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QUEM NASCEU MESMO NO NATAL?

 

QUEM NASCEU MESMO NO NATAL?

Chamou-me a atenção a surpresa que o nascimento de Cristo causara na cidade de Jerusalém. A comoção fora tão grande, tão tamanha, que penetrou como uma flecha pelos portais do palácio do rei Herodes. O texto diz que, tanto Herodes, quanto os sacerdotes, e toda a população da cidade, ficaram extremamente perturbados com aquela notícia! (Evangelho de Mateus 2:1-7). Por que estas pessoas se perturbaram tanto se aquele acontecimento era o mais esperado de todos os tempos para a nação judaica? Por que se perturbaram tanto se o nascimento do Salvador da humanidade fora descrito, passo a passo, pelos profetas, nas Escrituras?

Sim, os profetas haviam predito que, naquele mesmo ano, o Cristo nasceria na nação de Israel, nos termos da cidade de Belém (Daniel 9:25,26 / Miquéias 5:2); que uma estrela brilhante apareceria no céu no dia de seu nascimento (Números 24:17); que o Messias  nasceria de uma menina virgem (Isaías 7:14); que visitantes de longe, de países estrangeiros, iriam procurá-Lo e Lhe ofereceriam presentes (Salmo 72:9,10 / Isaías 60:1-7). Todas essas profecias se cumpriram a risca, mas a cidade sagrada de Jerusalém se perturbou. De alegria pelo nascimento de seu Messias? De admiração pela infalibilidade das profecias bíblicas? De sentimento de honra e de dignidade por ter sido Israel a nação escolhida?

NÃO, QUERIDOS(AS). Eles ficaram perturbados por não terem atentado para os sinais tão extraordinariamente previstos sobre o nascimento de Cristo, descritos em suas próprias Escrituras! Os sábios estrangeiros entraram na cidade “santa”, perguntando onde estava o recém nascido “rei dos judeus”, pois que haviam visto a “sua estrela” lá no “oriente”, e vieram adorá-Lo, conforme predito nas Escrituras dos judeus! Quase dois anos já se haviam passado desde o nascimento daquele menino, que já não residia mais em uma estrebaria cercada de animais, mas sim em uma casa com os seus pais! (Evangelho de Mateus 2:1-18). Os “príncipes” dos sacerdotes, os escribas, e a população religiosa de Israel, haviam se esquecido totalmente do nascimento de Cristo! Já não liam mais as Escrituras! Já não examinavam mais a Palavra de Deus!

Sabe de uma coisa, querido(a)? Por vezes tenho a impressão que o povo de Deus também já não se lembra mais de quem nasceu no Natal! Nos lembramos das pessoas a quem dar presentes; de levar nossas crianças aos shoppings para ver Papai Noel; dos ingredientes de nossa ceia natalina; dos cartões bonitos e a quem os devemos enviar. De tudo isto nos lembramos, mas nos esquecemos de que o Natal é uma festa de nascimento e que nesta data quem nasceu foi o Cristo, o Salvador dos homens! Vamos, pois, homenageá-lo, honrá-lo, dignificá-lo, pois, se Papai Noel é lenda, é fantasia, é tradição, Jesus é real, é factual, é histórico e, também os nossos pecados, que precisam ser perdoados, anistiados. remitidos. O Salvador é nascido e, hoje mesmo, podemos presenteá-Lo oferecendo-Lhe o nosso coração (Provérbios 23:26).

Bom Natal com Jesus e com os seus entes queridos!

CRISTÃOS SEM TEMPO

 

CRISTÃOS SEM TEMPO

Vivemos em uma época em que todos estão muito apressados, muito frenéticos, sem tempo disponível para nada. A vida mudou de ritmo e tudo agora é muito rápido. Nossos veículos são muito velozes. Nossos aparelhos domésticos funcionam de imediato. Nossas compras feitas sem sairmos de casa e nossas rotinas de trabalho aceleradas ao máximo. Nossa altíssima tecnologia acelerou os processos de produção e o mundo passou a estar virtualmente “a nossos pés”. Impossível deter este ritmo. Impossível parar sete bilhões de indivíduos.

Os problemas começam quando pensamos nos relacionamentos. Pais sem tempo para filhos, maridos sem tempo para esposas, mestres sem tempo para alunos, e por aí vai. Todos reclamando do tempo, ainda que o tempo mesmo permaneça inalterado. Até na igreja essa atitude pode ser apreciada. Pastores sem tempo para suas ovelhas, o tempo dispensado a exposição da Palavra de Deus comprimido e o comparecimento dos fiéis ao local sagrado cada vez mais reduzido. O resultado dessa postura é a fragilidade dos relacionamentos, o aumento exponenciado de nosso egoísmo e problemas derivados da solidão e do alienamento. Colocamos coisas no lugar de pessoas e pessoas no lugar das coisas.

Muitos cristãos se tornaram pessoas sem tempo, mas continuam a exigir de Deus total dedicação. Muitos já não lêem mais sua Bíblia, não comparecem as festividades sacras, não participam das aulas e ensaios e, se chamados para alguma reunião de oração, corre-se o risco de perdê-los como membros! Cristãos sem tempo para Deus! Em um grande segmento de fé, o perdão de pecados que não sejam mortais, pode ser solicitado através da Internet e obtido a partir do preenchimento de respectivo formulário! Em alguns países, o dízimo já vem descontado no contra-cheque, materializando a religião e cristalizando ainda mais a fé. A religião se tornou virtual, a fraternidade se tornou virtual e agora também queremos transformar nossa comunhão com Deus em uma comunhão virtual!

Observe o que disse Davi no Salmo 55:17: “De tarde e de manhã e ao meio-dia orarei e clamarei, e ele (Deus) ouvirá a minha voz”. Davi era o rei de Israel, uma nação constituída por milhões de indivíduos, e estava sempre cheio de atividades, responsabilidades e compromissos, mas ainda assim achava tempo para orar a Deus três vezes ao dia! Davi gastava tempo com Deus e Deus gastava tempo com Davi. De Daniel se diz que também orava três vezes ao dia, voltado para Jerusalém, com as janelas de seu quarto abertas para a cidade sagrada (Daniel 6:10).

