Palestra VI

FUNDAMENTOS DO ANTIGO TESTAMENTO SOBRE A REENCARNAÇÃO

Estudo elaborado pelo Pastor Olívio em Realengo, no Rio de Janeiro, em abril de 2012

INTRODUÇÃO

Conforme anunciei anteriormente é desejo meu nesta palestra tornar conhecido do meu prezado leitor alguns textos do Antigo Testamento responsáveis por levar o povo judeu, incluindo os discípulos de Cristo, a fundamentarem a sua crença na reencarnação como uma possibilidade real e escriturística do indivíduo retornar à vida. Não poderei citar os textos do Novo Testamento que a ela se referem tendo em vista que estes ainda estavam em formação e só seriam editados alguns anos mais tarde da morte de Cristo. Os registros que os judeus utilizavam para firmar sua crença na reencarnação iam muito além desta doutrina trazendo preciosas informações também sobre a doutrina do Karma (débitos ou créditos morais acumulados); da pré-existência dos espíritos; de um lugar de punição para os espíritos transgressores de caráter transitório; da existência de um corpo sutil, etéreo, na constituição humana, cuja função é prender o espírito ao corpo físico, e outras doutrinas mais. Assim é que tal crença não se achava firmada em crendices ou “achismos” religiosos e sim em sólidos textos bíblicos das Escrituras Hebraicas. Através destes textos, compreendi porque o Cristo nunca reprovara a crença de seu povo na doutrina da reencarnação e também porque se utilizou da mesma para explicar a seus discípulos algumas delicadas questões espirituais.

Vamos então aos textos.

O primeiro texto que desejo examinar se encontra em Gênesis 9:6. Neste, o Senhor diz para Noé: “Quem derramar o sangue do homem, pelo homem o seu sangue será derramado. Porque Deus fez o homem conforme a sua imagem”. Observe que o texto não restringe a morte do homicida ao tempo de sua permanência na Terra, como se o Senhor estivesse a dizer: “Quem derramar o sangue do homem, pelo homem o seu sangue será derramado, quando ainda estiver vivo na terra”, pois se assim fosse, então para cada morte cometida outra morte teria necessariamente de se seguir, a saber, a do assassino. O problema é que quase nunca ficamos sabendo “quem derramou o sangue de quem”, visto quem praticou tal ato nunca fazer esse tipo de coisa debaixo de holofotes e sim em oculto. Somente Deus, o assassino e, por vezes, a vítima, ficam sabedores de “quem fez o que”. Quase sempre o homicida desaparece no anonimato sem que ninguém jamais o descubra. Mas Deus disse para Noé que “quem derramasse o sangue do homem, pelo homem (qualquer homem) o seu sangue seria derramado”.

Quando Ele falou isto – é bom que se diga – não existia ainda nação alguma constituída na terra, nem também algum código de leis sagradas que devesse ser observado por todos. O planeta havia sido totalmente arrasado pelas águas do Dilúvio em conseqüência da crescente impiedade da humanidade e apenas umas poucas pessoas haviam se salvado. Isto tornava tal prescrição uma lei universal, a ser observada por todos os humanos. Deus estava transmitindo para Noé as novas leis para a ocupação do planeta e, neste contexto de novo pacto, de nova aliança, de nova oportunidade para a permanência pacífica do homem na Terra, Ele emitiu a sua ordenação acerca do cuidado com a vida do semelhante.

Alguém poderia afirmar que o mandamento aqui mencionado, com suas respectivas conseqüências, estava condicionado ao aprisionamento do homicida: caso este fosse pego, aplicar-se-ía sobre ele o rigor desta lei, mas, se por um acaso este não fosse pego, então nada se poderia fazer a não ser entregá-lo nas mãos de Deus e confiar que, no tempo oportuno, Este faria justiça aos injustiçados. Mas a ser assim e Deus estaria legislando sobre a exceção e não criando uma regra universal, uma Lei para toda a humanidade! Na mente do Divino não deviam ser apenas os indivíduos que derramassem o sangue de alguém e fossem pegos que deveriam ser julgados e sentenciados à morte, mas todos os que derramassem o sangue de um seu semelhante, independentemente de serem eles pegos ou não! O Senhor disse que se alguém matasse uma pessoa, em algum momento da vida deste, algum outro homem o pegaria também e o mataria! Só que Ele não fixou o tempo em que tal morte aconteceria; se no presente, no futuro, em outra manifestação de vida ou no Juízo Final!

