Palestra VIII

RESSURREIÇÃO OU REENCARNAÇÃO?

Estudo elaborado pelo Pastor Olívio em Realengo, no Rio de Janeiro, em Junho de 2012

INTRODUÇÃO

Depois de termos analisado a crença dos judeus na reencarnação (Palestra IV); a crença dos discípulos de Jesus na mesma (Palestras II b; V; VI); a aprovação e ensinamentos do próprio Cristo em tal doutrina (Palestra VII), resta-nos a pergunta: “O que devemos seguir agora? A ressurreição ou a reencarnação?” A resposta do Pastor Olívio a essa questão não poderia ser diferente: “Nem uma nem outra doutrina exclusivamente, mas as duas”. Sei que esta parece ser uma resposta excusa, própria de quem não quer se envolver em nenhuma questão, em nenhum problema, e sim ficar quietinho, “encima do muro” como se costuma dizer, mas isto está longe de ser a verdade, pois quem teve de assumir, com imensos riscos pessoais e familiares, a crença em diversas doutrinas ditas “espíritas”, sendo um Pastor Evangélico, não pode ser acusado de ficar “encima do muro”, de se recusar a tomar posições. A questão é que se aceitarmos somente a ressurreição como doutrina bíblica sobre o retorno dos mortos à vida ficaremos com uma teologia capenga. Se aceitarmos somente a reencarnação, ficaremos com uma teologia manca. Apenas se aceitarmos as duas doutrinas como fazendo parte do grande plano de Deus para a redenção humana conseguiremos ver com mais clareza a abrangência e a profundidade da magnífica obra redentora de Deus!

Vimos na Palestra IV, sob o grande tema da “Reencarnação”, que as Escrituras dão nome de ressurreição a todo o tipo de retorno do indivíduo da morte para a vida, independentemente deste ter voltado assumindo o velho corpo em que vivera, um corpo novo, recém-gerado, preparado especificamente para ele viver mais uma manifestação de vida, ou ainda, um corpo definitivo, que não sofrerá mais mudanças, habilitado a viver a eternidade. Na atual palestra nos deteremos a analisar os dois grandes fenômenos espirituais que acontecem com o indivíduo no intervalo que vai de sua primeira morte até a sua ressurreição final. É especificamente este período que nos interessa. Não iremos examinar a ressurreição final, definitiva, que acontecerá com todos os seres humanos, aqui, visto ser nossa intenção estudá-la quando formos tratar das “Doutrinas das Últimas Coisas”.

Sei que muitos apregoam que uma vez que o indivíduo tenha morrido, este deve ficar na condição / lugar espiritual para onde foi levado e lá ficar aguardando o Dia do Julgamento Final, a acontecer no final das eras, quando então receberá o seu corpo definitivo, preparado para ele viver a eternidade. Tenho enormes dificuldades em acreditar neste ensino, pois não consigo enxergar propósito algum em se manter uma criatura finita, falha, amedrontada, presa com os piores elementos de nossa humanidade por milhares e milhares de anos terrenos em uma cadeia espiritual à prova de fugas para depois ressuscitá-la e condená-la a viver toda a eternidade (quem neste universo, a exceção de Deus, sabe o que é isso?) em sofrimento indizível, inimaginável, junta agora não apenas com os piores elementos de nossa humanidade, mas também de todo o universo e o próprio Satanás, em um lago de fogo ardente, inextinguível, só por ter ela cometido um ou vários pecados ou por desconhecer ela as leis de um “Deus de Amor” e o Salvador que Ele enviou para livrar todos os homens do inferno, mas que ninguém nunca sequer Dele lhe falou! Como disse em meu livro, disponibilizado neste site: “Quem quiser acreditar nisto que acredite, mas eu não acredito que você acredita”.