Se você diz ser um cristão e não tem tempo para Deus não espere que Deus tenha tempo para você, pois relacionamentos são construídos gastando-se tempo – muito tempo – com a pessoa amada. Escolha ser um homem ou uma mulher cheio(a) do Espírito Santo. Livre-se de passar sua vida de fé como um cristão raso, superficial, sem conteúdo. Escolha gastar tempo com Deus e Ele gastará tempo com você.

 

CARNAVAL, A FESTA DOS DEUSES

 

CARNAVAL, A FESTA DOS DEUSES

“Os que são de Cristo crucificaram a carne com suas paixões e concupiscências”
 (Gálatas 5:24)

Todo ano ele acontece em minha nação, o Brasil. Por quatro dias seguidos, em todo o território nacional, milhares e milhares de pessoas dos mais diferentes credos, cultura, cor, condição social, se lançam em um frenético movimento de danças populares pelas ruas e casas de baile, em belas fantasias ou desnudos, desfilando em agremiações robustas e bem estruturadas que trazem em seus belos cânticos, os nossos mitos e tradições. O carnaval brasileiro é a maior festa popular do planeta e somente um de seus bailes, o “Galo da Madrugada”, de Olinda, leva anualmente para as ruas de Recife, cerca de 2 milhões de pessoas. Os governantes se alegram com o sucesso dessa fantástica manifestação folclórica enquanto os comerciantes, pequenos ou grandes, não cessam de rir pelos seus polpudos lucros!

Ao mesmo tempo em que tal festa acontece, outros milhares de brasileiros deixam as suas congregações e templos religiosos e se retiram para lugares especiais, afastados dos centros carnavalescos, para passaram um período de refúgio espiritual e aumentarem a sua comunhão com Deus. Enquanto alguns correm para comungar com os deuses da carne, do sexo, das bebidas alcoólicas e de outras drogas, outros correm para comungar com o Deus da fé, do amor, da paz e da retidão.

O intrigante de tudo isto é que, enquanto os devotos dos deuses do carnaval tomam de assalto as nossas ruas, nossas casas de bailes, nossos espaços públicos e até os nossos lares, através das imagens da televisão, os adoradores do Deus Vivo se retiram para campos isolados, para locais silenciosos, a fim de lá batalharem contra os deuses da carne e aumentarem com o Deus do céu a sua comunhão. Não parece isto um contra-senso? Abandonar o local da batalha para ir se consagrar tão longe, só Deus sabe aonde, para fortalecer um pouco mais os seus pilares morais? Mas, talvez, o mais esquisito de tudo isso é que não vemos nenhum resultado positivo deste tal retiro consagratório. Após este período de reclusão espiritual as igrejas não ficam mais cheias por causa dele, os jovens não trabalham mais para Cristo, nem tampouco há um forte movimento de conversões à fé, a nível nacional.

Será que estamos utilizando corretamente o período do carnaval, tido como o período de maior intensidade da batalha espiritual contra os deuses falsos, para conquistar territórios espirituais para o Cristo? Não será esse “afastamento para os montes” uma confissão silenciosa de acovardamento por parte da Igreja, diante dos deuses da carne? Que neste carnaval o prezado retirante possa fazer um pacto com o Deus verdadeiro de devotar, durante todos os dias do ano, a sua vida a Ele, e de se alistar bravamente em seus exércitos a fim de travar esta tão gigantesca, tão desproporcional, e tão necessária batalha espiritual.

ÁREAS DE RISCO

 

ÁREAS DE RISCO

Um dos maiores flagelos naturais de nosso tempo se encontra associado às enchentes, quer sejam elas decorrentes do degelo de montanhas, transbordamento de rios, chuvas torrenciais ou poderosas tsunamis, e a razão delas quase sempre serem fatais é que grande parte de nossa população reside nas chamadas “áreas de risco”, isto é, locais onde a incidência desses fenômenos é maior e seus moradores não possuírem condições para enfrentá-los.

Há dois mil anos atrás o Mestre Jesus já alertava as multidões para essas áreas. Ele contou a história de dois indivíduos que haviam construído suas respectivas casas. Em sua narrativa, Ele não fez nenhuma referência a ser um mais rico do que o outro, mas destacou que um construíra sabiamente sua casa sobre uma rocha enquanto outro construíra a sua em um terreno de areia, portanto, em uma “área de risco”. A conclusão de sua estória não poderia ser diferente: a casa construída sobre a rocha resistiu a todas as intempéries, enquanto a construída sobre a areia ruiu aos primeiros embates (Mateus 7:24-27).

Sabe de uma coisa, leitor? Nossas autoridades políticas deveriam ser responsabilizadas e condenadas juridicamente por todas as pessoas falecidas em catástrofes que estivessem morando em “áreas de risco”, pois apenas elas possuem autoridade para permitir que um cidadão more ou não neste ou naquele outro local. Pelo direito de morarmos no lugar em que moramos – nem sempre em condições dignas – todos pagamos muito caro, enquanto os tais “defensores do povo” habitam em residências de luxo, subsidiadas com o dinheiro público.

Jesus chamou a atenção para o fato de edificarmos nossas casas e nossas vidas em terreno sólido, forte, consistente, mas muitos estão construindo suas vidas em cima de terreno arenoso, inconsistente, fraco. Por diversas vezes na Bíblia, o indivíduo humano é comparado a uma casa. Como dono de sua residência, o indivíduo é responsável por quem deixa ou não entrar nela. Cristo disse em Apocalipse 3:20: “Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, eu entrarei em sua casa, cearei com ele, e ele comigo”.

Mas há mais pessoas interessadas em entrar em você! Só que estas não são gentis como Jesus, que pede para entrar em sua casa e se retira em silêncio quando sua pessoa é recusada. Estas são invasoras espirituais, ladrões de almas, seres ruins, que a exemplo de seu mestre sem luz, tomam a sua casa de assalto, pois vêm para “roubar, matar e destruir” (João 10:10). Estes seres não trazem alegria, paz e amor como Jesus, mas só dor, sofrimento e pesar. Sei de muitas pessoas que estão com suas casas cheias destes seres horríveis. E você? Sobre qual terreno vai edificar a sua vida? Na Rocha dos Séculos, o Lugar Seguro chamado Jesus Cristo, ou, na “Área de Risco dos Milênios”, o Lugar Arenoso e Escorregadio, conhecido como Satanás?

