passar a vida inteira sem ter um amigo! Pode ser algo difícil de se achar, e é, como disse o poeta, mas até Deus teve um amigo! As Escrituras citam o nome desse amigo e se você quiser saber quem era esse amigo de Deus leia 2ª Crônicas 20:7 e Tiago 2:23 e o descobrirá! Jesus disse que nos considera seus amigos e não servos, e provou plenamente isto, mas que nós, seus seguidores, só podemos demonstrar que somos amigos Dele se fizermos o que Ele nos manda (João 15:13-15). Acredito piamente que todos temos falhado bastante em nossa amizade com o nosso Mestre. Nossas responsabilidades para com os amigos são de companhia, cumplicidade e amizade real (Provérbios 17:17 / 18:24).

E A IGREJA, ONDE FICA?

ESSA É A PERGUNTA QUE FICOU NO AR! Como organização humana, sujeita as leis da nação onde se estabelece, a igreja entra em último lugar em nossa lista de prioridades. Ohhhhhhh! Suspira você. Para mim a igreja é prioridade! Mas não é! Adoração é prioridade e já estava no coração de Adão e de Eva ao serem eles criados (Gênesis 3:8) e se encontra presente no coração do homem que nasce em Deus! Adão comungava com Deus muito antes que houvesse igreja e isto diariamente! (Gênesis 3:8). Muitos casamentos, famílias e púlpitos estão sendo devastados, arrasados, destruídos, porque o Pastor, ou um dos cônjuges, noivos, namorados, estão colocando a programação da Igreja, com a sua rotina imensa e intensa de atividades, como prioridade maior em sua vida! Eles comparecem a todas as atividades da Igreja de segunda a segunda, todos os meses! Só não têm tempo para si mesmos, para a família, para os amigos e para o próprio Deus! Daqui a pouco eles vão falir! Vão entrar em colapso espiritual! Essas pessoas entraram em uma espécie de ativismo religioso do qual não conseguem mais se dissociar! Se um dos parceiros é descrente, então o efeito é pior ainda! Tais pessoas estão completamente compromissadas com as coisas da Igreja, mas isto não quer dizer que elas estejam mais consagradas, mais envolvidas com Deus. Muitos avivamentos espirituais pereceram porque seus líderes foram levados à exaustão. Pastores há que vão ganhar o mundo inteiro, mas vão perder a sua família! A saída para esses líderes é a delegação de responsabilidades; o levantamento de novos obreiros; o entendimento que nem todos os membros de suas igrejas podem atender a todas as atividades requeridas; e, a criação de um “dia sabático” (de descanso) para os principais líderes.

Mas Jesus falou que o Reino deve ser buscado em primeiro lugar, afirma você, citando Mateus 6:33, ainda meio impactado com tudo o que falei aqui. Sim, o Reino deve vir em primeiro lugar, mas o Reino não é a Igreja! O Senhor reina sobre os seus súditos desde a criação do mundo! Ele não precisa da Igreja para reinar! O Reino já existia muito antes de a Igreja vir a existir, é universal, não tem aparência exterior e está dentro de nós. A igreja existe a apenas 2 mil anos, sendo portanto, muito recente em nosso tempo. Cristo disse que ia edificar a sua Igreja, mas não mandou ninguém comprar pedra, cimento e tijolos para construí-la! Seus discípulos jamais construíram um só templo que fosse e, apenas na metade do segundo século, no ano 135 d.C, é que se encontraram as ruínas de um templo cristão. Participar das atividades da Igreja é absolutamente importante para o fiel, mas a adoração a ser oferecida a Deus não depende da existência de um templo. A igreja primitiva adorava a Deus nas casas e nas catacumbas, que eram cemitérios cristãos (Atos 2:46). No lugar de morte era celebrada a vida! Já existia adoração muito antes de existir Igreja. Quando os cristãos começaram a construir templos duas coisas ruins também começaram a acontecer: 1ª) o ardor evangelístico arrefeceu; 2ª) eles começaram a competir em suas obras arquitetônicas com os judeus e outros grupos cristãos. No quarto século, em 313 d.C, com Constantino, a igreja já era um poder político e foi estatizada! Quando Cristo criou sua Igreja, a família humana que Ele criara junto com o Pai e com o Espírito Santo, já se encontrava constituída.

CONCLUSÃO

Aprendemos com esta palestra que Deus deve tomar o lugar mais importante de nossa vida, pois tudo o que temos veio Dele. Devemos, pois adorá-lo por nos ter permitido existir. Pelo trabalho, pelo desejo ardente de aprender. Por nosso companheiro, filhos, parentes e amigos. Adoremo-Lo por tudo e pela sua Igreja. Mas não nos esqueçamos que tudo tem o seu lugar devido, a sua respectiva posição hierárquica. Vamos, pois, priorizar as coisas corretamente e desenvolver com elas um círculo amoroso de responsabilidades. Fazendo assim, nossa vida certamente se tornará mais fácil, mais controlada e também mais feliz.

Deus abençoe a todos!

Caso seja do interesse de meu prezado leitor discutir mais sobre o assunto, envie-me seus comentários, questionamentos, sugestões, críticas e, quando houver, possíveis elogios.

II. A Teoria das Almas Gêmeas

 

Palestra II

A TEORIA DAS ALMAS GÊMEAS

Estudo elaborado pelo Pastor Olívio em novembro de 2010 e revisado em março de 2012, em Realengo, no Rio de Janeiro

INTRODUÇÃO

Antigos rabinos observaram que, ao criar Deus o homem, formou um boneco do pó da terra e soprou em suas narinas o fôlego da vida. Então o homem foi feito alma vivente (Gênesis 2:7). Quando foi criar a mulher, porém, Deus não tornou a formar outro boneco e a soprar novamente em suas narinas o fôlego da vida como fizera com o homem, mas tomou uma de suas costelas e a partir daí fez a mulher (Gênesis 2:18-25). A mulher era outro ser, tirada de dentro do homem, mas não lhe fora criada nenhuma outra alma. Segundo esses rabinos isto aconteceu porque a alma da mulher fora tirada da alma do homem. Elas estavam habitando corpos diferentes, de sexualidades diferentes, mas eram uma só. Eles passaram então a afirmar que todo ser humano completo, integral, inteiro, possui uma alma gêmea – uma contendo um princípio masculino e outra contendo um princípio feminino. Com a disseminação da raça humana pelo mundo e o advento do pecado, o homem e a mulher perderam a capacidade de reencontrar a sua alma parceira, a sua alma gêmea. Como conseqüência disso ambos passam agora pela vida procurando a sua outra metade, aquela outra parte que o plenificaria e o deixaria feliz, mas que dificilmente será encontrada. As muitas aventuras sexuais do homem e da mulher, antes e depois do casamento, seriam o reflexo dessa sua busca infindável pelo verdadeiro amor.

Sendo verdadeira ou não essa teoria, que cá prá nós, e belíssima, o certo é que a maior parte de nós não é completa nem conjugalmente, nem sentimentalmente e nem ainda sexualmente. A mor parte de nós até consegue viver casados, e bem casados, por muitos e muitos anos, mas interiormente, muitos de nós continuamos sedentos e famintos pelo amor verdadeiro. Vez ou outra encontramos um casal do qual dizemos ser “um a alma gêmea do outro”, mas isto é uma raridade, quase não acontece em toda uma vida. Creio conhecer dois casais dos quais eu poderia afirmar serem assim, mas não mais do que estes, e eu já estou com quase sessenta anos de vida.

Vamos examinar algumas coisas na criação do primeiro casal humano a fim de ver se podemos extrair alguma coisa que possa nos ajudar a encontrar a pessoa certa para nosso relacionamento e, se já somos casados, para fortalecer o nosso casamento. Para tanto vamos examinar o texto de Gênesis 2: 18-25 que narra a criação da mulher e do primeiro casamento humano.

“(18) Disse o Senhor Deus: Não é bom que o homem esteja só: far-lhe-ei uma adjutora que esteja como diante dele. (19) Havendo, pois, o Senhor Deus formado da terra todo animal do campo, e toda a ave dos céus, os trouxe a Adão para este ver como lhes chamaria; e tudo o que Adão chamou a toda a alma vivente, isso foi o seu nome. (20) E Adão pôs os nomes a todo o gado, e às aves dos céus, e a todo o animal do campo; mas para o homem não se achava adjutora que estivesse como diante dele. (21) Então o Senhor Deus fez cair um sono pesado sobre Adão, e este adormeceu; e tomou uma das costelas, e cerrou a carne em seu lugar; (22) E da costela que o Senhor Deus tomou do homem, formou uma mulher; e trouxe-a a Adão. (23) E disse Adão: Esta é agora osso dos meus ossos, e carne da minha carne; esta será chamada varoa, porquanto do varão foi tomada. (24) Portanto deixará o varão o seu pai e a sua mãe, e apegar-se-á à sua mulher; e serão ambos uma carne. (25) E ambos estavam nus, o homem e a sua mulher; e não se envergonhavam.”

FINALIDADE DA CRIAÇÃO DA MULHER

Deus fez a mulher para ser companheira do homem (vs.18,20). Havia uma necessidade real de se criar um ser para fazer companhia ao homem. Todos os animais tinham a sua companheira, mas o homem estava só. E Deus disse que aquilo não era bom! E quando Deus diz que algo não é bom, então esse algo não é bom mesmo! Quando um homem fica sozinho se torna ranzinza, excêntrico, cheio de vícios e esquisitices. A mulher foi criada para ser companheira do homem, a parceira do homem, a amiga do homem e não ser substituída pelo computador, pelo cachorro, pelos amigos do trabalho ou do futebol. O dicionário define companheira como “a que acompanha, a que anda junta”, o que significa dizer que onde o marido estiver a mulher também tem que estar presente! Se não prestarmos atenção a nossa mulher e lhe dermos a nossa companhia, outros a darão, com certeza! Foi exatamente isto que aconteceu com Eva. O Diabo deu atenção a ela, conversou com ela, papeou com ela, e no final de todo aquele papo, a raça caiu! Dizemos que tudo foi culpa da mulher, de Eva, mas onde estava Adão quando o Diabo estava papeando com a sua mulher?

SUA CONFIGURAÇÃO

Foi uma mulher que Deus tirou de dentro do homem e não outro homem, um animal ou um objeto (v.22). Seu desejo sexual foi direcionado para ela e não para algum animal ou objeto. Adão compreendera essa diferença e dissera que o homem deveria se apegar a mulher e se tornar um com ela (v.24). Sei que hoje há muitos tipos de relacionamentos diferentes do indicado aqui pela Bíblia, mas sei também que nem tudo o que é legalmente aceito é moralmente correto diante de Deus. Se você estiver interessado em encontrar a sua alma gêmea, ter um casamento feliz e dentro dos padrões bíblicos, deverá encontrar uma pessoa de sexualidade diferente da sua para amar e constituir com ela uma família e não outro ser de sexualidade igual. É apenas com este tipo de relacionamento sexual que o homem se sente inteiro, íntegro, diante de Deus e não sente em sua consciência estar fazendo algo errado (v.25).

A mulher era humana, como Adão, mas era diferente dele (v.23). Fora feita do corpo dele e ainda assim era diferente dele! Não só fisicamente, mas comportamentalmente também. Ele era dado à força e à razão. Ela era mais sensível, possuía graça e feminilidade. Apesar de ser mais frágil, agüentava mais a dor física (3:16). Veja ainda 1ª Pedro 3:7. Tudo nela fora feito para atrair o homem, e despertar nele o desejo sexual para a procriação (1:27,28). Sua curiosidade era maior que a do homem. A serpente chamou-lhe a atenção, mas não a do homem (3:1). Seu pragmatismo, senso de estética e desejo de ter entendimento das coisas (qualidade moral do conhecimento) também eram mais apurados que os do homem (3:6). Hoje entendemos pela Psicologia que a mulher é mais intuitiva, enquanto o homem é mais racional. Ela é mais o que ouve, enquanto o homem é mais o que vê. Esta foi a razão de o Diabo ter procurado a mulher para conversar e não o homem. Este ficaria debatendo sobre coisas com o Maligno em um discurso interminável e o Maligno não desejava isso.

A mulher era outro ser humano. O homem cedera o material para a formação da mulher, mas ela fora formada fora dele! Deus não a fez dentro do homem e depois a tirou inteira, pronta, acabada. Não! O texto diz que Deus tomou uma das costelas de Adão e cerrou a carne em seu lugar. Desta costela tomada, fora do homem, é que Deus fez a mulher (v.22). Que aprendemos com isso? Que ao mesmo tempo em que a mulher é parte do homem, ela é outro ser totalmente diferente dele, possui vida própria, individualizada, e deve ser por todos respeitada como um ser humano igual e autônomo!

LOCAL DE ONDE A MULHER FOI TIRADA

A mulher saiu de dentro do homem (v.21). Já falamos um pouco disto acima, mas o que eu gostaria de enfatizar aqui é que se você quiser acertar na escolha de sua parceira ou parceiro ele tem de “sair de dentro de você”, gostar das mesmas coisas que você gosta e rejeitar as mesmas coisas que você rejeita! Se vocês possuem gostos muito contrários, totalmente desconexos, dificilmente as coisas darão certas. O que estava dentro de um passou agora a fazer parte do outro!

A mulher foi tirada do lado do homem (v.21) Agostinho, um dos pais primitivos da Igreja fez um comentário belíssimo acerca disso. Ele disse: “Deus tirou a mulher do lado do homem; não de sua cabeça para esta o comandar; nem ainda de seus pés para este a pisar; mas tirou-a de seu lado para este a proteger e a amparar, e do lado do coração para este a amar”.

Para tirar a mulher de dentro do homem Deus teve de feri-lo (v.21). O que isto significa? Significa que para você conseguir o seu par perfeito, certamente você passará por algum sofrimento. Sofrimentos do coração, apertos da alma, saudades, ciúmes, oposições, desejos não cumpridos. Tudo que provoca dores sentimentais e que querem distanciá-lo de seu amor. Não aceite um grande amor que venha muito fácil. O que vem fácil, também vai embora fácil.

Ao tirar a mulher do lado do homem Deus estava nos ensinando que o ser humano completo é constituído de uma parte racional e de outra sentimental. Se fosse possível deixar o homem escolher uma companhia para si este possivelmente escolheria outro homem e não uma mulher. Este outro homem o ajudaria a cuidar melhor do Jardim, dos animais e ambos falariam dos gostos comuns. Ele seria tirado de sua cabeça e não de seu peito! Este homem teria mais força de trabalho, mas não seria completo. O ser humano completo precisa de razão e de sentimentos. A cabeça comanda o corpo, mas o coração comanda a alma. O amor não é racional, não é um sentimento pensado. Ele não deve procurar suas razões em fórmulas e teoremas.

O TEMPO QUE DEUS CRIOU A MULHER

A primeira coisa que Deus fez ao criar a mulher foi colocar o homem para dormir (v.21). Uau! Eu me espantei quando recebi esta revelação do Espírito! Por que foi que Deus fez isto? Porque Ele não precisava do palpite de ninguém em sua obra e se o homem ficasse acordado iria querer palpitar o tempo todo sobre a obra de Deus: “Bota mais um pouquinho de seios nela”, “faz ela com nádegas bem grandes”, “não faz ela muito inteligente não”, e por aí vai. Querido, sua mulher é o melhor de Deus para você, e você não deve ficar procurando defeitos na obra perfeita de Deus para justificar os seus próprios erros e vícios. Apenas a ame e a respeite e terá aquilo que deseja. O que for da alçada divina, peça ao Criador para fazê-lo.

O sono induzido por Deus no homem nos ensina que Deus faz as coisas sempre dentro de seu tempo (v.21). A necessidade era de Adão. O tempo era de Deus. Primeiro Deus observou que o homem estava solitário, então, no tempo certo, no tempo adequado, Ele formou uma mulher para Adão. Ele olha as suas necessidades de ter uma companheira, um bem-querer. No tempo certo ele a trará. Não se antecipe e não faça besteiras. Aguarde em Deus e Ele te abençoará.

CASAMENTO DO PRIMEIRO CASAL HUMANO

Foi Deus mesmo quem trouxe a mulher para Adão (v.22). Depois de fazer a mulher, Deus a trouxe a Adão. Ela não ficou jogada no Jardim ou misturada com os animais. Ela era especial e superior àqueles. Adão não teve sequer de ir procurá-la. Deus mesmo a trouxe até ele, pois que era o maior interessado em que aquele relacionamento desse certo! Assim deve acontecer nos dias de hoje. Deus sabe onde está a nossa Eva (v.24) ou a nossa Rebeca (Gênesis 24). Se orarmos neste propósito Ele, certamente nos mostrará onde está aquela que virá a ser a nossa companheira.

Deus trouxe apenas uma mulher para Adão (v.22). Os homens não gostam muito quando o Pastor Olívio chega a esta parte do estudo, mas as mulheres se sentem bastante aliviadas! O fato de Deus ter trazido apenas uma mulher para Adão fala de fidelidade e de necessidade. Não precisamos de muitas mulheres para sermos felizes apenas de uma, desde que seja a certa. Adão e Eva falharam em muitas coisas, mas a Bíblia não registra nenhuma traição conjugal entre eles. Quando se encontra a pessoa certa um amor pode resistir ao tempo, a perda da formosura e as agruras da vida (Gênesis 5:5). Exemplo semelhante de fidelidade podemos encontrar na mulher de Jó (2:9 / 42:10-13). A bigamia começou com Lameque, descendente de Caim (Gênesis 4:17-19) e ele não foi mais feliz por causa disto. Suas declarações são cheias de vanglória e de perversidade (4:23,24).

É o homem quem casa com a mulher e lhe dá casa (v.24). O inverso não é verdadeiro. A Bíblia diz que é o homem quem deve deixar a casa dos pais e se apegar a sua mulher, se casar com ela (v.24). Isto ensina que os filhos não são propriedades dos pais, que eles possuem vida própria, e que devem começar sua vida de responsabilidade constituindo sua própria família. Seus pais já têm sua própria família, agora os filhos precisam ter a deles.

Ninguém que casa deve pensar em separação(v.24). Quem se separa divide carnes (coisas exteriores) e ossos (coisas interiores, estruturais) que foram unidos por um ato divino. Ambos haviam se tornado uma só carne (v.24) e a separação que pretendem fazer agora traz muito sofrimento e dor ao casal e aos filhos, se estes já os tiverem. Ninguém jamais deveria se casar pensando em que se não der certo vai se separar, pois o simples ato de pensar assim cria esta possibilidade na mente, produz uma fissura na relação e prepara o relacionamento para fracassar.

RELACIONAMENTO DO CASAL

Quem casa, acasala (v.25) Este é o objetivo do casamento. Ninguém deve casar para ser apenas companheiro de seu cônjuge, ficar vendo televisão juntos, visitando parentes ou indo a shoppings. Isto tudo é muito bom e importante, mas sempre haverá alguém que poderá fazer estas coisas conosco. Quanto a fazer sexo e a ter intimidades só nós poderemos fazer com o nosso cônjuge. Este é o sentido do “estar nu” diante do outro. Se alguém que você ama e deseja está nu diante de você o dia inteiro e você quer fazer sexo com ele, qual é a hora certa para isto? Não se negue ao seu parceiro nem invente coisas para não se dar a ele! Veja o conselho de Paulo em 1ª Coríntios 7:4-5. O sexo é a experiência mais prazerosa do ser humano e foi instituído por Deus para nossa felicidade.

