III. Como Levantar Obreiros

 

Palestra III

 COMO LEVANTAR OBREIROS

 Estudo elaborado pelo Pastor Olívio em Realengo, no Rio de Janeiro, em maio de 2011 e revisado em maio de 2012

INTRODUÇÃO

Nunca existiu um Líder melhor e mais competente que Jesus Cristo. Ele treinou 12 homens dentre os mais difíceis de serem treinados e, em apenas 3 anos e meio, eles já estavam prontos, preparados para operarem a maior de todas as revoluções do mundo – a revolução da consciência. Como foi que o Cristo fez isto? Segundo os Evangelhos de Mateus 10:1-42 / Marcos 3:13-19 / Lucas 6:12-15, Ele o conseguiu observando alguns princípios de liderança já existentes e estabelecendo também novos princípios para serem cumpridos por aqueles que já se encontram constituídos como Líderes e que tenham como atribuição levantar outros Líderes e Obreiros para a Obra do Senhor. Vamos examinar então que princípios foram estes observados pelo Senhor Jesus:

Quanto ao Tempo Ideal para se Levantar Obreiros

O texto de Mateus 9:35-38 deixa claro que Jesus levantou seus Obreiros quando, ao olhar para a multidão que o seguia, percebeu que esta o seguia como ovelhas errantes que não têm Pastor. Ele era apenas um e havia tanto trabalho a ser realizado! Sozinho Ele não conseguiria dar conta de tudo. Precisava de ajudantes. Então o texto seguinte diz que Ele subiu ao monte e foi tratar desse problema com Deus (10:1-5). O que aprendemos com isso? Aprendemos que o tempo certo para se levantar Obreiros é aquele em que a necessidade do trabalho se faz evidente. Nenhum Pastor deve levantar Obreiros só para lhe dar um cargo, prender pessoas na congregação, ou mostrar que a “sua“ Igreja é um lugar de muito trabalho! Muitos cargos hoje são “distribuídos” nas igrejas de Cristo politicamente, para destacar algum amigo ou para prender pessoas que dão dízimos elevados, mas este é um comportamento tão mesquinho, tão baixo, tão reprovável que chega a nos causar asco (nojo)! Se a necessidade para o cargo não existir, não deve também existir o Obreiro. Quando Jetro viu Moisés atendendo o povo de manhã até a tarde em suas questões pessoais soube que aquele era o momento ideal para se levantar Lideranças. Então ele orientou Moisés a levantar chefes do povo sobre mil, cem, cinqüenta e dez para ajudarem-no, o que Moisés fez e equacionou aquele problema (Êxodo 18:13-27). Caso não observemos isto e teremos uma Igreja politizada, inchada de tanto “chefes” e bastante ruim de se estar.

Quanto ao Tempo de Formação dos Obreiros

Há diferença entre o tempo de preparação de um Obreiro para a ocupação de um cargo setorial, e o tempo de preparação para a substituição do Líder principal de uma Obra. O Senhor gastou 80 anos preparando Moisés para libertar o seu povo do Egito (40 anos no Egito – Atos 7:20-23 – e 40 anos em Midiã, com Jetro, seu sogro – Atos 7:29-30) e mais 40 anos ainda para este efetivá-la (Atos 7:35,36). Ele gastou 30 anos preparando Jesus para a sua obra vicária, redentora (Lucas 3:23), mas usou-o por apenas 3 anos e meio. Ele levou muito tempo para preparar o apóstolo Paulo (Gálatas 1:14 / 2:1), mas poucos anos depois este já estava sendo [1]morto. Quando foi levantar um Líder para substituir a Moisés, o Senhor tomou a Josué que já estava sendo preparado por pelo menos 40 anos para aquele momento (Números 13:116 / 14:34), mas quando Moisés foi levantar maiorais de mil, de cem, de cinqüenta e de dez para ajudá-lo a julgar as causas do povo,  ainda que o texto não nos informe quanto tempo ele tenha levado para procurá-los, escolhê-los e ordená-los, sabemos que não foi algo tão demorado, dada a premência para a solução do problema. Cristo levou 3 anos e meio para preparar seus Obreiros, mas quando teve de ser substituído, o único Líder no mundo com capacitação suficiente para fazê-lo foi o Espírito Santo de Deus que conosco permanece até aos dias de hoje (João 14:16-18,26 / 16:7-15). Paulo preparou muitos Líderes para a Obra de Cristo, mas não foi substituído por ninguém. O que aprendemos com tudo isto?