II. Salvação ou Evolução?

 

Palestra II

SALVAÇÃO OU EVOLUÇÃO?

Estudo elaborado pelo Pastor Olívio em Realengo, no Rio de Janeiro, em maio de 2012

INTRODUÇÃO

Se eu perguntasse para o meu prezado leitor se acredita que o ser humano precisa ser salvo através de uma experiência espiritual de reparação moral, de caráter instantâneo, definitivo e radical, denominada conversão, novo nascimento ou regeneração, como apregoado pela religião cristã, ou se precisa ser salvo evoluindo em seu espírito mediante inúmeras manifestações de vida até se tornar um espírito puro, liberto de todas as amarras existenciais, como apregoado pelas religiões que acreditam na reencarnação, o que o meu leitor diria? Se responder que o homem precisa ser regenerado, torna desnecessária e fútil a evolução espiritual. Se responder que ele precisa evoluir em seu espírito até ser completamente liberto, torna sem efeito o sacrifício de Cristo. Aparentemente uma coisa elimina a outra, não podendo ambas andar juntas. Se é difícil para alguns acreditar que Deus possa ter enviado o seu Filho para ser vítima de um sacrifício vivo, cruel, sanguinolento, em uma ação totalmente repulsiva, inaceitável e até desnecessária, segundo as religiões reencarnacionistas, que não consideram o homem um pecador intransigente, contumaz da lei de Deus, e sim um espírito em evolução, em crescimento eternal, também é difícil para aqueles que partilham da fé cristã, acreditar que um ser mau, degradado, degenerado como o homem, possa ir melhorando em sua essência, em sua espiritualidade, progressivamente, reencarnação após reencarnação, até se tornar um espírito puro, sem precisar do sacrifício substitutivo de Cristo e da transformação de sua natureza decaída pela ação do Espírito Santo. A idéia de que seguir o exemplo de vida deixado por Cristo seja suficiente para o homem ser liberto seria completamente equivocada, pois quem isto desejasse deveria ter o Espírito de Cristo para conseguir viver a vida de Cristo, o que só seria possível mediante uma experiência espiritual de conversão.

Afinal de contas do que precisa o homem? De salvação ou de evolução?

EVOLUÇÃO OU INVOLUÇÃO?

Permitam-me voltar ao início de tudo, ao momento e lugar em que tudo começou. As Escrituras ensinam que o homem foi criado por Deus puro, sem mácula, sem pecado algum, e colocado em um lugar, denominado Éden, distrito da antiga Babilônia, que de tão lindo que era passou à História como “o Jardim do Éden”, ainda que o lugar contivesse também as configurações de um pomar por ter muitas árvores frutíferas e flores, de uma reserva animal por ter vários bichos e de um laboratório divino por ter Deus nele feito a mulher. Enquanto o período de inocência humana perdurou, o homem manteve comunhão com Deus e viveu em total sintonia com o seu ambiente. Ao pecar, porém, isto é, ao se rebelar voluntariamente contra as leis estabelecidas por Deus, o homem perdeu a comunhão que mantinha com o seu Criador, colocou toda a raça em estado de degradação moral e quebrou a sintonia com o local em que vivia. Esta situação, escrituristicamente demonstrada, parte dos pressupostos de que Deus existe e que foi o Criador do homem, não importando se esta criação se deu de forma mediata ou imediata; se por evolução ou se por criação instantânea. Ela ainda assegura as seguintes condições:

  • a) que o homem não evoluiu de um estado moral baixo para um estado moral alto, elevado, e sim, que já surgira vivenciando este estado superior;

  • b) que o decaimento espiritual e moral do homem foi abrupto, repentino, e atingiu toda a raça, que agora vive em estado de degradação moral e distanciamento de Deus;

  • c) que o homem não tem conseguido, no correr dos séculos, levantar-se por si mesmo e reassumir aquela posição que originalmente possuía de pureza espiritual e comunhão com o seu Criador;

  • d) que apenas Deus, que criou o homem e o afastou do Jardim Paradisíaco quando este pecou, pode, se assim o desejar, introduzi-lo novamente no novo Paraíso, aberto para nós através de Cristo, tendo para isto de tomar a iniciativa deste ato.

Já comentei na Palestra anterior, sobre este mesmo tema da Salvação, que os filhos do primeiro casal humano ao nascerem, já nasceram fora do Jardim do Éden, tendo o caminho que levava á Árvore da Vida bloqueado para eles. Não conheceram nada do que havia no Jardim do Éden nem gozaram da comunhão com Deus que seus pais experimentaram. Por que eles não usufruíram da mesma comunhão com Deus que seus pais tiveram, visto não terem em nada desobedecido a Deus e seus espíritos serem ainda puros, limpos, imaculados? Porque o meio em que eles estavam já não mais o era! Este os influenciava diretamente para o mal, ainda que não determinasse que o mal acontecesse na vida deles! Veja só: o lar onde eles viviam era um lar fracassado; o lugar onde habitavam, impregnado de demônios; a facilidade de pecar longe do olhar dos outros, imensa; e a comunhão que podiam manter com Deus, mediada por sacrifício de animais. Tão logo os filhos daquele casal chegaram à idade da razão, rebelaram-se contra as orientações do Senhor. Caim, o filho mais velho, estava vivenciando um estado de degradação espiritual tão grande que não sentiu dificuldade alguma em assassinar o seu irmão! O pecado tomara conta de suas almas e o ambiente onde viviam se degenerava cada vez mais atirando os novos habitantes do planeta em um tremendo mar de lama. Tão rapidamente isto aconteceu que Deus intentou destruir a raça humana através de uma imensa catástrofe. O dilúvio veio como um açoite divino à tão nova humanidade e apenas oito pessoas daquelas gerações antigas escaparam de morrer afogadas! Nenhuma evolução de espíritos fora detectada até então, antes a degeneração espiritual se acentuara rapidamente e tomara conta de todos!

