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I. Onde Tudo Começou

 

Palestra I

ONDE TUDO COMEÇOU

Estudo elaborado pelo Pastor Olívio em Realengo, no Rio de Janeiro, em fevereiro de 2012

Uma das coisas que mais surpreendem os leitores da Bíblia Sagrada é encontrar, logo no seu início, mais especificamente no seu terceiro capítulo, do total de 1189 que ela contêm, a figura do Diabo no Jardim do Éden conversando com o homem, este, recém criado por Deus. Por que ele está ali? Por que está no lugar aonde Deus vinha comungar com o homem? Por que o Senhor colocou o homem em um lugar onde o Diabo já estava presente? Não entendemos muito bem porque Ele deixou isto acontecer, pois a conversa que os dois estão travandoi não tem nada de inocente, não tem nada de ingênua, pois o Diabo está incitando o homem a se rebelar contra Deus! Por que o Senhor não fez nada? Por que não afastou logo o Diabo e protegeu o homem de suas investidas? Por que não destruiu o Maligno de imediato para afastar toda a possibilidade de ataques futuros? Não havia o Tentador acabado de promover uma horrível rebelião no céu? Não sabia o Senhor que o Diabo iria conseguir que o homem caísse de seu estado de pureza, lhe traria enormes problemas, inclusive a encarnação e morte de seu Filho Unigênito em horrendo sacrifício e promoveria a rebelião coletiva de toda a raça humana? Será que Deus é mesmo onisciente ou fomos nós quem colocamos este atributo Nele para dizer que tipo de Ser nós entendemos que seja Deus?

A simples aparição de uma entidade no Éden que não partilhava da alegria do Senhor, de sua satisfação imensa em realizar algo que Ele afirmava ser o seu maior projeto, o mais glorioso de toda a sua criação, mas intentava destruir essa sua obra, como fez o Diabo, já evidenciava a existência de um antagonismo antigo, um conflito bastante remoto, um estado de beligerância aguda entre essa entidade e o Senhor. Por outro lado, o não afastamento ou bloqueio imediato e antecipado de tal criatura no cenário onde se desenrolaria a pior tragédia cósmica de todos os tempos enche o nosso espírito de questionamentos e de sentimentos que não sabemos bem analisar. Onde foi que todo esse ódio do Diabo por Deus começou? Por que ele resolveu se tornar o arquiinimigo do Senhor, mesmo sabendo que não tinha a mínima chance de vencê-lo ou arruiná-lo? Por que fez questão de demonstrar para todas as criaturas universais que ele se opunha ferrenhamente a Deus, lhe era contrário em tudo o que fazia, não se subordinava as suas orientações e não temia ser destruído para sempre? O que poderia ter acontecido de tão ruim a este ser para ele ter chegado a esse ponto de vileza e de crueldade? Como pode um Deus bom ter criado um Diabo mau?

A Bíblia ensina que o ser que conhecemos atualmente como Diabo nem sempre foi assim. Que ele era um ser perfeito, cheio de sabedoria e formosura. Ele era o modelo da perfeição celeste, porquanto criado como querubim, considerado por muitos, a mais elevada criatura da Bíblia. Onde estiver um querubim aí estará a presença de Deus, pois os querubins são os encarregados de anunciarem e de levarem a presença do Divino a qualquer lugar do universo, seja no mundo espiritual, seja no mundo material. Não que Deus precise ser carregado de um para o outro lado, como acontece com os humanos, mas sim que Ele concede a honra, o privilégio, de ter a sua manifestação finita, corpórea, limitada, conduzida por seres criados por Ele para esta tarefa. Esta foi a razão de Ezequiel ter visto a “semelhança dum homem” sobre os querubins na visão que teve sobre o rio Quebar (Ezequiel 1:26). O Salmo 80:1 diz que “o Senhor se assenta entre os querubins” e o de número 99:1 que “Ele está entronizado (tem o seu trono) entre os querubins”. Os estranhos textos de Ezequiel 1 e 10 mostram os querubins trazendo a glória de Deus aos lugares onde aparecem. A tampa da Arca da Aliança, conhecida pelo nome de Propiciatório, trazia dois querubins de ouro puro, batido, feitos de uma só peça, que olhavam para dentro da Arca e tocavam-se, um ao outro, com as suas asas. Acima dos querubins Deus se comunicava pessoalmente com o Sumo-sacerdote (Êxodo 25:17-22). Os querubins estavam presentes no véu do Tabernáculo que separava o Santuário do Santíssimo (Êxodo 26:31) exercendo mais outra de suas atribuições: a proteção do sagrado. No Éden, após a expulsão do homem decaído, eles aparecem protegendo o caminho que levava à Arvore da Vida (Gênesis 3:22-24).