Quem casa em pureza sexual tem uma base mais forte para viver em fidelidade (v.25) – É isto o que “estar nu” também quer significar. Nem Adão nem Eva tinham tido experiências sexuais antes do matrimônio, celebrado por Deus. Ambos eram puros, intocados, mas não assexuados. Deram sua pureza um para o outro. Não levaram para o casamento experiências sexuais cometidas com nenhum outro ser antes. Com isto, conseguiram viver uma história de amor e de fidelidade conjugal que durou quase um milênio (Gênesis 5:5). Nossas aventuras amorosas anteriores ao casamento atuam como referências comparativas de desempenho de nosso parceiro, nos envergonham diante do outro e servem para enfraquecer o nosso desejo de fidelidade.

Quem casa não esconde segredos (v.25). O “estar nu” diante do companheiro e não se envergonhar também fala disto. Nosso cônjuge deve ser exatamente como aparece, sem máscaras, segredos ou fingimentos. Não possuir nada para ocultar, esconder, abafar. Ninguém deve pretender ser feliz levando uma vida conjugal cheia de segredos, de mistérios, de enigmas. Vamos partilhar nossos segredos com nosso companheiro e fortalecer assim o nosso relacionamento com confiança e verdade.

CONCLUSÃO

Desejo transportar agora todas as coisas que aprendemos sobre a criação da mulher e sobre o casamento do primeiro casal humano para Jesus e sua futura esposa, a Igreja, e ver qual a grandeza dessas coisas e a consistência do registro bíblico: Cristo estava só no universo, o Jardim criacional de Deus, sem alguém que lhe servisse de companheira. No tempo próprio, Deus lhe fez uma mulher, que saiu de dentro Dele, do lado de seu coração. Para fazer isso, o Senhor teve de feri-lo, mas Cristo aceitou o sofrimento “sem anestesia” pelo amor que tem a sua Noiva. O Senhor a trouxe pessoalmente para Jesus, pois apenas ela é que se tornará á sua esposa querida. Jesus se casará com a Igreja e lhe dará um lugar todo preparado para ambos viverem juntos. Ele jamais vai querer se separar dela, ao invés disso, vai dividir todos os seus bens e segredos com ela e manter comunhão marital com a mesma por toda a eternidade. Amém!

“O Espírito e a esposa dizem: Vem. E quem ouve, diga: Vem. E quem tem sede, venha; e quem quiser, tome de graça da água da vida” (Apocalipse 22:17).

Deus abençoe a todos.

Caso seja do interesse de meu prezado leitor discutir mais sobre o assunto, envie-me seus comentários, questionamentos, sugestões, críticas e, quando houver, possíveis elogios.

 

I. A Indestrutibilidade da Família

 

Palestra I

A INDESTRUTIBILIDADE DA FAMÍLIA

Estudo preparado pelo Pastor Olívio em Realengo, no Rio de Janeiro, em novembro de 2010 e revisado em fevereiro de 2012

INTRODUÇÃO

Nunca a Igreja do Senhor presenciara um ataque tão profundo, tão intenso e tão maligno como o desencadeado em meados do século passado e começo deste século; a juventude mundial mergulhou de cabeça nas drogas; a criminalidade e o terror tomaram conta de nações inteiras; doenças desconhecidas vitimaram milhões de pessoas e de animais; catástrofes naturais destruíram populações inteiras; o planeta em que vivemos se aproximou da destruição iminente; a clonagem humana e a reprodução de órgãos surgiram como coisas plausíveis; o controle total dos humanos tornou-se uma possibilidade; os avanços científicos se tornaram tão mirabolantes que fizeram a realidade até parecer ficção. Como se não bastasse tudo isso as mudanças sociais chegaram e adentraram, sem respeito algum, os portais sagrado. A liberdade de expressão sexual colocou gays à frente de igrejas, enquanto milhares de sacerdotes, acusados de pedofilia, assustavam comunidades inteiras. Pastores evangélicos, antes adeptos do casamento indissociável, passaram a casar e a descasar com a mesma facilidade que aqueles que antes condenavam. Nas crônicas policiais, o número de “pais-avôs” de suas próprias “filhas-netas” e de irmãos incestuosos, que se relacionavam sexualmente entre si, não cessavam de aumentar e as clínicas de aborto exponenciavam os seus lucros através de novas técnicas de matar infantes.

A reação da Igreja a todos esses problemas, como de costume, foi e sempre é muito tardia, pois que foi ferida em seu calcanhar pela serpente Luciferina e experimenta grandes dificuldades de avançar, de caminhar (Gênesis 3:14,15). Infelizmente a Igreja reage ao invés de agir. Ela é sempre reativa ao invés de pró-ativa. Vai atrás da solução de problemas e de respostas à sociedade tardiamente, quando deveria se antecipar a estes. Ministérios inteiros, hodiernamente, têm surgido voltados à proteção da família. Cursos especializados em casamentos e noivados se multiplicam por toda a nação. Estudos voltados para a compreensão das transformações familiares estão sendo produzidos aos montes e o Pastor Olívio, como não poderia ficar de fora, também vai analisar com o prezado leitor os problemas da família moderna e tentar ajudar, através de suas Palestras, o máximo de famílias que possa.

A primeira coisa que desejo dizer desde logo, de imediato, antes de adentrar na análise de tais  problemas, com o intuito de aliviar pessoas que estão sinceramente se questionando sobre a possível extinção da família, como biblicamente a conhecemos, sobre o seu desaparecimento, sobre o seu aniquilamento, é que NINGUÉM, NEM COISA ALGUMA EM TODO O UNIVERSO, TEM PODER SUFICIENTE PARA DESTRUIR ALGO QUE DEUS TENHA CONSTRUÍDO, E QUE A FAMÍLIA, COMO INSTITUIÇÃO CRIADA POR ELE PARA A FELICIDADE E CRESCIMENTO DO SER HUMANO, JAMAIS SERÁ DESTRUÍDA POR QUEM QUER QUE SEJA!

A FAMÍLIA É INDESTRUTÍVEL! ELA É INVENCÍVEL!

Com o coração de meu leitor agora um pouco mais aliviado, vamos entender qual seja o conceito de família, biblicamente falando.

Família, biblicamente falando, é uma constelação mínima de três pessoas interligadas biológica, afetiva e espiritualmente, cada qual desempenhando um papel diferente, que pode ser o de pai, de mãe ou de filho. O papel do pai é sempre realizado por um homem, o da mãe sempre realizado por uma mulher e o do filho, por homem ou mulher, indistintamente, em quantidade não limitada. Nem todos os indivíduos que nascem serão pais ou mães de alguém, entretanto, todos os indivíduos que nascem são filhos de alguém. Nascemos como filhos, mesmo que nunca venhamos a gerá-los. Daí a imensa sabedoria de Deus ao pedir o coração dos filhos para Si e não o coração do pai ou o da mãe, como se encontra em Provérbio 23:26: “Dá-me filho meu, o teu coração”.

Por ninguém já nascer como pai ou mãe, este é um papel que deve ser desejado pelo casal! A não ser assim e teremos a triste aparição do aborto e as formas de violência doméstica, geralmente cometidas contra o filho e a esposa. Deus sempre pretendeu que os filhos fossem trazidos ao mundo através de uma união responsável. O casamento é esta união idealizada por Deus (Gênesis 1:27,28 / 2:18-22). Sendo o relacionamento sexual entre os cônjuges um relacionamento de prazer e de amor, a vida que deste surgirá deverá crescer impregnada de amor, de prazer e de responsabilidade. Toda pessoa que vive sem o esteio de uma família apresentará futuramente problemas nestas três áreas.

Agora, algo interessante a destacar é que um casal não é considerado família enquanto não tiver um filho. É o filho que dá ao casal o status de família! Um casal pode ter muitos servos, parentes e amigos. Sua casa pode viver sempre cheia de gente e ele gostar de alguém em especial, como se fosse um filho, mas enquanto ele não o tiver, será apenas um casal e não uma família. Foi isto exatamente o que aconteceu com Abraão. Por não conseguir ter filhos com Sara, que era estéril, esta lhe deu sua serva Agar por mulher. Agar concebeu um filho e permitiu a continuação do nome de Abraão (Gênesis 16). É o filho que permite a perpetuação do nome dos pais. Sem ele, ao morrer o casal, perece também a sua genealogia. Isto é tão forte que, se em uma família, um dos genitores morrer (o pai ou a mãe) e só ficar um deles e o filho, estes dois apenas serão considerados família, mas se um casal sem filhos viver cem anos juntos e não tiver um rebento, não será considerado família!

Não sabíamos que Deus era uma família até a encarnação de Jesus Cristo! Já sabíamos que Deus era um ser plural, pois o texto de Gênesis 1:1 traz no seu original “deuses” ao invés de Deus (“no principio criou deuses”), mas não sabíamos quantas pessoas havia dentro Dele, nem ainda como era o relacionamento entre suas pessoas! O Antigo Testamento apontava que uma das pessoas divinas atuava como Pai, mas não um Pai de indivíduos e sim o Pai de um povo, um Pai de uma nação (Oséias 11:1 / Isaías 64:8,9 / Jeremias 31:9). Daí os judeus terem dificuldades em se relacionar com Deus intimamente, como um filho se relaciona com um pai, e sim como o Pai da nação. Quando, pois, Jesus se reportou a Deus chamando-o de “paizinho” (“Aba”, no aramaico, língua falada por Jesus), como se fora um Pai pessoal, particular, individual, quase foi apedrejado pelos judeus! (João 5:16-18). Posteriormente, o AT apresentou uma segunda pessoa, diferente do Pai e que atuava como um emissário, um enviado, que era conhecido como o Anjo do Senhor e recebia adoração como se fora Deus (Genesis 22:10-17 / Êxodo 3:1-4 / Josué 5:13-15 / Daniel 3:24-25). Mais tarde ainda, temos a indicação de uma terceira pessoa que atuava como um Espírito invisível, com atributos semelhantes ao do Pai e do Anjo do Senhor e que era também chamado de Deus (Isaias 40:12-18).

Todas as indicações bíblicas eram de que estas pessoas divinas eram em número de três, mas não conhecíamos o relacionamento entre elas e se de fato eram só três (Gênesis 18:1,2 / Números 6:24-27 / Isaías 6:1-3). Isto porque o Antigo Testamento não fala nada sobre Trindade, por não existir esse termo nos originais bíblicos e ainda por ser esta uma doutrina de origem pagã. Com o advento de Jesus Cristo ficamos sabendo que Deus é sim, um ser tripessoal, isto é, constituído por 3 pessoas, que se relacionam entre si como uma família! Cristo é chamado de Filho de Deus e, se alguém é filho, então possui um Pai e uma Mãe! Isto levou alguns teólogos primitivos a afirmarem que Jeová era o Pai, Jesus Cristo era o Filho, e o Espírito Santo era a Mãe. Em termos de papel a ser desempenhado pelas pessoas divinas, de função a ser exercida por cada uma delas, isto até que tinha o seu sentido, mas como Deus não possui sexualidade por ser espírito, este não é um argumento procedente. No batismo de Jesus as três pessoas da Divindade se manifestaram e tornaram conhecidas as suas funções divinas (Mateus 3:16,17 / João 1:32-34).

Ao descobrirmos que as Pessoas Divinas se relacionavam entre si como se fora uma família, tomamos conhecimento do quanto de honra, de privilégio, e de dignidade o Senhor cobrira a família humana! Éramos exatamente como Ele é em nossa diminuta organização, ou pelo menos deveríamos ser em nosso viver comum! Cada função que as pessoas divinas desempenhavam na Trindade, deveria também ser replicada em nossa família respectivamente, como seja:

  • O Pai, como o tomador das decisões que envolvem a família, o provedor da casa, e o responsável pela sua segurança;

  • A Mãe, como a apoiadora do marido e a educadora dos filhos;

  • O Filho, como o realizador das coisas dos pais, o operador das tarefas.

A Bíblia diz que Deus Pai tomou a decisão de enviar o seu Filho Jesus para operar a salvação dos homens no poder e na obediência do Espírito Santo. O Pai decidiu, o Espírito Santo orientou e o Filho obedeceu e realizou.

Esta grande honra foi demonstrada por Deus quando da criação dos primeiros seres humanos. A multiplicação dos seres humanos foi programada para acontecer observando-se o sistema de constituição de famílias. Não era uma mera reprodução sexual descompromissada, instintiva, como acontecia com os animais. Para eles Deus ordenara apenas que se reproduzissem, mas ao prescrever sobre a reprodução humana Ele trouxe a mulher que criara de Adão para Adão que profetizou que o homem deixaria a sua casa e se uniria a sua mulher, tornando-se uma só carne com ela (Gênesis 2:18-24). Somente após estes acontecimentos é que o homem se relacionou sexualmente com a sua companheira. Com isto, todo ser humano que nasce traz consigo o direito inalienável de saber quem são os seus pais e de se desenvolver dentro de um ninho de aconchego e de proteção chamado família! Se enchermos nossos filhos de amor, alegria e responsabilidade, quando eles forem constituir suas famílias, também as encherão dessas virtudes e assim por diante. O inverso também é verdadeiro. Podemos passar ódio a nossos filhos e estes a seus filhos e assim por diante, infernizando todos ao redor. Em cada ato que um ser humano pratica, quer seja este de bem ou de mal, nós todos temos uma parte de responsabilidade, pois que ele faz parte de nossa raça, de nossa humanidade, de nossa família. O que vamos fazer sobre isso?

A vinda de Cristo à Terra também demonstrou a grande honra que fora colocada sobre a família! Cristo não veio isolado, individualizado, como se não precisasse de ninguém, mas veio como todos os humanos vêm ao mundo – dentro da barriga de uma mulher e através do dolorido parto! (Lucas 2:1-7, 21-24). A mais antiga profecia sobre como Ele viria ao mundo apontava para o nascimento por intermediação de uma mulher (Gênesis 3:15). Isto nos ensina que toda vez que Deus quer falar ou fazer alguma coisa grande, que afete toda a raça, Ele se utiliza de famílias! E Ele está contando com a minha família e com a família do meu prezado leitor para atingir todo o planeta com a mensagem de salvação do Evangelho!

Não somos iguais aos anjos e outros seres universais que são criados um a um, individualmente, sem pai nem mãe, que não se reproduzem, não geram filhos, possuem um número fixo que não pode ser ultrapassado, e são constituídos em hostes, falanges, milícias. Somos seres gerados por seres iguais a nós e também geramos seres semelhantes a nós. Podemos ter, como humanos, dois ou mais filhos em uma gravidez apenas! Somos constituídos em espécie e não em categorias o que quer dizer que podemos transmitir características físicas e mentais para nossos descendentes. Se eu consigo a salvação de minha família (esposa e filhos) e estes filhos conseguem a salvação das suas (esposas e filhos) e assim, sucessivamente, toda a raça humana pode ser atingida pelo Evangelho (Atos 16:31). Este é o maior programa de evangelização já idealizado por Deus para o ser humano! Todos evangelizando todos, sem sair de casa e fazendo de cada integrante familiar um evangelista! Entretanto, quantos de nós estamos interessados em salvar a nossa casa?

A família é o bloco social mais forte encontrado no mundo. Ela é a menor estrutura social existente, possuindo apenas três elementos, o que a configura como uma trindade e ainda como um triângulo, a menor de todas as estruturas matemáticas. Isso dá a ela uma força de integração enorme, pois quanto menor o alvo, mais difícil de ser atingido e mais fácil deste se defender. A Trindade de Deus é extremamente unida, coesa, compacta. Todos defendem todos. Ninguém se sobrepõe aos demais. Isto pode ser visto em Mateus 28:19, onde Cristo ordena batizar os novos discípulos “em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo”. As pessoas citadas são três, mas o nome é um só! Também no texto de 1ª João. 5:7 se diz que “três são os que testificam no céu: o Pai, a Palavra (o Filho) e o Espírito Santo e estes três são um”.

Cada membro da família deve desenvolver um relacionamento específico para com os demais membros a fim de manter a família forte. O marido deve amar a esposa e, como pai, orientar o filho nas sendas da vida; a mulher deve ser apoio ao marido e como mãe, cuidar da educação de seu filho; e o filho deve honrar e obedecer tanto ao pai como a mãe (Efésios 5:22-33). Não é o pai que deve obedecer ao filho nem ainda a mãe. Isto compete ao filho! Não é o filho quem deve apoiar o pai nos problemas familiares e sim a mãe! O filho não é obrigado a amar os pais e sim dar-lhes honra e prestar-lhes obediência. Por ser o amor uma força contagiante, deve vir de cima como exemplo a ser seguido.

Toda família deve ter projetos familiares e trabalhar sempre unida. Como na Trindade Divina cada pessoa é responsável por uma determinada função, mas, uma vez estabelecido o plano para a realização de algo, todas pessoas participam do mesmo, ajudando aquela que ficou como responsável direta pela realização de determinada tarefa a levá-la a bom termo. Assim é que na criação, obra atribuída a Deus Pai (Gênesis. 1:1), encontramos a participação do Filho (João 1:1-3,10) e do Espírito Santo (Gênesis 1:2 / Salmo. 104:30). Na salvação, obra atribuída ao Filho, encontramos a participação do Pai (João. 3:16) e do Espírito Santo (João. 16:7-15). Na santificação, obra atribuída ao Espírito Santo, vemos a ação de Deus, o Pai (Levítico 11:44,45) e de Deus, o Filho (Hebreus 2:10,11 / 9:13,14), e assim por diante. Devemos trabalhar em conjunto e jamais perdermos contato. Nunca nenhum membro da Trindade foi encontrado sozinho, fazendo algo sozinho, que os demais não participassem. Os demais membros sempre estavam por perto, um auxiliando os outros!

Toda família humana deve começar com o Senhor e tê-Lo como membro principal. Foi assim que aconteceu no Éden (Gênesis 2:22) e é assim que as coisas devem acontecer. Deus deve fazer parte de todas as famílias da terra a fim de poder orientá-las em seus projetos e defendê-las dos muitos ataques a que estão sujeitas, os quais elas não vêem e nem sabem como se defender. Isto, claro, não as livraria de todos os problemas, mas as livraria da falência social e espiritual!

Se o prezado leitor fizer tudo o que lhe foi ensinado nesta Palestra poderá salvar a sua família? NÃO, NÃO PODERÁ, mas estará fortalecendo-a e capacitando-a melhor a enfrentar o mal. A família adâmica fracassou tendo tudo para não fracassar e milhões e milhões de famílias tementes a Deus fracassam, tendo em vista Deus não estar trabalhando com robôs e sim com seres livres, autônomos, soberanos. Se só podemos salvar nossas famílias pela permanência nos conselhos de Deus, como então poderemos livrar as famílias da igreja e da sociedade, em geral, da destruição? NÃO PODEMOS! NINGUÉM PODE! Igrejas não podem! Pastores não podem! Anjos não podem! Palestrantes, como o Pastor Olívio, não podem! Apenas Deus pode fazê-lo! A base da indestrutibilidade da família está naquilo que foi anunciado no início desta Palestra, qual seja: em que ela foi construída por Deus (Gênesis 1:27,28 / 2:21-24) e nada do que Deus constrói pode ser destruído! Não existe força no universo capaz de destruir algo que Ele tenha criado!

  • Ele criou o homem e este jamais será destruído (Gênesis 1:27 / 2:7 / Atos 7:55,56). Mesmo que todos os homens fossem destruídos ao ponto de não sobrar nenhum, ainda assim teríamos um exemplar deste no céu e Deus poderia reconstruir toda a raça humana a partir deste modelo!