Séculos mais tarde encontramos Jesus se lamentando sobre as gerações de seu tempo e dizendo: “Ai de ti, Corazim! ai, de ti, Betsaida! Porque, se em Tiro e em Sidom (cidades da Fenícia) fossem feitos os prodígios que em vós se fizeram, há muito que se teriam arrependido com saco e cinza” (Mateus 11:21). Ainda que possamos dizer que essas gerações eram limitadas em número e situadas em determinada faixa do tempo, fica evidenciado que, nem mesmo os portentosos milagres do Cristo foram suficientes para elas se converterem de seus maus caminhos e incredulidade! Na última semana da vida do Mestre Este discursou para os seus discípulos dizendo: “Como foi nos dias de Noé, assim será também na vinda do Filho do homem. Porquanto, assim como nos dias anteriores ao dilúvio, comiam, bebiam, e davam-se em casamento, até o dia em que Noé entrou na arca, e não perceberam, até que veio o dilúvio, e os levou a todos – assim será também a vinda do Filho do homem” (Mateus 24:37-39). As gerações agora apresentadas pelo Cristo já não parecem ser mais individualizadas e localizadas em determinado lugar do planeta, e sim envolver toda a população da Terra quando de seu retorno. Segundo o Senhor Jesus, elas não estarão apresentando nenhum sinal de aperfeiçoamento em seus espíritos, antes indo de mal a pior.

A AÇÃO DO PECADO NA VIDA DO HOMEM

O ensino geral das Escrituras, tanto pela pessoa do Cristo, quanto de seus apóstolos e antigos profetas é o de que o pecado cria uma divisão abismal, intransponível, entre o homem e o seu Criador. Veja, por exemplo, esta citação do profeta Isaías: “Eis que a mão do Senhor não está encolhida, para que não possa salvar; nem o seu ouvido agravado, para não poder ouvir: mas as vossas iniqüidades fazem divisão entre vós e o vosso Deus: e os vossos pecados encobrem o seu rosto de vós, para que vos não ouça” (Isaías 59:1,2). Mais do que separar, porém, o pecado mata o homem espiritualmente, ou seja, torna impossível o acesso de seu espírito ao Espírito de Deus, que é Vida, é Exuberância, é Plenitude! Sem essa fluência da vida divina para a vida humana, o homem vira um “morto-vivo” em seus sentimentos e vontade. Jesus disse para alguém do povo que pretendia ser seu discípulo e ir enterrar o seu pai: “Deixa aos mortos sepultar os seus mortos” (Mateus 8:21,22). Ele estava se referindo aos parentes e amigos do morto que iriam enterrar o pai do pretendente a discípulo, e que estavam espiritualmente mortos. Este é o quadro mais feio que se pode pintar sobre a situação de distanciamento que o homem vive de Deus, pois se alguém está morto, quer seja física ou espiritualmente falando, não pode evoluir de maneira alguma! O apóstolo Paulo escreveu aos crentes de Éfeso dizendo-lhes: “(Deus) vos vivificou estando vós mortos em ofensas e pecados” (Efésios 2:1). E outra vez para os crentes daquele lugar: “Desperta, ó tu que dormes, levanta-te dentre os mortos e Cristo te iluminará” (Efésios 5:14). Sim, queridos: qualquer pecador que não tenha se arrependido de seus pecados, acertado as contas com o seu próximo e com Deus não pode evoluir em seu espírito, pois quem está morto não pode ir para lugar algum!

A NECESSIDADE DE CONVERSÃO

As Escrituras nunca apregoam que o homem deve ir se convertendo aos pouquinhos até um dia estar plenamente convertido, pois um morto não pode ir vivendo aos pouquinhos até um dia se tornar um vivo, e sim precisa de vida logo, imediatamente, para começar a viver! No momento em que este receber a vida, seja esta débil ou forte, um filete ou uma avalanche, já não importará mais, pois que já estará VIVO! A partir daí, sim, deverá ir se fortalecendo, progredindo, avançando, dia após dia! As Escrituras são enfáticas em anunciar a necessidade de o pecador passar por uma experiência de conversão espiritual a fim de receber nova vida – vida divina, vida crística, vida plena, e, a partir daí, trilhar um caminho de evolução, pois, se é verdade que um morto não pode evoluir, também é verdade que um vivo pode! Jesus disse: “Eu sou a ressurreição e a vida: quem crê em mim, ainda que esteja morto, viverá”. Se o prezado leitor encontra-se morto espiritualmente, distante de Cristo, distante de Deus, e sente que agora é o momento de receber VIDA, de começar a trilhar o caminho da verdadeira evolução, então arrependa-se sinceramente de seus pecados e convide a Cristo, o Salvador, para “entrar em seu coração”, ou seja, para penetrar no mais íntimo de seu ser, e limpá-lo de toda transgressão. A seguir, agradeça a Deus por tê-lo salvo e peça a Ele para ajudá-lo a viver todos os dias de maneira nobre, santa, pura. Não poderei descrever o alívio e a sensação de liberdade que o leitor sentirá, pois afinal de contas, o prezado já está preso nestas amarras espirituais a milhares e milhares de anos, mas estou certo, com os meus 25 anos de pastorado, que o prazer que sentirá será imenso, real e indizível!

A EVOLUÇÃO TAMBÉM É NECESSÁRIA

A crença de que a salvação do indivíduo só pode ocorrer mediante a evolução de seu espírito, feita a partir de uma sucessão infinda de reencarnações, não é escrituristicamente correta, pois que este nunca foi e nem nunca será o objetivo da reencarnação. O objetivo da reencarnação, biblicamente falando, é dar a oportunidade ao indivíduo de, em alguma das muitas manifestações de vida que terá, ser confrontado com o Libertador de todas as amarras milenares de sua vida – o nosso Mestre, Senhor e Salvador Jesus Cristo! Ao ser confrontado com o Salvador dos homens, o indivíduo poderá decidir-se pela sua libertação definitiva. Toda a operação de salvação do homem, que envolveu o Cosmo inteiro e demandou a participação direta do próprio Deus, porém, não pode, por si só, pela sua dramaticidade, salvar qualquer indivíduo que seja, se este não o desejar! O ser que precisa da salvação tem que desejar ser salvo e isto não acontece em doses homeopáticas, de evolução em evolução, mas de imediato, instantaneamente, através de uma entrega confiante e total do perdido Àquele que irá salvá-lo! É como uma criança que se lança aos braços do pai de uma altura elevada para se livrar das chamas de um incêndio ou, um nadador que está se afogando e precisa confiar no banhista que dele se aproxima para salvá-lo. Tem de confiar! Tem de se lançar totalmente nos braços de Cristo! Não importa se você chama esse ato de conversão, de novo nascimento ou de outro nome qualquer, pois o que importa é que o indivíduo passe por esta experiência de salvação!

