IV. Famílias Cheias do Espírito Santo

 

Palestra IV

FAMÍLIAS CHEIAS DO ESPÍRITO SANTO

Estudo elaborado pelo Pastor Olívio em novembro de 2010 e revisado em março de 2012, em Realengo, no Rio de Janeiro

INTRODUÇÃO

Queremos tratar nesta palestra sobre a responsabilidade, o dever, e a necessidade que têm as famílias cristãs de serem cheias do Espírito Santo, de forma a poderem abalar todos aqueles que entrarem em contato com os seus membros, individual ou coletivamente falando. Temos visto famílias cristãs tão fracas e também igrejas tão fracas que chega a doer o nosso coração! Apesar disso, não cessamos de apresentar desculpas para as nossas fraquezas: “Não tenho muito tempo para ir à Igreja”; “quase não tenho tempo para me dedicar ao Senhor”; “minha igreja possui poucos trabalhos”, “não temos cultos de libertação lá”, “não sei como fazer cultos domésticos”, e por aí vai. O importante é ter alguém para colocar a culpa! Aprendemos isto com os nossos primeiros pais no Gênesis (3:9-13). O homem culpou a mulher pela sua queda (v.12); que por sua vez culpou ao Diabo (v.13), que não teve ninguém a quem culpar! (v.14). O resultado desse comportamento fraco e mentiroso são vidas cristãs vazias, quebradiças, ineficientes. Vamos, pois, encarar com realismo as nossas deficiências, confessar a Deus os nossos pecados e começar a viver uma vida cheia do Espírito Santo!

Os textos que inicialmente irão nos ajudar a dar estes passos são os de Genesis 2: 23,24 / 3:8 e outros a serem citados durante o estudo.

A Comunhão de Nossos Primeiros Pais Antes da Queda

Por esses dois textos aprendemos que, apesar de nossos primeiros pais serem puros, poderosos e agradarem ao Senhor, a comunhão que estes mantinham com Ele era extremamente limitada em relação a que possuímos hoje! Esta só acontecia dentro Jardim do Éden, circunscrita a seus limites, ou seja, era localizada, restrita aquele território. O homem não podia sair do Jardim e continuar mantendo comunhão com o Senhor; só acontecia no período certo da viração do dia, isto é, entre as duas tardes (cerca de 15:00h), o mesmo horário em que Cristo morreria tanto tempo mais tarde (Mateus 27:45-53); e, para complementar, Deus estava do lado de fora do homem e não dentro dele! Em nenhuma parte da Bíblia se diz que Adão fora um homem cheio do Espírito Santo, fora chamado de filho de Deus ou que tomava a iniciativa da comunhão com o Senhor. Apesar disso:

  • Declarou que a mulher (varoa) iria estar na mesma posição de comando que ele (v.23);

  • Profetizou sobre a unidade do casamento (2:24);

  • Profetizou que todos os homens teriam um pai e uma mãe e se uniriam em casamento, mesmo sem ter tido, ele e Eva, um pai ou uma mãe terrenos e terem tido um casamento formal (2:24)

A Comunhão de Nossos Primeiros Pais Depois da Queda

De Eva se diz que, mesmo após a queda, depois de ter recebido a dura sentença da parte de Deus de que teria filhos com muita dor (3:16), ainda assim decidiu manter-se viva e ter esses filhos com muitas dores! Ela permaneceu como fiel companheira de Adão até os fins de seus dias!

Dos filhos deste casal decaído se diz que um deles, Abel, foi tão grande, tão proeminente, que recebeu elogios do próprio Senhor Jesus! (Mateus 23:35). Foi também elencado como um dos destaques na galeria dos Heróis da Fé, de Hebreus 11 (v.4)!

Mesmo depois da queda, com todo o drama da perdição humana, Adão ensinou os seus filhos o sistema de sacrifícios substitutivos (3:7, 21 / 4:3,4)!

E nós, que somos chamados de filhos de Deus (João 1:12); que podemos comungar com Ele permanentemente, na hora e local que desejarmos (1ª Tessalonicenses 5:17); que temos o Espírito Santo habitando em nós (1ª Coríntios 3:16,17 / 6:19,20), ainda assim somos tão fracos e tão quebradiços! O que está acontecendo com os crentes modernos, com as famílias ditas cristãs, e com as nossas “poderosas” igrejas?