No estudo das ressurreições parciais e das reencarnações também parciais queremos ver primeiro quais as diferenças ou pontos discordantes entre ambas e a seguir, os pontos que elas têm em comum. Quero chamar a atenção do meu prezado leitor para o fato de que toda vez que a palavra ressurreição aparecer no texto, salvo alguma ressalva feita por este Pastor, ela se referirá exclusivamente a ressurreição parcial, provisória, não definitiva do corpo e não a ressurreição final, última, que acontecerá com todos os homens no final dos tempos. Vamos então começar nossa análise pelos pontos discordantes entre ambas:

DIFERENÇAS ENTRE RESSURREIÇÃO E REENCARNAÇÃO

A primeira diferença a se observar entre a ressurreição e a reencarnação encontra-se no número dos indivíduos que passaram por ambas as experiências. O número de pessoas que passaram por uma ressurreição parcial é ínfimo, minúsculo, em relação aos que passaram por uma reencarnação, que é incontável, ilimitado. Apesar das Escrituras conterem muitos relatos de pessoas que foram ressuscitadas e, em pelo menos um deles afirmar que foi grande o número dos que retornaram da morte à vida (Evangelho de Mateus 27:52), este número é comparativamente muito pequeno, muito insignificante, em relação ao total dos indivíduos que compõem a humanidade, o que reforça o argumento de que tal fenômeno é um imenso privilégio, uma tremenda honra, uma enorme distinção, para aqueles que por ele passaram. Quanto a reencarnação temos que apenas Jesus Cristo não a experimentou, no sentido de ter de retornar à vida física para saldar alguma dívida moral, tendo em vista as Escrituras afirmarem que Ele não veio da terra, mas do céu (João 3:31). Caso tivesse cometido algum pecado em vida o Cristo teria de reencarnar, mas como não cometeu delito algum, não precisou passar pelo processo reencarnatório (Hebreus 4:15). Todos os demais seres humanos, de todas as gerações – passadas, presente e futuras -, tiveram problemas com o pecado e tiveram de retornar à Terra dos Viventes para saldarem suas dívidas. Isto faz da reencarnação um processo democrático, imparcial e extremamente necessário e da ressurreição um processo eletivo!

A segunda diferença que desejo destacar entre a ressurreição e a reencarnação está no número de vezes que elas acontecem com o mesmo indivíduo. Conforme mencionei na Palestra II a, sob o tema da “Reencarnação”, nunca encontrei nenhum relato, quer fosse este bíblico ou secular, de um mesmo indivíduo que houvesse ressuscitado mais de uma vez. Todas as pessoas que ressuscitaram, só ressuscitaram uma vez apenas! Já com a reencarnação não podemos dizer o mesmo. Quantas reencarnações eu e o prezado leitor já não experimentamos? Desde quando estamos “rolando” e “enrolando” de uma para outra época do tempo como devedores de alguém? Quanto tempo foi necessário para chegarmos ao ponto que chegamos de receber todas as informações libertadoras que estamos recebendo e estarmos prontos para dar o grande salto libertário de nossas vidas em Cristo Jesus? Já que a maior parte de nós não pode conseguir isto pelo processo da ressurreição, podemos consegui-lo agora pelo processo da reencarnação! Vamos aproveitá-lo logo então, agora, de imediato! Vamos nos lançar nos braços do Cristo e pedir para Ele nos conceder o seu tão maravilhoso e necessário perdão! Aquele ladrão da cruz estava em pior situação que nós e ainda assim, ao pedir para Cristo perdoá-lo, o Bendito Salvador lhe disse: “Em verdade te digo que hoje estarás comigo no Paraíso” (Evangelho de Lucas 23:43). Nada, pois, de ficar adiando a decisão mais importante de toda a sua vida para a próxima encarnação! Quem lhe garante que as condições no futuro serão as mesmas? Quem lhe garante que alguém, lá adiante, o alertará sobre essas coisas? O tempo é agora! O tempo é hoje! Como diz o Senhor no livro de Hebreus 3:15: Hoje, se ouvirdes a sua voz, não endureçais os vossos corações”.

