Arquivo da categoria: Infernos

II. Gehena – A Prisão do Corpo e da Alma

 

Palestra II

GEHENA – A PRISÃO DO CORPO E DA ALMA

Estudo elaborado pelo Pastor Olívio em Realengo, no Rio de Janeiro, em maio de 2012

INTRODUÇÃO

A palavra “Gehena” é de origem grega e, a exemplo de “Sheol”, de “Hades” e de “Tartaro”, se encontra traduzida por “inferno” na maioria das versões de nossas Bíblias em português, o que dificulta bastante o leitor comum de encontrá-la. Contudo, mesmo que o leitor a encontrasse, não saberia dizer qual o significado original dela, o que o deixaria perdido da mesma maneira. Se considerarmos que a concepção que se tem do inferno hoje é a de um lugar de muito sofrimento, com a presença de verdugos, fogo, trevas, ranger de dentes, desesperança, ódio, e tudo o que de ruim possa existir no universo, mais a presença do Diabo e dos demônios, então entenderemos porque alguns comentaristas bíblicos interpretaram a Gehena como sendo o Lago de Fogo, pois muitos dos elementos encontrados em um são também encontrados no outro. Mas como esperamos demonstrar essas duas realidades espirituais não são a mesma coisa, como veremos a seguir.

Ao tempo em que a Gehena foi idealizada, ela estava longe de se parecer com o inferno final, ou seja, o Lago de Fogo. Ela era apenas o lixão da cidade no qual eram lançados cadáveres de assassinos, carcaças de animais e as imundícias da localidade. Para que o lixo fosse totalmente consumido, não atraísse doenças e seu cheiro ruim fosse dissipado, era-lhe adicionado permanentemente enxofre que, além dessas propriedades, aumentava também a temperatura do fogo. Foi Jesus quem, pela primeira vez, relacionou aquela cena de consumição de lixo com o destino dos pecadores impenitentes. Ele foi a pessoa no mundo que mais falou sobre a Gehena, mas estranhamente os transmissores de sua mensagem são os que menos falam sobre ela! Talvez eles não a entendam totalmente e por isso não a proclamem ou talvez não a proclamem exatamente porque a entendam plenamente!

De todos os tipos de inferno existentes na Bíblia, a Gehena foi o inferno do qual Jesus mais falou. Ele a mencionou onze vezes em apenas três dos quatro Evangelhos (Mateus, Marcos e Lucas), o que dá à Gehena uma concentração de ensinamentos tal que só pode ser encontrada nas mais importantes doutrinas da fé cristã! Além de Jesus, apenas Tiago, o seu irmão carnal, falou sobre a Gehena, mas isto só aconteceu uma vez e em uma única passagem de sua Carta (Tiago 3: 5,6), o que faz de Jesus o seu grande idealizador e, ainda, o maior divulgador da Gehena como lugar de punição para o pecador. Vamos examinar juntos as características deste lugar / condição tão estranho apregoado pelo Senhor Jesus.

CARACTERÍSTICAS DA GEHENA

A primeira coisa que Jesus ensinou sobre a Gehena foi que a Gehena é uma prisão, temporária, provisória, passageira, o que já a diferencia, de imediato, do Lago de Fogo, cuja característica principal está justamente no fato de ser eterno, definitivo, para sempre. A passagem de Mateus 5: 21-26 fala dessa transitoriedade, dessa impermanência da Gehena. Veja só: “Ouvistes que foi dito aos antigos: não matarás; mas qualquer que matar será réu de juízo. Eu, porém, vos digo que qualquer que, sem motivo, se encolerizar contra seu irmão, será réu de juízo, e qualquer que disser a seu irmão: Raca, será réu do sinédrio; e qualquer que lhe disser: Louco, será réu do fogo do inferno. Portanto, se trouxeres a tua oferta ao altar, e aí te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa ali diante do altar a tua oferta, e vai reconciliar-te primeiro com teu irmão, e depois vem e apresenta a tua oferta. Concilia-te depressa com o teu adversário, enquanto estás no caminho com ele, para que não aconteça que o adversário te entregue ao juiz, e o juiz te entregue ao oficial, e te encerrem na prisão. Em verdade te digo que de maneira nenhuma sairás dali enquanto não pagares o último ceitil”. A expressão “fogo do inferno”, que aparece no texto, é, em seu original, “Gehena de fogo”. O que fica evidente, de imediato, nesta passagem, é que se o indivíduo pode entrar em um inferno e depois sair dele, é porque esse inferno não é eterno, não é para sempre, não é duradouro! Sei que nenhum católico, evangélico ou judeu moderno gosta muito de pregar sobre este texto do Evangelho, pois de alguma maneira, ele cheira a reencarnação!