Se o derramamento de sangue do assassino por outro homem não estava restrito à nação judaica que sequer ainda existia, e se dificilmente aconteceria durante a vida do homicida, dado o seu comportamento fugidio, esquivo, arisco, quando então ele ocorreria? No Juízo Final? Claro que não, pois o Dia do Juízo Final não é o dia da vingança, da revanche, do derramamento de sangue, mas sim o dia de todos sermos julgados! Em outra manifestação de vida? SIM, ISTO SERIA POSSÍVEL, pois apenas tendo alguém outra oportunidade de vida poderia ser pego e sofrer o assassinato da mesma maneira que fizera com alguém em uma vida anterior! Isto então nos daria o correto entendimento do texto bíblico e manteria a Palavra do Senhor intacta, pois que se Ele falou que algo aconteceria, então, pode passar até um trilhão de anos terrenos que tal coisa acontecerá! Mesmo que ninguém saiba que determinada pessoa, agora assassinada, fora um assassino em uma vida pregressa, o Senhor Deus o sabe e, através do processo da reencarnação e da iniludível lei do Karma, aplicará a sua justiça à vítima do ato horrendo que ela sofreu um dia! Ninguém pode transgredir a Lei Moral do Senhor e passar para o outro lado intacto, incólume, indene, como se não houvesse cometido nada de mal. O ensino das Escrituras é que se alguém praticou um ato mau, por este mau ato será justiçado; se praticou um bom ato, por este bom ato será recompensado.

O retorno do assassino à Terra em outra manifestação de vida para pagar o que fez deveria acontecer, segundo o texto bíblico, por dois importantes motivos: primeiro, porque “Deus fez o homem”, o que significa dizer que o homem é propriedade de Deus, pertence a Ele, e ninguém pode destruir ou roubar um bem que não lhe pertence, ainda mais sendo este bem uma propriedade do Senhor; segundo, porque Deus fez o homem “conforme a sua imagem”, o que significa dizer que o senso de justiça que existe em Deus foi colocado em nossos corações pelo próprio Senhor no momento mágico de nossa criação. Possuímos a mesma natureza que a Dele. Temos sede de justiça e de correção como Ele as tem e nos sentimos humilhados e diminuídos quando o mal prevalece e o transgressor fica impune. Nenhum ser humano normal suporta ver uma pessoa assassinada, chacinada, trucidada e não sentir em seu coração um desejo de justiça. É por sermos criaturas especialíssimas aos olhos do Senhor, sermos suas propriedades, que quem fizer alguma coisa contra nós, esteja onde estiver, seja lá quem for, pagará por seu mau ato!

O segundo texto que queremos examinar se encontra em Gênesis 25:19-26. Ele traz o relato da luta entre dois irmãos, quando ainda no ventre de sua mãe. Isaque era o filho da promessa do Patriarca Abraão e o Senhor havia prometido a ambos que de seus lombos sairia o Messias, o mais aguardado e glorioso governante da nação judaica. Só que Rebeca, esposa de Isaque, era estéril e, depois de vinte anos de casada, ainda não pudera lhe dar nenhum filho. Isto levara Isaque a pedir por um milagre a Deus, milagre este que viria vinte anos depois, quando ele então já contava com 60 anos de idade. No tempo apropriado Rebeca concebera. Sua gravidez, contudo, não fora nada tranqüila. Seus filhos revolviam-se ferozmente em sua barriga, causando-lhe dor e inquietação. Ela então foi questionar ao Senhor sobre aquilo e Ele lhe respondeu dizendo que duas nações havia em seu ventre e que dois povos se dividiriam de suas entranhas; sendo que um deles seria mais forte do que o outro e o maior serviria o menor. Aí estava a razão de toda aquela peleja! Não se tratava de uma questão de ajeitamento uterino ou de alguma enfermidade de gravidez como se poderia pensar, mas sim de uma disputa pelo poder! A saída do pequeno Jacó da barriga de Rebeca segurando o calcanhar de seu irmão mais velho, Esaú, revelara a exata dimensão daquela disputa!