Olhando para uma Pequena Família de Israel

Maria era o nome de uma virgenzinha adolescente de Israel. Possivelmente tivesse pouco mais de treze anos de idade, pois, com 12 ou 12 anos e meio, as virgens eram prometidas aos seus pretendentes no Israel antigo. Os homens normalmente se casavam com 18 anos, pois já teriam aprendido uma profissão artesanal, de subsistência, e teriam terminado os seus estudos básicos. José, marido de Maria, era um carpinteiro, profissão dura, mas que lhe garantia o sustento diário e, depois de casado, de sua grande família também (Marcos 6:1-3). Jesus, como filho primogênito do casal, aprendera a profissão do pai e como este, passou a ser também conhecido como “o carpinteiro” pelas pessoas de sua cidade (Marcos 6:3). Apenas aos trinta anos de idade começou o seu ministério espiritual (Lucas 3:21-23).. Ele abrira mão de se casar por causa de sua importante missão e, ainda, para não deixar um montão de “Jesuszinhos” que, certamente seriam idolatrados por seus conterrâneos e pelos seus descendentes também! Esta era uma família de operários, pobre, e bastante comum em Israel. Apesar disso:

  • Maria conversou com um anjo e experimentou o maior milagre que um ser humano podia receber da parte de Deus! (Lucas 1:26-38);

  • José tinha revelações com os céus até estando dormindo! (Mateus 1:18-25);

  • Jesus se tornou o Salvador da humanidade! (Lucas 2:8-20).

Você dirá que isto foi um ato de soberania da parte de Deus e que não há nada que possamos fazer para sermos iguais a esta família palestínica. VOCÊ ACERTOU! Deus não precisa gerar outro Salvador para a humanidade, mas se observarmos a família simples do operário José poderemos perceber coisas que ajudarão nossas famílias a se tornarem fortes também!

1. Todos conheciam perfeitamente a sua posição dentro do grupo familiar.

 

  • José liderava a família. Ele a levou para o Egito quando Herodes queria exterminá-la (Mateus 2:13-18) e a trouxe de volta quando este governante morreu (Mateus 2: 19-23). Fixou residência em Nazaré (Mateus 2:23), ensinou sua profissão a seu filho mais velho (Marcos 6:3) e cuidou, com responsabilidade, de sua grande família (Marcos 6:1-3);

  • Maria obedecia as determinações do esposo (Lucas 1:48) e orientava os filhos, como uma mãe deve fazer. Ela introduziu Jesus na vida de milagres e em seu ministério público (João 2:1-5).

  • Jesus obedecia fielmente as ordens de seus pais terrenos – Lucas 2:51,52.

2. Todos eram tementes e submissos ao Senhor.

Muito antes deles serem cheios do Espírito Santo já eram crentes extremamente devotados e  abençoados!

  • Quando José recebeu a primeira revelação do anjo ainda não fora cheio do Espírito Santo (Mateus 1:18-25). Ele já era justo e temente a Deus;

  • Tampouco Maria quando recebera a visitação de Gabriel (Lucas 1:35);

  • Nem ainda Jesus quando discutia as Escrituras com os doutores no Templo (Lucas 2:39-48).

Eles eram pessoas tementes a Deus que cumpriam fielmente as obrigações religiosas instituídas pelo Senhor em sua Lei (Lucas 2:21-24,41).

3. Todos eram destituídos de arrogância!

Deus não pode nos encher de seu Santo Espírito se já estivermos cheios de nós mesmos. Somente vasos vazios são cheios. Apenas quando estivermos vazios de nós mesmos é que poderemos ser cheios de Deus! Há muita gente fazendo de tudo para ser cheio do Espírito Santo, mas não fazendo nada para se esvaziar de si mesmo! Se Deus nos enchesse de seu Espírito Santo estando nós vivendo em pecado, poderíamos acusá-Lo de irresponsabilidade, pois um pouco de tinta colorida, embota toda água.

  • José tinha acabado de receber uma revelação angélica de que seria pai do Salvador do mundo (Mateus 1:18-25), mas não saiu se vangloriando e espalhando essa notícia para ninguém;

  • Maria recebera a visitação do estafeta pessoal do Senhor que lhe dissera que ela seria a Mãe do Salvador do mundo, mas ela guardou esse segredo em seu coração (Lucas 2:19);

  • Jesus levou trinta anos para manifestar-se como Filho de Deus (Lucas 3:21-23), mas não ficou se gabando diante dos outros de que fora escolhido para essa missão.

Se fizermos as mesmas coisas que aquela humilde família da Palestina fez e buscarmos a Deus de todo o nosso coração (Jeremias 33:3) teremos muitas famílias cristãs em nossas igreja e em nossas comunidades cheias do Espírito Santo!

Bom é que se diga que ser cheio do Espírito não é uma opção nossa, mas um mandamento de Deus para cada um de nós (Efésios 5:18). E se é um mandamento, então é responsabilidade nossa sermos cheios do Espírito e não de Deus nos encher! Tomar a iniciativa de ser cheio do Espírito Santo compete a nós e não a Deus!