  • Ele criou o casamento entre pessoas de sexo diferente e este jamais será destruído (Gênesis 2:22-25). O texto diz que o homem deixará a sua casa, a sua parentela, e se unirá a sua mulher, a sua fêmea, a sua consorte! Enquanto houver homens e mulheres no mundo o casamento existirá!

  • Ele criou a Igreja e esta jamais será destruída (Mateus 16:18 / Apocalipse 19:7,9 / 21:9,10). Enquanto houver um fiel que tenha sido “tirado do mundo para fora” (Colossenses 1:13) e “transportado das trevas para a sua maravilhosa luz” (1ª Pedro 2:9) existirá Igreja, pois Jesus ensinou que Deus não habita em templos feitos por mãos humanas e sim dentro de cada um de nós!

CONCLUSÃO

Mesmo que uma catástrofe mundial ocorresse no planeta ao ponto de aniquilar todos os seres humanos, ao ponto de não sobrar nenhum de nós, destruindo hipoteticamente toda a raça humana com as suas instituições divinas, como a família, o casamento e a igreja, ainda assim estas poderiam ser reconstruídas em Cristo, tudo poderia ser reconstruído a partir Dele. O único modelo de homem existente em todo o universo continuaria vivo e preservado em sua inteireza no céu, lugar onde o ladrão não penetra e a traça não entra e corrói (Mateus 6:19,20). A exemplo do que fez Deus com Adão, Este poderia colocar Cristo para dormir um sono profundo e de uma de suas costelas, retirar uma nova mulher e começar com ela uma nova família, e todos participarem juntos, de uma poderosíssima e santa igreja!

Lancemos, pois, fora todo o temor de vermos nossas famílias destruídas e o casamento aniquilado! Vamos glorificar ao Senhor pelo cuidado que Ele tem de nós!

Deus abençoe a todos.

Caso seja do interesse de meu prezado leitor discutir mais sobre o assunto, envie-me seus comentários, questionamentos, sugestões, críticas e, quando houver, possíveis elogios.

 

I. Os Guardiões do Éden

 

Palestra I

OS GUARDIÕES DO ÉDEN

Estudo elaborado pelo Pastor Olívio em Realengo, no Rio de Janeiro, em agosto de 2012

INTRODUÇÃO

Ao iniciar esta palestra sobre extraterrestres tenho a impressão de que todos crêem positivamente sobre o assunto, mas que todos também têm medo de falar sobre o mesmo. Alguns por achar que vão contrariar o seu grupo religioso se expuserem a sua crença e experiências; outros por medo de caírem no ridículo e serem desacreditados nas demais áreas de sua vida; outros ainda por medo de serem ameaçados, perseguidos e até mortos por assassinos encomendados. Apenas alguns poucos têm coragem de falar sobre o tema e contar as suas experiências. Se entre estes poucos houver pastores evangélicos, como eu, então direi que este grupo se reduzirá ainda mais. Não posso dizer que seja um pesquisador devotado ao assunto em seu aspecto histórico, secular, mas sou sim, um pesquisador das Escrituras Sagradas e, como tal, sinto-me no dever de examinar a existência ou não de tudo quanto possa impactar a vida de fé de minhas ovelhas, quer estejam elas próximas de mim, visivelmente, quer estejam distantes como “ovelhas virtuais”.

BUSCANDO UM SENTIDO PARA O UNIVERSO VAZIO

Quem já não se perguntou ao olhar para o céu em uma noite enluarada, com as estrelas plenamente visíveis, ou ao ver filmes e documentários com cenas do Universo contendo uma infinidade de objetos celestes, se o planeta Terra seria o único lugar habitado em todo esse imenso Universo? Quem já não se questionou dizendo: “Será que todos esses planetas, estrelas, e astros estão mesmo vazios, sem nenhum habitante, ou será que nós é quem não estamos conseguindo enxergar os seres que habitam neles, mas eles sim, conseguem nos ver e até já apareceram a nós?” Se o inquiridor for uma pessoa que acredita em Deus provavelmente já terá se perguntado: “Qual o sentido de Deus fazer o Universo com bilhões e bilhões de astros, sem ninguém para habitá-los?” Se este inquiridor for mais do que um crente comum, mas um daqueles cristãos que não têm medo de ousar no pensamento, deverá ter se perguntado, por diversas vezes: “Para que o Senhor vai recolher os céus no final dos tempos, como diz Hebreus 1:10-12, e fazer “novos céus e nova terra”, como afirma João em Apocalipse 21:1, se os céus que estamos vendo agora estão vazios, sem ninguém, e se os anjos, únicos seres que conhecemos fora da Terra e que poderiam habitá-los, são espíritos puros (Hebreus 1:14), que não necessitam de um lugar físico para pousar e repousar?” Não lhe parece esta ação de “criar e destruir um universo sem nada” um despropósito divino, prezado leitor? Um capricho da Divindade? Um erro de programação de um Ser absolutamente egocêntrico?

Lembro-me quando ainda noviço no cristianismo, ficava extremamente perturbado ao ler alguns textos bíblicos que me davam a nítida impressão de que eles não se reportavam nem a coisas, nem a criaturas celestes, mas sim a coisas e seres de outros mundos, totalmente diferentes do nosso, de dimensões materiais e temporais completamente diferentes das que conhecemos! Claro que esses seres aos quais me refiro não eram os anjos nem os arcanjos, como os descritos na Bíblia, nem ainda a pessoa do Senhor Jesus que, por ter vindo do céu, como Ele mesmo afirmou em João 3:13 / 6:62 / 8:23 e outros textos, também não deixa de ser um extraterrestre, mas sim aqueles seres que habitando em outros locais do universo, possuem um corpo material, físico, mais denso ou mais sutil do que o nosso, e que viajam em naves espaciais extraordinárias a velocidades inimagináveis! O tempo foi passando e a estranha sensação que eu sentira acerca dos alienígenas não diminui com o seu passar, antes cresceu e me obrigou a pesquisar o que as Escrituras dizem sobre eles a fim de aquietar a minha mente e o meu coração e o espírito atordoado de algumas de minhas ovelhas.

É desejo meu examinar os textos na ordem em que eles aparecem na Bíblia e não na ordem em que foram por mim observados. Certamente que passarei por cima de alguns deles, tendo em vista não conhecer a todos, mas, tenho certeza que, ainda assim, surpreenderei o meu leitor com a grande quantidade de “textos alienígenas” encontrados na Bíblia. Assim como não tenho demonstrado nenhum receio em analisá-los, gostaria que o prezado leitor também não demonstrasse nenhum receio em lê-los, ainda que possa se sentir um tanto quanto desconfortado, incomodado, inseguro e até mesmo apavorado!

TEXTOS “ALIENÍGENAS” NO ANTIGO TESTAMENTO

O primeiro texto sobre o tema que eu gostaria de examinar encontra-se logo no livro de Gênesis, nos versículos que tratam da expulsão de nossos primeiros pais do Jardim do Éden, após estes terem transgredido contra o Senhor e diz assim: “O Senhor Deus, pois, o lançou (ao homem) fora do jardim do Éden, para lavrar a terra de que fora tomado. E havendo lançado fora o homem, pôs querubins ao oriente do jardim do Éden, e uma espada inflamada que andava ao redor, para guardar o caminho da árvore da vida” (Gênesis 3:23,24).

Se o leitor observou bem, os querubins ficavam postados, fixos, sediados em uma região única do Jardim do Éden, a saber, ao oriente, a leste, na posição do nascer do sol, enquanto a espada inflamada ficava girando o Jardim ininterruptamente. Por que um ficava parado enquanto o outro girava ininterruptamente? Porque as suas funções eram diferentes, apesar de serem complementares! Enquanto a espada girante tinha por missão vigiar o Jardim contra possíveis invasores, os querubins tinham por missão combatê-los! Isto deixa claro que o Jardim podia ser invadido de qualquer posição, de qualquer parte, de qualquer região! Os possíveis invasores do Éden poderiam criar um caminho alternativo, distante daquele protegido pelos querubins, para adentrarem o Jardim e roubarem a Árvore da Vida! Daí a espada ter de ficar girando-o, circundando-o, percorrendo-o ininterruptamente! A espada e os querubins não trabalhavam isoladamente, mas em conjunto! Tão logo a espada chamejante detectasse a presença dos possíveis invasores, alertaria os querubins, postados ao oriente do Éden, que se apresentariam imediatamente no local chamado e combateriam o inimigo! Surge então a pergunta: “Como a espada alertaria os querubins?” Através de um sinal, de um dispositivo qualquer de aviso, compreendido por ambos, visto não serem os querubins criaturas onipresentes, mas sim finitas, limitadas no conhecimento e no espaço. Os querubins, pois, dependiam do sinal da espada girante para poderem agir!

OS ESTRANHÍSSIMOS QUERUBINS DO ÉDEN!

Segundo o grande hebraísta [1]Antônio Neves de Mesquita, em seu livro “Estudo no Livro de Gênesis”, a palavra “querubim” ocorre 74 vezes na Bíblia e é de etmologia desconhecida. Ninguém sabe ao certo o que ela significa. Alguns comentaristas se aventuram a dizer, baseado nas funções destes “entes”, que ela significa “cobrir”, “guardar”, mas não têm muita certeza disso. A palavra ocorre 44 vezes com referência aos símbolos sagrados que aparecem nas cortinas do Tabernáculo (Êxodo 26:1), na Arca do Concerto (Êxodo 25:18-20 / 37:7-9) e no véu do Santíssimo (Êxodo 26:31), mas, somente no livro de Ezequiel, ela aparece 19 vezes com uma conotação bastante estranha, bastante diferenciada da sugerida pela Teologia moderna de “seres angelicais”! Veja aqui algumas dessas estranhas diferenças:

  • Enquanto nos símbolos do Tabernáculo os querubins aparecem como anjos, cada um com duas asas, no livro de Ezequiel eles aparecem com quatro (10:1-22) e no livro do Apocalipse, com seis asas cada! (Apocalipse 4:6-9).

  • Enquanto nos símbolos do Tabernáculo eles possuem um rosto único de anjo, no livro de Ezequiel e no de Apocalipse, eles aparecem com quatro faces cada um e com quatro rostos distintos!

  • Enquanto em Ezequiel 1: 10 e em Apocalipse 4:7 se diz que os seus rostos eram de homem, leão, boi e águia, em Ezequiel 10:14 se diz que os seus rostos eram de homem, leão, águia e querubim! O rosto de boi foi substituído pelo rosto de querubim, você observou?! Teriam os querubins a aparência de touros? Será que as enormes figuras de touros alados com cabeça de homem, colocados pelos babilônicos e assírios à frente de seus palácios e templos, que eram os lugares em que residia a majestade material e espiritual, respectivamente, era uma alusão aos poderosos querubins, visto que, segundo a crença destes povos, estes touros alados desempenhavam a mesma função dos querubins da Bíblia?

  • No livro de Salmos e em outros das Escrituras Hebraicas, encontramos os querubins sustentando o trono de Deus no céu (80:1 / 99:1 / Números 7;89 / 1ª Samuel 4:4 / 2ª Samuel 6:2 / 2º Reis 19;15 / Isaías 37;16, etc.) enquanto no livro de Ezequiel, por duas vezes, eles aparecem transportando um ser “a semelhança dum homem” (1:26) que ficava encapsulado dentro de um módulo voador, em uma espécie de trono, sobre os querubins, e que saía e voltava quando queria, conforme registrado pelo profeta! (9:3 / 10:4,18-22).

Que me perdoem os meus queridos irmãos pela “profanação” deste mistério bíblico, pela “quebra de sacralidade”, da qual certamente serei acusado, mas “não estou viajando” ao dizer todas essas coisas, visto ser a Bíblia, o nosso livro de fé e prática, que as diz! O estranho comportamento da espada girante e dos querubins do Éden faz com que ambos mais pareçam ser elementos físicos, materiais, do que elementos espirituais -, senão isto -, pelo menos com a possibilidade de adquirirem materialidade nos mundos em que adentram! Sei que alguns comentaristas defendem que os querubins sequer sejam reais, mas apenas símbolos representativos de realidades espirituais, mas, as Escrituras ensinam que os querubins são seres viventes sim, distintos entre si, e detentores de personalidade! A espada girante e os querubins edênicos não foram colocados no Jardim do Éden para não serem vistos, ficarem ocultos, invisíveis, fulminando as criaturas que se aproximassem do Paraíso, mas para serem avistados à distância e com isto desanimarem, desde logo, os pretendentes ao rapto da Árvore da Vida! Símbolos não protegem ninguém! Símbolos não impedem invasões!

Outros comentaristas, seguindo a interpretação tradicional da Igreja cristã, afirmam que tanto a espada girante quanto os querubins eram elementos reais, verdadeiros, mas de composição apenas espiritual, ou seja, eram constituídos somente de “substância espiritual”. Mas, qual a razão de Deus colocar “espíritos”, que não podiam ser avistados por criaturas carnais decaídas, para guardarem o fruto de uma árvore capaz de dar a imortalidade física a quem dele comesse, se espíritos não são seres físicos e também são imortais? Caso os defensores do Éden fossem elementos invisíveis, os possíveis invasores do Éden avançariam relaxadamente em direção ao Jardim até serem avistadas pela espada cintilante e fulminados pelos querubins, já que tais invasores não veriam essas realidades espirituais no local nem detectariam as suas presenças! Não me parece que o propósito daquele que expulsou do Éden os nossos primeiros pais, justamente para protegê-los de acessarem o fruto da Árvore da Vida, usasse agora de um estratagema medíocre para apanhá-los em distração e matá-los! Só um ser maligno poderia maquinar algo assim!

Halley informa em seu [2]Manual Bíblico que antigas inscrições babilônicas afirmam que “perto de Eridu havia um jardim em que existia uma árvore sagrada, misteriosa, árvore da vida, plantada pelos deuses, cujas raízes eram profundas, enquanto seus ramos tocavam o céu; era protegido por espíritos guardiões; ninguém penetra nele”. Esta inscrição é importantíssima por comprovar a existência do Éden e da Árvore da Vida na região de Eridu, antiga Babilônia, e ainda por falar da espiritualidade dos espíritos guardiões ali presentes, mas, claro está que isto não é tudo, tendo em vista a narrativa bíblica sobre os querubins do Éden ser a primeira de um conjunto de outras tantas que nos ajudam a desenhar e a entender a compleição, a configuração, a constituição do que seja um querubim. A espada girante, sendo inflamada, chamejante, de fogo – linguagem figurada que significa que era reluzente, brilhante, cintilante como o metal dourado, o ouro -, podia ser avistada à distância por olhos físicos, o mesmo acontecendo com os poderosos querubins, a quem as Escrituras se referem como “seres espirituais” da mais elevada categoria, mas que também podiam transportar gente, pousar no solo, andar sobre rodas, fazer manobras de direção e levantar vôo quando ordenados! (Ezequiel 1:1-28 / 9:3 /10:1-22). Como isso seria possível se a espada e os querubins fossem constituídos apenas de “substância espiritual?” Desde quando um espírito carrega outro nas costas?

Alguma vez, o meu prezado leitor já se perguntou por que Deus colocou querubins para proteger o caminho que levava à Árvore da Vida e não serafins, arcanjos, ou outro tipo de criatura celestial? Se não, eu lhe responderei: porque os querubins não são estafetas de Deus, não são mensageiros divinos, como os demais anjos, mas são, sim, seres protetores, defensores, guardiões do sagrado. Eles são os seres mais qualificados do universo para a função de proteção. Sua função de defensor, no texto que estamos examinando, fica evidenciada por 3 motivos, quais sejam:

a) existia outro querubim, que outrora havia decaído de seu estado original de perfeição, e que conhecia muito bem o Jardim do Éden por ter conversado bastante com os primeiros humanos que ali estavam e que poderia incentivá-los a invadirem o local e roubarem do fruto da Árvore da Vida. Lúcifer, o nome desse outro querubim que a Igreja passou a conhecer pelo nome de Diabo (Ezequiel 28:11-16), já obtivera sucesso no convencimento dos humanos quando da posse do fruto da primeira árvore proibida, a saber, a Árvore do Bem e do Mal (Gênesis 3:1-6);

b) Caim, o primeiro filho do casal adâmico, ao sair do clã de seu pai, fora habitar a terra de Node, que ficava justamente ao oriente do Éden (Gênesis 4:16). Esta sua decisão de habitar a terra de Node poderia ter acontecido também por dois outros motivos, quais sejam: ou ele intentava invadir o Jardim e subtrair a Árvore da Vida, conseguindo assim a imortalidade física, ou apenas viver no lugar mais protegido e seguro da face da terra, visto ser protegido pelos poderosos querubins! De uma maneira ou de outra, ele estaria se assegurando de que ninguém o mataria, como ele mesmo dissera a Deus que aconteceria se alguém o encontrasse, por ter ele assassinado a seu irmão (Gênesis 4:14-16).

c) havia outras raças, que não a humana, convivendo com o homem na terra, e que também poderiam ficar tentadas a invadir o lugar sagrado e roubar a Árvore da Vida, visto serem seus integrantes constituídos também de carne, exatamente como o homem, sendo, portanto, mortais (Gênesis 6:1-4). Falaremos dessas raças na próxima palestra, mas o importante para o meu prezado leitor agora é que ele perceba as razões de Deus ter colocado querubins para protegerem o Éden e não outras criaturas – porque apenas querubins podem deter outros querubins ou qualquer outro tipo de criatura!

Ao analisarmos, pois, friamente, a forma e o comportamento da espada girante, vemos que ela se assemelha muito mais a um satélite espião do que qualquer outra coisa que já possamos ter analisado, enquanto que os querubins se assemelham a verdadeiras naves de combate! Sei que o meu leitor agora está com desejo de me excomungar de vez  por não acreditar que um pastor cristão, com mais de 25 anos de ministério, possa falar com tanta crueza, tanta frivolidade, em satélites espiões, naves espaciais e raças desconhecidas convivendo com a humana, dizendo-se estar baseado nas informações da Bíblia! “Eu precisava estar vivo para ver isso”, diz você! Lamento informar, mais isto ainda vai ficar pior!

Sei que a tendência no meio cristão é olhar para as coisas integrantes desta narrativa apenas como se fossem representações de coisas espirituais, cheias de significado religioso, tais como; o jardim do Éden representando o céu perdido; a Árvore da Vida, o Cristo eterno; a espada de fogo e os querubins, a Palavra de Deus e os anjos do Senhor que nos livram de cair, e por aí vai. Não estamos errados em pensar assim! Temos respaldo bíblico para crer dessa maneira! Mas após estudar o comportamento dos querubins e da espada chamejante por algum tempo, eu estou plenamente convencido de que só dizer que eles eram símbolos espirituais, ou elementos de consistência puramente espiritual não é suficiente! Ou todos os textos bíblicos que possuímos sobre os querubins se referem a vários tipos de criaturas, diferentes uns dos outros, e daí termos de interpretá-los também separadamente, em seus respectivos blocos, ou todos os textos bíblicos que possuímos se referem a uma única criatura, e aí, temos de interpretá-los todos conjuntamente, em único bloco, de forma a harmonizá-los. Ao fazermos isto, porém, a conclusão nos leva a algo tão impressionante, tão imprevisível, tão exótico, que jamais pensaríamos ser possível existir tal coisa nas Escrituras!