 A segunda coisa que Jesus ensinou sobre a Gehena foi que ela é um tipo de inferno provisório para o corpo e para a alma, o que significa dizer que a Gehena afeta tanto o mundo físico quanto o mundo espiritual ao mesmo tempo! Isto é simplesmente fantástico, pois como vimos na palestra anterior, o Sheol e o Hades são prisões apenas para o espírito e não para o corpo que desaparece na sepultura; o Tártaro ou Abismo é uma prisão para demônios, que são espíritos sem corpos, e o Lago de Fogo, apesar de ser uma prisão para o corpo e para a alma, como a Gehena, não permite a saída do indivíduo de lá como a Gehena o permite. Veja as passagens bíblicas nas quais Jesus falou sobre isso: “Não temais os que matam o corpo, e não podem matar a alma; temei antes aquele que pode fazer perecer no inferno (na Gehena) a alma e o corpo” (Mateus 10:28) e a outra: “Eu vos mostrarei a quem deveis temer; temei aquele que depois de matar, tem poder para lançar no inferno (na Gehena); sim, vos digo, a esse temei” (Lucas 12:5). Muito Interessante o cuidado que Jesus tem ao dizer que não devemos temer aqueles que depois de matarem o corpo não podem matar a alma, mas sim temer aquele que depois de matar, pode fazer “perecer” no inferno (Gehena) o corpo e a alma do indivíduo, pois o termo “perecer”, utilizado por Jesus aqui, não significa “deixar de existir”, “ser aniquilado”, pois se assim fosse, ninguém jamais poderia sair da Gehena, como Ele mesmo disse que aconteceria com o indivíduo após este ter pago o último ceitil de sua dívida! O que Jesus estava ensinando é que na Gehena, o sofrimento do indivíduo que já morreu, já faleceu, e que foi nela lançado em alma e corpo, é tão intenso, tão profundo, tão inimaginável, que o indivíduo perde toda a satisfação pela vida, perece totalmente em sua alegria de viver!

Outra coisa mais que Jesus ensinou sobre a Gehena foi que quem entra nela é porque já foi julgado, já foi sentenciado, já passou pelo tribunal pós-morte. Leia novamente a passagem de Mateus 5:21-26 e a de Mateus 18:23-35 e veja como ambas tratam de um julgamento. Na primeira, a cena que está ali armada é a de um tribunal romano e todos os termos nela empregados são tirados do ramo do Direito: réu, juízo, sinédrio, reconciliação, juiz, oficial (meirinho), pagamento de dívida, prisão, etc.; na segunda cena temos: acerto de contas, dívida, pagamento, perdão de dívida, soltura, prisão, atormentadores, ofensas, etc. Já aprendemos que tanto o antigo Sheol quanto o atual Hades não são lugares / condições para se julgar ninguém e sim para o recolhimento de almas. Quem morre com delitos, com pecados no coração, vai diretamente para o Hades, onde é julgado e fica aguardando a sentença. O cumprimento da pena nunca é paga no Hades e sim na Gehena, que é o lugar apropriado para o seu cumprimento. A Gehena é o único tipo de inferno do qual se diz que o indivíduo é nele lançado para cumprir pena, quer seja em forma de castigo (açoites), quer seja em forma de pagamento financeiro (ceitil), e em que depois de paga a dívida, o indivíduo é solto para continuar a tocar sua vida. Conforme demonstrei na Palestra II a, do tema “Reencarnação”, todos os indivíduos que retornaram à vida só retornaram a ela porque já haviam sido julgados.

Como toda prisão que existe, ninguém vai para a Gehena de vontade própria, deliberadamente, mas é nela lançada, atirada, jogada para sofrer as restrições devidas e assim anelar pela liberdade (Mateus 5:29,30 / 18:8,9 / Marcos 9:43,45,47). Os termos utilizados por Jesus para falar sobre este momento não são nada doces, não são suaves, mas os mais duros possíveis. Há uma resistência por parte do infrator em entrar na Gehena. Ele não quer ir para lá de jeito nenhum, não deseja ir para lá, por isso ele se debate, resiste, luta, mas tudo isso é vão porque os encarregados de o levarem à prisão já estão acostumados com este tipo de resistência por parte dos prisioneiros e estão revestidos de autoridade moral e espiritual para fazerem o que fazem. Por ser a Gehena uma prisão, um cárcere, uma cadeia, não é um lugar de lazer, de prazer, de bem-aventurança, mas sim um lugar de sofrimento, de restrições, de limitações. Nela, o indivíduo terá tempo para pensar em sua vida, repensar os seus atos errados e decidir entre voltar a ela mais uma vez ou sair definitivamente dela para nunca mais voltar! Isto dá a Gehena um caráter educativo, disciplinador, ressocializador, pois que permite ao infrator alterar suas escolhas erradas, se arrepender de seus maus atos e tornar à vida em sociedade. Se ele fosse lançado no Lago de Fogo nada mais poderia ser feito a não ser esperar pelo “sofrimento eterno”.