Como poderiam os gêmeos lutar entre si se já não conhecessem aquela profecia? Como poderiam contender para não se submeterem um ao outro se já não se conhecessem de uma vida anterior? Como entender que eles tivessem de ser juntados, unidos, em outra manifestação de vida, em uma mesma barriga, em uma mesma gravidez, se não fosse para resolverem um problema Kármico de vidas pregressas, pretéritas, de uma encarnação anterior?

Conforme observamos em nosso livro, não foi quando Deus respondeu a Rebeca sobre o destino de seus filhos que eles começaram a brigar. NÃO! Eles já estavam brigando muito antes de o Senhor o declarar a ela! A resposta do Senhor à Rebeca servira apenas para tranqüilizar o seu coração de mãe, mas não para dar início à rixa que já existia entre os irmãos antes destes serem concebidos e que continuou a existir nos restantes meses de gravidez de sua mãe e permaneceu até quando estes já eram grandes, adultos! Se bem pude interpretar os acontecimentos, os espíritos dos gêmeos estavam com um problema enorme para resolver: o que saísse primeiro do ventre da mãe, o mais forte, o mais capaz, acabaria sendo penalizado pelas palavras da profecia do Senhor, já que serviria o segundo que, mesmo sendo o mais fraco, em tal situação, se transformaria futuramente no maior! O desejo dos gêmeos então era lutar para ser o último a nascer e não para ser o primeiro, visto que o menor dominaria sobre o maior! Pela força natural do nascimento e pela Onisciente Palavra do Senhor, Esaú nasceu primeiro e Jacó veio segurando o calcanhar de seu irmão!

O fato de Jacó ter saído agarrando o calcanhar de seu irmão, aliado à revelação feita pelo Senhor à Rebeca sobre os destinos dos gêmeos, mostrou a seus pais quão ardiloso e astuto era o seu filho menor, pois que se este tivesse se agarrado ao pescoço de Esaú poderia nascer primeiro e ficar com a parte ruim da profecia. Se o tivesse agarrado pelo corpo, Esaú poderia afastá-lo também para a saída do ventre de sua mãe e Jacó nasceria primeiro. Então ele o agarrou pela parte mais distante de seu corpo, a saber, o calcanhar, para não correr o risco de nascer primeiro e, ainda, para ficar o mais distante possível dos socos e pontapés do irmão! Seus pais ao verem o seu filho menor saindo do ventre daquela maneira compreenderam de imediato como era o seu caráter e, ao invés de lhe colocarem um nome bonito, de significado elevado, que a todos trouxesse uma grata admiração, como Daniel (Deus é meu Juiz), Gabriel (varão de Deus), ou outro nome qualquer, lhe puseram imediatamente o nome de Jacó que significa “suplantador”, “enganador”, “trapaceiro”. Eles não esperaram que seu filho crescesse, ficasse um pouco mais velho e revelasse o seu caráter golpista, trapaceador, para só então lhe darem este nome, mas deram-lhe logo, de imediato, pois compreenderam bem o que havia acontecido com seus filhos. Bom é que também se diga que o nome de Jacó não lhes fora revelado por Deus!

Do outro lado temos Esaú, o filho mais forte e primogênito do casal, agredindo duramente o seu irmão quando ainda na barriga de sua mãe – e isto por meses a fio! O que intentava Esaú com aquilo? Pasme o meu querido leitor: Esaú intentava matar o seu irmão! Ele desejava eliminá-lo logo, ali mesmo, no ventre de sua mãe, pois caso conseguisse fazer com que Jacó soltasse o seu calcanhar, dificilmente este teria forças para sair do ventre de Rebeca, se transformaria em um natimorto, e a parte ruim da profecia de Deus não teria mais como se cumprir! Jacó veio agarrando o calcanhar de Esaú porque aquela era a única maneira dele fazer com que a profecia divina se cumprisse a seu favor além de garantir a sua saída vivo do ventre de sua mãe! Para conseguir isso ele apanharia um bocado, levaria muitos socos e pontapés, seria levado quase à morte, mas se conseguisse tão somente segurar firme no calcanhar de seu irmão conseguiria sair do ventre usando a força estupenda de seu irmão maior Esaú! Aí estava a esperteza de Jacó, a sua astúcia, a sua vivacidade!