Uma vez salvo, porém, o indivíduo entra em uma segunda fase, uma fase de evolução, mas não evolução do espírito no sentido de aperfeiçoamento deste, de melhora de sua essência, pois o que Cristo operou no íntimo do pecador não pode ser melhorado por ninguém. Sua obra é completa e definitiva. O pecador precisava ter a sua natureza decaída e pecaminosa transformada em uma natureza santa e pura, que sentisse prazer nas coisas de Deus e isto Cristo fez por ele, melhor dizendo, por todos nós. Ele nos transformou em santos a fim de que pudéssemos evoluir em santidade. O novo espírito do salvo precisa evoluir, crescer em conhecimento da vontade de Deus e, o Espírito Santo, como Mestre de Jesus que foi, também nos ajudará a crescer em Deus (2ª Pedro 3:18). Este processo de crescimento em Deus, de distanciamento do mal e de realização de boas obras é conhecido nas Escrituras pelo nome de santificação e só termina quando o indivíduo deixa este mundo em Cristo. Assim aprendemos que somos salvos para evoluir e não evoluímos para sermos salvos. “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus, não vem de obras para que ninguém se glorie. Porque somos feitura sua (de Deus) criados em Cristo Jesus para as boas obras as quais Deus preparou para que andássemos nelas” (Efésios 2:8-10). Somos salvos pela graça de Deus para a prática das boas obras e não por causa delas. Deus não precisa das nossas obras para salvar-nos e sim de nossa fé em seu ato de amor que o levou a oferecer Jesus Cristo por nós.

CONCLUSÃO

Evolução espiritual é apenas para os espiritualmente vivos, para os transformados por Deus, para os atingidos pelo Evangelho de Cristo e não para os que ainda não se converteram de suas maldades, não buscaram o perdão do Senhor, não demonstraram nenhum interesse pelas coisas espirituais, pois se tivessem de evoluir no estado em que se encontram, evoluiriam sim em maldade, em pecado, em transgressão, e aumentariam em muito a sua “carga kármica”. A evolução espiritual é realmente necessária para todos os indivíduos, mas não pode vir antes da conversão, da transformação do pecador em um justo santificado.

“Esta é a vontade de Deus, a vossa santificação” (1ª Tessalonicenses 4:3)

“Não nos chamou Deus para a imundícia, mas para a santificação” (1ª Tessalonicenses 4:7)

“Segui a paz com todos e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor” (Hebreus 12:14)

Deus abençoe a todos

Caso seja do interesse de meu prezado leitor discutir mais sobre o assunto, envie-me seus comentários, questionamentos, sugestões, críticas e, quando houver, possíveis elogios.

I. Salvação – Quem Precisa Dela?

 

Palestra I

QUEM PRECISA DELA?

Estudo elaborado pelo Pastor Olívio, em Realengo, no Rio de Janeiro, em junho de 2012

INTRODUÇÃO

Uma das coisas que eu sempre achei extremamente difícil de compreender nas pessoas que me anunciavam o Evangelho era o porquê de eu ter de ser salvo! Eu não conseguia entender essa coisa, pois não me sentia perdido em nada! Eu estava muito bem, obrigado! Eu havia nascido em um lar presbiteriano, criado em um internato católico, adotado por uma família tradicional do Rio de Janeiro de sólidos princípios cristãos e feito boas amizades na Marinha, força militar em que me alistei. Possuía um lar maravilhoso com irmãos tão fraternos que até hoje em dia parecem não existir iguais; uma mãe que era e ainda é uma esponja de puro amor; amigos em toda parte que me orientavam e me encaminhavam para o bem, e vinha agora aquele bando de pessoas esquisitas dizendo que eu devia “aceitar a Jesus, como meu único e suficiente Salvador e Senhor”, “arrepender-me de meus pecados”, “ser salvo”, e viver de acordo com a “Bíblia”, para que, quando morresse, “não fosse para o inferno e sim para o céu”. Até os doze anos de idade eu sequer sabia o que significava morte! Por que razão então eu deveria ser salvo? Salvo de que ou de quem? Salvo para fazer o que? Eu nunca atendi aos apelos daquela gente esquisita, não porque tivesse desenvolvido uma postura de rejeição permanente para rechaçá-los, mas porque eu não conseguia entender o significado daqueles termos esquisitos. Eu simplesmente não sabia do que eles estavam falando! Somente aos 21 anos de idade é que eu vim a compreender o significado de tais palavras e pude tomar a decisão que iria mudar toda a minha vida! Glória a Deus!

EVANGELHO: A LOUCURA DE DEUS!

Por vezes nós cristãos achamos que é coisa fácil para as pessoas a quem estamos evangelizando entenderem o nosso linguajar, o nosso jargão teológico, a nossa maneira de falar, mas isto não é verdade. Mesmo que o fosse, ainda assim, a mensagem que nós pregamos não é nada fácil de ser compreendida! Ela é tão complicada, tão complexa, tão difícil, que precisamos de um Deus para convencer o nosso ouvinte! O apóstolo Paulo denominou-a de “a loucura da pregação” (1ª Coríntios 1:21). Ele disse: “o homem natural (não convertido, não comungante com Deus) não compreende as coisas do Espírito de Deus porque lhe parecem loucura. Sente só a situação de nosso ouvinte: uma pessoa chega para ele e diz que um inocente foi duramente torturado e assassinado por causa dele e que, se ele não se arrepender de seus delitos, de seus maus atos, vai ser condenado pelo próprio Deus a viver para sempre em um lugar de trevas e fogo na companhia dos piores elementos do universo, incluindo a presença do próprio Diabo! Só que o nosso ouvinte não sabe que atos foram esses que a pessoa diz que ele cometeu, nem ainda quem é o indivíduo que ela diz que ele matou, pois tal pessoa já morreu há mais de dois mil anos em uma nação que o ouvinte jamais conheceu e para onde nunca sequer viajou! Isto é loucura ou não é? A Bíblia diz que “a palavra da cruz é loucura para os que perecem, mas para nós que somos salvos é o poder de Deus” (1ª Coríntios 1:18).