  • Gasta-se muito tempo para preparar material humano e pouquíssimo tempo para usá-lo;
  • Quanto maior a posição do Líder, maior o tempo de preparo de seu substituto;
  • O Obreiro que vai substituir o Líder principal deve estar com este desde o princípio da Obra;
  • O tempo ideal para a substituição de um Líder é aquele que a Liderança Maior entenda ser necessário para a capacitação do Obreiro substituto..

Quanto ao Método de Preparação de Obreiros

O método utilizado por Cristo para a preparação de seus Obreiros foi o da [2]Instrução Direta e Companhia Permanente. Cristo nunca contratou professores ou doutores de religião para instruir os seus discípulos. Tampouco alguma vez os mandou fazer algum dever de casa para trazê-lo no outro dia, como se faz em nossas instituições de ensino. Ele mesmo preparou-os, dando-lhes instruções do céu e ensinando-os como fazer as coisas diretamente, no local de trabalho, em sua companhia. É muito bom que o futuro Líder ou Obreiro estude em instituições de ensino preparadas para tal e se empenhe ao máximo com o objetivo de se tornar um Obreiro irreprovável (2ª Timóteo 2:15), mas não deixa de ser menos importante que ele receba instruções diretamente de seu Pastor sobre o que fazer na Obra. Os Seminários, Institutos e Faculdades Teológicas são locais onde o novo Líder receberá instruções, mas a Igreja e o mundo são os locais onde o Obreiro terá a sua atuação. Todo Pastor deve preparar pessoalmente seus Líderes naquilo que pretenda que eles façam, lado a lado com a instituição de ensino.

Quanto ao Tempo Necessário para a Escolha dos Obreiros

O evangelista Marcos registrou que Jesus subiu ao monte e lá, no alto da montanha, chamou para Si os discípulos que quis (v. 13). Lucas afirma que Cristo passara a noite inteira em oração e que quando já era dia chamou a si os discípulos que escolhera (vs. 12,13). O que isto nos ensina? Que os Líderes que iremos preparar devem ser escolhidos depois de um período longo e de intensa oração. Não de um pouco de oração apenas, mas de muita oração. Jesus passou a noite inteira orando ao Pai apenas por isto. Não se diz em nenhum dos textos que Ele tenha orado por outro motivo que não este. Há que se gastar tempo com Deus para se saber a quem devemos entregar os mistérios eternos. Há que se gastar tempo com Deus para se saber a quem devemos colocar como Líder e Obreiro sobre seu rebanho. Há que se gastar tempo com Deus para se saber com quem devemos partilhar a nossa unção espiritual. Não podemos ter pressa aqui (1ª Timóteo 5:22). Uma falha apenas e podemos por toda a Obra a perder. Quando um rebanho vê um Líder que foi levantado depois de muita e intensa oração, ele se sente confiante de que Deus fará uma grande obra através daquele Líder, mesmo que em determinados momentos este novo Líder pareça vacilante ou fraco. Se este período de oração não ocorreu, o rebanho fica sem base espiritual nenhuma para crer que aquele Líder ou Obreiro será uma benção e desenvolverá um ministério profícuo.