Uma das coisas mais pavorosas sobre a Gehena, ensinada pelo Senhor Jesus, foi a de que nela podem ser encontrados tanto crentes quanto incrédulos! Só não podem ser encontrados salvos, indivíduos que não devam coisa alguma a alguém, pois que já pagaram as suas dívidas em Cristo e foram liberados de suas amarras espirituais! Muitos crentes acham que, pelo simples fato de serem crentes, podem morrer em pecado e, ainda assim, irem para o céu. Ledo engano! As Escrituras são enfáticas em nos ensinar que Deus nos salva do pecado, mas em nenhum lugar elas ensinam que seremos salvos em pecado. Todos têm de pagar suas dívidas, por menor que elas sejam, e tomarem todo cuidado para não as cometerem mais (Mateus 5:21-26). Você já imaginou Jesus subindo aos céus com apenas um pecadinho ínfimo, minúsculo, no coração? Que desgraça terrível seria isso para o Cosmo, para Ele mesmo e para a humanidade? Que exemplo de Salvador nós teríamos? Entretanto, muitos crentes se sentem no direito de continuar pecando, só porque dizem ser filhos de Deus. Alguém lhes ensinou que eles podem morrer em pecado e, quando chegarem ao céu (não sei como isso seria possível!), pedirem perdão a Deus através de Jesus Cristo, o fiel advogado dos crentes, que os defenderá ali mesmo na porta do céu, diante do Pai e das mais excelentes criaturas do universo, que todo bondoso e condescendente, os deixará entrar e se apossar de seu riquíssimo galardão! Não sei como alguém pode ensinar uma coisa assim! Eu não pagaria nem um ceitil para ver pessoalmente o que aconteceria com tal indivíduo! O mordomo que tomava conta da casa de seu senhor, descrito na parábola do servo vigilante, contada por Jesus em Lucas 12:43-48, percebeu que o seu patrão demorava a voltar para casa e então começou a praticar coisas condenáveis para alguém em sua posição: glutonaria, embriaguês, espancamento dos outros serviçais, mundanismo, e outras coisas mais. Jesus disse: “Virá o senhor daquele servo no dia em que ele o não espera, e numa hora que ele não sabe, e separá-lo-á, e lhe dará a sua parte com os infiéis” (v.46). O adorador que Jesus citou em Mateus 5:21-26 só estava com um ínfimo pecado em seu coração, comparado a menor de todas as moedas romanas da época, o ceitil, mas ainda assim poderia ser lançado na Gehena, caso não quitasse logo a sua dívida!

Na Gehena todo transgressor paga exatamente o que deve, nada além disto, o que significa dizer que cada pena possui uma duração diferente. Na parábola do servo vigilante, citada acima, Jesus disse: “O servo que soube a vontade de seu senhor, e não se aprontou, nem fez conforme a sua vontade, será castigado com muitos açoites; mas o que a não soube, e fez coisas dignas de açoites, com poucos açoites será castigado. E, a qualquer que muito for dado, muito se lhe pedirá, e ao que muito se lhe confiou, muito mais se lhe pedirá” (Lucas 12: 47,48). Ao dizer Jesus que um servo seria castigado com muitos açoites e o outro seria castigado com poucos açoites, estava nos ensinando que os delitos cometidos pelos transgressores possuem peso e gravidade diferentes e por isso deviam variar em quantidade e duração. Se duas pessoas estiverem penduradas em uma mesma corda e esta arrebentar, ambas cairão no chão, mas, dependendo do local onde elas estiverem se segurando, as conseqüências do tombo serão desiguais. Foi isto que Jesus disse ao afirmar: “a qualquer que muito for dado, muito se lhe pedirá, e ao que muito se lhe confiou muito mais se lhe pedirá”. Quanto mais alto for a posição de uma pessoa, maior será a sua queda.

A LOCALIZAÇÃO DA GEHENA

Ditas essas coisas sobre a Gehena surge então a grande pergunta que muitos de meus prezados leitores que ainda não leram o meu livro querem fazer: onde fica a Gehena? Onde fica esta prisão espiritual que aprisiona o corpo e a alma do indivíduo depois deste ter sido morto? Leia a passagem de Mateus 18:23-35 e descobrirá: a Gehena fica na Terra! Os servos devedores do rei que foram na Gehena lançados puderam dela sair após terem pago suas respectivas dívidas. O que eles encontraram ao sair? As mesmas coisas terrenas existentes ao tempo de sua prisão: o rei, os servos, dinheiro, negociações, atormentadores, mulheres, famílias e a própria prisão que continuava ali mesmo! Isto serve para demonstrar a contemporaneidade da Gehena! Ela acontece ao mesmo tempo em que a vida se desenrola no Planeta! A Gehena é uma prisão atual, presente, e não futura como o Lago de Fogo o é! Ela não é a Terra, mas se localiza na Terra, porquanto é na Terra que se encontram os transgressores das Leis de Deus! Na realidade, em todo e qualquer lugar onde exista um transgressor das leis de Deus, um filho rebelde, uma criatura que esteja abrigando um pecado que seja no coração, aí estará a Gehena, pois a Gehena não é uma prisão física, visível, material, mas uma cadeia espiritual, existencial, supradimensional, que se desenvolve em um local material. Entende agora porque a Terra se encontra do jeito em que está? Ela tem uma prisão enorme dentro dela e todos os seus detentos se encontram vivendo nela!