Fico entristecido ao ver pregadores, ao término de uma ministração, no templo ou fora dele, se sentindo totalmente frustrados, humilhados, decepcionados, pesarosos, por não verem os indivíduos para os quais eles ministraram, decidindo-se por Cristo, aceitando a salvação que eles estão lhes oferecendo. Eles se sentem completamente arrasados, decepcionados, frustrados e podem permanecer neste estado de depressão espiritual por um longo período. Querido, o que você está pregando é uma loucura, e não é loucura de homem, é loucura de Deus! “Visto como na sabedoria de Deus o mundo não conheceu a Deus pela sua sabedoria, aprouve a Deus salvar os crentes pela loucura da pregação, “porque a loucura de Deus é mais sábia do que os homens” (1ª Coríntios 1:21,25). Apenas Deus pode ser responsabilizado pela sua própria loucura! Os resultados de sua pregação louca só dependem Dele mesmo e não de nenhum de nós!

A nossa função não é ficar cobrando resultados do Altíssimo, mas apenas sermos fiéis em nossa incumbência de proclamar a sua mensagem. Mensageiros não são responsáveis pelo conteúdo das cartas que carregam e sim pela sua entrega. Não podemos fazer nada para ajudar Deus, para esforçá-Lo, para dar-Lhe melhores resultados. A Parábola do Semeador que, pacientemente semeia sua boa semente em quatro terrenos diferentes, e que só obtêm os resultados pretendidos em um deles, nos ensina isto. O bom resultado da semeadura não depende apenas da semente e do tempo adequado para semeá-la, mas também do terreno que a recebe (Mateus 13:1-23). O rei Salomão instruiu em Eclesiastes 11:6: “Pela manhã semeia a tua semente, e à tarde não retires a tua mão, porque tu não sabes qual prosperará: se esta, se aquela, ou se ambas igualmente serão boas”. O apóstolo Paulo, tão acostumado a pregar às multidões, sabia muito bem qual era a sua posição diante de Deus, pois que disse aos crentes de Corinto: “Eu plantei, Apolo regou, mas Deus deu o crescimento; de sorte que nem o que planta é alguma coisa, nem o que rega, mas Deus que dá o crescimento” (1ª Coríntios 3:6,7). Apenas o Espírito Santo pode convencer alguém das verdades divinas (João 16:8). O próprio Senhor nos orienta sobre como isto acontece: “Não por força, nem por violência, mas pelo meu Espírito, diz o Senhor dos Exércitos” (Zacarias 4:6). Nada, pois, de ficar arrasado quando não vir os resultados acontecendo de imediato, pois nenhum de nós possui o título de Salvador dos homens, a não ser o nosso Bendito e Amado Jesus. Toda honra, toda glória, toda adoração para o nosso Mestre amado!

Assim é que as primeiras palavras do Espírito Santo sobre a salvação, nesta Palestra, são direcionadas aos pregadores do Evangelho com o objetivo de salvá-los de seu sentimento de incapacidade, de desânimo, de frustração quando, ao pregarem a mensagem de Deus, os ouvintes a quem eles estiverem pregando, não responderem favoravelmente aos seus apelos. Ditas essas coisas, vamos examinar juntos o que seja, biblicamente, salvação:

ENTENDENDO O QUE É PERDIÇÃO PARA COMPREENDER O QUE SEJA SALVAÇÃO

As Escrituras ensinam que os nossos primeiros pais viviam uma vida de comunhão com Deus, porquanto criados por Ele mesmo para a sua comunhão e prazer. Deus e o homem eram amigos. Estavam sempre juntos. Gostavam de sua amizade. Todo dia, pela viração da tarde, Deus vinha conversar com a sua criaturinha. Eles discutiam sobre como expandir o Éden para toda a terra, sujeitando os animais e poderes terrestres, tendo cuidado em preservar o meio ambiente. A força de Deus em Adão era tão grande que quando o Senhor lhe trouxe a mulher que criara para ser sua companheira ele lançou uma palavra sobre a constituição e perenidade do casamento que, até hoje, milhares e milhares de anos após a sua morte, continua vigorando! (Gênesis 2:22-24). Mas outro ser também vinha conversar com nossos primeiros pais! Este tentava levá-los a desacreditarem de Deus e a se rebelarem contra o Altíssimo. O ser maligno insinuava que se eles comessem o fruto de uma determinada árvore que o Senhor lhes proibira acessar seriam como Deus. Ninguém sabe quanto tempo durou este embate, apenas que, ao final do mesmo, o homem cedera as provocações do Diabo e decidira se rebelar contra Deus. A comunhão com o Divino então fora quebrada! A amizade que ambos tinham fora partida! A confiança no Criador, desacreditada! O homem não desejava mais a interferência de Deus em sua vida!

Os resultados dessa decisão foram extremamente desastrosos para a vida daquele casal e dos filhos que lhes adviriam. O Senhor expulsou imediatamente o homem e a sua companheira do Éden, pois o Paraíso é lugar para os que desejam viver em comunhão com Deus e não para os que desejam viver errados. Eles tiveram que trabalhar duramente a terra externa ao Jardim do Éden para tirar dela o sustento. Os animais, que deveriam ser subjugados pelo homem, já não eram mais tão dóceis e amigos. O parto da mulher aumentara muitíssimo em dor e em sofrimento. A morte física passara a ser uma realidade para os seus corpos, outrora tão bonitos e fortes. O homem passara a experimentar doenças, enfermidades, angústias de alma e falta de expectativas. O acesso a Deus fora quebrado e Satanás agora ditava as regras para o homem. Quando o indivíduo morria, nem por isso ficava liberto de sua prisão espiritual, pois sua alma não ia diretamente à presença de Deus, mas ficava retida, aprisionada, cativa, em um cárcere espiritual, nas regiões inferiores do planeta, conhecido pelos hebreus pelo nome de Sheol e pelos gregos pelo nome de Hades. Essas regiões penumbrosas faziam parte dos domínios de Lúcifer, o ser que ficara tentando os nossos pais no Éden. A esperança de sair de tal prisão residia na crença da ressurreição final quando Deus retiraria os prisioneiros que Nele confiavam daquela cadeia, lhes revestiria de um novo corpo, capaz de resistir a morte, e os levaria para viver eternamente com Ele na glória. Você pode ler sobre o relato da queda do homem nos três primeiros capítulos do livro do Gênesis, o primeiro das Escrituras Hebraicas. Em breves palavras, isto é o que chamamos de “a queda espiritual da humanidade”.