O ser que ficamos conhecendo como Diabo era o responsável pela adoração celeste e possuía grande proximidade com Deus. Tanta que intentou tomar o seu lugar! Era possivelmente a mais bela e elevada criatura já criada por Deus. Os textos de Isaías 13 e 14 o comparam ao rei de Babilônia a quem chamam de “jóia dos reinos” e os de Ezequiel 27 e 28 ao rei de Tiro, de quem se diz ser “mais sábio que Daniel” (28:3). Não sabemos qual o seu verdadeiro nome, visto Diabo ser apenas a qualificação de seu caráter, de sua personalidade após a queda, já que significa na língua grega, “mentiroso”, “caluniador”. No hebraico ele é conhecido como Satã, que significa “adversário”, “opositor”. O nome Lúcifer, atribuído a este ser em algumas versões da Bíblia, significa “portador da luz”, “quem tem ou dá luz”, o que revela como era alta a sua posição no céu antes de sua queda. Em Isaías 14:12 ele é chamado de “estrela da manhã”, “filho da alva”, numa clara referência ao planeta Vênus, corpo celeste de maior brilho no firmamento, após o Sol e a Lua. O Sol, como astro-rei de nosso sistema solar, possui brilho próprio e representa Cristo. Já a Lua, por ser um planeta, não possui brilho próprio, mas refletido. Ela representa a Igreja, que reflete a luz de Cristo. Em Gênesis 1:16 se diz que o Sol foi criado para governar o dia e a Lua para governar a noite. Cristo, como o Sol, permite que a vida se desenvolva em perfeita normalidade, tanto pela manhã como pela tarde. Já a Igreja dá a sua luz aos que estão em trevas, representadas pela noite. A luz da Lua some na luminosidade da manhã para significar que a Igreja desaparece totalmente em Cristo. As derivações que podem ser feitas dessas comparações são muitas, mas eu não vou explorá-las aqui. Desejo apenas destacar que Vênus, que representa Lúcifer, é o planeta precursor da aurora. Ele aparece pela manhã ou pela tarde, dependendo da posição do Sol, o que significa dizer que todos os seres constituídos, têm a sua posição definida, constituída, em relação a posição de Cristo, o ponto central de tudo! Aleluia!

Tendo em vista o objetivo de meu site de manter informadas pessoas de todos os credos e, até de quem não tenha credo nenhum, sobre assuntos escriturísticos, sejam estes religiosos ou não e, sabedor que nemtodos os que estão lendo esta palestra possuem um exemplar da Bíblia em casa ou acesso a internet para poderem baixar algum programa contendo a Bíblia para conferirem as passagens aqui citadas, resolvi redigir por completo o texto de Ezequiel 28:11-19 e tantos outros que falem sobre o assunto e que eu entenda ser interessante partilhar a fim de que o meu leitor o examine juntamente comigo e veja se a interpretação que estou dando aos mesmos faz sentido ou não. Vamos então ao texto citado:

“(11) Veio mais a mim a palavra do Senhor dizendo: (12) Filho do homem, levanta uma lamentação sobre o rei de Tiro, e dize-lhe: Assim diz o Senhor Jeová: Tu és o aferidor da medida, cheio de sabedoria e perfeito em formosura. (13) Estavas no Éden, jardim de Deus: toda a pedra preciosa era a tua cobertura, a sardônia, o topázio, o diamante, a turquesa, o ônix, o jaspe, a safira, o carbúnculo, a esmeralda e o ouro; a obra dos teus tambores e dos teus pífaros estava em ti; no dia em que foste criado foram preparados. (14) Tu eras querubim ungido para proteger; e te estabeleci; no monte santo de Deus, no meio das pedras afogueadas andavas. (15) Perfeito eras nos teus caminhos, desde o dia em que foste criado, até que se achou iniqüidade em ti. (16) Na multiplicação do teu comércio se encheu o teu interior de violência, e pecaste; pelo que te lançarei profanado fora do monte de Deus, e te farei perecer, ó querubim protetor, entre pedras afogueadas. (17) Elevou-se o teu coração por causa da tua formosura, corrompeste a tua sabedoria por causa do teu resplendor; por terra te lancei, diante dos reis te pus, para que olhem para ti. (18) Pela multidão das tuas iniqüidades, pela injustiça do teu comércio profanaste os teus santuários: eu pois fiz sair do meio de ti um fogo, que te consumiu a ti, e te tornei em cinza sobre a terra, aos olhos de todos os que te vêem. (19) Todos os que te conhecem entre os povos estão espantados de ti: em grande espanto te tornaste, e nunca mais serás para sempre”.