A CONDIÇÃO ATUAL DA GEHENA

Outra coisa interessante sobre a Gehena, decorrente até do que acima falamos, é que ela se encontra sempre cheia, sempre lotada, o que é mais uma característica diferenciadora entre a Gehena e o Lago de Fogo, pois enquanto a Gehena está plena, cheia de gente agora, o Lago de Fogo se encontra vazio (Apocalipse 20:7-10 / 19:20 / 21:8). Na Gehena o fluxo de pessoas que entram e saem é imenso e intenso. Também pudera! Quantos indivíduos, neste exato momento em que o meu leitor está lendo este parágrafo, não estão sendo “lançados na Gehena”, conforme dizia o Cristo, para pagarem, em corpo e espírito, as suas dívidas morais? E quantos não estão sendo também dela liberados para nunca mais a ela retornarem? O nascimento de alguém em nosso mundo material é a porta de entrada na Gehena espiritual e a sua morte em paz, em segurança no Divino, a sua saída. A entrada em nosso mundo material sempre é difícil e acompanhando de sofrimento. A saída, nem sempre. Tem que se fazer muita força para uma criança nascer e a forma como nosso nascimento acontece é sempre decorrente de uma expulsão! Somos quase que literalmente lançados para fora do ventre de nossa mãe ao mundo exterior! A passagem do mundo uterino para o mundo externo é feita com dor, violência e muita pressão! O corpo denso que trazemos a este mundo garante que nosso espírito transgressor não deixará a prisão em que foi lançado até ter pago o último ceitil. Daí o corpo sempre ser visto como uma prisão para o espírito! Mas não é o corpo que é a prisão da alma e sim a trama de pecados em que nosso espírito está envolvido. Sim, a Gehena é um local / condição de muito trânsito, diferentemente do Lago de Fogo que não possuirá trânsito algum, pois as Escrituras ensinam que quem entrar nele nunca mais poderá dele sair! Não existirá tráfego no Lago de Fogo! Lá será apenas uma ida sem volta! segundo o Mestre Jesus, maior é o número dos que entram na Gehena, do que o número dos que dela saem! (Mateus 7:13,14 / Lucas 13:23,24).

A GEHENA E A REENCARNAÇÃO

A existência da Gehena nos obriga a crer na doutrina bíblica da reencarnação, pois cada vez que morremos com dívidas, somos obrigados a retornar a ela. Mesmo se conseguimos nos libertar da Gehena em vida, caso venhamos a cometer novas dívidas, seremos mais uma vez nela lançados, até que experimentemos novamente o perdão do ofendido. Esse é o perigo de alguém morrer com ofensas contra outrem! Jesus disse que devemos ir depressa procurar a pessoa a quem ofendemos a fim de pedir-lhe perdão e, assim, evitar sermos lançados na Gehena novamente! (Mateus 5:25). Alguém poderia dizer que a Gehena nada mais é do que o “inferno consciencial” que experimentamos após termos cometido algum delito, mas “consciência pesada” não é o mesmo que Gehena e sim um dos componentes que pode acontecer ou não com o infrator das leis divinas! Cristo demonstrou que aquele fiel do Evangelho que estava adorando não estava com a consciência pesada por ter cometido algum um mal a alguém. Ainda assim Ele disse que se o fiel “se lembrasse”, na hora da adoração, de alguma pessoa que tivesse algo contra ele, por um ato errado que ele houvesse cometido contra essa pessoa, deveria ir acertar as coisas com ela o mais rápido possível a fim de evitar ser lançado na Gehena! Aquele fiel não estava ainda na Gehena, mas poderia ser lançado nela se, após lembrar-se de sua dívida, não tomasse nenhuma atitude para saná-la! Consciência pesada e Gehena não são a mesma coisa! Gehena é a prisão, como um todo, “consciência pesada” é o sofrimento que os delitos que o infrator cometeu contra alguém podem lhe acometer ou não, tirando-lhe a paz da alma. Segundo o Cristo, as conseqüências ou efeitos dos delitos que cometemos, quer provoquem em nós sofrimento consciencial ou não, podem perdurar até o final de nossa vida física, atravessar para o outro lado da morte e continuar ainda a vigir, a vigorar, em várias outras manifestações de vida! O ciclo de entrar e sair da Gehena parece ser interminável, pois cada vez que reparamos os delitos em alguma área de nossa vida, outros acontecem em outras áreas mais fragilizadas de forma a nunca estarmos totalmente livres. É bem verdade que pela reencarnação ganhamos nova oportunidade de sairmos definitivamente da Gehena, mas não temos nenhuma certeza ou garantia de que tal coisa acontecerá. Como poderemos então vencer tal combate? Como podemos manter a esperança de um dia sermos definitivamente livres?

É POSSÍVEL SAIR DA GEHENA?

As Escrituras informam que é possível, sim, sair da Gehena! Fugir, nunca; mas abandoná-la, sim! A Gehena é uma prisão à prova de fugas, mas não à prova de perdão! Na realidade existem três maneiras do prisioneiro deixar a Gehena:a) mediante o pagamento integral da dívida, a ser feito pelo devedor, ao seu credor; b) mediante o aprisionamento do infrator, com o seu conseqüente castigo, pelo tempo estabelecido pelo juiz; c) ou, ainda, pelo pagamento da dívida do transgressor, por parte de alguém que se ofereça para pagar-lhe a dívida. As duas primeiras alternativas são impossíveis de acontecer na vida do ser humano visto nenhum de nós jamais conseguir pagar todas as dívidas que cometemos contra todas as pessoas com as quais vivemos, em todas as nossas manifestações de vida! Também não teríamos tempo de vida suficiente para pedirmos perdão a todas elas, além de estarmos permanentemente contraindo novas dívidas. Apenas a terceira opção é possível, não por causa de nós mesmos, mas por causa daquele que se ofereceu para pagar nossa dívida – Jesus Cristo (Isaías 53:1-12). Cristo pagou nossa dívida que, por ser uma dívida de vida, teve de ser paga com a sua própria vida! Por isso dizemos que o homem só pode ser salvo de seus pecados mediante o sacrifício voluntário e substitutivo de Cristo. Se todos aceitarão este perdão que Deus oferece gratuitamente é coisa que não sabemos, mas ele está disponível a todos que se reconheçam como transgressores das Leis de Deus e que desejam ser agora mesmo absolvidos! (Tito 2:11). Jesus pode nos libertar definitivamente da Gehena! Uma vez perdoados e livres da trama de pecados que nos prendia por séculos e milênios afora, temos de tomar cuidado em permanecermos livres, não nos envolvendo mais com coisas erradas que possam implicar em nosso retorno à antiga prisão (Gálatas 5:1). Fomos salvos por Cristo e perdoados de todos os pecados passados, mas temos de zelar pela nossa salvação presente, pois a libertação que recebemos, ainda está se processando e depende de nosso querer, de nosso desejo em nos mantermos plenamente santos até o dia de nossa partida para ser completada – Filipenses 2:12,13 / Hebreus 12:14.