Alguma dúvida ainda no coração de meu prezado leitor sobre a preexistência de espíritos, a iniludível Lei do Karma ou a repetição de vidas?

Anos mais tarde, já adultos, Jácó levou seu irmão Esaú a vender-lhe o direito de primogenitura (o direito de se tornar o líder político e espiritual do clã de seu pai, após a morte deste e ganhar herança dobrada), direito este que conseguira comprar de Esaú por um mero prato de lentilhas! (Gênesis 25:27-34). Conhece alguém que saiba negociar melhor? Toda a vida de Jacó foi entremeada de trapaças, enganos e falcatruas, como seu próprio nome já predizia (Gênesis 27:30-36). Quanto a Esaú, mesmo tendo sido líder dos edomeus, tornara-se servo de seu irmão, conforme apregoado pela boca do Senhor e ele, Jacó, o líder que dera o seu nome, após o encontro com o Divino, à nação das mais sublimes revelações do Senhor – Israel! (Gênesis 32:22-32).

Outra passagem semelhante a esta encontra-se em Gênesis 38: 1-30 onde os trinetos de Abraão, de nome Perez e Zerá, também lutavam por uma posição de destaque na hora do nascimento. Judá, o pai dos gêmeos, fora o 4º filho do Patriarca Jacó. Ele havia se separado de sua família e ido morar nas terras de Canaã. Lá se casara com uma mulher, de nome desconhecido com a qual tivera três filhos – Er, Onâ e Selá. Ele tomou uma mulher de nome Tamar para o seu primogênito Er, que veio a falecer. Então ele a deu em casamento à seu outro filho, de nome Onâ, pois segundo os costumes da época o irmão que se seguia na linha genealógica deveria desposar a viúva do irmão morto, mas Onã também veio a falecer. O terceiro filho de Judá, de nome Selá, era ainda muito novo para se casar, o que levou Judá a prometer a Tamar que o daria à ela quando chegasse o tempo apropriado. Judá, porém, se esqueceu da promessa e Tamar, fazendo uso de um estratagema, fez com que Judá a possuísse sexualmente. Da relação de Judá com sua nora Tamar, lhes nasceram os gêmeos Perez e Zerá. O relato do nascimento destes dois irmãos se encontra descrito nos versículos 28 a 30 e diz assim: “E aconteceu, dando ela (Tamar) à luz, que um pôs fora a mão, e a parteira tomou-a, e atou em sua mão um fio roxo, dizendo: Este saiu primeiro. Mas aconteceu que, tornando ele a recolher a sua mão, eis que saiu o seu irmão, e ela disse: Como tens tu rompido? Sobre ti é a rotura. E chamou o seu nome Perez (brecha, separação). E depois saiu o seu irmão, em cuja mão estava o fio roxo; e chamaram o seu nome Zerá (crepúsculo)”.

O texto não afirma que a mãe de Perez e Zerá tenha ficado intranqüila com a sua gravidez e ido ao Senhor para questioná-Lo acerca de seus filhos como Rebeca o fizera; nem ainda que houvesse uma profecia específica da parte de Deus para a vida dos dois meninos, mas fica claro dos acontecimentos narrados no Gênesis que a luta dos gêmeos entre si fora também uma luta pelo poder, para um ter a primazia sobre o outro. Ao colocar Zerá a sua mão para fora a parteira logo lhe colocou o fio da primogenitura. Mas Zerá recolheu-a rapidamente, pois Perez aparecera subitamente, tomando a frente de seu irmão. Com tanta força ele fez isto que causou admiração na experiente parteira! De nada adiantara o esforço de Zerá, pois a posição dos dois no clã de seu pai já havia sido traçada. Perez se tornaria o líder administrativo e espiritual de sua tribo no momento da sucessão e ganharia o dobro da herança destinada ao seu irmão. Ele também entraria na linha genealógica do Cristo, onde aparece com o nome de Farés (Mateus 1:3). Como no relato anterior, tal disputa jamais poderia ter acontecido com estes irmãos se os seus espíritos já não pré-existissem e tivessem histórias de encarnações passadas e de Karmas entrelaçados que devessem ser reparados. O interessante na história de Perez e Zerá é que eles lutaram para ser o primeiro a sair e obter assim os benefícios da primogenitura. Na história de Esaú e Jacó, ambos lutavam para ser o último a nascer e assim tentar escapar da parte menos nobre da profecia divina.