Como vimos anteriormente, as Escrituras nos dão o desenho dos querubins não apenas como anjos – seres espirituais dotados de grande poder e força, como Lúcifer e os querubins gravados nos símbolos do Tabernáculo -, mas também como seres descomunais, espetaculares, capazes de adentrar mundos materiais e espirituais, alterando sua forma, tamanho e estrutura (de espiritual para material e vive-versa) para poderem suportar as leis físicas e espirituais dos mundos em que adentram. Que tipo de criatura é esta que, ora aparece como um anjo comum, ora como uma máquina? Que congrega em si todas as características de um ser espiritual e também as características de uma nave espacial? Que é responsável em proteger o sagrado, mas também é responsável em “sustentar e transportar” o trono do Senhor em seus deslocamentos pelo Universo quando este tem de adentrar os vários mundos que governa, em forma corporal, limitada, micronizada, por ter o Senhor de assumir a forma dos habitantes do mundo que visita? Não foi isto exatamente o que aconteceu conosco quando o Cristo veio nos salvar? (Filipenses 2:5-7). Ou será que o estudante das Escrituras acha que o Universo não tem problema algum e que o Senhor o administra sentado de seu trono, sem sair de seu lugar? Acredita realmente nisso, mesmo depois da rebelião de Lúcifer, quando a Bíblia ensina que a própria harmonia do Cosmo ficou desestabilizada e que cabe a Cristo restaurá-la? (Efésios 1:10 / Colossenses 1:20). Acaso o amado já leu Miquéias 5:2 que afirma que da cidade de Belém nasceria o Senhor “cujas saídas são desde os tempos antigos, desde os dias da eternidade?” Que “saídas” são estas e que “dias da eternidade” são estes a que o profeta se referia? Certamente que essas “saídas” falam da forma do Senhor administrar o seu universo, como seja: indo pessoalmente ao local onde o problema se encontra e os “dias da eternidade”, as eras longínquas em que o Cristo já assim operava!

Ezequiel viu, por duas vezes, os estranhos seres que a Bíblia chama de querubins e ficou absolutamente estupefato com eles! (1:1-28 / 9:3 /10:1-22). Davi também os viu e, entre assustado e maravilhado, cantou-os em seus Salmos! (2º Samuel 22: 5-17 / Salmo 18:6-16). Muitos comentaristas afirmam ser o conteúdo destes cânticos davídicos apenas uma forma poética do rei-cantor falar sobre a extraordinária resposta que Deus dera à sua oração, mas ainda que esta resposta fosse cantada em forma poética não significaria dizer que os elementos constituintes de tal canção não fossem verdadeiros, ou seja, Davi teria necessariamente de saber o que era um querubim e a sua função para poder cantá-los em prosas e versos! O mais interessante porém, é que, ao falar dos querubins, Davi não os descreveu com a forma angelical com que eram desenhados nos elementos do Tabernáculo (cortinas, propiciatório e véu do Santíssimo), ou seja, como anjos, com apenas um rosto e um par de asas, mas exatamente como Ezequiel os descreveria cerca de quinhentos anos mais tarde! Isto ainda parece poesia para você, prezado leitor? Davi disse em 2º Samuel 22:11 que, quando o Senhor acabara de intervir em seu favor, Ele “subiu em um querubim e voou”, e que “foi visto sobre as asas do vento”. Tanto o Senhor quanto o querubim que o transportava foram vistos por várias pessoas! De posse de todos esses dados, não consigo fugir da conclusão de que os querubins são extraordinárias “consciências-naves”! Não naves espaciais inteligentes, autônomas, como as que ouvimos falar, que são sempre materiais e não possuem vontade própria, mas “consciências-naves”, visto, em diversas passagens bíblicas, eles se apresentarem com consciência, personalidade, adorando insistentemente ao Senhor, de dia e de noite! (Apocalipse 4:6-8). Reconheço que este termo, além de não ser bíblico, pode não ser o mais adequado para descrever um ser com a complexidade de um querubim, mas foi o que me pareceu melhor para descrevê-los.

VOANDO COMO UM QUERUBIM NA FÉ

Meu leitor pode estar estupefato com tudo o que leu até agora e com o desejo enorme de abortar mais uma vez esta leitura por não acreditar que um Pastor evangélico, com tantos anos de ministério, possa ter uma opinião desse tipo acerca das coisas mais santas de Deus, mas não se trata aqui de você acreditar se alguém pode ou não crer nisto ou naquilo e sim se é possível ou não você conseguir enxergar ainda mais longe a grandeza do nosso Deus! Será que o prezado leitor observou, nesse momento de pavor e de possível ira contra o Pastor Olívio, que o texto afirma que foi o Senhor Deus quem colocou a espada chamejante e os querubins para protegerem o caminho que levava a Arvore da Vida? Que isto tão somente significa que o Senhor Deus tem o controle de tudo e de todos em todos os mundos materiais e espirituais que existam? Que pavor, pois, é este, de ouvir falar em seres extraterrestres, quando governos do mundo inteiro estão liberando seus arquivos mais secretos para a população comum sobre criaturas alienígenas, vidas extra e interplanetárias e OVNIS? Como ficaria a fé do irmão no dia em que se noticiasse, ao vivo, a captura de um ser de outro mundo ou de uma de suas potentes naves? A fé do meu irmão se agigantaria ou ficaria sem base de crença alguma, sem nada em que se apoiar?

Querido(a), sua fé hoje pode dar um salto gigantesco, sobrenatural, se tão somente o(a) amado(a) acreditar que o Deus a quem servimos não é apenas Deus sobre os céus onde vivem os anjos, a terra, onde vivem os homens, e o inferno, onde estão os demônios, mas também é Senhor sobre todos os mundos, imagináveis e inimagináveis, onde podem estar habitando as mais estranhas e incríveis criaturas, visíveis e invisíveis, com corpos mais densos ou mais sutis do que o nosso, destinadas a funções que sequer imaginamos serem possíveis! Não ficaria esta sua crença mais de acordo com a imensidão do Deus da Bíblia e mais harmônica, também, com as aparentes contradições das Escrituras? Acaso o amado se esqueceu que o Cristo, a quem amamos e tanto respeitamos, é o Criador de todo o Universo? O apóstolo João disse que “tudo foi feito por Ele (Cristo) e para Ele (Cristo) e que sem Ele (Cristo), nada do que foi feito se fez” (João 1:3). O apóstolo Paulo escreveu aos crentes de Colossos dizendo que “Nele (em Cristo) foram criadas todas as coisas que há nos céus e na terra, visíveis e invisíveis, sejam tronos, sejam dominações, sejam principados, sejam potestades: tudo foi criado por Ele (Cristo) e para Ele (Cristo), e que Ele (Cristo) é antes de todas as coisas, e todas as coisas subsistem por Ele (Cristo)” – Colossenses 1:16,17. Cristo foi o Criador de tudo! Quanto mais complexa e intrincada for uma criatura, um ser extra-físico ou intra-físico, um querubim, um homem, ou o que quer que seja, maior será a grandeza de nosso Cristo que teve a sabedoria, a inteligência, o conhecimento para criar um ser assim!

O DESTINO DA ESPADA CHAMEJANTE E DOS QUERUBINS DO ÉDEN

Uma pergunta, porém, fica ainda no ar: Qual o destino final da espada chamejante e dos estranhos querubins do Éden? Para onde foram eles? Até quando eles permaneceram no Éden, em sua missão protetora?

A Bíblia não informa, de maneira direta, absolutamente nada sobre o destino desses dois elementos e, sempre que a Bíblia faz isto, ou seja, sempre que ela silencia sobre algo, ou é porque o assunto não interessa aos humanos, por fazer parte das coisas ocultas de Deus (Deuteronômio 29:29), ou porque a coisa que procuramos já se encontra revelada nas Escrituras Sagradas, de forma indireta, e devemos envidar todos os nossos esforços para encontrá-la. No caso em questão, creio que a resposta se encontra na segunda alternativa proposta. A espada chamejante é citada unicamente nesta passagem bíblica, enquanto os querubins, em dezenas de citações, por vários livros da Bíblia. Tendo em vista que a missão da espada chamejante e dos querubins estava relacionada à proteção do caminho que levava à Árvore da Vida – não à Arvore da Vida em si, mas do caminho que levava à ela -, essa missão teria que perdurar enquanto tal caminho existisse ou aquilo que pudesse ser encontrado ao final dele pudesse ser encontrado também, a saber, a Árvore da Vida.

Não temos nenhuma informação sobre uma possível retirada da Árvore da Vida feita diretamente por Deus, mas temos informações que o distrito do Éden, ao ser invadido pelas águas do Dilúvio, ficou totalmente desfigurado, tendo dois, de seus quatro rios, a saber, o Giom e o Pisom, sido eliminados de seu território (Gênesis 2:10-14). A partir desta catástrofe, não mais se ouve falar destes dois rios, que desapareceram do mapa. Outra coisa a considerar é que a única família de humanos que o Senhor salvara das águas do Dilúvio, a saber, a família de Noé, fora salva justamente por ter demonstrado temor ao seu Nome. Não faria sentido algum esta família se revoltar depois do Dilúvio contra o Senhor, retornar da Armênia, onde estavam –  cerca de 800 quilômetros do ponto de onde saíra -, para tentar raptar a Árvore da Vida em um território que não podia mais ser reconhecido! (Gênesis 8:4). Temos assim que o Dilúvio foi o tempo limite para a permanência da espada e dos querubins no Éden. Quanto a Arvore da Vida, esta só vai ser citada novamente no último livro da Bíblia, o Apocalipse, e ali, mais uma vez, ela vai estar relacionada à saúde dos corpos dos santos e a permanência continuada e desejada da vida eterna física (2:7 / 22:2).

Chama a atenção o fato de o Dilúvio, segundo os historiadores bíblicos, só ter acontecido cerca de 1600 anos depois da expulsão do homem do Jardim do Éden. Até acontecer tal catástrofe, aquele local sagrado atuou como um símbolo revelador dos propósitos mais elevados de Deus para com a raça humana e a perda da comunhão que o homem tivera com o seu Criador pela introdução do pecado. Conseguiriam os guardiões do Éden ficar tanto tempo desempenhando aquela missão? Claro que sim, tendo em vista que fora Deus mesmo quem ordenara aquela missão. Os querubins, caso fosse necessário, poderiam se revezar constantemente e a espada girante, reabastecida de tempos em tempos com algum tipo de combustível até o momento desconhecido por nós, caso esta fosse um objeto de consistência inteiramente material, conforme já temos discutido ao longo desta palestra. O certo é que depois do Dilúvio não se houve mais falar do Paraíso do Éden, estando a missão da espada chamejante e dos querubins definitivamente terminada.

CONCLUSÃO

Chegando ao final desta nossa fantástica e eletrizante palestra o leitor pode dizer não ter entendido o porquê de o Pastor Olívio tê-la enquadrado dentro do tema “Extraterrestres”, já que ela não fala especificamente sobre alienígenas ou naves espaciais e sim sobre seres que podem se comportar como se fossem verdadeiras naves, mas que naves não são, e ainda, de um instrumento que bem poderia ser um satélite-espião, mas que não dispomos de muita informação para assim enquadrá-lo. Verdade é que, em tratando todos os textos bíblicos que falam sobre os querubins, de uma única entidade, de um único ser, estes não poderiam ser considerados mesmo alienígenas, no sentido que damos à esta palavra, mas sim “consciências-naves”, como já os denominamos acima. Caso, porém, estes textos se refiram a vários tipos de entidades, diferentes entre si, mas todos recebendo a mesma designação de querubim, então os guardiões alados do Éden e os querubim vistos por Davi e por Ezequiel, se enquadrariam mais perfeitamente na definição moderna que damos aos objetos voadores não identificados – OVNIs e este texto deveria sim estar enquadrado dentro do tema dos “Extraterrestres”. Outra razão para eu ter escolhido o texto dos guardiões do Éden para começar a falar sobre seres alienígenas na Bíblia é que ele introduz o leitor no assunto, como nenhum outro texto o faz. Eu tinha a intenção de analisar outros relatos sobre o tema dentro desta mesma palestra, mas sei que o leitor pode estar vivenciando agora momentos terríveis de intensa perturbação intelectual e espiritual. Então eu vou encerrar esta palestra por aqui mesmo e jogar para a próxima o exame de mais um texto bíblico do Antigo Testamento sobre o assunto, está bem?

Deus abençoe a todos.

 

Caso seja do interesse de meu prezado leitor discutir mais sobre o assunto, envie-me seus comentários, questionamentos, sugestões, críticas e, quando houver, possíveis elogios.


[1] Mesquita, Antônio Neves – Estudo no Livro de Gênesis – Casa Publicadora Batista – 3ª Edição – Rio de Janeiro, RJ – 1970.
[2] Halley, Henry H. – Manual Bíblico – Um Comentário Abreviado da Bíblia – Trad. David A. de Mendonça – São Paulo –SP – Sociedade Religiosa Edições Vida Nova – 1970.

III. Símbolos do Espírito Santo

 

Palestra III a

SÍMBOLOS DO ESPÍRITO SANTO

Estudo elaborado pelo Pastor Olívio em Realengo, no Rio de Janeiro, em outubro de 2012

INTRODUÇÃO

Muitos são os símbolos com os quais a Bíblia tenta passar ao fiel uma visão, ainda que parcial, sobre a Pessoa e o modo de agir do Espírito Santo. Esses símbolos são belíssimos além de extremamente reveladores, porquanto cheios de significados. Na presente palestra iremos demonstrar resumidamente alguns destes símbolos, considerados os principais dentre os muitos com os quais o Espírito Santo é comparado. Outros mais serão descritos no discorrer de outras palestras. O leitor interessado poderá pesquisar nas Escrituras outros símbolos vinculados a pessoa do Espírito Santo, a fim de aumentar o seu conhecimento sobre o caráter e o comportamento do nosso bendito Deus.

O primeiro símbolo do Espírito que desejo analisar diz respeito a um poderoso e fantástico elemento da natureza, qual seja,

O VENTO

Jesus disse para um Doutor da Lei, de nome Nicodemos: “O vento assopra onde quer; e ouves a sua voz; mas, não sabes donde vem, nem para onde vai; assim é todo aquele que é nascido do Espírito” (João 3:8). Acho essa declaração de Jesus absurdamente fantástica porquanto Ele declarou que esse vento – especificamente esse vento – é diferente de todos os demais que conhecemos! Esse vento possui vontade própria, tem querer, tem desejo, pois “assopra onde quer”, sem pedir consentimento a ninguém, e ainda, possui uma voz, “ouves a sua voz” – não um barulho, um som desordenado, mas uma voz! Se alguma coisa possui uma voz, então essa “coisa” não é coisa é sim “alguém”, é “um ser inteligente!” Ao comparar, pois, Jesus, o Espírito Santo com o vento e dizer que aqueles que são nascidos do Espírito reproduzem as suas características, Jesus elevou o coração dos crentes a um ponto onde eles nem sequer podem imaginar!

A primeira coisa a destacar nessa interessante declaração de Jesus é que o vento é o ar em movimento! Não apenas o ar, mas o ar em movimento! O Espírito Santo é como o vento: vivo, atuante, dinâmico, cheio de movimento e de energia! Não para um só momento, mas está ativo o tempo todo! Por consequinte, todos os filhos do Espírito Santo possuem essas características, pois “filhos do Vento, vento também são!” Você pensava que este título só era dado aos corredores mais velozes do mundo, mas acabou de aprender que você também é um “filho do Vento”, não porque corra muito, não porque seja uma pessoa veloz, mas por ser “filho do Espírito Santo, o Vento de Deus!” Muito antes de um comentarista esportivo chamar alguém de “filho do vento”, Jesus Cristo, há dois mil anos atrás, já chamava a mim e ao meu amado irmão assim! Nada, pois de ficar parado, imóvel, sem fazer nada para o Senhor, pois eu e você somos pessoas cheias de energia e de vigor espiritual!

A segunda coisa que desejo destacar é que não existe vento em lugares fechados. Para que exista vento é necessário ter lugares abertos. O vento tem de poder entrar por um lugar e sair pelo outro. Se a porta de entrada de uma casa estiver aberta e todas as suas janelas estiverem fechadas não haverá vento ali. Haverá ar, mas não haverá vento. Agora, abra-se uma pequena fresta, por pequena que seja, e sentirá a corrente de ar passando por todo o ambiente! Isto nos ensina que o Espírito Santo precisa de gente com o coração e a mente aberta para Ele poder se manifestar! Se você é um crente fechado, carrancudo, que não dá abertura nenhuma as ações de Deus, não terá muitas chances de ver o Espírito Santo atuando em sua vida, pois assim como é verdade que Ele precisa de ambientes e de pessoas abertas para poder se manifestar, também é verdade que, se quisermos tolher as suas ações, restringir o seu agir, é só fechar o nosso coração e mente e Ele não poderá se manifestar! Mas como filhos do Espírito Santo que somos tenho certeza que iremos fazer aquilo que agrada ao nosso Pai espiritual. Filhos do Espírito Santo, abram os vossos corações e mentes para as ações de vosso Pai!

A terceira coisa que desejo destacar é que não podemos controlar o vento. Jesus disse que o vento “assopra onde quer” e “não sabemos de onde ele vem nem para onde ele vai”. Isto quer dizer que não temos controle algum sobre o Espírito Santo e suas ações! Nós até poderemos impedir o seu agir fechando-nos totalmente para Ele, mas se nos abrirmos para a sua Pessoa não poderemos ditar que ações Ele deverá ter em nós ou em nossas congregações! Ninguém pode ditar regras de ação para um “filho do Vento”, a não ser o seu próprio Pai, pois um homem cheio do Espírito Santo é um homem espiritualmente incontrolável, insubordinável, indisciplinado, visto só prestar obediência ao Espírito Santo! (Atos 4:19,20 / 5:28-29). Muitos dirigentes de Igreja não querem saber ou presenciar qualquer movimento do Espírito Santo em suas congregações, pois que não terão mais controle sobre os seus cultos, sobre a adoração e sobre o seu povo. Veja a bagunça espetacular que o Espírito Santo provocou através de Pedro quando ele curou um paralítico na porta do Templo em Jerusalém, chamada Formosa, e que redundou na salvação de mais de cinco mil vidas (Atos 3:1-12 / 4:1-4). Isso é o que faz o incontrolável Deus Espírito Santo! O que o meu prezado leitor deseja com o meu Senhor Espírito Santo?

A quarta coisa que desejo destacar é que o vento é resultante da diferença de pressão. O sol aquece as massas de ar existentes na atmosfera terrestre através de seu imenso calor. Essas massas de ar assim aquecidas aumentam enormemente a sua pressão sobre as áreas em que se encontram presentes. A diferença de pressão de um local mais quente sobre outro mais frio é que nos dá o vento. Assim acontece com o Espírito Santo. Quando Ele vê uma congregação vivendo em pecado, frieza espiritual, dor, sofrimento, com a temperatura espiritual baixa, morna, Ele fica intimamente perturbado, agitado, e então desce até ela e a ajuda a normalizá-la. Todo filho do Espírito Santo que esteja na benção, é um “normalizador de pressão espiritual!” É através dele que o Espírito Santo vem ajudar os seus irmãos a voltarem a vida espiritual plena ou, se ainda não a tiveram, a experimentá-la!