CONCLUSÃO

Muitos diziam não acreditar na reencarnação por não ter o Cristo falado nada sobre ela, mas o Pastor Olívio acabou de demonstrar que o Cristo falou, sim, e muito sobre ela, e isto de uma maneira como ninguém ainda o havia feito sobre a Terra. Cabe agora ao amigo leitor aceitar ou não o que o Cristo ensinou e, em caso de dúvidas persistentes, ir até o seu Pastor, Padre, ou outro guia espiritual que tenha e perguntar-lhe sobre as mesmas. Se apesar de todas as demonstrações aqui apresentadas o meu leitor e seu guia espiritual ainda continuarem duvidosos podem ler as outras palestras do site que abordem o assunto. Falem com o Espírito Santo, acessem o Pastor Olívio. Possivelmente nós poderemos ajudá-los. Só não o conseguiremos se os amados optarem por continuar insensíveis e distantes, não dando atenção aos ensinamentos do Cristo. Continuar afirmando que não acredita na doutrina da reencarnação só por não querer acreditar nela talvez seja conveniente para o amado e para o seu Líder. Talvez o leitor e o seu Guia, não possuam ainda estofo espiritual suficiente para aceitar e ensinar a doutrina da reencarnação em sua igreja. Talvez nem seja tão difícil acreditar na doutrina bíblica da reencarnação, mas extremamente difícil e temeroso contrariar a visão de amigos ou da Convenção. Eu fiz a minha escolha e, com tudo o que ela possa me trazer, sinto-me feliz e pacificado em espírito, pelas muitas respostas coerentes que eu pude encontrar.

Qual será a escolha de meu prezado leitor?

Deus abençoe a todos

Caso seja do interesse de meu prezado leitor discutir mais sobre o assunto, envie-me seus comentários, questionamentos, sugestões, críticas e, quando houver, possíveis elogios.

I. As Prisões Espirituais do Ser

 

Palestra I

AS PRISÕES ESPIRITUAIS DO SER

Estudo elaborado pelo Pastor Olívio em Realengo, no Rio de Janeiro, em maio de 2012

Sei que o meu prezado leitor tomou um susto ao ler o título da pasta que contêm esta palestra: “INFERNOS”. “Será que o título é este mesmo ou o Pastor Olívio a nominou erradamente?”, você deve ter se perguntado. Bem, o título está correto; o ensino sobre o tema, como nos foi e tem sido apresentado no correr dos tempos, é que não está. Você sempre acreditou que o inferno era um só, seus amigos e irmãos também acreditaram, o mesmo acontecendo com os seus guias espirituais e mestres. Eu mesmo, durante anos, sabia que alguma coisa não se encaixava bem em tal ensino, mas não sabia exatamente o que era! As dificuldades em harmonizar os diferentes textos bíblicos que pareciam se contradizer, aliada a grande insatisfação de minha alma pelas respostas apresentadas pela moderna teologia sobre o assunto, me levaram a pesquisar ainda mais as Escrituras e então eu descobri! Ó, glória a Deus, eu descobri! Descobri, que as Escrituras falam, sim, não apenas de um, mas de vários tipos de inferno, cada um com suas características, propósitos e durações! Isto se transformou na maior descoberta de minha vida, pois, através dela, outras revelações vieram que libertaram ainda mais a minha alma! Não que eu houvesse sido liberto e salvo apenas ao conhecer essas doutrinas, pois doutrina alguma, por mais sublime que seja, pode libertar homem algum de seus pecados. Apenas Cristo, com seu sacrifício vicário, substitutivo, pode fazer isso e eu já era um “servo liberto de Cristo” há muito tempo e liderava também muitas ovelhas. O que estou dizendo é que essas revelações trouxeram uma grande libertação à minha alma, por terem trazido lógica e consistência à muitas de minhas indagações.