Quanto ao Momento Cruciante da Escolha

Os Evangelhos também informam que apenas Jesus subiu ao monte para orar por seus futuros ajudantes. Ele já estava experimentando a companhia de Pedro e de seu irmão André (Mateus 4:18-20), de Tiago e João, filhos de Zebedeu, que já eram seus discípulos (Mateus 4:21,22). Mateus já o estava seguindo (Mateus 9:9) e de igual maneira, Filipe e Natanael (João 1:43-49). Mas ainda assim, quando Ele foi orar ao Pai para que Este lhe informasse quais deveriam ser os futuros Líderes de sua Obra Ele subiu ao monte sozinho. E não disse para ninguém o que ia fazer! Por que foi que Ele fez isto? Por que Ele não levou alguém para ajudá-lo em oração? Porque a sua escolha não poderia ser influenciada por ninguém. Tivesse Ele um discípulo ali, orando com Ele, e seu coração poderia pender para escolher esse discípulo como um de seus Líderes, pela sua devoção. O próprio discípulo poderia “forçar uma barra” para ser escolhido por Jesus e então, neste caso, as duas decisões que poderiam sair dali seriam erradas: se o discípulo fosse escolhido como apóstolo, teria ganho uma projeção pessoal e não uma oportunidade para projetar a Cristo; se não fosse selecionado, ficaria a vida inteira amargurado contra Jesus e possivelmente se tornaria seu inimigo e opositor da Obra. Toda a Igreja pode e deve orar para que Deus ajude o seu Pastor na escolha de seus Obreiros, mas no momento crítico, crucial, da recepção dos nomes, da revelação sobre quais deverão ser os seus Ajudantes, apenas o Pastor deve permanecer na presença de Deus, em oração.

Quanto ao Anúncio dos Selecionados

Depois de ter ficado uma noite inteira em oração, Jesus chamou para Si os novos Líderes. Estes eram pessoas comuns que, nenhum de nós, em sã consciência, escolheria para liderar nada! Em seu grupo não havia escritores, empresários, profissionais liberais, professores universitários, mestres de religião ou políticos. Apenas pescadores (Pedro, André, Tiago e João), um subversivo (Simão, o Zelote), um coletor de impostos (Mateus), crentes incrédulos (Filipe e Tomé), gente comum e desconhecida de nós (Bartolomeu, Tadeu) e ainda aquele que o iria trair (Judas). Cristo não chamara Natanael, por exemplo, para compor o seu grupo, pessoa de quem afirmara não existir nenhum dolo (João 2:47) nem ainda sua Mãe, que sabia ser Ele o Messias (Lucas 1:26-35 / 2:8-20). Ao analisarmos friamente as escolhas que Jesus fez somos levados a afirmar que sua oração foi o maior fracasso de sua vida! Como escolher gente tão despreparada como pescadores para serem as futuras colunas da Igreja? Como escolher um zelote (Simão cananita) e um publicano (Mateus), que eram inimigos, e colocá-los no mesmo grupo? Como escolher para apóstolo o seu próprio traidor? É que a escolha dos Líderes da Obra de Deus não pertence a nenhum de nós, e sim a Ele mesmo. É Ele quem escolhe as pessoas que Ele quer, cabendo a nós apenas obedecê-Lo e honrá-Lo. Nossas escolhas devem refletir exatamente as escolhas que o Senhor já fez. Com isto aprendemos que não devemos chamar para Líderes aqueles que simpatizam conosco ou que nos agradam, mas sim aqueles que Deus mesmo já escolheu para Si. Muitos dos Líderes chamados por nós podem causar estranheza ao rebanho, mas esta estranheza, esta falta de obviedade, é a maior certeza de que a escolha foi feita por Deus, pois só Ele poderia chamar para Si tais pessoas para serem Líderes! Para o discípulo chamado, isto também traduz grande segurança, por não se sentir capaz de assumir tal posição. Foi assim com Moisés (Êxodo 4:1,10,13), Jeremias (1:6), Amós (7:12-15) Paulo (1ª Coríntios 15:8-11 / Gálatas 3:6-9 / 1ª Timóteo 1:12,13), e tantos outros.