A quinta coisa que desejo destacar é que o vento é invisível. Não podemos vê-lo, mas podemos senti-lo, ouvi-lo, e ver as suas ações. Jesus disse para Nicodemos que “ouvimos a sua voz”. Quando um vendaval levanta telhados, derruba árvores, arrasta pessoas, não estamos vendo o vento, mas sentindo a sua força e vendo as suas ações. O fato de não podermos ver o vento não significa que ele não exista. Não podemos também ver a energia elétrica passando pelos fios de cobre, mas vemos sua ação em nossos utensílios domésticos e nas lâmpadas que acendem! Não podemos ver o Espírito Santo por ser Ele invisível, mas podemos senti-Lo em nós e ver as suas ações. E estas são lindas, estupendas e maravilhosas! O ensino que fica para os filhos do Espírito Santo é que estes devem permanecer invisíveis, sem chamar atenção sobre si, por mais extraordinárias que sejam suas ações em nós! Não nos esqueçamos que o vento é feito de ar. Ninguém percebe a presença do ar, pois que ele não pode ser visto e quase não possui peso. Mas Deus escolheu as coisas fracas para confundir as fortes e as coisas que não são para aniquilar as que são (1ª Coríntios 1:27-29). Fique pois firme, filho do Espírito, pois a qualquer momento Ele pode pegar você e iniciar um verdadeiro vendaval em sua igreja! Aleluia!

A sexta coisa que desejo destacar é que o vento é único, mas suas manifestações diversas. Os meteorologistas classificam o vento em vários tipos, dependendo de sua velocidade. Ora o vento se nos apresenta como uma suave brisa, ora como um poderoso tornado! Ora como uma pequena ventania, ora como violentos ciclones! Assim é o Espírito Santo e todos aqueles que Dele são nascidos! Ninguém sabe como nem quando Ele se manifestará! Quando um “filho do Vento” se encontra presente em um local tudo pode acontecer! Temos, pois, de aprender a detectar as várias movimentações do Espírito Santo, pois uma brisa espiritual é tão forte e originada pelo Espírito Santo quanto um poderoso ciclone! Momentos haverá em que precisaremos de uma suave brisa, e outros, de um poderoso furacão! Só que o vendaval produzido pelo Espírito Santo, por mais forte que seja, não destrói nada nem ninguém, antes edifica! A Bíblia diz que em Jerusalém milhares de pessoas estavam reunidas, por ocasião da festa de Pentecostes, quando o Espírito Santo veio silvando muito forte, como um vento impetuoso e incontrolável, e ainda assim ninguém foi lançado para longe, ferido ou morto (Atos 2:1,2). Ao contrário, milhares foram salvos! Aleluia! Quando a Lei foi entregue por Deus a Moisés, cerca de três mil pessoas morreram (Êxodo 32:28); quando o Espírito Santo veio fundar a Igreja de Cristo, cerca de três mil pessoas se converteram! (Atos 2:37-41). O furacão de Deus não mata ninguém, antes, dá vida! Oh! Glória a Deus! Como é grande e tremendo o nosso Deus Espírito Santo!

A sétima e última coisa sobre o vento que desejo destacar é que o vento é imensamente maior do que o homem! Não é como o sopro que depende do tamanho da boca de quem o produz e da força com que se assopra. Jesus soprou o Espírito Santo sobre seus discípulos, mas aquela foi uma porção pequena, limitada, pois que Jesus ainda vivia em carne (João 20:19-22). Ao subir ao céu, porém, pediu que o Pai enviasse o Espírito Santo “a todas as gentes” e o Espírito veio como um vento incontrolável, e até hoje está pegando “servos e servas” de todas as partes! (João 14:16 / Atos 2:16-18). O Espírito Santo é um sopro do tamanho da boca de Deus! Ele não é do nosso tamanho por estar habitando em nós! Ele é imenso, ao ponto de aninhar todo o universo debaixo de suas asas! (Gênesis 1:1,2). Isto serve para nos dizer que o Espírito Santo não nos é subordinado. Ele se encontra tanto fora quanto dentro de nós e isto serve para nos alertar que o Espírito Santo não é nossa propriedade. O maior controla o menor e não o inverso. Aprendemos assim que todo filho do Espírito Santo deve ser totalmente subordinado ao seu Pai espiritual e controlado pela sua “boa agradável, e perfeita vontade” (Romanos 12:2).

Nicodemos, o letrado Doutor da Lei, membro do Sinédrio, a mais alta corte civil de julgamento da nação de Israel, não entendera nada sobre o que Jesus falara sobre o vento e sobre o “nascer do Espírito”, pois que perguntara ao Mestre como aquele negócio de “nascer de novo”, de “nascer do Espírito” seria possível em um homem já velho (João 3:9). Mas os “filhos do Vento” sabem muito bem do que Jesus estava falando e compreendem perfeitamente a voz de seu Pai espiritual, o Espírito Santo, obedecendo-O e dignificando-O!

FOGO

Este é o segundo símbolo do Espírito Santo que desejo examinar e, como o anterior, é tirado da natureza. Ele é, além de forte, bastante impressivo, pois todos conhecemos a força do fogo e nos sentimos por ele intimidados. Em várias passagens das Escrituras o Espírito Santo é comparado ao fogo. Deus falou com Moisés do meio das chamas (Êxodo 3:15) e respondeu ao clamor de Elias mediante o fogo (1º Reis 18). Ao se manifestar aos discípulos de Jesus, no Pentecostes, o Senhor o fez através do fogo (Atos 2:1-3). O ensino é que Deus sempre fala através das chamas do Espírito Santo e, se há fogo na vida do meu leitor ou em sua congregação, então, do meio dessas chamas poderosas Deus irá falar!

Mas por que o Espírito Santo é comparado ao fogo?

Em primeiro lugar, o Espírito Santo é comparado ao fogo porque o fogo atrai. Existe um elemento mágico, de fascínio, de encantamento no fogo que prende a nossa atenção. Centenas de bichinhos ficam voando ao redor de uma lâmpada ou de uma fogueira, atraídos pelo calor. Multidões e mais multidões de pessoas se juntam a olhar para um prédio em chamas, hipnotizadas pelo poder do fogo. Um indivíduo que esteja às escuras procura logo a luz de uma vela, de um palito de fósforo, ou de uma fogueira para se orientar na escuridão. O Espírito Santo é o grande fogo de Deus que atrai as multidões, o mesmo acontecendo com os seus filhos. Na festa de Pentecostes, onde pessoas de 16 nações estavam reunidas, Pedro levou cerca de 3.000 delas a crerem no Senhor Jesus, atraídas que foram pelo fogo do Espírito! (Atos 2:5-12). Em nossa atual sociedade, indivíduos incendiários são presos e taxados de loucos, mas no reino de Deus, onde houver um homem ou uma mulher cheio(a) do Espírito Santo, as multidões acorrerão a ele(a), atraídas pela sua capacidade de provocar gigantescos incêndios espirituais!

Em segundo lugar, porque o fogo gera calor. Quando estamos frios em Deus, sem calor espiritual algum, sem empolgação para nada, o Espírito Santo vem sobre nós e aquece o nosso coração. Logo ressurge o desejo de consagração pessoal, de estudar a sua bendita Palavra, de orar mais intensamente e de ajudar em sua obra. A salvação dos perdidos volta a nos incomodar novamente e envidamos todo o esforço para alcançá-los. Na vida física, biológica, quando nos deparamos com um corpo frio, inerte, imóvel, dizemos que o indivíduo está morto. Na vida espiritual, a frieza do espírito humano não é sinal de morte e sim de inatividade. O espírito frio pode voltar a se aquecer e o crente levantar-se do meio dos mortos, onde estava, completamente renovado pelo Espírito Santo! (Efésios 5:14).

Em terceiro lugar, porque o fogo gera luz. Quando a luz do Espírito Santo se faz presente, nossas trevas espirituais são dissipadas, nosso campo de visão fica ampliado e nos movemos com firmeza e segurança! Jesus disse que aquele que anda em trevas não sabe para onde vai e sequer sabe no que tropeça (João 11:9,10 / 12:35). Em compensação, o salmista disse no Salmo 119:105: “luz para os meus é a tua Palavra e luz para o meu caminho”. O Espírito Santo lança luz sobre um texto da Palavra de Deus, o “filho do fogo” pega então essa luz e a lança sobre a congregação. O resultado disso? Homens e mulheres cheios de novas e benditas revelações de Deus!

Em quarto lugar, porque o fogo purifica. O fogo é o maior elemento de purificação que se tem conhecimento. Ele queima, consome, destrói toda a impureza de nosso ser. A Bíblia diz em Hebreus 12:29 que “nosso Deus” – portanto, o nosso Espírito Santo -,“é um fogo consumidor”. Ele não destrói a nossa vida, mas consome os nossos pecados. Ele nos purifica de toda a impureza, de toda a sujeira, de todo a nossa imundície. Quando sua operação de limpeza acaba, estamos limpinhos, novinhos, prontos para sermos usados! Quando o fogo do Espírito Santo veio sobre os discípulos no Pentecostes, não queimou a cabeça de ninguém, não destruiu seus rostos, antes os dotou da capacidade de falar em outras línguas (Atos 2:1-4), significando que o Espírito Santo tinha controle total sobre eles, pois a língua é, biblicamente falando, a parte mais difícil do corpo humano de se domar! (Tiago 3:1-12).

Em quinto lugar, porque o fogo depende de combustível. Se não houver nenhum material para ser queimado não haverá fogo, pois que o fogo precisa ser alimentado por algum combustível para poder se propagar. No lixão da cidade de Jerusalém, conhecido como Gehena, era adicionado permanentemente enxofre para manter o fogo sempre aceso e aumentar a sua intensidade. No caso dos “filhos do Espírito”, sua vida inteira deve ser oferecida ao Espírito Santo, diariamente, para que também diariamente Ele tenha o que queimar! A Bíblia diz em Levítico 6:13: “O fogo arderá continuamente sobre o altar. Não se apagará”. O apóstolo Paulo ensinou os crentes de Tessalônica dizendo: “Não extingais o Espírito”, ou, como trazem outras traduções: “Não apagueis o Espírito” (1ª Tessalonicenses 5:19). Isto significa que somos responsáveis em manter a chama do Espírito Santo acesa no altar de nossos corações. Ofereça orações e sacrifícios de louvor ao Espírito Santo e, continuamente o fogo de Deus vai se manifestar em sua vida! Enquanto houver combustível o fogo vai queimar e, quanto mais houver, mais ainda ele se alastrará o que significa dizer que somos nós quem delimitamos a ação do Espírito Santo em nós!

Em sexto lugar,porque tudo o que você lança no fogo ele joga para cima! Mesmo que o fogo esteja descendo um morro, ele lança suas chamas para o alto e, com elas, tudo o que foi nele atirado. Tudo o que você lançar sobre o Espírito Santo Ele lançará para cima: sua adoração, seu louvor, suas preces, seus sonhos, suas expectativas. Tudo irá para o céu na força do fogo do Espírito de Deus! O que você está lançando para o alto com o objetivo de atingir o interior do céu?

ÁGUA

Este é o último símbolo desta primeira parte de nossa palestra que irei examinar e, como os anteriores, é também tirado dos elementos da natureza. A água se tornou um símbolo do Espírito Santo por conter vários significados vitais.

Em primeiro lugar, a água é vital para a sobrevivência humana. Sem ela o homem não sobrevive. Podemos resistir a grandes períodos sem alimento, mas não podemos passar muito tempo sem água. Logo o corpo fica desidratado e os órgãos ficam impedidos de funcionar. Cerca de 70% (setenta por cento) de nosso corpo é composto por água e nosso cérebro, por cerca de 90% (noventa por cento). Quando bebês, ficamos envolvidos por uma “bolsa d”água” no útero de nossa mãe (líquido aminiótico) até o momento do nosso nascimento. Quando essa “bolsa d’água” estoura, se rompe, a mamãe sabe que chegou a hora de ter o seu bebe. Fomos criados de tal maneira que não podemos sobreviver sem água! Mesmo se formos para outro planeta precisaremos de água. De igual maneira não conseguiremos sobreviver sem o Espírito Santo em nós! Tanto Jesus quanto o apóstolo Paulo disseram que temos de “beber do Espírito Santo” (João 7:37-39 / 1ª Coríntios 12:13). Ele é o elemento vital de nossa vida espiritual! Todo fiel ou congregação com pouca atuação do Espírito Santo é um fiel ou congregação fraca, sem tônus espiritual algum, sem vitalidade!

Em segundo lugar, a água é indispensável à nossa limpeza. A Bíblia fala da “lavagem da regeneração e renovação do Espírito Santo” como sendo algo essencial à vida do fiel (Tito 3:5,6). Sem a limpeza do corpo o indivíduo fica enfermo, fraco e pode ser levado ao óbito. Isto sem falar em seu mal cheiro, seu odor fétido, que acaba ficando insuportável! Precisamos da lavagem do Espírito Santo sobre nossos pecados, afim de que as coisas ruins, tais como, mágoas, ressentimentos, ódios, decepções, dores, enfermidades, sejam banidas para longe e não voltem mais. Os “filhos do Espírito Santo” devem ser limpos (santos) como seu Pai espiritual! Ao nos lavar de nossas sujeiras o Espírito Santo coloca sobre nós o bom perfume de Cristo (2ª Coríntios 2:14-16), mais precioso do que o caríssimo nardo derramado pela mulher dos Evangelhos aos pés de Jesus (Marcos 14:3-9) e que custava mais de 300 dias de trabalho de um trabalhador!

Em terceiro lugar, a água é extremamente versátil. Ela é o único elemento da natureza que se apresenta nos três estados da matéria: líquido (água), sólido (gelo) e gasoso (vapor d’água). Isto não acontece com o fogo, a terra e o ar, por exemplo, que são os outros elementos da natureza. No estado em que você precisar da água, você poderá encontrá-la. De maneira semelhante, do jeito que precisarmos do Espírito Santo, nós poderemos encontrá-Lo! Isto é para que não tenhamos desculpas em dizer que não encontramos o Espírito Santo por este ou por aquele outro motivo, pois, que Ele faz de tudo para que possamos encontrá-Lo! O escritor do Salmo 139 disse nos versículos 7 e 8 que, mesmo se estivéssemos no Sheol, ou seja, no inferno, poderíamos encontrar o Espírito Santo se assim o desejássemos! Irmão querido, não continue fugindo do Espírito Santo! Ao invés de correr Dele, corra para Ele! Você vai ver as transformações tremendas e maravilhosas que irão acontecer em sua vida!

Em quarto lugar, a água altera a substância com a qual se une. Ao ser adicionada a uma substância, a água se torna uma com ela. O elemento com a qual ela se uniu não terá mais a sua forma original. Procure, por exemplo, a água no café, no leite, no suco de laranja ou em um delicioso perfume. Você não a encontrará lá! Você sabe que ela está ali, mas não conseguirá enxergá-la! O mesmo acontece com o elemento com o qual ela for misturada. Não poderemos mais encontrá-lo puro lá! Mesmo se o elemento com o qual a água for misturada tiver mais consistência que os acima citados, ainda assim este fenômeno acontecerá! Misture, por exemplo, a água com uma terra seca, dura, áspera. O que teremos? Uma pasta, uma lama, um barro, uma nova forma de material que nem é líquida nem sólida! Assim deve acontecer com o Espírito Santo e com os seus filhos. A Escritura diz que “aquele que se junta com o Espírito Santo faz-se um com Ele” (1ª Coríntios 6:17). Todos os que são nascidos do Espírito se tornam mais maleáveis, mais dobráveis, mais flexíveis. Por isso um dos gomos de seu fruto divino é a temperança (Gálatas 5:22). Nossa dureza, nossa rudeza, nossa aspereza, devem desaparecer na nova forma que o Espírito Santo nos dará.

Em quinto lugar, a água sempre procura os lugares mais baixos. Ela nunca enche os lugares mais altos e depois desce para aos mais baixos, mas sim enche os lugares mais baixos e, a partir daí, busca os lugares mais elevados! Apenas quando a água atinge o fundo, a parte mais baixa de um recipiente ou lugar, é que ela começa a subir! E quando o faz, o faz subindo no mesmo nível, sem nenhuma diferença de altura, em toda a sua extensão, independentemente da forma desconexa que o vaso ou lugar tenha! Nossos desníveis não desnivelam o Espírito Santo! Ele mantém o mesmo nível, apesar de nossos desníveis! O Espírito Santo primeiro desce as regiões mais profundas de nosso ser, as “regiões abismais de nossa alma”, e só então, após limpá-la, purificá-la, começa a nos encher! (Salmo 139:23,24). Um homem cheio do Espírito Santo é alguém que passou por uma lavagem espiritual profunda, que teve todos os cantos de sua alma examinados, vistoriados, purificados, e que possui em todo a extensão de seu ser, uma medida perfeita do Espírito Santo! Não é isto realmente fantástico, amigo leitor?

Em sexto lugar, a água assume a forma do vaso. A água é o elemento mais adaptável, mais amoldável que se conhece! O vaso pode ter o tamanho, a forma e a cor que tiver que a água não se limitará por nenhuma dessas coisas, mas ocupará todo o espaço vazio. É o vaso que delimita a quantidade de água que deve ser nele colocada. Assim acontece com o Espírito Santo. Ele não olha para o tamanho, o material ou a forma do vaso e sim para o espaço que tem para preenchê-lo. O Espírito Santo não nos discrimina; nós sim, o limitamos. Nenhum de nós tem a responsabilidade de ser o vaso que é, visto tal decisão não depender de nós e sim do oleiro que nos fez (Jeremias 18:1-4 / Romanos 9:20,21), mas temos a responsabilidade sobre o que permitiremos ser colocado dentro de nós. Deixemos então o Espírito Santo ocupar todos os espaços de nossa alma e, por menor que seja o nosso vaso, ele irá transbordar do poder do Espírito!

Em sétimo lugar, a água é um excelente condutor de eletricidade. Por causa desta sua característica, os oceanos são os maiores aparadores de raios da natureza. Quase não vemos estas descargas elétricas caírem do céu na terra, mas quando elas caem, provocam grandes estragos. O Espírito Santo ao vir sobre uma vida ou uma congregação de fiéis provoca descargas espirituais imensas, impossíveis de serem controladas, mas, ao contrário destas, não destrói nada nem ninguém. Veja o que Ele fez no ajuntamento da casa de Cornélio. Enquanto Pedro pregava o Evangelho, o Espírito Santo e os convidados ficaram ouvindo-o. Então Pedro chegou a um ponto de sua mensagem no qual disse: “todos os que Nele crêem (em Cristo) receberão o perdão dos pecados pelo seu Nome” (Atos 10:43). Era a “deixa” para o Espírito Santo “cair”! O sinal divino pelo qual Ele tanto esperara! O texto diz que o Espírito Santo “caiu” sobre os ouvintes e todos aqueles gentios (estrangeiros) começaram a falar em outras línguas e a magnificar a Deus! Uau! Que descarga poderosa trazida naquela tempestade de Deus! Onde houver um filho do Espírito Santo, descargas elétricas de imenso poder espiritual vão começar a acontecer! Oh! Glória!

Na próxima palestra continuaremos com outros símbolos do Espírito.

Deus abençoe a todos.

Caso seja do interesse de meu prezado leitor discutir mais sobre o assunto, envie-me seus comentários, questionamentos, sugestões, críticas e, quando houver, possíveis elogios.

II. Espírito Santo: Um Deus Inferior?

 

Palestra II

ESPÍRITO SANTO: UM DEUS INFERIOR?