Por esse texto ficamos sabendo que Deus não criou o Diabo, mas que um ente do Senhor, de projeção excelente, de grandíssima proeminência, se tornou um Diabo (um “mentiroso”, “caluniador”). Jesus disse para Pedro: Não vos escolhi a vós os doze? E um de vós é um diabo. E isto dizia ele de Judas Iscariotes, filho de Simão; porque este o havia de entregar (trair), sendo um dos doze” (Evangelho de João 6:70,71). Toda vez que caluniamos alguém, traímos alguém, falamos mentiras sobre alguém, nos tornamos um Diabo, pois fazemos exatamente o que o Diabo faz. Este ser que conhecemos como Lúcifer era perfeito em todos os seus caminhos, desde o dia em que fora criado, até que se achou iniqüidade nele (v.15). Isto quer dizer que houve um tempo – acredite se quiser, leitor – em que Lúcifer era puro, santo, imaculado, que obedecia ao Senhor em tudo, até que resolveu desobedecê-lo. O texto de Gênesis 1:31 diz que “viu Deus tudo quanto tinha feito, e eis que era muito bom”. Isto incluía a criação dos anjos e de Lúcifer. Jesus disse em João 8:44 que Lúcifer “não se firmou na verdade”, o que significa dizer que ele conheceu a Verdade, viveu na Verdade, mas não se firmou nela.

A iniqüidade que surgira dentro do coração de Lúcifer não fora resultado de um defeito de fabricação, de um erro do Divino, mas era sim um sinal de perfeição, pois apenas seres livres, autônomos, soberanos, podem arbitrar entre coisas, entre obedecer e não obedecer. A liberdade para tomar decisões é o máximo de perfeição que um ser independente pode manifestar. Aqui nós podemos ver a grandeza da sabedoria de Deus. Ele não teve receio de criar seres livres que pudessem contestá-Lo, desobedecê-Lo ou levá-Lo a perder o controle sobre eles, pois caso fizesse isso, estaria sendo menos perfeito, menos divino, fazendo coisas abaixo de sua perfeição. E Deus não pode fazer nada que seja menos que perfeito. Ele poderia fazer de Lúcifer um ser de espetacular grandeza, de sabedoria inacreditável, mas incapaz de arbitrar. Lúcifer então seria fantástico, extraordinário, mas não poderia decidir nada. Seria um maravilhoso e elitizado robô. Mas ao fazer todas as suas criaturas livres como Ele mesmo é, Deus se arriscou a produzir criaturas capazes de desobedecê-lo, visto que se alguém é verdadeiramente livre é livre tanto para obedecer quanto para desobedecer. Quem não pode desobedecer não é livre para nada nem ainda é obediente, pois que não possui nenhuma alternativa a não ser a de obedecer mesmo, a de se submeter às ordens de seu superior. Lúcifer pecou porque era perfeito, tanto quanto Jesus não pecou porque perfeito era. Obedecer ou não a Deus é uma questão de escolha, de soberania, de sublime perfeição do ser.

O leitor pode então perguntar: “Como pode a iniqüidade acontecer em um ambiente totalmente asséptico, limpo e puro como o céu, sem nenhuma presença do mal? Como pode Lúcifer ser tentado a transformar seus pensamentos iníquos em atos iníquos, se não havia ninguém para tentá-lo?” O texto de Ezequiel ensina que a fonte de pecados de Lúcifer não estava fora dele, mas sim dentro dele mesmo! Não estava em algum ser tentador que o tivesse levado a cair, mas nele mesmo! Lúcifer tentou a si próprio! Ele foi a causa de sua própria tentação e queda, diferentemente de nossos pais que foram tentados por uma fonte externa, por alguém que estava fora deles, a saber, o próprio Lúcifer! Tiago, o irmão carnal de Jesus disse: “Ninguém sendo tentado diga: De Deus sou tentado; porque Deus não pode ser tentado pelo mal e a ninguém tenta. Mas cada um é tentado, quando atraído e seduzido pela sua própria concupiscência (cobiça). Depois havendo a concupiscência concebido, dá à luz o pecado; e o pecado sendo consumado, gera a morte” (Tiago 1:13-15). Aqui encontra-se descrito o processo de nascimento do pecado: primeiro, a cobiça, o desejo, a atração; depois, a “ruminância”, o prazer de ficar pensando e repensando na coisa desejada; depois a decisão, a resolução em dar à luz ao que foi germinado. Daí para a frente é só esperar a oportunidade. Veja o que Jesus falou sobre o nascimento do pecado em Mateus 5:27,28.