A citação do rei Davi no Salmo 58:3 é também outra passagem que nos remete à doutrina do Karma e, conseqüentemente, á doutrina das vidas passadas. Ali se diz: “Alienam-se os ímpios desde a madre; andam errados desde que nasceram, proferindo mentiras”. Como pode alguém ser considerado um ímpio, um pecador, um alienado de Deus e das coisas sagradas já desde o ventre de sua mãe se nem ainda nasceu ou teve tempo para pecar? Como pode andar errado e proferir mentiras desde o seu nascimento se ainda vai levar alguns anos para ele atingir a idade da razão e só então poder ser responsabilizado por seus atos? Como pode ser cobrado por não realizar ações morais corretas, dignas, se ainda não possui discernimento moral para tanto? Isto só seria possível se tal indivíduo houvesse pecado em uma vida anterior, tornando-se um ímpio contumaz, e renascendo em outra vida com aquela mesma natureza pervertida, contaminada, que o caracterizara como um pecador. Esta declaração do rei Davi deixa claro que os indivíduos por ele nominados de “ímpios” já existiam no tempo, já eram espíritos viventes, já eram seres pré-existentes. A citação também, feita no plural (‘ímpios”), deixa ver que, era grande o número de pessoas que integravam aquele grupo.

O texto de Eclesiastes 1:4-11, escrito pelo inteligentíssimo rei Salomão, diz respeito ao movimento cíclico de ir e devir das gerações. Ele afirma que “uma geração vai e outra geração vem; mas a terra permanece para sempre”. Esta mesma afirmativa é feita comparativamente em relação ao nascimento e ocaso do sol, ao passeio que o vento faz saindo do sul e voltando pelo norte e ainda aos caminhos que os ribeiros fazem saindo e retornando para o mar. Sabemos que as gerações referidas aqui por Salomão se repetem indefinidamente por ter o sábio se utilizado, na mesma narrativa, de três outros elementos que possuem um movimento cíclico, portanto, repetitivo. Por que o movimento desses elementos seria cíclico e o das gerações não? O afamado rei de Israel disse que “essas coisas (esses movimentos de ir e devir das coisas e das pessoas) se cansam tanto, que ninguém o pode declarar” (v.8). Talvez por serem tão comuns, tão rotineiros, não demos atenção a eles. No último versículo dessa passagem, o de número 11, o sábio afirma: “Já não há lembrança das coisas que precederam; e das coisas que hão de ser também delas não haverá lembrança, nos que hão de vir depois”. Só quem pode ter lembrança é quem já viveu alguma coisa, correto?

Ao falar do movimento constante das gerações, o sábio Salomão nos ensinou uma série de coisas importantes sobre a reencarnação e suas sub-doutrinas, como seja:

1º) ninguém reencarna sozinho, mas coletivamente, visto uma geração ser muito mais que um indivíduo e muito mais ainda que um grupo de pessoas. Uma geração é um composto social, uma colcha de retalhos sociais, constituída de vários grupos de indivíduos, vivenciando todos eles, um mesmo momento histórico. Toda a nossa vida, desde o nosso nascimento, sempre acontece em grupos, sendo o menor deles o grupo dos nossos pais. Depois outros grupos vão se somando a este como o dos nossos vizinhos, de nossos colegas de escola, os irmãos de nossa igreja, os colegas de trabalho, e demais grupamentos que encontraremos pelo caminho;