Estudo elaborado pelo Pastor Olívio em Realengo, no Rio de Janeiro, em agosto de 2012

INTRODUÇÃO

Demonstrei na palestra anterior que o Espírito Santo não é uma coisa, um objeto, uma energia, e sim um Ente, um Ser dotado de personalidade que integra a poderosa Trindade de Deus. Entretanto, sei que muitos têm olhado para o Espírito Santo como se fora um Deus de terceira categoria, inferior ao Pai e ao Filho, porquanto aparece sempre como subordinado a estes e, ainda, por aparecer sempre em último lugar na colocação que a Bíblia faz das pessoas da Trindade. Seriam estas insinuações, indicações de que, de fato, o Espírito Santo é um Deus menor? Quererão elas dizer que o Espírito Santo é realmente um Deus subserviente, submisso, servil às demais pessoas da Trindade? Qual o lugar do Espírito Santo na poderosa Trindade Divina?

Vamos examinar alguns títulos vinculadores da pessoa do Espírito Santo às pessoas de Cristo e de Deus Pai.

TITULOS DE VINCULAÇÃO DO ESPÍRITO SANTO ÀS DEMAIS PESSOAS DA TRINDADE

As Escrituras apresentam vários títulos vinculando a pessoa do Espírito Santo à pessoa de Deus Pai. São eles:

  • Espírito de Deus (Gênesis 1:2);

  • Espírito do Senhor Deus (Isaías 61:1);

  • Espírito do Deus Vivo (2ª Coríntios 3:3);

  • Espírito do Pai (Mateus 10:20).

Com relação a pessoa de Deus Filho esses títulos são:

  • Espírito do Senhor (Atos 8:39);

  • Espírito de Cristo (1ª Pedro 1:11);

  • Espírito de Jesus Cristo (Fi9lipenses 1:19,20);

  • Espírito de Jesus (Atos 16:7);

  • Espírito do Filho de Deus (Gálatas 4:6).

Todos esses títulos pretendem realmente dizer que o Espírito Santo “pertence” às duas outras pessoas da Trindade, é propriedade delas, como se fora um objeto? Possui o Espírito Santo autonomia para agir por si próprio ou só pode agir quando mandado pelas outras pessoas da Trindade?

EXPLICANDO A VINCULAÇÃO DO ESPÍRITO SANTO AO DEUS PAI E AO DEUS FILHO

Vamos entender primeiramente que, sendo as criaturas do céu, seres espirituais (anjos, arcanjos, serafins, etc.), e sendo Deus também espírito, o chamar o Espírito Santo só de Espírito, não o vincularia a nada, nem a ninguém, nem ainda lhe indicaria a origem, pois que Ele ficaria sendo apenas mais um dos muitos espíritos a conviverem no Universo! Nem mesmo quando o chamamos de Espírito Santo o estamos ligando a alguém, pois, Deus, que é um espírito, é essencialmente um espírito Santo! Apenas quando vinculamos o Espírito Santo à pessoa de Deus Pai ou à pessoa do Deus Filho, chamando-o de Espírito de Deus ou de Espírito de Cristo, é que o relacionamos, o vinculamos, à Pessoa do Deus Todo-Poderoso, à Trindade Perfeita do Senhor! Aprendemos assim que esta vinculação do Espírito Santo às demais pessoas da Trindade, longe de ser depreciativa, diminuidora, é extremamente necessária para indicar-lhe a origem e a conexão!

Outra coisa que devemos entender é que a designação que o Pai e o Filho fazem acerca do Espírito Santo chamando-o de “meu Espírito”, longe de ser uma questão de supremacia, de superioridade de ambas as pessoas divinas sobre o Espírito Santo, é sim uma declaração de intimidade, de essencialidade, de internalidade de Deus. É como se Deus estivesse dizendo que a pessoa ou o objeto sobre o qual Ele vai enviar o seu Espírito, vai ser tocado pela sua parte mais íntima, mais profunda, visto ser o espírito a parte mais interna, mais essencial do ser! O apóstolo Paulo ensinou isto aos crentes coríntios, dizendo-lhes: “o Espírito penetra todas as coisas, ainda as profundezas de Deus. Porque, qual dos homens sabe as coisas do homem, senão o espírito do homem, que nele está? Assim também ninguém sabe as coisas de Deus, senão o Espírito de Deus” (1ª Coríntios 2:10,11). Assim como o espírito é a parte mais íntima do homem; sua alma, a parte mais central; e, o seu corpo, a mais externa, assim também a “parte mais externa” de Deus é o Pai, a “mais central” é o Filho e, a “mais interna”, o Espírito Santo. Claro está que isto é apenas uma forma didática de se falar sobre Deus a fim de facilitar a compreensão do estudante, visto Deus não ser constituído de “partes” e sim de “pessoas“. Quando, pois, o Pai ou o Filho aparecem na Bíblia dizendo: “vou enviar o meu espírito” ou “vou derramar do meu espírito”, eles estão dizendo que vão partilhar de sua intimidade, de sua essência com a criatura ou outro elemento qualquer de sua criação! Isso é honra demais! È privilégio demais! É dignidade demais!

O Espírito Santo não se importa de ser chamado de “meu Espírito” por Deus Pai ou por Deus Filho, pois que isto é sinal de carinho da parte deles, é sinal de intimidade, de comunhão extrema. Particularmente eu adoro quando meus filhos me chamam de “meu pai” ou minha esposa me chama de “meu marido”. Longe disto ser uma manifestação egoísta da parte deles sobre mim, de ser um sentimento frio de posse sobre a minha pessoa, é sim um compartilhamento do sentimento de amor, de integração, de união existente entre nós. Eu desejo sim pertencer a eles! Eu quero sim ser propriedade deles em amor, pois que são pessoas maravilhosíssimas! Da mesma maneira que o escravo antigo quando queria pertencer para sempre ao seu dono, por ser o seu dono uma pessoa boa, tinha a sua orelha furada para demonstrar a todos a sua nova condição de “prisioneiro voluntário” ou do apóstolo Paulo em seu amor por Cristo quando, ao escrever a seu amigo Filemom, disse ser “Paulo, prisioneiro de Jesus Cristo” (Filemom 1,9), assim também, todas as pessoas da Trindade desejam mesmo pertencer uma a outra, em total comunhão e integração. A superioridade aqui não está em ficar dando ordem um ao outro e sim em servir com amor, com o coração, um ao outro!

EXPLICANDO A SUBORDINAÇÃO DO ESPÍRITO SANTO AO DEUS PAI E AO DEUS FILHO

Algumas pessoas também têm dito que o Espírito Santo é um Deus inferior ao Pai e ao Filho, por só ter vindo depois da morte, ressurreição e ascensão de Cristo (o Filho) e ainda por vir sempre em último lugar nas listas em que as três pessoas da Trindade aparecem. Para isto citam várias passagens em que tal coisa acontece, como por exemplo:

  • Mateus 28:19 – “Portanto, ide, ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo”.

  • 2ª Coríntios 13:13 – “A graça do Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus, e a comunhão do Espírito Santo, seja com todos vós”.

  • 1ª João 5:7 – “Porque três são os que testificam no céu: o Pai, a Palavra, e o Espírito; e estes três são um”.

Mas será que tais pessoas – uma das quais pode ser o meu prezado leitor -, observaram que esta não é uma ordem fixa, imutável, inflexível? Observaram, por exemplo, que, em algumas destas listas, o Filho aparece em primeiro lugar e o Pai em último? Que em algumas delas o Espírito Santo aparece em primeiro lugar e o Filho por derradeiro? Se não, vejamos:

  • Em 1ª Coríntios 11:4-6, o Espírito Santo aparece em primeiro, o Filho em segundo e o Pai em terceiro: “Ora, há diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo. E há diversidade de ministérios, mas o Senhor (Jesus) é o mesmo. E há diversidade de operações, mas é o mesmo Deus (Pai) que opera tudo em todos”.

  • Em 2ª Tessalonicenses 3:5, o Espírito Santo também aparece em primeiro, o Pai em segundo e o Filho em terceiro: “Ora, o Senhor (Espírito Santo) encaminhe os vossos corações no amor de Deus (o Pai) e na paciência de Cristo (o Filho)”.

  • Em 1ª Pedro 1:2, o Pai aparece em primeiro, o Espírito aparece em segundo, e o Filho em terceiro: “Eleitos, segundo a presciência de Deus Pai, em santificação do Espírito, para a obediência e aspersão do sangue de Jesus Cristo”.

  • Em 1ª Pedro 3:18 o Filho aparece em primeiro, o Pai em segundo e o Espírito em terceiro: “Porque também Cristo padeceu uma vez pelos pecados, o justo pelos injustos, para levar-nos a Deus; mortificados, na verdade, na carne, mas vivificado pelo Espírito”.

  • E que dizer da “benção apostólica” de 2ª Coríntios 13:13, pronunciada ao final dos cultos em nossas igrejas? Acaso ainda não percebemos que nela o Filho aparece também em primeiro, o Pai em segundo e o Espírito em terceiro? Veja: “A graça do Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus, e a comunhão do Espírito Santo, seja com todos vós”.

Como o meu prezado leitor pode ver, não se pode construir uma teologia sobre a importância das pessoas divinas com base nas listas bíblicas onde elas aparecem por não serem estas listas um ordenamento de caráter fixo, definitivo, imutável. Estas listas não traduzem a ascendência ou subserviência das pessoas da Trindade, uma em relação às outras, e sim o inter-relacionamento das pessoas da Deidade.

EXPLICANDO O PAPEL DO ESPÍRITO SANTO NA TRINDADE DIVINA

Outra insinuação feita por alguns sobre a importância do Espírito Santo na Deidade, encontra-se no seu pequeno destaque no Antigo Testamento e, ainda, no fato de Ele só ter vindo á Terra depois da morte, ressurreição e ascensão de Cristo. Segundo o ponto de vista dessas pessoas, isto só acontece em função das atividades do Espírito Santo serem de menor importância em relação as atividades das demais pessoas da Deidade. Mais outra vez dizemos que não se trata aqui de fixar a ascendência de uma pessoa divina em relação às demais e sim no estabelecimento da função, do papel, da missão de cada uma delas dentro do Conselho Divinal, ou seja, dentro do Conselho de Si Mesmas! Segundo o Conselho de Deus, todo o planejamento de ações deve ficar a cargo do Pai; toda a realização dessas ações deve ficar a cargo do Filho; e, todo o entendimento dessas ações deve ficar a cargo do Espírito Santo. Não se trata de dizer que o “maior” tem de ficar com o “melhor” e que o “menor” tem de ficar com o “pior”, e sim de uma divisão de tarefas! O que é mais importante? Criar? Mas do que adianta criar, se não tem ninguém para realizar? Realizar, talvez? Mas realizar o que, se não há nada planejado para ser realizado? Aplicar? Mas aplicar o que se nada foi realizado para se demonstrar a sua aplicação?

Querido, quando Deus intenta realizar alguma coisa Ele mobiliza todas as pessoas da Deidade. Nenhuma pessoa divina fica responsável pelo projeto todo, mas também nenhuma pessoa divina fica fora dele. Enquanto uma cria, outra realiza, e outra aplica. Cada uma fica responsável mais diretamente por uma parte, mas todas participam de todas as ações divinas. O papel de cada pessoa da Deidade é diferenciado e complementar. Onde um termina, o outro começa e projeta o que ainda falta, o que deve ser feito para o outro, de forma que todas participam de uma mesma missão. Assim é que na criação, obra atribuída a Deus Pai (Gênesis 1:1), encontramos a participação do Filho (João. 1:1-3,10) e do Espírito Santo (Gênesis 1:2 / Jó 26:13 / Salmo 104:30). Na salvação, obra atribuída ao Filho, encontramos a participação do Pai (João 3:16) e do Espírito Santo (João 16:7-15). Na santificação, obra atribuída ao Espírito Santo, vemos a ação de Deus, o Pai (Levítico 11:44,45) e de Deus, o Filho (Hebreus. 2:10,11 / 9:13,14), e este modelo se repete em todas as ações do Senhor. Deus trabalha em conjunto consigo mesmo, não discriminando uma pessoa da Deidade para favorecer ou desmerecer a outra. Isso é coisa que nós humanos fazemos, pois discriminamos as pessoas por qualquer coisa de diferente que estas tenham das demais!

Quanto a vir o Espírito Santo por último nas ações da Deidade isto é uma questão de lógica e de acerto entre as pessoas da Trindade. Toda ação divina começa em Deus e termina em Deus. A missão de salvação do homem é um bom exemplo disso: o Pai providenciou a salvação do homem através de seu Filho que, após a ter providenciado, precisa do Espírito Santo para aplicá-la ao coração dos homens! Assim é que temos em todo o Antigo Testamento Deus Pai preparando a humanidade para a recepção do Salvador; nos Evangelhos temos Deus Filho entre nós realizando a nossa salvação; em Atos e demais epístolas do Novo Testamento temos Deus Espírito Santo aplicando essa salvação no coração dos crentes. O Espírito Santo tinha de vir por último mesmo, pois que a salvação do homem ainda estava sendo providenciada! Não dá para colocar uma coisa na frente da outra, pois que todas seguem uma seqüência lógica! O que há de “maior” ou de “menor” nisto?

CONCLUSÃO

Espero que o prezado leitor que ainda possuía alguma dúvida sobre a posição do Espírito Santo em relação as demais pessoas da Deidade por causa de sua vinculação a elas, ou que achava que o Espírito Santo era um Deus inferior ao Deus Pai e ao Deus Filho por vir sempre colocado em último lugar nas listas em que todos aparecem citados, ou que achava que a sua vinda por último à Terra ou nas atividades desempenhadas pela Trindade, indicava que Ele era um Deus inferior tenha se dissipado plenamente. Que a partir de agora o meu prezado leitor olhe para o Espírito Santo com uma devoção nunca antes sentida, reconhecendo ser Ele o nosso Deus e Senhor, como já acontece com Deus Pai e com Deus Filho.

Deus abençoe a todos.

Caso seja do interesse de meu prezado leitor discutir mais sobre o assunto, envie-me seus comentários, questionamentos, sugestões, críticas e, quando houver, possíveis elogios.

I. Quem ou o Que Ele é?

 

Palestra I

QUEM OU O QUE ELE É?

Estudo elaborado pelo Pastor Olívio em Realengo, no Rio de Janeiro, em julho de 2012

Por favor, leia atentamente estas passagens:

  • “O Espírito de Deus se movia sobre a face das águas” (Gênesis 1:2);

  • “E tirando (Deus) do Espírito que estava sobre ele (Moisés), o pôs sobre aqueles setenta anciãos: e aconteceu que, quando o Espírito repousou sobre eles, profetizaram; mas depois nunca mais” (Números 11:25);

  • “Então o Espírito do Senhor se apossou dele (de Sansão) tão possantemente que o fendeu (ao leão) de alto a baixo, como quem fende um cabrito, sem ter nada na sua mão” (Juízes 14:6);

  • “E há de ser que depois, derramarei (Deus) o meu Espírito sobre toda a carne” (Joel 2:28);

  • “Todos foram cheios do Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas” (Atos 2:4);

  • “E dizendo Pedro ainda estas palavras, caiu o Espírito Santo sobre todos os que ouviam a palavra” (Atos 10:44)

  • “E não vos embriagueis com vinho em que há contenda, mas enchei-vos do Espírito” (Efésios 5:18);

  • “Todos temos bebido de um Espírito” (1ª Coríntios 12:13);

  • “E havendo dito isto (Jesus), assoprou sobre eles e disse-lhes: Recebei o Espírito Santo” (João 20:22).

Estas são apenas algumas das muitas passagens bíblicas que se reportam ao Espírito Santo como se fora uma pessoa e também como uma coisa estranha a serviço de Deus! Ora ele aparece como tendo vontade, personalidade; ora como um poder impessoal, um líquido ou um gás que pudesse ser derramado ou soprado em um recipiente qualquer! Afinal de contas, quem ou o que é o Espírito Santo?

DESCOBRINDO QUEM OU O QUE É O ESPÍRITO SANTO

Muitos estudantes sinceros, por conta dessa linguagem esquisita, simbólica, figurativa, têm desenvolvido uma concepção errada sobre quem ou o que seja o Espírito Santo. O resultado disso, claro, é também uma fé errada, frágil, quebradiça, porquanto alicerçada em um erro. Minha esperança é que até o final desta palestra, o prezado leitor, após ter examinado a pertinência das passagens bíblicas citadas e a solidez ou não dos argumentos sobre elas elaborados, possa desenvolver em seu coração uma posição mais justa e mais de acordo com aquilo que as Escrituras ensinam sobre o Espírito Santo.

A primeira grande coisa que desejo destacar neste estudo é que…..

O ESPÍRITO SANTO É UMA PESSOA!

Sim! Isto pode parecer uma afirmativa simplista e até desnecessária, tendo em vista já termos ouvido bastante sobre o Espírito Santo, mas ela pode fazer toda a diferença para aquele que até este momento acreditava que o Espírito Santo era apenas uma força impessoal, um poder incomum, algum tipo de energia utilizada por Deus para realizar os seus propósitos! É interessante notar que toda vez que Jesus se referia ao Espírito Santo utilizava um pronome pessoal, um designativo próprio dado apenas a seres inteligentes, a pessoas. Observe:

  • Mas aquele Consolador, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas, e vos fará lembrar de tudo quanto vos tenho dito” (João 14:26);

  • “Mas quando vier o Consolador, que eu da parte do Pai vos hei de enviar; aquele Espírito de verdade, que procede do Pai, ele testificará de mim” (João 15:26);

  • “Quando ele (o Espírito Santo) vier, convencerá o mundo do pecado, e da justiça, e do juízo” (João 16:8).

A igreja cristã seguiu fielmente este ensinamento de Cristo, conforme registro do médico Lucas ao escrever sobre uma visão que o apóstolo Pedro tivera:

  • “Pensando Pedro naquela visão, disse-lhe o Espírito Santo: Eis que três varões te buscam. Levanta-te, pois, e desce, e vai com eles, nada duvidando; porque eu os enviei”. (Atos 10:19,20).

Muitas outras passagens bíblicas demonstrando ser o Espírito Santo uma pessoa serão aqui citadas. O importante é que o leitor perceba que, caso o Espírito Santo fosse uma mera força impessoal, um poder incomum ou apenas uma influência, e não poderia realizar essas coisas, próprias de seres inteligentes, de pessoas, tais como: ensinar, fazer lembrar, testificar, convencer, falar, ordenar, enviar e consolar. Jesus e seus discípulos estariam errando ao tratá-lo como uma pessoa e o próprio Espírito Santo estaria nos enganando, ao se fazer passar por um ente, um ser, uma pessoa, que ele não seria. Só que para fazer isto necessariamente essa tal ”coisa enganadora” teria de ser inteligente – e muito inteligente, por sinal-, pois enganar é faculdade de quem tem muita inteligência e falta de caráter, o que torna o argumento de que o Espírito Santo é uma coisa, algo totalmente impossível! Como pessoa que é, o Espírito Santo possui sentimentos (Romanos 8:27 / 15:30), intelecto (1ª Coríntios 2:11) e vontade (1ª Coríntios 12:11), podendo ser, como o nosso Mestre Jesus e qualquer um de nós,

  • Tentado (no sentido de ser provocado) – “Então Pedro lhe disse (a Safira, mulher de Ananias, que acordara com o marido mentir ao Espírito Santo): Por que é que entre vós vos concertastes para tentar o Espírito do Senhor? Eis aí à porta os pés dos que sepultaram o teu marido, e também te levarão a ti” (Atos 5:9);

  • Resistido – “Homens de dura cerviz, e incircuncisos de coração e ouvido; vós sempre resistis ao Espírito Santo; assim vós sois como vossos pais” (Atos 7:51). Discurso de Estevão, primeiro mártir cristão, no mesmo Concílio Judaico que julgara Jesus.