Como seres pensantes que somos podemos pensar sobre tudo o que quisermos, pois apenas pensar sobre algo, quer seja este algo bom ou ruim, não se constitui pecado em si, ainda que possa nos levar a ele. Muitos de nossos pensamentos nos levarão a tomar alguma decisão. Outros virão e irão, sem nos causar problema algum. Se tomarmos uma decisão errada por ignorância, por desconhecimento, por não termos recebido nenhuma orientação sobre a coisa que estamos decidindo, não poderemos ser taxados de pecadores e sim de ignorantes, pois errar também é uma forma de aprender. Se, porém, tomarmos uma decisão sobre algo que sabemos ser errado por assim desejarmos, voluntariamente, deliberadamente, então isto nos transformará em pecadores, pois o elemento moral que qualifica a nossa decisão como boa ou má, se encontra presente nela. Isto nos ensina que o pecado pode acontecer em qualquer lugar em que o ser pensante se encontre presente: quer seja no lindo e puríssimo céu de Deus, em nossas poderosas igrejas, no lar moralista em que vivemos, ou sozinho com os nossos pensamentos. No caso de Lúcifer, o primeiro pecado de que se tem notícia, aconteceu no céu, porquanto foi lá que ele resolveu se rebelar contra Deus!

O que serviu de inspiração tentadora para Lúcifer vir a pecar? Que motivos internos o levaram a se insurgir contra Deus?

Os versículos 4 e 5 do capítulo 28 de Ezequiel dizem: “Pela tua sabedoria e pelo teu entendimento alcançaste o teu poder, e adquiriste ouro e prata nos teus tesouros. Pela extensão da tua sabedoria no teu comércio aumentaste o teu poder; e elevou-se o teu coração por causa do teu poder”. Já o versículo 17 diz: “Elevou-se o teu coração por causa da tua formosura, corrompeste a tua sabedoria por causa do teu resplendor”. Aqui está a razão da queda de Lúcifer: o seu orgulho. O apóstolo Paulo disse para seu filho na fé, Timóteo, não ordenar nenhum cristão novato ao ministério sagrado a fim de evitar que este, ensoberbecendo-se, não caísse na condenação do Diabo (1ª Timóteo 3:6). Segundo este apóstolo, foi o orgulho a causa principal da queda de Lúcifer. Observe o encadeamento das coisas nas duas citações de Ezequiel acerca da queda deste ser: na primeira se diz que a sabedoria de Lúcifer lhe trouxe o poder; o poder lhe trouxe a riqueza; a riqueza aumentou ainda mais o seu poder; e este poder aumentado, lhe trouxe a soberba. Na segunda, a sua formosura, o seu resplendor, lhe trouxe o orgulho, que corrompeu a sua sabedoria. Ao ver o grande sucesso que obtinha entre as nações celestes em suas relações transacionais, o coração de Lúcifer elevou-se com a sua capacidade de adquirir ouro e prata (linguagem figurada para dar idéia do que havia de melhor, de mais precioso), e ele então se sentiu o melhor, o maior, o mais inteligente, o mais poderoso entre todos. Isto encheu o seu coração de violência e ele agora queria conquistar as nações celestes também pela força. A batalha espiritual havia começado! Não fora dele, mas dentro dele! Todo ser livre criado por Deus, pela liberdade que possui em ter os seus próprios pensamentos, vive em constante batalha espiritual! Você pensava que a batalha espiritual havia começado com a guerra de Lúcifer, mas esta foi apenas a conseqüência da batalha espiritual que se havia travado em seu interior e que o levara a declarar guerra contra Deus!