Tudo começou quando, um dia, ao ler o Sermão da Montanha, pregado pelo Cristo e registrado no Evangelho de Mateus 5:21-26, eu percebi que tal passagem trazia uma gama imensa de revelações que eu não estava acostumado a ouvir ou a ler nos compêndios teológicos e que me soavam como muito esquisitas e bastante irreais. Eu precisava de confirmações bíblicas para atestar a veracidade e consistência de tais ensinos. Então eu pus-me a pesquisar com afinco as Escrituras. O resultado dessa pesquisa foi tão extraordinário que eu publiquei um livro contando tais descobertas! Espero que o leitor possua recursos para adquiri-lo e alguma coragem para lê-lo e as minhas palestras. Leia comigo o texto do Evangelho que me trouxe tanta libertação: “Ouvistes que foi dito aos antigos: não matarás; mas qualquer que matar será réu de juízo. Eu, porém, vos digo que qualquer que, sem motivo, se encolerizar contra seu irmão, será réu de juízo, e qualquer que disser a seu irmão: Raca, será réu do Sinédrio; e qualquer que lhe disser: Louco, será réu do fogo do inferno. Portanto, se trouxeres a tua oferta ao altar, e aí te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa ali diante do altar a tua oferta, e vai reconciliar-te primeiro com teu irmão, e depois vem e apresenta a tua oferta. Concilia-te depressa com o teu adversário, enquanto estás no caminho com ele, para que não aconteça que o adversário te entregue ao juiz, e o juiz e entregue ao oficial, e te encerrem na prisão. Em verdade te digo que de maneira nenhuma sairás dali enquanto não pagares o último ceitil”.

Você percebeu como essa passagem é estranha? Notou, por acaso, que um indivíduo pode ser lançado dentro do fogo do inferno e dele sair, após ter pago o seu último ceitil? Que este inferno apregoado por Jesus é um inferno de fogo sim, mas que o indivíduo sai dele vivinho, sem ter sido carbonizado, após ter quitado sua dívida moral? Que esse inferno tem como propósito o pagamento de dívidas morais cometidas contra pessoas e não contra Deus? Que o Indivíduo do qual Jesus está falando é um fiel que oferece sacrifício a Deus, como uma maneira de agradar-lhe, adorar-lhe, e não um ímpio transgressor da Lei? Como se não bastasse todas essas coisas, perguntas surgem, tão estonteantes, que nem sequer sabemos o que pensar, como, por exemplo: Se o indivíduo pode entrar e sair do inferno, como dizer que esse inferno é eterno? Se ele pode entrar e sair dele, quantas vezes poderá fazê-lo? Como é que se sai de dentro de um inferno? O tempo de aprisionamento de alguém no inferno pelo simples xingamento de outrem será o mesmo que o de um assassino, de um governante corrupto ou de um pedófilo? Como o meu leitor pode ver, as implicações teológicas destes versículos são inúmeras e bastante complexas!

Mas havia ainda um outro texto bíblico excelente para me ajudar na compreensão dos infernos e este era o de Lucas 16:19-31, já bem explorado na Palestra III, do tema Reencarnação, no qual o Senhor Jesus conta a história de um homem pobre chamado Lázaro e de um outro, de nome desconhecido, muito rico. O homem rico, após morrer, fora lançado em um inferno de fogo, mas também não se consumira e até conversava com o santo Abraão e pedia a este para enviar algum dos mortos até a casa de seus parentes na terra para adverti-los sobre aquele lugar! A palavra traduzida do original grego como inferno em nossas Bíblias nessa passagem era totalmente diferente da traduzida no texto do Evangelho de Mateus! Tínhamos então agora duas palavras de conotações diferentes em sua língua original traduzidas como se fosse a mesma coisa para a nossa língua portuguesa. Duas outras palavras, também traduzidas como inferno, de conotações diferentes das duas primeiras, vieram se juntar a estas, complicando ainda mais a pouca compreensão que eu tinha daquele lugar! Um quinto termo da língua grega, não denominado inferno, mas traduzindo integralmente a idéia deste, ainda aparece nas Escrituras. Assim é que temos cinco tipos diferentes de inferno na Bíblia, mas que a nós foram passados por nossos guias espirituais e mestres como se fosse um só, causando muito sofrimento, dor e desespero desnecessários.

Nesta palestra estudaremos quatro desses lugares/condições espirituais e na seguinte, o lugar-prisão mais esquisito de todos!

A palavra “inferno” é de origem latina (infernum) e significa “profundezas”, “mundo inferior”, “mundo subterrâneo”. Ela não existe nos originais da Bíblia, a exemplo das palavras “trindade”, “reencarnação”, “extraterrestres”, etc. É um lugar/condição idealizado por várias religiões como sendo um sítio espiritual de sofrimento e de condenação para aqueles indivíduos que viveram e morreram em total desobediência a Deus. De uma maneira geral, inferno significa o desajuste total do ser, uma desarmonia existencial, um descontrole profundo da vida. Assim é que quando uma pessoa está vivenciando uma situação como a descrita acima, se sente absurdamente infeliz, estressada, deprimida e afirma estar vivendo “num verdadeiro inferno”, ainda que fisicamente nele não esteja. Começaremos a analisar a mais antiga concepção bíblica do que era o inferno e o material de referência para isto serão as Escrituras Hebraicas ou Antigo Testamento, como é mais conhecida no meio cristão. Optamos por elencar em pequenos resumos as principais características de cada um desses locais, ao invés de analisá-los em texto corrido, contínuo, a fim de facilitar a compreensão do leitor. Infelizmente não poderemos transcrever literalmente as passagens bíblicas que tratam dos diversos locais/condições de punição do espírito, mas apenas citá-las, tendo em vista o grande número das mesmas.