  • Entristecido – “Não entristeçais o Espírito Santo de Deus, no qual estais selados para o dia da redenção” (Efésios 4:30). Conselho de Paulo aos crentes de Éfeso.

  • Agravado (ofendido) – “De quanto maior castigo cuidais vós será julgado merecedor aquele que pisar o Filho de Deus, e tiver por profano o sangue do testamento com que foi santificado, e fizer agravo ao Espírito da graça” (Hebreus 10;29). Sentença do desconhecido escritor da Carta aos Hebreus aos seus leitores.

  • Rejeitado – “Então disse o Senhor: Não contenderá o meu Espírito para sempre com o homem; porque ele também é carne; porém os seus dias serão cento e vinte anos” (Gênesis 6:3). Sentença do Senhor para as gerações antediluvianas.

  • Blasfemado – “Portanto eu vos digo: Todo pecado e blasfêmia se perdoará aos homens; mas a blasfêmia contra o Espírito não será perdoada aos homens. E, se qualquer disser alguma palavra contra o Filho do homem, ser-lhe-á perdoado, mas se alguém falar contra o Espírito Santo, não lhe será perdoado, nem neste século nem no futuro” (Mateus 12:31,32). Sentença de Jesus Cristo aos fariseus que o acusavam de expulsar demônios através de Belzebu, um espírito do mal.

  • Extinto (sem influência na vida do cristão) – “Não extingais o Espírito” (1ª Tessalonicenses 5:19). Conselho de Paulo aos crentes de Tessalônica, onde havia muitas manifestações do Espírito Santo.

Viu? Todas essas ações malignas são feitas contra pessoas e não contra um poder impessoal!

Mas dizemos também que o Espírito Santo é uma pessoa porque Jesus o chamou de Consolador. Força impessoal não consola ninguém, não é mesmo, irmão? Ao falar o Mestre para os seus discípulos que iria para o céu preparar-lhes lugar, afirmou-lhes que rogaria ao Pai para que lhes enviasse “outro Consolador” (João 14:16) – uma pessoa para substituir outra pessoa -, já que Jesus, o nosso Consolador terreno iria ser substituído, e Ele era uma pessoa e não uma coisa! A quem Jesus estava se referindo, chamando esse outro de Consolador? Não podia ser Ele mesmo, pois que estava partindo da Terra: “Convém que eu vá, porque se eu não for, o Consolador não virá a vós; mas se eu for, enviar-vo-lo-ei” (João 16:7). Não podia também ser o Pai, pois quem envia não pode ser o enviado e o Pai é quem seria o responsável pelo envio deste “outro Consolador”! Jesus estava se referindo ao Espírito Santo, como bem pode ser visto na primeira passagem deste tópico de João 14:26!

A palavra “Consolador”, pela qual o Espírito Santo é chamado, é uma interessante palavra traduzida do grego PARÁKLETOS com vários significados, quais sejam; Confortador, Conselheiro, Advogado, Ajudador. Ela aparece 5 vezes em nossas Bíblias – 4 vezes ela é traduzida como Consolador (João 14:16,26 / 15:26 / 16:7) e 1 vez como Advogado (1ª Epístola de João 2:1) e significa, originalmente, “alguém que é chamado para o nosso lado para nos ajudar, defender, aconselhar e guiar”. Isto é o que faz o maravilhoso Espírito Santo por nós!

Agora você já está sabendo porque o Senhor Jesus nunca se referiu ao Espírito Santo como “isto” ou “aquilo” e sim como “ele”, “este” ou “aquele”. O Espírito Santo não é uma coisa, um objeto, uma energia a serviço de Deus, e sim uma Pessoa, e como pessoa que é, merece o mesmo respeito que devotamos ao Senhor Jesus!

Mas, ao se referir Jesus ao Espírito Santo como sendo o “outro” Consolador nos revelou uma coisinha mais, importantíssima para o exercício correto de nossa fé: Ele nos revelou qual era o status do Espírito Santo no céu, ou seja, a sua posição celestial!

O ESPÍRITO SANTO É UMA PESSOA DIVINA!

Jesus usou a palavrinha “ALLOS” ao referir-se ao Espírito Santo como o “outro” Consolador que viria à Terra e não a palavrinha “HETEROS” que poderia ter usado, caso desejasse. O que há demais nestas duas palavrinhas? É que apesar de ambas serem traduzidas de seu original grego para a língua portuguesa como sendo “outro”, o termo “ALLOS”, conforme utilizado em João 14:16, significa, “outro da mesma espécie e natureza”, enquanto “HETEROS”, utilizado pelo apóstolo Paulo em Gálatas 1:6 para falar de “outro evangelho”,  significa, “outro de espécie e natureza diferentes!” Isto é o mesmo que dizer que o Espírito Santo é o “outro da mesma espécie e qualidade que Jesus!” O que Jesus é, o Espírito Santo também é! O que Jesus faz, o Espírito Santo também faz! Jesus é o Consolador? O Espírito Santo também! (Salmo 23:4). Não é isto realmente incrível!

Algo, porém, de mais incrível, de mais espetacular ainda se pode derivar destas declarações do Cristo: sendo o Pai de Jesus, o Deus Altíssimo, o único Ser do universo reconhecido como a fonte de toda consolação (Isaías 49:13 / 51:12 / 52:9 / Jeremias 31:13), chamar a Cristo e ao Espírito Santo de Consoladores é o mesmo que colocá-los no mesmo patamar divino, no mesmo nível de divindade do Altíssimo, na mesma posição de Deus Pai! É o mesmo que afirmar que ambos, o Espírito Santo e Jesus, fazem também parte, com o Pai, de um assombroso e inexplicável ser triunitário, triúnico, tripessoal, a que denominamos de Deus! Assim é que o Pai é Deus, o Filho é Deus, e o Espírito Santo também é Deus! Como Deus triúnico que é, este Ser Divino deve ser adorado, reverenciado e obedecido, sem distinções de adoração em todas as manifestações de suas pessoas!

Para corroborar as declarações que fizemos acima, e fortalecer ainda mais a fé de nosso prezado leitor, elencamos alguns dos atributos, atividades é títulos divinos devotados ao Deus Pai, mas que também são devotados ao Deus Espírito Santo. Observe:

  • O Espírito Santo é chamado de Deus, nas Escrituras – “Disse então Pedro: Ananias, por que encheu Satanás o teu coração, para que mentisses ao Espírito Santo, e retivesses parte do preço da herdade? Guardando-a não ficava para ti? E, vendida, não estava em teu poder? Por que formaste este desígnio em teu coração? Não mentiste aos homens, mas a Deus” (Atos 5:3,4);

  • Ele é Eterno – “Quanto mais o sangue de Cristo, que pelo Espírito eterno se ofereceu a si mesmo imaculado a Deus, purificará as vossas consciências das obras mortas, para servirdes ao Deus vivo?” (Hebreus 9:14);

  • Ele é a Verdade – “Este é aquele que veio por água e sangue, isto é, Jesus Cristo: não só por água, mas por água e sangue. E o Espírito é o que testifica, porque o Espírito é a verdade” (1ª João 5;6) – comp. c/ Deuteronômio 32:4 e João 14:6;

  • Ele é chamado de Senhor, exatamente como Cristo e o Pai o são – “Ora o Senhor (Espírito Santo) encaminhe os vossos corações no amor de Deus (o Pai) e na paciência de Cristo (o Filho)” (2ª Tessalonicenses 3:5); “Ora o Senhor é Espírito; e onde está o Espírito do Senhor aí há liberdade. Mas todos nós, com cara descoberta, refletindo como um espelho a glória do Senhor, somos transformados de glória em glória na mesma imagem, como pelo Espírito do Senhor” (2ª Coríntios 3:17,18).

  • Ele é co-Criador do mundo com o Pai e com o Filho – “E a terra era sem forma e vazia; e havia trevas sobre a face do abismo; e o Espírito de Deus se movia sobre a face das águas” (Gênesis 1:2) – comp. c/ Gênesis 1:1 e Colossenses 1:16,17;

  • Ele é Onipotente como Deus – “E respondendo o anjo, disse-lhe: Descerá sobre ti o Espírito Santo, e a virtude do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra: pelo que também o santo que de ti há de nascer, será chamado Filho de Deus….Porque para Deus nada é Impossível” (Lucas 1:35,37);

  • Ele é Onipresente – “Para onde me irei do teu Espírito, ou para onde fugirei da tua face? Se subir ao céu, tu aí estás; se fizer no Sheol a minha cama, eis que tu ali estás também. Se tomar as asas da alva, se habitar nas extremidades do mar, até ali a tua mão me guiará e a tua destra me susterá” (Salmo 139:7-10);

  • Ele é Onisciente – Quem guiou o Espírito do Senhor? E que conselheiro o ensinou? Com quem tomou conselho, para que lhe desse entendimento e lhe mostrasse as veredas do juízo e lhe ensinasse sabedoria, e lhe fizesse notório o caminho da ciência?” (Isaías 40:13,14); “O Espírito penetra todas as coisas, ainda as profundezas de Deus. Porque qual dos homens sabe as coisas do homem, senão o espírito do homem que nele está? Assim também ninguém sabe as coisas de Deus, senão o Espírito de Deus” (1ª Coríntios 2:10,11);

  • Ele é plenamente Santo – “Pois se vós sendo maus sabeis dar boas dádivas aos vossos filhos, quanto mais dará o Pai celestial o Espírito Santo àqueles que lho pedirem?” (Lucas 11:13);

  • Ele aparece lado a lado com o Pai e o Filho fazendo parte da Trindade Divina – “Portanto ide, ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo” (Mateus 28:18-20). O nome é um, mas as pessoas são três. “Mas ele (Estevão), estando cheio do Espírito Santo, fixando os olhos no céu, viu a glória de Deus, e Jesus, que estava à direita de Deus” (Atos 7:55);

ELE É DEUS!

Agora você sabe porque muitas pessoas ao lerem as Escrituras ficaram tão impressionadas com o Espírito Santo que passaram a dizer que ele era uma energia incomum, um poder sobrenatural, alguma coisa muito poderosa sem limites! Eles estavam quase que totalmente certos ao afirmarem assim, só errando por desconhecerem que o Espírito Santo é uma pessoa! Sendo o Espírito Santo Deus e, sendo Deus um ente Todo-Poderoso, o Espírito Santo não podia ser mesmo um ente fraco, débil, sem vigor! O próprio Cristo associou o poder ao Espírito Santo (Atos Lucas 24:49 / 1:8). O Espírito Santo que o prezado leitor comunga e serve, como o Pastor Olívio também o faz, é um ser extraordinário, fantástico, que tem poder para fazer tudo quanto deseja, pois que é o próprio Deus!

Mas agora você também sabe porque o Espírito Santo não é um líquido ou um gás! Ele é o Deus que é espírito, como disse Jesus para aquela mulher samaritana (João 4:24) e o espírito, como nos ensinou também o apóstolo Paulo, penetra todas as coisas, nada havendo no universo que não possa ser penetrado por Ele, nem mesmo as profundezes de Deus! (1ª Coríntios 2:10,11). Quando a Bíblia, pois, diz, que alguém foi “cheio do Espírito Santo”, ou que “o Espírito Santo caiu sobre o indivíduo”, está nos dizendo que o indivíduo recebeu uma porção maior, uma invasão maior do Espírito Santo em sua vida e que, a partir daquele momento, vai começar a manifestar mais coisas ainda do Espírito Santo em sua vida de fé! Daí aparecerem línguas estranhas, dons esquisitos e poderosos, inspirações nunca antes tidas, capacidade de pregar sobre um livro codificado, ousadia para fazer coisas nunca antes tentadas, etc. O Espírito Santo é vibração pura!

Nunca esqueça que o Espírito Santo é uma pessoa extremamente sensível, poderosa e amiga, enviada pelo nosso Pai em resposta a oração do Cristo que, para não ser acusado de só ter resistido as tentações, vencer o Diabo, e realizar a sua obra porque tinha o Espírito Santo com Ele, também solicitou ao Pai que nos enviasse o mesmo Espírito Santo, para que tivéssemos as mesmas condições de vitória que o Cristo teve. Nada, pois, de ficar nos enganando e procurando desculpas para nossas fraquezas. O Espírito Santo que estava em Jesus é o mesmo que está em nós. Vamos, pois, honrá-lo, exaltá-lo e dignificá-lo com a nossa obediência e vida de poder, está bem irmão?

Deus abençoe a todos.

Caso seja do interesse de meu prezado leitor discutir mais sobre o assunto, envie-me seus comentários, questionamentos, sugestões, críticas e, quando houver, possíveis elogios.

I. Onde Tudo Começou

 

Palestra I

ONDE TUDO COMEÇOU

Estudo elaborado pelo Pastor Olívio em Realengo, no Rio de Janeiro, em fevereiro de 2012

Uma das coisas que mais surpreendem os leitores da Bíblia Sagrada é encontrar, logo no seu início, mais especificamente no seu terceiro capítulo, do total de 1189 que ela contêm, a figura do Diabo no Jardim do Éden conversando com o homem, este, recém criado por Deus. Por que ele está ali? Por que está no lugar aonde Deus vinha comungar com o homem? Por que o Senhor colocou o homem em um lugar onde o Diabo já estava presente? Não entendemos muito bem porque Ele deixou isto acontecer, pois a conversa que os dois estão travandoi não tem nada de inocente, não tem nada de ingênua, pois o Diabo está incitando o homem a se rebelar contra Deus! Por que o Senhor não fez nada? Por que não afastou logo o Diabo e protegeu o homem de suas investidas? Por que não destruiu o Maligno de imediato para afastar toda a possibilidade de ataques futuros? Não havia o Tentador acabado de promover uma horrível rebelião no céu? Não sabia o Senhor que o Diabo iria conseguir que o homem caísse de seu estado de pureza, lhe traria enormes problemas, inclusive a encarnação e morte de seu Filho Unigênito em horrendo sacrifício e promoveria a rebelião coletiva de toda a raça humana? Será que Deus é mesmo onisciente ou fomos nós quem colocamos este atributo Nele para dizer que tipo de Ser nós entendemos que seja Deus?

A simples aparição de uma entidade no Éden que não partilhava da alegria do Senhor, de sua satisfação imensa em realizar algo que Ele afirmava ser o seu maior projeto, o mais glorioso de toda a sua criação, mas intentava destruir essa sua obra, como fez o Diabo, já evidenciava a existência de um antagonismo antigo, um conflito bastante remoto, um estado de beligerância aguda entre essa entidade e o Senhor. Por outro lado, o não afastamento ou bloqueio imediato e antecipado de tal criatura no cenário onde se desenrolaria a pior tragédia cósmica de todos os tempos enche o nosso espírito de questionamentos e de sentimentos que não sabemos bem analisar. Onde foi que todo esse ódio do Diabo por Deus começou? Por que ele resolveu se tornar o arquiinimigo do Senhor, mesmo sabendo que não tinha a mínima chance de vencê-lo ou arruiná-lo? Por que fez questão de demonstrar para todas as criaturas universais que ele se opunha ferrenhamente a Deus, lhe era contrário em tudo o que fazia, não se subordinava as suas orientações e não temia ser destruído para sempre? O que poderia ter acontecido de tão ruim a este ser para ele ter chegado a esse ponto de vileza e de crueldade? Como pode um Deus bom ter criado um Diabo mau?

A Bíblia ensina que o ser que conhecemos atualmente como Diabo nem sempre foi assim. Que ele era um ser perfeito, cheio de sabedoria e formosura. Ele era o modelo da perfeição celeste, porquanto criado como querubim, considerado por muitos, a mais elevada criatura da Bíblia. Onde estiver um querubim aí estará a presença de Deus, pois os querubins são os encarregados de anunciarem e de levarem a presença do Divino a qualquer lugar do universo, seja no mundo espiritual, seja no mundo material. Não que Deus precise ser carregado de um para o outro lado, como acontece com os humanos, mas sim que Ele concede a honra, o privilégio, de ter a sua manifestação finita, corpórea, limitada, conduzida por seres criados por Ele para esta tarefa. Esta foi a razão de Ezequiel ter visto a “semelhança dum homem” sobre os querubins na visão que teve sobre o rio Quebar (Ezequiel 1:26). O Salmo 80:1 diz que “o Senhor se assenta entre os querubins” e o de número 99:1 que “Ele está entronizado (tem o seu trono) entre os querubins”. Os estranhos textos de Ezequiel 1 e 10 mostram os querubins trazendo a glória de Deus aos lugares onde aparecem. A tampa da Arca da Aliança, conhecida pelo nome de Propiciatório, trazia dois querubins de ouro puro, batido, feitos de uma só peça, que olhavam para dentro da Arca e tocavam-se, um ao outro, com as suas asas. Acima dos querubins Deus se comunicava pessoalmente com o Sumo-sacerdote (Êxodo 25:17-22). Os querubins estavam presentes no véu do Tabernáculo que separava o Santuário do Santíssimo (Êxodo 26:31) exercendo mais outra de suas atribuições: a proteção do sagrado. No Éden, após a expulsão do homem decaído, eles aparecem protegendo o caminho que levava à Arvore da Vida (Gênesis 3:22-24).

O ser que ficamos conhecendo como Diabo era o responsável pela adoração celeste e possuía grande proximidade com Deus. Tanta que intentou tomar o seu lugar! Era possivelmente a mais bela e elevada criatura já criada por Deus. Os textos de Isaías 13 e 14 o comparam ao rei de Babilônia a quem chamam de “jóia dos reinos” e os de Ezequiel 27 e 28 ao rei de Tiro, de quem se diz ser “mais sábio que Daniel” (28:3). Não sabemos qual o seu verdadeiro nome, visto Diabo ser apenas a qualificação de seu caráter, de sua personalidade após a queda, já que significa na língua grega, “mentiroso”, “caluniador”. No hebraico ele é conhecido como Satã, que significa “adversário”, “opositor”. O nome Lúcifer, atribuído a este ser em algumas versões da Bíblia, significa “portador da luz”, “quem tem ou dá luz”, o que revela como era alta a sua posição no céu antes de sua queda. Em Isaías 14:12 ele é chamado de “estrela da manhã”, “filho da alva”, numa clara referência ao planeta Vênus, corpo celeste de maior brilho no firmamento, após o Sol e a Lua. O Sol, como astro-rei de nosso sistema solar, possui brilho próprio e representa Cristo. Já a Lua, por ser um planeta, não possui brilho próprio, mas refletido. Ela representa a Igreja, que reflete a luz de Cristo. Em Gênesis 1:16 se diz que o Sol foi criado para governar o dia e a Lua para governar a noite. Cristo, como o Sol, permite que a vida se desenvolva em perfeita normalidade, tanto pela manhã como pela tarde. Já a Igreja dá a sua luz aos que estão em trevas, representadas pela noite. A luz da Lua some na luminosidade da manhã para significar que a Igreja desaparece totalmente em Cristo. As derivações que podem ser feitas dessas comparações são muitas, mas eu não vou explorá-las aqui. Desejo apenas destacar que Vênus, que representa Lúcifer, é o planeta precursor da aurora. Ele aparece pela manhã ou pela tarde, dependendo da posição do Sol, o que significa dizer que todos os seres constituídos, têm a sua posição definida, constituída, em relação a posição de Cristo, o ponto central de tudo! Aleluia!