Quanto a Qualificação dos Líderes

Isto é uma das coisas que mais impressionam no chamamento de Cristo. Ele não exigiu nenhuma qualificação educacional ou social de seus discípulos! Nem ainda mesmo uma qualificação moral! Caso o tivesse feito e poderia ter se livrado logo daqueles discípulos problemáticos, do seguidor traiçoeiro e dos apóstolos sem expressão! Afinal de contas Ele conhecia cada um deles e o que estava em seus corações, não precisando que ninguém Lhe informasse sobre quem eles eram (João 2:25). Ainda assim Ele escolheu exatamente aqueles discípulos. Sua única imposição, segundo o evangelista Lucas, foi que eles fossem convertidos, fizessem já parte de seu grupo de discípulos (Lucas 6:13). Por que foi que Ele fez isto? Porque cabia a Deus escolher os trabalhadores de sua Obra e não a Cristo! A este cabia apenas orar, receber e obedecer, como um filho faz, levantando exatamente aqueles a quem o Pai já havia escolhido. Afinal de contas este fora o motivo pelo qual Ele fora orar ao seu Pai. Caso Ele tivesse estabelecido qualquer outra condição que não fosse a espiritual e poderíamos atribuir o sucesso ou fracasso da Obra de Deus a existência desta ou daquela outra condição e não à soberania de Deus. Moisés tivera liberdade para escolher os seus Líderes e exigir deles suas qualificações (Êxodo 18:21) mas não o Cristo. Neste assunto Ele não poderia arbitrar. Tinha que escolher exatamente aqueles a quem Deus o Pai já escolhera. Daí aquela estranha seleção de discípulos! Mais tarde a Igreja Cristã passou a condicionar o levantamento de Líderes aos cargos de apóstolos (Atos 1:21-26); Bispos (1ª Timóteo 3:1-7 / Tito 1:5-9) e Diáconos (1ª Timóteo 3:8-13).

Quanto a Procedência dos Líderes

Cristo chamou para apóstolos pessoas que já faziam parte de seu grupo de seguidores e não de outros rebanhos existentes. Isto é importantíssimo para nós, pois nos ensina que o Pastor deve chamar para a Liderança do rebanho pessoas que dele já façam parte e não pessoas vindas de outros agrupamentos. O Senhor já havia estabelecido, através de Moisés, uma legislação sobre a eleição de um rei na qual orientara o povo a colocar sobre si um rei que viesse de seus próprios irmãos e não de um povo estrangeiro (Deuteronômio 17:14,15). Cristo poderia ter escolhido gente mais bem preparada do segmento dos fariseus, dos herodianos, dos saduceus, dos essênios e de outros grupos quaisquer para colocar sobre seu rebanho, mas não o fez. Ele os escolheu dentre os seguidores de seu próprio grupo. Por que foi que Ele fez isto? Porque Ele sabia que se já é difícil para nós aceitar como Líderes e Obreiros pessoas que já conhecemos, que trabalham conosco, e que jamais escolheríamos para nos liderar, (segundo os nossos critérios, claro), quanto mais uma pessoa vinda de fora, que não conhecemos nem a ela nem ao seu trabalho e que também não conhece nada sobre nós! O desânimo que poderia se abater sobre alguns por não terem tido a oportunidade de servirem a Cristo no local onde congregam poderia ser fatal a sua fé ou lhes incentivar a procurarem outro rebanho.

Quanto ao Número de Obreiros Eleitos

Ele escolheu, dentre os milhares de discípulos que tinha em Israel, apenas doze. A Bíblia diz que sua fama já havia ultrapassado os limites de seu país e chegado à Síria e que de todas as partes vinham ter com Ele para serem curados e libertos (Mateus 4:23-25). Em outra parte se diz que estava vindo gente da Fenícia, das cidades de Tiro e Sidom para ouvi-Lo (Lucas 6:17,18), mas ainda assim Ele só escolheu doze discípulos para serem Líderes. Porque foi que Ele fez isto? Para nos ensinar que o Pastor deve chamar para Líderes de seu rebanho, apenas a quantidade necessária para desenvolver o trabalho pretendido com eficácia. Nem Obreiros demais, passando a idéia de que “há muitos caciques para poucos índios”, nem Obreiros de menos passando a idéia de que “há muitos índios para poucos caciques”. O numero de Líderes a ser levantado deve ser exatamente aquele que a Igreja necessita. Doze é o número da plenitude dos redimidos e tem a ver com o povo de Deus. Doze eram os filhos de Jacó e das tribos de Israel. Que adiantaria o Cristo chamar uma pessoa de cada aldeia, de cada cidade, de cada região para ser Líder sobre um grupo, se apenas na Galileía existiam 204 cidades e aldeias? Este grupo acabaria contendo milhares de pessoas e a sua supervisão sobre ele seria quase impossível, tomando um tempo imenso que o Cristo não possuía e comprometendo seriamente a sua missão. Treinando apenas aqueles doze, estes treinariam outros tantos e estes a outros mais e assim, sucessivamente. Todo Pastor deve estar capacitado a preparar Líderes que possam preparar outros Lideres.