• Sheol – o inferno do Antigo Testamento•

  • A palavra “Sheol” é remotíssima e segundo alguns estudiosos é de proveniência sumeriana. Ela significava, em sua concepção mais remota, “ser oco”. Como alguma coisa com limites definidos em toda a sua volta, sem saída, mas que devesse ser preenchida.

  • Era para este lugar que deveria migrar todas as almas dos homens que morreram antes do sacrifício de Cristo, independentemente de serem eles injustos ou não. O Sheol abrigava as almas de todo o gênero humano – Jó 3:17-19 / Gênesis 37:35 / Salmo 86:13 / Isaías 14:9-11.

  • O Sheol era tido como um lugar escuro, tenebroso, de penumbra e que ficava debaixo da terra – Jó 10:18-22 / Amós 9:2 / Isaías 7:11 / Provérbios 15:24 / Salmo 139:7,8.

  • Aos poucos, com o aumento da revelação profética, o Sheol foi sendo caracterizado como um lugar de punição para os ímpios – Salmo 9:17 / Provérbios 23:14 / Isaías 24:21,22.

  • Uma divisão de locais começou a aparecer dentro do Sheol para separar as almas dos justos das almas dos ímpios – Salmo 55:15 / Ezequiel 32:23 / Isaías 24:21,22.

  • Ainda assim o Sheol era diferente da atual configuração que se pretende dar ao inferno como um lugar de fogo, trevas, verdugos, ranger de dentes e tudo o mais – Jó 14:13 / 1ª Samuel 28:1-25.

  • A esperança dos justos em sair do Sheol estava atrelada a ressurreição dos mortos a acontecer no Último Dia – Jó 19:25-27 / Salmo 16:10 / Oséias 13:14.

• Hades – o inferno depois do sacrifício de Cristo

  • Até o sacrifício de Cristo, o Hades possuía a mesma configuração do Sheol do Antigo Testamento. Ele era o mesmo inferno do Antigo Testamento sendo que Sheol era o termo utilizado para inferno em língua hebraica e Hades, em língua grega – Salmo 16:10 / Atos 2:27,31.

  • Após o sacrifício de Cristo, a divisão interna que separava as almas dos justos das almas dos ímpios não existe mais, pois Cristo transferiu todas as almas justas que estavam no “Seio de Abraão” e que foram “compradas por Ele por bom preço” para o “Paraíso”, a morada de Deus – Efésios 4:8-10 / 2ª Coríntios 12:1-4 / Lucas 23:43.

  • A partir do sacrifício de Cristo, todos os santos que morrem vão diretamente à presença de Deus – Atos 7:55,56 / Filipenses 1:21-23 / Apocalipse 14:13 e todos os que morrem em pecado, em desobediência ao Senhor, vão para o Lugar de Tormento ou Hades, visto que ele agora é o único lugar / condição espiritual destinado a prisão de humanos, contendo este diversas “prisões conscienciais” – Mateus 16:18 / Apocalipse 1:17,18 / 2 ª Timóteo 3:1-5.

  • O Hades / Sheol atualmente é a sala de espera do julgamento de todos os que morrem em pecado – Lucas 16:19-31. Todos os que foram ressuscitados, antes e depois de Cristo, saíram desse lugar!

  • O Hades / Sheol é um inferno provisório, temporário, pois será lançado no Lago de Fogo, no final dos tempos, o que quer dizer que ele não é eterno – Apocalipse 6:8 / 20:13,14.

 

• Tártaro ou Abismo – o inferno dos demônios

  • Este inferno ficava na parte mais inferior do Sheol / Hades e permanece ainda lá – 2ª Pedro 2:4,9 / Judas 6.

  • Era um lugar temido pelos próprios demônios – Lucas 8:30,31.

  • Nele se encontravam os piores elementos de todo o universo, espíritos maus, prisioneiros da antiga rebelião de Lúcifer – 2ª Pedro 2:4,9 / Judas 6.

  • O Abismo, outro nome dado ao Tártaro, é uma prisão que cresce para baixo, que se aprofunda, por isso é também chamado de Poço do Abismo – Apocalipse 9:1,2 / 9:11 / 20:1-3.

  • Satanás vai ser amarrado e lançado neste lugar no final dos tempos para ficar ali preso por mil anos – Apocalipse 20:1-3.

  • O Abismo também não é eterno, pois será lançado no Lago de Fogo quando o Hades lá for lançado – Apocalipse 6:8 / 20:13,14.

  • Jesus é Senhor sobre o Abismo, sobre Lúcifer e sobre todos os demônios, e não o capeta, que não é líder de nada, como se poderia pensar – Lucas 8:26-32

 Lago de fogo – o inferno de todos os infernos

  • Esta expressão acontece somente no livro de Apocalipse e foi utilizada apenas pelo apóstolo João. É o inferno final, último, definitivo. O único inferno do qual se diz ser eterno nas Escrituras (Mateus 25:41 / Apocalipse 20:19). Todos os demais infernos serão lançados nele.

  • Satanás, depois de atuar por mil anos na terra, vai ser lançado neste Lago de Fogo – Apocalipse 20:7-10 / 19:20.