Tendo em vista o objetivo de meu site de manter informadas pessoas de todos os credos e, até de quem não tenha credo nenhum, sobre assuntos escriturísticos, sejam estes religiosos ou não e, sabedor que nemtodos os que estão lendo esta palestra possuem um exemplar da Bíblia em casa ou acesso a internet para poderem baixar algum programa contendo a Bíblia para conferirem as passagens aqui citadas, resolvi redigir por completo o texto de Ezequiel 28:11-19 e tantos outros que falem sobre o assunto e que eu entenda ser interessante partilhar a fim de que o meu leitor o examine juntamente comigo e veja se a interpretação que estou dando aos mesmos faz sentido ou não. Vamos então ao texto citado:

“(11) Veio mais a mim a palavra do Senhor dizendo: (12) Filho do homem, levanta uma lamentação sobre o rei de Tiro, e dize-lhe: Assim diz o Senhor Jeová: Tu és o aferidor da medida, cheio de sabedoria e perfeito em formosura. (13) Estavas no Éden, jardim de Deus: toda a pedra preciosa era a tua cobertura, a sardônia, o topázio, o diamante, a turquesa, o ônix, o jaspe, a safira, o carbúnculo, a esmeralda e o ouro; a obra dos teus tambores e dos teus pífaros estava em ti; no dia em que foste criado foram preparados. (14) Tu eras querubim ungido para proteger; e te estabeleci; no monte santo de Deus, no meio das pedras afogueadas andavas. (15) Perfeito eras nos teus caminhos, desde o dia em que foste criado, até que se achou iniqüidade em ti. (16) Na multiplicação do teu comércio se encheu o teu interior de violência, e pecaste; pelo que te lançarei profanado fora do monte de Deus, e te farei perecer, ó querubim protetor, entre pedras afogueadas. (17) Elevou-se o teu coração por causa da tua formosura, corrompeste a tua sabedoria por causa do teu resplendor; por terra te lancei, diante dos reis te pus, para que olhem para ti. (18) Pela multidão das tuas iniqüidades, pela injustiça do teu comércio profanaste os teus santuários: eu pois fiz sair do meio de ti um fogo, que te consumiu a ti, e te tornei em cinza sobre a terra, aos olhos de todos os que te vêem. (19) Todos os que te conhecem entre os povos estão espantados de ti: em grande espanto te tornaste, e nunca mais serás para sempre”.

Por esse texto ficamos sabendo que Deus não criou o Diabo, mas que um ente do Senhor, de projeção excelente, de grandíssima proeminência, se tornou um Diabo (um “mentiroso”, “caluniador”). Jesus disse para Pedro: Não vos escolhi a vós os doze? E um de vós é um diabo. E isto dizia ele de Judas Iscariotes, filho de Simão; porque este o havia de entregar (trair), sendo um dos doze” (Evangelho de João 6:70,71). Toda vez que caluniamos alguém, traímos alguém, falamos mentiras sobre alguém, nos tornamos um Diabo, pois fazemos exatamente o que o Diabo faz. Este ser que conhecemos como Lúcifer era perfeito em todos os seus caminhos, desde o dia em que fora criado, até que se achou iniqüidade nele (v.15). Isto quer dizer que houve um tempo – acredite se quiser, leitor – em que Lúcifer era puro, santo, imaculado, que obedecia ao Senhor em tudo, até que resolveu desobedecê-lo. O texto de Gênesis 1:31 diz que “viu Deus tudo quanto tinha feito, e eis que era muito bom”. Isto incluía a criação dos anjos e de Lúcifer. Jesus disse em João 8:44 que Lúcifer “não se firmou na verdade”, o que significa dizer que ele conheceu a Verdade, viveu na Verdade, mas não se firmou nela.

A iniqüidade que surgira dentro do coração de Lúcifer não fora resultado de um defeito de fabricação, de um erro do Divino, mas era sim um sinal de perfeição, pois apenas seres livres, autônomos, soberanos, podem arbitrar entre coisas, entre obedecer e não obedecer. A liberdade para tomar decisões é o máximo de perfeição que um ser independente pode manifestar. Aqui nós podemos ver a grandeza da sabedoria de Deus. Ele não teve receio de criar seres livres que pudessem contestá-Lo, desobedecê-Lo ou levá-Lo a perder o controle sobre eles, pois caso fizesse isso, estaria sendo menos perfeito, menos divino, fazendo coisas abaixo de sua perfeição. E Deus não pode fazer nada que seja menos que perfeito. Ele poderia fazer de Lúcifer um ser de espetacular grandeza, de sabedoria inacreditável, mas incapaz de arbitrar. Lúcifer então seria fantástico, extraordinário, mas não poderia decidir nada. Seria um maravilhoso e elitizado robô. Mas ao fazer todas as suas criaturas livres como Ele mesmo é, Deus se arriscou a produzir criaturas capazes de desobedecê-lo, visto que se alguém é verdadeiramente livre é livre tanto para obedecer quanto para desobedecer. Quem não pode desobedecer não é livre para nada nem ainda é obediente, pois que não possui nenhuma alternativa a não ser a de obedecer mesmo, a de se submeter às ordens de seu superior. Lúcifer pecou porque era perfeito, tanto quanto Jesus não pecou porque perfeito era. Obedecer ou não a Deus é uma questão de escolha, de soberania, de sublime perfeição do ser.

O leitor pode então perguntar: “Como pode a iniqüidade acontecer em um ambiente totalmente asséptico, limpo e puro como o céu, sem nenhuma presença do mal? Como pode Lúcifer ser tentado a transformar seus pensamentos iníquos em atos iníquos, se não havia ninguém para tentá-lo?” O texto de Ezequiel ensina que a fonte de pecados de Lúcifer não estava fora dele, mas sim dentro dele mesmo! Não estava em algum ser tentador que o tivesse levado a cair, mas nele mesmo! Lúcifer tentou a si próprio! Ele foi a causa de sua própria tentação e queda, diferentemente de nossos pais que foram tentados por uma fonte externa, por alguém que estava fora deles, a saber, o próprio Lúcifer! Tiago, o irmão carnal de Jesus disse: “Ninguém sendo tentado diga: De Deus sou tentado; porque Deus não pode ser tentado pelo mal e a ninguém tenta. Mas cada um é tentado, quando atraído e seduzido pela sua própria concupiscência (cobiça). Depois havendo a concupiscência concebido, dá à luz o pecado; e o pecado sendo consumado, gera a morte” (Tiago 1:13-15). Aqui encontra-se descrito o processo de nascimento do pecado: primeiro, a cobiça, o desejo, a atração; depois, a “ruminância”, o prazer de ficar pensando e repensando na coisa desejada; depois a decisão, a resolução em dar à luz ao que foi germinado. Daí para a frente é só esperar a oportunidade. Veja o que Jesus falou sobre o nascimento do pecado em Mateus 5:27,28.

Como seres pensantes que somos podemos pensar sobre tudo o que quisermos, pois apenas pensar sobre algo, quer seja este algo bom ou ruim, não se constitui pecado em si, ainda que possa nos levar a ele. Muitos de nossos pensamentos nos levarão a tomar alguma decisão. Outros virão e irão, sem nos causar problema algum. Se tomarmos uma decisão errada por ignorância, por desconhecimento, por não termos recebido nenhuma orientação sobre a coisa que estamos decidindo, não poderemos ser taxados de pecadores e sim de ignorantes, pois errar também é uma forma de aprender. Se, porém, tomarmos uma decisão sobre algo que sabemos ser errado por assim desejarmos, voluntariamente, deliberadamente, então isto nos transformará em pecadores, pois o elemento moral que qualifica a nossa decisão como boa ou má, se encontra presente nela. Isto nos ensina que o pecado pode acontecer em qualquer lugar em que o ser pensante se encontre presente: quer seja no lindo e puríssimo céu de Deus, em nossas poderosas igrejas, no lar moralista em que vivemos, ou sozinho com os nossos pensamentos. No caso de Lúcifer, o primeiro pecado de que se tem notícia, aconteceu no céu, porquanto foi lá que ele resolveu se rebelar contra Deus!

O que serviu de inspiração tentadora para Lúcifer vir a pecar? Que motivos internos o levaram a se insurgir contra Deus?

Os versículos 4 e 5 do capítulo 28 de Ezequiel dizem: “Pela tua sabedoria e pelo teu entendimento alcançaste o teu poder, e adquiriste ouro e prata nos teus tesouros. Pela extensão da tua sabedoria no teu comércio aumentaste o teu poder; e elevou-se o teu coração por causa do teu poder”. Já o versículo 17 diz: “Elevou-se o teu coração por causa da tua formosura, corrompeste a tua sabedoria por causa do teu resplendor”. Aqui está a razão da queda de Lúcifer: o seu orgulho. O apóstolo Paulo disse para seu filho na fé, Timóteo, não ordenar nenhum cristão novato ao ministério sagrado a fim de evitar que este, ensoberbecendo-se, não caísse na condenação do Diabo (1ª Timóteo 3:6). Segundo este apóstolo, foi o orgulho a causa principal da queda de Lúcifer. Observe o encadeamento das coisas nas duas citações de Ezequiel acerca da queda deste ser: na primeira se diz que a sabedoria de Lúcifer lhe trouxe o poder; o poder lhe trouxe a riqueza; a riqueza aumentou ainda mais o seu poder; e este poder aumentado, lhe trouxe a soberba. Na segunda, a sua formosura, o seu resplendor, lhe trouxe o orgulho, que corrompeu a sua sabedoria. Ao ver o grande sucesso que obtinha entre as nações celestes em suas relações transacionais, o coração de Lúcifer elevou-se com a sua capacidade de adquirir ouro e prata (linguagem figurada para dar idéia do que havia de melhor, de mais precioso), e ele então se sentiu o melhor, o maior, o mais inteligente, o mais poderoso entre todos. Isto encheu o seu coração de violência e ele agora queria conquistar as nações celestes também pela força. A batalha espiritual havia começado! Não fora dele, mas dentro dele! Todo ser livre criado por Deus, pela liberdade que possui em ter os seus próprios pensamentos, vive em constante batalha espiritual! Você pensava que a batalha espiritual havia começado com a guerra de Lúcifer, mas esta foi apenas a conseqüência da batalha espiritual que se havia travado em seu interior e que o levara a declarar guerra contra Deus!

O sucesso de Lúcifer o fez dirigir-se para Deus e, de lá do Éden, onde estava, onde Deus havia lhe estabelecido trono, ele intentou um ataque direto contra a Pessoa do Altíssimo (Ezequiel 28:13). Por três vezes Jesus chamou o Diabo de “‘o Príncipe deste mundo” (Evangelho de João 12:31 / 14:30 / 16:11). Esta era uma referência, tanto em relação ao domínio espiritual que Lúcifer exercia sobre os homens, visto a palavra “mundo” referir ao sistema de coisas vigentes dirigido por Satanás ( Evangelho João 17:9-16), como em relação ao planeta Terra fazer parte de seus domínios, de seus territórios celestiais. Quando Jesus foi tentado pelo Diabo, no deserto, este lhe mostrou todos os reinos “do mundo” (do planeta Terra) e disse que os daria a Jesus se este o adorasse (Evangelho de Mateus 4:8,9). A Terra pois, fazia parte da jurisdição de Satanás. O texto de Isaías 14: 13-14, conhecido como “os cinco hei de Lúcifer”, mostra a que ponto a cobiça deste ser chegou: “Tu dizias no teu coração: Eu subirei ao céu, acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono, e no monte da congregação me assentarei, da banda dos lados do norte. Subirei acima das mais altas nuvens e serei semelhante ao Altíssimo”. Em Ezequiel 28:2 se diz: “Filho do homem, dize ao príncipe de Tiro: Assim diz o Senhor Jeová: Visto como se eleva o teu coração, e dizes: Eu sou Deus, sobre a cadeira de Deus me assento no meio dos mares (sendo tu homem – criatura -, e não Deus), e estimas o teu coração como se fora o coração de Deus”. Lúcifer queria o lugar de Deus, queria usurpar o trono de Deus. Sua cobiça era grande e o seu orgulho ainda maior. Juntando as nações celestes subjugadas por sua sabedoria e violência lançou-se em feroz ataque contra as hostes fiéis do Senhor. O resultado desta batalha foi desastroso para as forças do mal.

Em 2ª Pedro 2:4 se diz que parte desses anjos foi feita prisioneira: “Deus não perdoou aos anjos que pecaram, mas havendo-os lançado no Tártaro (a parte mais interna, mas inferior do Sheol), os entregou às cadeias da escuridão, ficando reservados para o juízo” (2ª Epístola de Pedro 2:4). Outra parte foi lançada na terra onde atuam como os demônios que conhecemos. Estes podiam ser visto no tempo em que Jesus estivera na terra. Nunca houve um tempo, em toda a história da humanidade, em que os demônios estivessem tão evidentes como no tempo de Cristo, pois que eles intentavam destruir a sua missão de salvar o homem de seus pecados. A oposição a Deus começara no céu, com uma única pessoa. Depois, alcançara milhares e milhares de anjos e se estendera por todo o Cosmo, conforme se pode ver em Apocalipse 12:3,4: “E viu-se outro sinal no céu; e eis que era um grande dragão vermelho, que tinha sete cabeças e dez chifres, e sobre as suas cabeças sete diademas. E a sua cauda levou após si a terça parte das estrelas do céu, e lançou-as sobre a terra”. Veja também Apocalipse 12:7-9. Não se esqueça que “estrelas do céu” é um dos designativos dos anjos celestes (Isaías 14:12,13 / Jó 38:7). Após ter se desenrolado no céu, a oposição ao Divino desceu à terra e alcançou nossos primeiros pais. Daí passou a todos os homens, cuja maior parte, a exemplo do Diabo e de seus anjos, não cessa de se rebelar contra o Senhor.

Agora você já está entendendo melhor a presença do Diabo no Éden e o porquê de Deus não ter impedido a sua tentação ao homem. Sua derrota no céu e posterior lançamento na terra foram contemplados por Jesus Cristo que disse: “Eu vi Satanás, como um raio, cair do céu” (Lucas 10:38). Um raio é sempre fulgurante, poderoso e belo, mas nunca é visto subindo da terra ao céu e sim, sempre caindo dele. A queda de Lúcifer, agora transformado em Satanás (“inimigo”, “opositor”), cobriu-o de vergonha e de desprezo ante as nações celestiais. Ezequiel 28:9, 10 diz: “Dirás ainda diante daquele que te matar: Eu sou Deus? Mas tu és homem, e não Deus, na mão do que te traspassa; Da morte dos incircuncisos morrerás, por mão de estranhos: porque eu o falei, diz o Senhor Jeová”. No verso 19 deste mesmo capítulo se diz: “Todos os que te conhecem entre os povos estão espantados de ti: em grande espanto te tornaste, e nunca mais serás para sempre”. Em Isaías 14:16-20 se diz: “(16) Os que te virem te contemplarão, considerar-te-ão, e dirão: É este o varão que fazia estremecer a terra, e que fazia tremer os reinos? (17) Que punha o mundo como um deserto, e assolava as suas cidades? Que a seus cavalos não deixava ir soltos para suas casas? (18) Mas tu és lançado da tua sepultura, como um renovo abominável, como um vestido de mortos atravessado à espada, como os que descem ao covil de pedras, como corpo morto e pisado. (20) Com eles não te reunirás na sepultura; porque destruíste a tua terra e mataste o teu povo: a descendência dos malignos não será nomeada para sempre”.

A vergonha pela derrota no céu encheu Satanás de ódio à Pessoa do Senhor e ele desejou macular toda obra que visse suas benditas mãos produzir. Daí ele ter intentado destruir o homem no Éden. Está bem, você afirma, mas por que Deus o deixou tentar um ser inocente, sem experiências e ingênuo como o homem?

Sabe de uma coisa, amado? Por vezes ficamos achando que Adão era um pobre coitado, um bobão, sem experiência alguma, totalmente entregue nas mãos de Satanás. Mas uma coisa é ser ingênuo, inexperiente, e outra é ser incrédulo, desconfiado, quando motivo algum há para sê-lo. O homem tinha todos os motivos do mundo para não pecar contra Deus. O Senhor sabia que se Adão não quisesse pecar nem o Diabo, nem todas as hostes celestiais constituídas do universo poderiam levá-lo a pecar! Muito mais tarde, um homem decaído como nós, chamado Jó, decidira não transgredir contra Deus, em condições totalmente desfavoráveis, com um conhecimento sobre Deus menor do que o que Adão possuía e, ainda assim o conseguira (Jó 1:22 / 2:10 / 42:5). Sim, nenhuma tentação é capaz de levar alguém a pecar se este alguém já decidiu em seu coração não fazê-lo. Outra coisa é que era com Deus, o seu Criador, o seu Mantenedor, que o homem mantinha comunhão e não com o Diabo, com quem travava alguns “papos”. Outra coisa mais, é que Deus só conversava com o homem coisas salutares, edificantes, que o levavam a crescer em maturidade; já o Diabo, só conversava como iniciar a sua rebelião contra o Senhor. A última coisa a destacar é que Adão fora capaz de lançar uma profecia, quando ainda estava no Éden, que se estende até aos dias de hoje e que por nós ainda passará e se cumprirá nos últimos dias com o casamento de Cristo e sua Igreja, tamanha a sua grandeza espiritual! Ele disse: “Portanto deixará o varão o seu pai e a sua mãe e se unirá à sua mulher e serão ambos uma só carne (Gênesis 2:24)”. Ainda está com pena de nosso primeiro pai ou achando Deus injusto, prezado leitor?

Após ter conseguido levar o homem a cair de seu estado de inocência e levá-lo a morrer espiritualmente pelo cometimento do pecado, o Maligno ganhou mais um adjetivo para juntar-se aos tantos que já possuía: “homicida”, ou seja, “matador de homens”. Jesus disse em João 8:44 acerca do Diabo: “ele foi homicida desde o princípio, e não se firmou na verdade, porque não há verdade nele; quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso, e pai da mentira”.  Apesar dessas vis características, milhares de pessoas estão se unindo ao Diabo e entrando com ele em um estado de rebelião consciente e permanente contra o Senhor. Elas não precisam fazer isso, mas estão fazendo assim mesmo e o resultado, todos nós sabemos, não será nada bom. O apóstolo Paulo disse aos crentes gálatas: “A carne cobiça contra o Espírito e o Espírito contra a carne; e estes opõem-se um ao outro para que não façais o que quereis”. Tanto o Espírito Santo quanto a sua carne, a sua natureza carnal, pecaminosa, lutam dentro de você para que você não faça o que pretende fazer. O Espírito querendo que você só faça o bem, e a sua natureza carnal desejando que você só faça o que é ruim. Mas eles não determinam o que você fará. Apena você pode decidir por seus atos. Quem vai vencer nessa sua batalha espiritual particular? Você, o Diabo ou o Espírito Santo?

“Ai dos que habitam na terra e no mar; porque o diabo desceu a vós, e tem grande ira, sabendo que já tem pouco tempo” (Apocalipse 12:12). Escolha certo, prezado leitor.

Deus abençoe a todos.

Caso seja do interesse de meu prezado leitor discutir mais sobre o assunto, envie-me seus comentários, questionamentos, sugestões, críticas e, quando houver, possíveis elogios.