Mas você então pergunta: “E o que é que eu tenho a ver com isso? O que é que eu tenho a ver se meus pais antigos, meus ancestrais, meus avós e bisavós e seja lá quem for, pecaram ou deixaram de pecar contra Deus? Isso é problema deles, não meu! Não posso pagar por algo de errado que eles tenham cometido! Cada um colhe o que plantou!” Sabe de uma coisa, prezado leitor? VOCÊ QUASE QUE ACERTOU EM TUDO! Quase que está completamente correto! Não podemos mesmo pagar pelos erros dos outros, mas, podemos sim, receber as más conseqüências de seus atos errados! Jeremias, um dos profetas do antigo Israel, disse: “Nossos pais pecaram e já não existem; nós levamos as suas maldades (Lamentações de Jeremias 5:7). Uma simples decisão de meu leitor de não pagar a conta de fornecimento de energia elétrica e toda a sua família ficará às escuras! O Líder principal de uma nação pode decidir-se pela guerra contra outra nação e você, como cidadão daquele país, nem sequer ser chamado para opinar sobre ela, mas, decidindo-se você ou não pela peleja e, participando ou não da guerra, receberá as conseqüências da decisão de seu Líder – quer sejam elas boas ou más. Adão e Eva decidiram se rebelar contra Deus e, ao fazerem isto, trouxeram a miséria e a peste sobre todo o Planeta, colocando toda a espécie humana em servidão!

Quando Deus expulsou nossos primeiros pais do Éden, estes construíram um abrigo para si ao redor daquelas terras e começaram a viver ali o seu novo “estilo liberto de vida”. Preste bem atenção ao que eu vou dizer agora: Quando os filhos daquele casal nasceram, já nasceram fora do ambiente espetacular que seus pais viveram cheio de glória, de resplendor, e de íntima comunhão com Deus! Nenhum deles tivera a oportunidade de conhecer aquele extraordinário lugar, nem ainda a fantástica pessoa do Altíssimo, pois quando eles nasceram o acesso ao Jardim do Éden já lhes havia sido vedado e a comunhão com Deus, destruída! Eles agora só podiam ficar olhando para aqueles domínios, outrora gloriosos, e desejarem ter vivido o que seus pais ali viveram com Deus! Entretanto, tinham mesmo é que se contentar em viver com suas mulheres e filhos e os filhos de seus filhos, em seu novo padrão de vida instalado na terra a partir da desobediência de seus pais (Genesis 4). Talvez seja esse desejo frustrado de não ter experimentado o que nossos primeiros pais experimentaram e a impossibilidade de conseguí-lo na atualidade que faz com que tenhamos uma relação de amor e ódio para com tudo o que se refira a religião.

Conviver com o exemplo de vida moral fracassada de seus ex-honrados pais, aliada a infestação de demônios que já grassava o planeta, o rigor decorrente da nova situação de vida que estavam vivendo, mais a impossibilidade de acessar o lugar glorioso em que seus pais viveram em parceria com Deus, era demais para os filhos daquele primeiro casal, que logo também estavam pecando e aumentando, ainda mais, o declínio espiritual da raça humana. As Escrituras dizem que isto foi feito com tanta rapidez, em tão pouco tempo, que já no sexto capítulo de seu primeiro livro, Deus manifestou o desejo de exterminar toda a raça! A terra estava coberta de violência e de injustiça e, ainda, totalmente depravada. O dilúvio veio como juízo sobre todos. Apenas Noé e sua família se salvaram. Melhorou tal calamidade a moral da espécie humana? Os novos humanos que vieram depois do Dilúvio, vieram melhores que os primeiros? Responda com sinceridade, prezado leitor: Você acha que somos melhores hoje do que a civilização antediluviana ou as gerações do tempo de Cristo? Nossos exemplos de vida doméstica, pessoal e espiritual têm sido modelos de honra e de dignidade para os nossos filhos seguirem?

Um só pecado cometido por nossos primeiros pais e toda a humanidade ficou totalmente comprometida! Um só pecado cometido por mim ou pelo prezado leitor e toda a nossa vida e a de nossos “próximos” ficarão comprometidas também. Uma pequenina gota de tinta compromete toda a limpidez de um enorme recipiente de água cristalina.

O prezado leitor se lembra de ter praticado algum pecado na vida? Qualquer um que seja? Se lembra, então precisa da salvação de Cristo, pois este único pecado altera toda a essência de nossa natureza que deixa de ser totalmente pura, santa, imaculada, e passa a ser pecadora, transgressora, rebelde contra Deus. O Pastor Olívio precisa muito da salvação de Deus por ter sido um horrível pecador no passado e, volta e meia, ainda, cometer algumas transgressões contra o Amado Senhor. As Escrituras afirmam que todos os homens, a exceção de Cristo já pecaram alguma vez na vida e, aqueles que virão no futuro, também não conseguirão deixar de pecar (Romanos 3:23). Eles não agüentarão viver uma vida inteirinha de santidade e pureza, sem cometer pecado algum. Isto lhes acontecerá pela força do ambiente espiritual imundo e contaminado em que eles nascerão; pela ação perversa do Maligno e de seus demônios que os tentarão o tempo todo até eles pecarem; pelo exemplo decaído de seus pais, familiares e amigos e, ainda, pela carga kármica que trarão de outras vidas já vividas.

NINGUÉM É OBRIGADO A SER SALVO

Mas você pode perguntar: O que acontecerá se seu não quiser ser salvo?