Quanto as Novas Atribuições dos Líderes e Obreiros

Mateus disse que Cristo após ter chamado para Si os doze discípulos que seriam nomeados apóstolos, deu-lhes orientações sobre quais seriam as suas novas atribuições (10:5-42). São 37 versículos tratando do trabalho a ser desenvolvido pelos novos Líderes e um capítulo inteiro do Santo Evangelho para tratar de sua nomeação. Marcos também fala das novas atribuições que Cristo dera a seus Ajudantes (3:14-15). Moisés dissera a seus novos Líderes quais seriam as suas atribuições e o tempo a ser despendido no trabalho (Êxodo 18:22). Creio que Deus julga ser isso uma coisa muito importante por ter utilizado tanto espaço nas Escrituras para falar sobre esse tema, mas também creio que esta é uma das partes mais falhas nos programas de preparação de Líderes existentes. A liderança chama alguém para trabalhar, o nomeia como Obreiro, mas não lhe diz exatamente o que deve fazer, não lhe informa quais serão as suas novas atribuições. O resultado disso, claro, é uma grande confusão. Pastores há que estão sendo sub-utilizados em seus ministérios, Presbíteros há que não possuem entendimento algum sobre o que seja o seu cargo, Diáconos há que estão tomando conta de crianças, do pátio de estacionamento ou tão somente servindo os elementos da ceia, e por aí vai. Todo Pastor, antes de nomear um Líder, deve estabelecer quais serão as suas atribuições.

Quanto a Titulação dos Novos Obreiros

O texto de Lucas 6:13 diz que Cristo passou a chamar os doze discípulos escolhidos de “apóstolos”. Isto também se encontra em Mateus 10:1,2. Era um título diferente que, quando pronunciado, trazia à mente de seu possuidor a lembrança de sua nova posição e de suas novas responsabilidades ao mesmo tempo que mostrava para os demais seguidores que aquelas pessoas gozavam de uma certa distinção. Eles não eram mais apenas discípulos, mas “apóstolos”, escolhidos dentre milhares e milhares de seguidores de Cristo em toda a Nação. Por esse titulo passaram a ser conhecidos em toda a História. O que o Cristo pretendia nos ensinar com Isto? Que o Pastor deve dar o título correspondente às novas funções de seus Líderes. Não apenas lhes dar novas atribuições e deixá-los como eram antes, como discípulos desconhecidos, mas honrá-los com a nova designação pela qual eles passarão a ser conhecidos! (Romanos 13:7). Isto estimula o espírito do cooperador, pois ele sabe que aos olhos dos demais isto quer dizer que ele se encontra em uma posição mais próxima de seu Líder. Certo é que alguns podem demonstrar orgulho espiritual por isso, mas o mesmo texto de Lucas a que nos referimos diz que Cristo deu nome de apóstolos aqueles que eram discípulos. Antes de sermos qualquer coisa que Deus nos permita ser, somos discípulos de Cristo. Aqui está a nossa maior honra!