A terceira grande diferença entre a ressurreição e a reencarnação encontra-se no tempo a partir do qual elas podem acontecer com o indivíduo. A ressurreição acontece sempre a partir da data em que o indivíduo faleceu. Se faleceu criança, ressuscitará criança. Se faleceu jovem, ressuscitará jovem e se faleceu como ancião, como ancião ressuscitará. Nunca nas Escrituras alguém ficou mais jovem ou mais velho por ter sido ressuscitado. O indivíduo ressuscitará exatamente com o mesmo corpo e na fase da vida em que morreu. Já na reencarnação, todos os indivíduos retornam à vida física a partir da concepção, da geração de um novo corpo, preparado especificamente para ele viver a sua nova manifestação de vida. Isto faz com que todas as reencarnações aconteçam a partir de um útero, de um ventre materno, enquanto as ressurreições acontecem a partir do lugar onde o corpo do morto esteja, esteja ele enterrado ou não. Por ter o indivíduo reencarnado um novo pai e uma nova mãe, no sentido de serem estes diferentes dos pais que tivera na vida anterior, virá este com novas características físicas, corpóreas, totalmente dessemelhantes das de seu antigo corpo! Foi por terem conhecido João Batista no deserto da Judéia e terem visto Elias no Monte da Transfiguração com Cristo que os seus discípulos entenderam a explicação de Jesus de que João era o antigo profeta de Israel (Mateus 17:1-13). Os seus corpos eram diferentes, mas o seu espírito não! Este era único, ímpar, o mesmo da encarnação passada!

PONTOS COMUNS ENTRE A RESSURREIÇÃO E A REENCARNAÇÃO

O primeiro ponto comum que eu gostaria de destacar entre a ressurreição corporal e a reencarnação é que nenhum dos dois fenômenos foi estabelecido por Deus como meio de salvação dos homens. Nem a ressurreição salva ninguém, nem a reencarnação também. Ambos foram estabelecidos por Deus como métodos diferenciados de trazerem um defunto à vida, não de salvarem ninguém. As Escrituras são enfáticas em afirmar que o único elemento de salvação dado aos seres humanos, chama-se Jesus Cristo: “Em nenhum outro há salvação, porque também, debaixo do céu, nenhum outro nome há (além do de Jesus), dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos” (Atos 4:12). O apóstolo Paulo disse a seu filho na fé Timóteo: “Deus quer que todos os homens se salvem e venham ao conhecimento da verdade. Porque há um só Deus e um só mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo homem” (1ª Timóteo 2:4,5). Quando Cristo nasceu os anjos disseram para os pastores que estavam guardando os seus rebanhos à noite: “Eis que na cidade de Davi vos nasceu hoje o Salvador, que é Cristo, o Senhor” (Evangelho de Lucas 2:11). O próprio Cristo disse para seus discípulos: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim” (Evangelho de Joaão 14:6). Faltar-me-ia o tempo elencando todas as passagens bíblicas que falam de Jesus Cristo como único Salvador dos homens. O que desejo firmar aqui é que nenhum perdido que morra como um demônio ressuscitará como um santo e nenhum fiel que morra como um pecador acordará como um santo no céu. Só Jesus pode nos salvar de nossas mazelas e pecados.

O segundo ponto comum entre a ressurreição parcial e a reencarnação é que nenhum dos indivíduos que passaram por um dos fenômenos se lembrou do que havia acontecido! Eles não se lembravam de nada! Nem os ressuscitados se lembraram de coisa alguma, nem os reencarnados também! E isto é deveras importante para mim que ouço pessoas dizendo que se houvesse reencarnação de fato as pessoas saberiam quem foram nas vidas passadas. Mas elas se esquecem ou não sabem que NENHUM DOS RESSUSCITADOS DA BÍBLIA, À EXCEÇÃO DE JESUS CRISTO, TAMBÉM NÃO SE LEMBROU DE NADA! Nem das coisas do outro lado, nem deste! Seria este um caso de discriminação doutrinal ou apenas de desconhecimento escritural? Sim, porque as pessoas que foram ressuscitadas na Bíblia ficaram menos tempo mortas do que as que foram reencarnadas! Não deveriam elas, pelo pouco tempo que ficaram mortas, se lembrarem mais de alguma coisa do que as que foram reencarnadas? Em alguns casos, a ressurreição do indivíduo foi tão rápida, tão próxima de sua morte, que o seu aparato fisiológico mental, o seu cérebro, responsável por guardar as suas memórias, sequer foi danificado! Por que então as pessoas não se lembraram do que viram no outro lado da vida? Porque caso elas se lembrassem, tomariam todo o cuidado do mundo para não fazerem as coisas que as levaram ao lugar para onde foram e acertariam, de imediato, as coisas com as pessoas de quem eram devedoras. Mas não é isto exatamente o ideal? Não é isto o que deveria ser? NÃO, pois a salvação do homem não deve acontecer por horror ao local onde se encontrou após a morte e sim por amor a Deus e obediência voluntária, não coercitiva, às suas leis divinas. Apenas um ser transformado em sua natureza pecaminosa por Jesus Cristo pode ser salvo! O céu não é lugar de pessoas intimidadas e bem comportadas, não é lugar de “santinhos forçados”, e sim de indivíduos que aprenderam a amar ao Senhor e ao seu Cristo voluntariamente!