Quando isto acontecer, então eu e você entraremos em outra dimensão espiritual! José, o operário laborioso das mãos calejadas e tão submisso a Deus se tornou o pai do maior personagem da história da humanidade! Maria, com apenas o embrião de Jesus no ventre, encheu Isabel do Espírito Santo e João Batista que, com 6 meses de idade, pulou de alegria no ventre de sua mãe! (Lucas 1:39-45). Um grama de Jesus vale mais do que uma tonelada de demônios! Jesus enfrentou Satanás pessoalmente, sem nenhum armamento ou guarda-costas e se tornou, depois disso, uma bateria divina de milagres! Se você é um cristão e possui comunhão com Deus, pode esperar a qualquer momento receber um derramamento do Espírito Santo sem igual! A exemplo da família de Cornélio, o Espírito Santo está “doidinho para cair sobre nós também! (Atos 10:44). Aleluia! Como isto faz vibrar a minha alma!

Quando isto acontecer, teremos fome e sede de Deus até o fim de nossos dias. Não temos muitas informações sobre a vida de José até o final de seus dias, já que, por ocasião da crucificação de Jesus, ele já estaria morto (João 19:25-27). De Jesus se diz que, depois de ser cheio do Espírito Santo, estava caminhando sobre águas, multiplicando comida, ressuscitando mortos e conversando pessoalmente com o Pai. E Maria, como estava? Após ter sido cheia do Espírito e gerado um filho de forma sobrenatural passou a freqüentar diariamente as reuniões de oração na casa de João Marcos, em Jerusalém, para receber a plenitude do Espírito Santo (Atos 1:13,14). Quando você tiver mais de Deus, sabe o que vai acontecer? VOCÊ VAI QUERER MAIS DE DEUS AINDA! É isto o que o mandamento de Paulo aos efésios quer significar (5:18). Ele disse que eles deveriam ser cheios do Espírito e continuar sendo! O verbo ali registrado foi colocado no presente contínuo da língua grega que significa que a ação deve ser continuada, prosseguida. Era como se ele estivesse dizendo “enchei-vos agora do Espírito Santo e continuai a ser cheio”. Até quando devemos ser cheios do Espírito Santo? Até onde possamos nos satisfazer de Deus. O limite não está na vontade de Deus em nos dar mais de seu Espírito e sim em nossa vontade de querê-Lo!

Como podemos continuar nos enchendo do Espírito Santo?

O texto de Efésios 5:19-21 nos ensina. Vamos examiná-lo:

a) “Falando entre vós em salmos, e hinos, e cânticos espirituais” – isto fala de crentes reunidos entoando toda sorte de canto – alegres, festivos, doutrinários, e aqueles direcionados para uma adoração profunda;

b) “Cantando e salmodiando ao Senhor no vosso coração” – isto tem a ver com o crente louvar ao Senhor sozinho, em sua alma, em sua mente. È possível que ninguém o ouça quando estiver louvando, mas sua alma estará cantando ao Senhor;

c) “Dando sempre graças por tudo a nosso Deus e Pai, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo” (Filipenses 4:6,7) – mesmo que não entendamos tudo o que aconteça conosco, podemos crer que tal coisa só nos acontece pela permissão de Deus e louvá-Lo, pois Ele tem cuidado de nós;

d) “Sujeitando-vos uns aos outros no temor do Senhor” – esta talvez seja a parte mais difícil das recomendações para nós, pois não gostamos muito de nos submeter a ninguém. Em Filipenses 2:3-11 Paulo cita o exemplo de Cristo como sujeição máxima já vista em alguém.

 

Nossas famílias precisam ser salvas e cheias do Espírito. Como fazer isso?

a) Orando por elas. Todos podem orar por suas famílias;

b) Pregando Cristo a elas – mesmo sendo nós “profetas da mesma pátria”, sem glória alguma (Marcos 6:4,5);

c) Convidando-as para participar de nossas reuniões – Atos 10:24,27;

d) Crendo na Palavra de Deus de que Ele as salvará – Atos 16:31

Se apenas um indivíduo cheio do Espírito já é uma benção, imagine uma família inteira!

Se algum incrédulo entrasse na casa de Jesus, teria de passar primeiro pela humildade de José. Se escapasse da humildade de José teria de passar pela consagração de Maria. Se escapasse da consagração de Maria teria de passar pelo Cristo Salvador! Era quase impossível não sair salvo daquela casa! De igual maneira a família de Felipe, o diácono-evangelista. Quem passasse por ele teria de passar pelas suas quatro filhas profetisas (Atos 21:8,9). E que dizer da família de Lázaro? Quem entrasse em sua casa iria ouvi-lo falar de sua ressurreição e de seu amigo Jesus que o ressuscitara e o buscara no além. Oh! Queridos. Como seria bom se todos os nossos familiares fossem de Cristo!

CONCLUSÃO

Não vamos tirar nossas famílias do propósito de salvação de Deus, pois é através dela que outras famílias serão salvas. Também não vamos nos contentar em sermos crentes quebradiços. Vamos procurar a unção contínua de Deus e, através desta, fortalecermos a nossa igreja e conquistarmos muitas vidas para Cristo!

Deus abençoe a todos.

Caso seja do interesse de meu prezado leitor discutir mais sobre o assunto, envie-me seus comentários, questionamentos, sugestões, críticas e, quando houver, possíveis elogios.