Quanto a Ocasião de Nomeação dos Novos Obreiros

É interessante observar que todos os Obreiros foram nomeados de uma única vez, ao mesmo tempo e não aos pouquinhos, em vários grupos e ocasiões diferentes (Lucas 6:13-17). Todos foram nomeados de uma só vez e na presença de todos! Por que o Cristo fez assim? Porque desta maneira todos se sentiriam estimulados a trabalhar ao saberem que havia também outros parceiros de ministérios como eles, se cobrariam mutuamente por melhores resultados, tomariam conta uns dos outros, trocariam experiências entre si, se sentiriam valorizados ao saberem que o Cristo não havia feito nenhuma outra nomeação secreta, individualizada e que os considerava a todos igualmente. Isto nos ensina que, sempre que possível, o Pastor deve nomear todos os seus Líderes e Obreiros de uma única vez, em uma única data, em um único evento, em apenas uma ocasião.

Quanto à Ordenação dos Líderes

Após a nomeação dos novos Obreiros, Cristo deu-lhes poder para realizarem a sua missão (Mateus 10:1). Os capacitou, os revestiu de autoridade, os ungiu com poder espiritual. Deu algo de Si, que estava dentro Dele, para os novos Líderes. Só podemos dar aquilo que temos (Atos 3:6) e Cristo deu-lhes daquilo que possuía. Tudo o que um Pastor possui de melhor em sua vida deve compartilhar com o novo Líder na hora da unção: capacidade evangelística, poder para curar enfermos, sabedoria na Palavra, capacidade administrativa, e todas as demais coisas que ele sabe que Deus lhe deu em abundância. O novo Líder será o reflexo da vida espiritual de seu Pastor e, portanto, quanto mais de si ele tiver, mais segurança o Pastor terá que o novo obreiro desenvolverá um bom ministério. Nunca um Pastor deveria reter o poder espiritual que possui a fim de desqualificar um novo Líder ou mantê-lo pequeno diante de todos (Deuteronômio 34:9 / 1ª Timóteo 4:14 / Hebreus 6:1,2). Isso não condiz com sua posição de homem de Deus.

Quanto ao Momento da Liberação dos Líderes e Obreiros

Por último, o texto de Mateus 10:5 diz que Cristo os enviou a realizar o que tinham para realizar. O que isto quer dizer? Quer dizer que o Pastor deve determinar o momento a partir do qual o novo Líder será responsável por tudo o que diga respeito a seu cargo. O momento em que o novo Líder terá o seu cordão umbilical administrativo cortado e se tornará, de fato, o cabeça daquele setor, o detentor daquele cargo, o Líder daquele grupo, etc.. Não se pode trabalhar livremente em um setor da Igreja se a Liderança está o tempo todo ditando as regras a serem observadas, as maneiras de se fazer o trabalho, as pessoas a serem levantadas como auxiliares e coisas assim. O Obreiro tem de ter liberdade para trabalhar em seu Setor, para expor suas idéias, para nomear os seus auxiliares e fazer o que tem de ser feito. Ou o Líder confia totalmente em seu Obreiro ou não o coloca no cargo. Cristo deu as instruções necessárias a seus Obreiros e os lançou no campo, como o agricultor a semear em um campo (Salmo 126:5,6). A partir daquele momento, o novo Líder será o responsável por seu ministério com suas novas responsabilidades.

Deus abençoe a todos.

 

Caso seja do interesse de meu prezado leitor discutir mais sobre o assunto, envie-me seus comentários, questionamentos, sugestões, críticas e, quando houver, possíveis elogios.

[1] Paulo se converteu nos primeiros anos do movimento cristão, provavelmente entre 33 e 35 d.C, e morreu decapitado em Roma, em cerca de 70 d.C.
[2] Apesar de o método de ensino utilizado por Cristo ser parecido com o método utilizado por Aristóteles, conhecido como peripatético, palavra grega para ‘ambulante’ ou ‘itinerante’ em razão do hábito deste filósofo ensinar ao ar livre, caminhando enquanto lia e dava preleções, por sob os portais cobertos do Liceu, conhecidos como perípatoi, ou sob as árvores que o cercavam, o seu método diferia daquele por não estabelecer lugar e horário para o ensino.