O sucesso de Lúcifer o fez dirigir-se para Deus e, de lá do Éden, onde estava, onde Deus havia lhe estabelecido trono, ele intentou um ataque direto contra a Pessoa do Altíssimo (Ezequiel 28:13). Por três vezes Jesus chamou o Diabo de “‘o Príncipe deste mundo” (Evangelho de João 12:31 / 14:30 / 16:11). Esta era uma referência, tanto em relação ao domínio espiritual que Lúcifer exercia sobre os homens, visto a palavra “mundo” referir ao sistema de coisas vigentes dirigido por Satanás ( Evangelho João 17:9-16), como em relação ao planeta Terra fazer parte de seus domínios, de seus territórios celestiais. Quando Jesus foi tentado pelo Diabo, no deserto, este lhe mostrou todos os reinos “do mundo” (do planeta Terra) e disse que os daria a Jesus se este o adorasse (Evangelho de Mateus 4:8,9). A Terra pois, fazia parte da jurisdição de Satanás. O texto de Isaías 14: 13-14, conhecido como “os cinco hei de Lúcifer”, mostra a que ponto a cobiça deste ser chegou: “Tu dizias no teu coração: Eu subirei ao céu, acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono, e no monte da congregação me assentarei, da banda dos lados do norte. Subirei acima das mais altas nuvens e serei semelhante ao Altíssimo”. Em Ezequiel 28:2 se diz: “Filho do homem, dize ao príncipe de Tiro: Assim diz o Senhor Jeová: Visto como se eleva o teu coração, e dizes: Eu sou Deus, sobre a cadeira de Deus me assento no meio dos mares (sendo tu homem – criatura -, e não Deus), e estimas o teu coração como se fora o coração de Deus”. Lúcifer queria o lugar de Deus, queria usurpar o trono de Deus. Sua cobiça era grande e o seu orgulho ainda maior. Juntando as nações celestes subjugadas por sua sabedoria e violência lançou-se em feroz ataque contra as hostes fiéis do Senhor. O resultado desta batalha foi desastroso para as forças do mal.

Em 2ª Pedro 2:4 se diz que parte desses anjos foi feita prisioneira: “Deus não perdoou aos anjos que pecaram, mas havendo-os lançado no Tártaro (a parte mais interna, mas inferior do Sheol), os entregou às cadeias da escuridão, ficando reservados para o juízo” (2ª Epístola de Pedro 2:4). Outra parte foi lançada na terra onde atuam como os demônios que conhecemos. Estes podiam ser visto no tempo em que Jesus estivera na terra. Nunca houve um tempo, em toda a história da humanidade, em que os demônios estivessem tão evidentes como no tempo de Cristo, pois que eles intentavam destruir a sua missão de salvar o homem de seus pecados. A oposição a Deus começara no céu, com uma única pessoa. Depois, alcançara milhares e milhares de anjos e se estendera por todo o Cosmo, conforme se pode ver em Apocalipse 12:3,4: “E viu-se outro sinal no céu; e eis que era um grande dragão vermelho, que tinha sete cabeças e dez chifres, e sobre as suas cabeças sete diademas. E a sua cauda levou após si a terça parte das estrelas do céu, e lançou-as sobre a terra”. Veja também Apocalipse 12:7-9. Não se esqueça que “estrelas do céu” é um dos designativos dos anjos celestes (Isaías 14:12,13 / Jó 38:7). Após ter se desenrolado no céu, a oposição ao Divino desceu à terra e alcançou nossos primeiros pais. Daí passou a todos os homens, cuja maior parte, a exemplo do Diabo e de seus anjos, não cessa de se rebelar contra o Senhor.

Agora você já está entendendo melhor a presença do Diabo no Éden e o porquê de Deus não ter impedido a sua tentação ao homem. Sua derrota no céu e posterior lançamento na terra foram contemplados por Jesus Cristo que disse: “Eu vi Satanás, como um raio, cair do céu” (Lucas 10:38). Um raio é sempre fulgurante, poderoso e belo, mas nunca é visto subindo da terra ao céu e sim, sempre caindo dele. A queda de Lúcifer, agora transformado em Satanás (“inimigo”, “opositor”), cobriu-o de vergonha e de desprezo ante as nações celestiais. Ezequiel 28:9, 10 diz: “Dirás ainda diante daquele que te matar: Eu sou Deus? Mas tu és homem, e não Deus, na mão do que te traspassa; Da morte dos incircuncisos morrerás, por mão de estranhos: porque eu o falei, diz o Senhor Jeová”. No verso 19 deste mesmo capítulo se diz: “Todos os que te conhecem entre os povos estão espantados de ti: em grande espanto te tornaste, e nunca mais serás para sempre”. Em Isaías 14:16-20 se diz: “(16) Os que te virem te contemplarão, considerar-te-ão, e dirão: É este o varão que fazia estremecer a terra, e que fazia tremer os reinos? (17) Que punha o mundo como um deserto, e assolava as suas cidades? Que a seus cavalos não deixava ir soltos para suas casas? (18) Mas tu és lançado da tua sepultura, como um renovo abominável, como um vestido de mortos atravessado à espada, como os que descem ao covil de pedras, como corpo morto e pisado. (20) Com eles não te reunirás na sepultura; porque destruíste a tua terra e mataste o teu povo: a descendência dos malignos não será nomeada para sempre”.