  • O Lago de Fogo representa a segunda morte para os seres vivos – Apocalipse 21:8.

  • O Lago de Fogo não foi preparado para os homens e sim para o Diabo e seus anjos – Mateus 25:41.

  • O Lago de Fogo mistura todos os tipos de transgressores do universo em um único lugar, o que faz deste um lugar medonho! – Apocalipse 20:10,14,15 / 21:8.

Aí estão os quatro lugares / condições espirituais que fundamentavam e ainda fundamentam a crença judaico-cristã na existência do inferno. Pode parecer uma coisa terrível demais para nós pensarmos que o Augusto Deus do Universo, o Senhor de Toda a Criação, O Deus Todo-Poderoso seja capaz de lançar uma de suas próprias criaturas em tal lugar – e de fato o é -, mas quando vemos um pedófilo abusar de uma criança mentalmente doente e/ou totalmente inocente; um ditador dizimando milhares de seus compatriotas; um aborteiro matando com crueza mães e infantes; um político vendendo sua alma e nação por uns míseros trocados, e tantos outros exemplos ruins de seres que até duvidamos serem humanos, que façam parte de nós, achamos que Deus realmente tem razão em fazer o que faz!

Mas o tempo vai passando e começamos a achar que Deus bem que poderia aplicar um tipo de castigo ao transgressor que não precisasse ser necessariamente eterno, infinito, pois a criatura que ele castiga é finita no tempo, tem vida biológica curtíssima e não merece um castigo eternal; que nenhum ser humano tem a noção da gravidade e extensão de seus delitos, por já ter nascido em uma raça pecadora, degradada, sem nenhuma visão espiritual; que outras oportunidades, senão todas, deveriam ser concedidas ao transgressor para a sua recuperação moral e progresso espiritual, pois nós, humanos, que somos tão falhos em nossos julgamentos, não mandamos nossos filhos para a cadeia só por terem cometido um único erro; que os diversos ambientes em que as pessoas nascem e vivem criam diferenças éticas, sociais, morais, culturais e religiosas que facilitam a alguns e dificultam a outros o cometimento de pecados e aceitação do Evangelho; que todo ser humano, por ser uma criatura livre, autônoma, soberana, é capaz de mudar, no momento em que deseje, as suas escolhas, e assim, aquele que hoje escolheu desobedecer, pode amanhã decidir-se pela obediência, e por aí vai. Nossos argumentos humanos se amontoam e se empilham na tentativa de compreender a justiça, a perfeição, a longanimidade e o amor de Deus com a realidade de um lugar / condição chamado inferno.

Todos concordamos que qualquer transgressor que seja merece receber uma punição por seus atos errados, mas nem todos concordamos que essa punição tenha de ser eterna, para sempre, infinda. Este pensamento incomodou tanto o espírito dos teólogos, que outras correntes de pensamento surgiram no cenário evangélico tentando dar uma explicação mais racional, mais lógica para o fim das coisas e para a existência eternal do Lago de Fogo. Os “tradicionalistas” continuaram afirmando que o inferno não teria fim nunca, que duraria para sempre, seria eterno. Na visão desses estudiosos aqueles que forem no inferno lançados viverão para sempre em torturas eternais. Os “reducionistas” surgiram dizendo que tempo haverá em que o mal será totalmente extinto, aniquilado, destruído. Todos os que abrigarem o mal em seus corações serão aniquilados, extintos, deixarão de existir e esse “não existir mais como pessoa”, como entidade, como indivíduo é que seria o inferno. Os “restauracionistas” apareceram dizendo que tempo haverá em que tudo voltará ao estado de pureza original e o inferno e todo o mal existente no universo desaparecerá. Todos os que forem lançados no Lago de Fogo, em algum momento, em alguma era, em alguma eternidade, se voltarão para Deus, inclusive o Diabo. Paz então haverá para todos!

Quando iniciei minhas pesquisas sobre o tema, descobri a existência de um tipo de inferno que era, e ainda é confundido com o Lago de Fogo por muitos estudiosos, que lançava um pouco mais de luz sobre o que acontece com o transgressor que parte desta vida com ofensas e pecados no coração. Ele é um inferno estranho, diferente de todos os demais que examinei, porquanto cheio de vida, de movimento! O sofrimento se encontra presente nele, é verdade, mas fundamentado em justiça, em reparação. Ao transgressor é permitido fazer novas escolhas, se arrepender de seus maus atos e sair deste local / condição, totalmente liberado! Ele é tão estranho e desconhecido que nunca ouvimos nada sobre ele de nossos púlpitos e tribunas, mas ainda assim se constitui na única esperança que temos de escapar do Lago de Fogo, o inferno definitivo! Na próxima palestra eu estarei falando sobre ele e espero que o prezado leitor a divulgue para todos os seus conhecidos e que a comente também com seus líderes espirituais. Tenho certeza que o espírito ávido, faminto, pesquisador de meu leitor não vai deixar passar esta oportunidade de ouvir um Pastor evangélico falando sobre esses temas tão complexos, mas totalmente fundamentados na Bíblia!

Deus abençoe a todos

Caso seja do interesse de meu prezado leitor discutir mais sobre o assunto, envie-me seus comentários, questionamentos, sugestões, críticas e, quando houver, possíveis elogios.