O terceiro e último ponto comum que desejo destacar entre a ressurreição e a reencarnação diz respeito a sua fonte, a sua origem, a sua procedência. Tanto a ressurreição quanto a reencarnação são métodos divinos, bíblicos, escriturísticos, de se trazer o indivíduo novamente à vida física. Não estamos autorizados a dizer, dadas as inúmeras provas bíblicas apresentadas, que a ressurreição provém de Deus e a reencarnação do Diabo; que a ressurreição é “doutrina cristã” e a reencarnação é “doutrina espírita”. Ambas são “doutrinas bíblicas”, e por isso mesmo, tão inspiradas por Deus quanto as demais doutrinas ensinadas em nossas igrejas. Isto é o mesmo que dizer que ambas são frutos da misericórdia de Deus, visto terem como objetivo dar outra oportunidade ao indivíduo de ser liberado em vida! Oh! Como isto soa diferente daqueles que afirmam ser a reencarnação uma doutrina de demônios, criada pelo próprio Diabo para levar os homens ao inferno ou, ainda, uma falsificação barata e sem nexo da Palavra de Deus! Longe disso, a reencarnação não pretende afastar os homens de Deus e sim dar uma nova oportunidade para este ser salvo por Deus! Não é isto maravilhoso? Não é isto tremendo? Não afastar, mas aproximar! Não maquiar, mas revelar! E a ressurreição parcial? Qual o seu objetivo? Curar o indivíduo que morreu enfermo? Libertá-lo de um demônio? Arrumar-lhe outro emprego ou um novo casamento? Não, você sabe que não, e sim dar-lhe outra oportunidade de acertar as contas com o seu próximo, consigo mesmo e com Deus. A ressurreição corporal e a reencarnação são bênçãos divinas pelas quais toda pessoa que vive hoje no planeta deveria ser grato, pois graças a elas podemos ter mais uma chance de sermos definitivamente liberados de nossas amarras espirituais em vida.

CONCLUSÃO

Para finalizar esta nossa palestra eu gostaria de dizer ao meu prezado leitor que, para o Senhor Nosso Deus, tanto a ressurreição quanto a reencarnação de uma pessoa ou de milhares ao mesmo tempo, possui o mesmo grau de facilidade. Deus não gasta mais tempo ou poder para fazer esta ou aquela outra coisa, por esta possuir material preexistente e aquela outra não, pois como Ele mesmo disse para o profeta Jeremias: “Eu sou o Deus de toda a humanidade: Acaso haveria coisa demasiadamente difícil para mim?” (Jeremias 32:27). No livro do profeta Isaías, após ter relatado passo a passo a criação do universo, Ele questiona a todos, dizendo: “Não sabes, não ouvistes que o Eterno Deus, o Senhor, o Criador dos fins da terra, nem se cansa nem se fatiga?” (Isaías 40:28). Gabriel disse para Maria: “Para Deus nada era impossível” (Lucas 1:37). Vamos, pois, deixar de lado esta predisposição inconsistente e preconceituosa de rejeição à doutrina bíblica da reencarnação, tão somente porque nos “ensinaram” que ela é uma doutrina espírita, diabólica e antibíblica e vamos estudar com afinco e coração aberto a Palavra de Deus em nossas classes bíblicas a fim de vermos o que ela realmente diz sobre este e demais assuntos.

Deus abençoe a todos

Caso seja do interesse de meu prezado leitor discutir mais sobre o assunto, envie-me seus comentários, questionamentos, sugestões, críticas e, quando houver, possíveis elogios.

 

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