A vergonha pela derrota no céu encheu Satanás de ódio à Pessoa do Senhor e ele desejou macular toda obra que visse suas benditas mãos produzir. Daí ele ter intentado destruir o homem no Éden. Está bem, você afirma, mas por que Deus o deixou tentar um ser inocente, sem experiências e ingênuo como o homem?

Sabe de uma coisa, amado? Por vezes ficamos achando que Adão era um pobre coitado, um bobão, sem experiência alguma, totalmente entregue nas mãos de Satanás. Mas uma coisa é ser ingênuo, inexperiente, e outra é ser incrédulo, desconfiado, quando motivo algum há para sê-lo. O homem tinha todos os motivos do mundo para não pecar contra Deus. O Senhor sabia que se Adão não quisesse pecar nem o Diabo, nem todas as hostes celestiais constituídas do universo poderiam levá-lo a pecar! Muito mais tarde, um homem decaído como nós, chamado Jó, decidira não transgredir contra Deus, em condições totalmente desfavoráveis, com um conhecimento sobre Deus menor do que o que Adão possuía e, ainda assim o conseguira (Jó 1:22 / 2:10 / 42:5). Sim, nenhuma tentação é capaz de levar alguém a pecar se este alguém já decidiu em seu coração não fazê-lo. Outra coisa é que era com Deus, o seu Criador, o seu Mantenedor, que o homem mantinha comunhão e não com o Diabo, com quem travava alguns “papos”. Outra coisa mais, é que Deus só conversava com o homem coisas salutares, edificantes, que o levavam a crescer em maturidade; já o Diabo, só conversava como iniciar a sua rebelião contra o Senhor. A última coisa a destacar é que Adão fora capaz de lançar uma profecia, quando ainda estava no Éden, que se estende até aos dias de hoje e que por nós ainda passará e se cumprirá nos últimos dias com o casamento de Cristo e sua Igreja, tamanha a sua grandeza espiritual! Ele disse: “Portanto deixará o varão o seu pai e a sua mãe e se unirá à sua mulher e serão ambos uma só carne (Gênesis 2:24)”. Ainda está com pena de nosso primeiro pai ou achando Deus injusto, prezado leitor?

Após ter conseguido levar o homem a cair de seu estado de inocência e levá-lo a morrer espiritualmente pelo cometimento do pecado, o Maligno ganhou mais um adjetivo para juntar-se aos tantos que já possuía: “homicida”, ou seja, “matador de homens”. Jesus disse em João 8:44 acerca do Diabo: “ele foi homicida desde o princípio, e não se firmou na verdade, porque não há verdade nele; quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso, e pai da mentira”.  Apesar dessas vis características, milhares de pessoas estão se unindo ao Diabo e entrando com ele em um estado de rebelião consciente e permanente contra o Senhor. Elas não precisam fazer isso, mas estão fazendo assim mesmo e o resultado, todos nós sabemos, não será nada bom. O apóstolo Paulo disse aos crentes gálatas: “A carne cobiça contra o Espírito e o Espírito contra a carne; e estes opõem-se um ao outro para que não façais o que quereis”. Tanto o Espírito Santo quanto a sua carne, a sua natureza carnal, pecaminosa, lutam dentro de você para que você não faça o que pretende fazer. O Espírito querendo que você só faça o bem, e a sua natureza carnal desejando que você só faça o que é ruim. Mas eles não determinam o que você fará. Apena você pode decidir por seus atos. Quem vai vencer nessa sua batalha espiritual particular? Você, o Diabo ou o Espírito Santo?

“Ai dos que habitam na terra e no mar; porque o diabo desceu a vós, e tem grande ira, sabendo que já tem pouco tempo” (Apocalipse 12:12). Escolha certo, prezado leitor.

Deus abençoe a todos.

Caso seja do interesse de meu prezado leitor discutir mais sobre o assunto, envie-me seus comentários, questionamentos, sugestões, críticas e, quando houver, possíveis elogios.