2º) todos os integrantes das gerações que tornarão à Terra já pré-existem. Se os milhares de integrantes das gerações que virão à Terra ainda não pré-existissem, mas tivessem que ser criados na hora, no momento da encarnação, o sábio não teria dito: “uma geração vai e outra geração vem e sim “uma geração vai e outra geração surge”, ou “uma geração vai e outra geração é criada”. Mas não foi isso que ele disse. A geração que virá já existe, mas ainda não foi manifesta! Do lugar para onde aquela outra foi, a que vai surgir partirá! E claro, não será da Terra e sim do lugar onde a Bíblia ensina que os desencarnados se reúnem, a saber, o Hades.

3º) todos os componentes da geração que se manifestará possuem compromissos kármicos. Ninguém que esteja vivendo atualmente no planeta Terra está sofrendo indevidamente, está sendo injustiçado, está penando inocentemente. Deus, o Senhor de toda a justiça e de todo o amor jamais permitiria isto! Lugar de justos é o céu e não a Terra! Se eu e você estamos aqui é porque alguma coisa nós aprontamos em nossas vidas anteriores! Todos nós que estamos vivendo no planeta Terra, estamos inseridos em diversos grupos Kármicos que se enlaçam e se entrelaçam, se enredam e se embaralham, e nos levam a vivenciar histórias já vivenciadas em outras vidas passadas! A oportunidade para quitarmos nossas dívidas Kármicas nos está sendo dada agora. Vamos aproveitá-la ao máximo!

4º) cada manifestação coletiva de vida é decorrente de um juízo também coletivo. Se é verdade que depois da morte vem o juízo, como apregoa o autor do livro de Hebreus (9:27), então todos os integrantes da nova geração que virá já foram julgados e sentenciados a retornarem ao lugar onde viverão suas vidas e nos quais terão a oportunidade de quitarem suas dívidas morais uns com os outros. A partir desta compreensão, ninguém que cruze diante de nós, será maltratado, humilhado, ou preterido, pois que podemos ter uma dívida moral com tal pessoa. Antes os cobriremos de atenção, de amor e de respeito, pois as Escrituras ensinam: “a ninguém devais coisa alguma, a não ser o amor, com que vos ameis uns aos outros: porque quem ama cumpriu a Lei” (Carta de Paulo aos Romanos 13:8).

A última passagem que iremos ver é a de Jeremias 1:5, na qual o Senhor diz para ele: “Antes que te formasse no ventre, Te conheci, e antes que saísses da madre, Te santifiquei: às nações Te dei por profeta”. Esta era uma passagem bem conhecida dos judeus, por ser Jeremias um dos profetas prediletos do povo. Nela se reafirmava a preexistência do espírito e a missão de vida de cada um. Observe que o Senhor usa duas maneiras distintas para falar da concepção de Jeremias: na primeira Ele diz: “antes que te formasse no ventre”, ou seja, antes que Eu te formasse no ventre, te conheci. Na segunda Ele diz “antes que saísses da madre, Te santifiquei”. Formar Jeremias no ventre daquela que seria a sua mãe era uma operação complexa e precisava de Deus; sair da madre, como todos os bebes saem, era algo natural e não se precisava de um Deus para fazê-lo. Jeremias fora separado para ser profeta das nações desde o ventre, ainda que só iniciasse o seu ministério quando homem maduro o que demonstra que ele já viera incumbido para desempenhar aquela missão.

CONCLUSÃO

Estes são apenas meia dúzia de registros bíblicos sobre o assunto em pauta que cremos serem suficientes para demonstrar que nem tudo o que o populacho falava e cria era fantasioso, descabido, sem nexo. O Senhor Jesus sabia disso e preferiu manter-se distante de qualquer discussão, incitando-nos assim a pesquisar o texto bíblico e a crescermos em sabedoria e em maturidade cristã.

Deus abençoe a todos

Caso seja do interesse de meu prezado leitor discutir mais sobre o assunto, envie-me seus comentários, questionamentos, sugestões, críticas e, quando houver, possíveis elogios.

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