Bem, eu não tenho uma resposta muito boa para você. O que acontece com uma pessoa em nosso mundo que, estando perdida, ainda assim, não deseja ser encontrada? Compreendo e respeito a decisão de meu prezado leitor se este pretende permanecer perdido, mas não creio que deva dar este gostinho ao Diabo e aos seus inimigos terrenos, até porque, com a salvação de Cristo, o leitor terá muitíssimo a ganhar! Mas para responder a pergunta ensejada, as Escrituras ensinam que NINGUÉM, à exceção de Cristo, possui força suficiente para enfrentar o Maligno e sair-se vencedor da peleja; que o Maligno pode colocar e colocará todo tipo de problemas e dificuldades capazes de quebrarem a harmonia interior do amado. Uma vez feito isto ele despejará sobre a sua vida todo o seu arsenal de malignidades, que não é nada pequeno, tais como; doenças físicas, obsessões, possessões, medos inexplicados, dificuldades de toda sorte, agressividade desconhecida, incitação descontrolada de desejos sabidamente ilícitos, e tudo aquilo que puder lhe trazer uma alegria não genuína. As Escrituras ensinam que até dormindo precisamos da proteção do Senhor para não sermos atacados pelo Maligno! (Salmo 3:5 / 4:8). Somado a isto tudo – e que eu, como Pastor, considero ser a pior ação de Satanás na vida do homem – o prezado será desestimulado de procurar a salvação e, deliberadamente se distanciará cada vez mais de Deus.

O resultado desse aprisionamento espiritual dos sentidos e da vontade é uma degradação na natureza humana cada vez mais acentuada, ao ponto de a Bíblia dizer que, nos últimos dias, haverá seres tão endurecidos contra as coisas de Deus, tão moralmente insensíveis, tão empedernidos, tão empedrados em sua consciência para as coisas do bem, que sua condição moral se assemelhará a de um demônio ou a do próprio Satanás! Por isto eles também experimentarão o mesmo inferno destinado ao Diabo e aos demônios, “pelos séculos sem fim” (Mateus 25:41 / Apocalipse 20:10 / 21;8). O meu leitor pode até desejar isso para a sua vida, pois é livre para fazê-lo, mas o Pastor Olívio acredita que, se isto já estiver lhe acontecendo, é porque o prezado já está por demais tocado e envolvido por Satanás.

Descrevi em meu livro, disponibilizado neste site, um estado derradeiro, último, destinado as criaturas que chegarem a esse estágio moralmente sem volta que é o aniquilamento do indivíduo como criatura, a cessação de sua existência, o desaparecimento de sua personalidade. Creio que este estado é pior mesmo do que aquele, apregoado por alguns, como sendo o destinado a tais criaturas que ficariam então sofrendo eternamente em um lugar de tormento e de fogo na companhia dos piores elementos do universo, pois que neste, o indivíduo ainda sabe quem é, tem consciência de seu ser, de sua existência, mas, naquele outro, ele será apenas um nada, deixará de existir, e nunca mais será para sempre. Entendo que alguém possa agüentar o pior sofrimento que se possa infligir a uma pessoa, mas não que possa aquentar a idéia de não existir nunca mais, de nunca mais ser lembrado.

CONCLUSÃO

Na próxima palestra, irei examinar uma interessante questão envolvendo a salvação, qual seja, se ela é um ato divino que precisa ser experimentado pelo homem ou se é uma inexorável evolução de caráter humano e que acontecerá com todos os indivíduos. Creio que o leitor vai ficar vivamente entusiasmado com aquilo que vai ser nela ministrado!

Deus abençoe a todos

Caso seja do interesse de meu prezado leitor discutir mais sobre o assunto, envie-me seus comentários, questionamentos, sugestões, críticas e, quando houver, possíveis elogios.

VIII. Ressurreição ou Reencarnação?

Palestra VIII

RESSURREIÇÃO OU REENCARNAÇÃO?

Estudo elaborado pelo Pastor Olívio em Realengo, no Rio de Janeiro, em Junho de 2012

INTRODUÇÃO

Depois de termos analisado a crença dos judeus na reencarnação (Palestra IV); a crença dos discípulos de Jesus na mesma (Palestras II b; V; VI); a aprovação e ensinamentos do próprio Cristo em tal doutrina (Palestra VII), resta-nos a pergunta: “O que devemos seguir agora? A ressurreição ou a reencarnação?” A resposta do Pastor Olívio a essa questão não poderia ser diferente: “Nem uma nem outra doutrina exclusivamente, mas as duas”. Sei que esta parece ser uma resposta excusa, própria de quem não quer se envolver em nenhuma questão, em nenhum problema, e sim ficar quietinho, “encima do muro” como se costuma dizer, mas isto está longe de ser a verdade, pois quem teve de assumir, com imensos riscos pessoais e familiares, a crença em diversas doutrinas ditas “espíritas”, sendo um Pastor Evangélico, não pode ser acusado de ficar “encima do muro”, de se recusar a tomar posições. A questão é que se aceitarmos somente a ressurreição como doutrina bíblica sobre o retorno dos mortos à vida ficaremos com uma teologia capenga. Se aceitarmos somente a reencarnação, ficaremos com uma teologia manca. Apenas se aceitarmos as duas doutrinas como fazendo parte do grande plano de Deus para a redenção humana conseguiremos ver com mais clareza a abrangência e a profundidade da magnífica obra redentora de Deus!

Vimos na Palestra IV, sob o grande tema da “Reencarnação”, que as Escrituras dão nome de ressurreição a todo o tipo de retorno do indivíduo da morte para a vida, independentemente deste ter voltado assumindo o velho corpo em que vivera, um corpo novo, recém-gerado, preparado especificamente para ele viver mais uma manifestação de vida, ou ainda, um corpo definitivo, que não sofrerá mais mudanças, habilitado a viver a eternidade. Na atual palestra nos deteremos a analisar os dois grandes fenômenos espirituais que acontecem com o indivíduo no intervalo que vai de sua primeira morte até a sua ressurreição final. É especificamente este período que nos interessa. Não iremos examinar a ressurreição final, definitiva, que acontecerá com todos os seres humanos, aqui, visto ser nossa intenção estudá-la quando formos tratar das “Doutrinas das Últimas Coisas”.

Sei que muitos apregoam que uma vez que o indivíduo tenha morrido, este deve ficar na condição / lugar espiritual para onde foi levado e lá ficar aguardando o Dia do Julgamento Final, a acontecer no final das eras, quando então receberá o seu corpo definitivo, preparado para ele viver a eternidade. Tenho enormes dificuldades em acreditar neste ensino, pois não consigo enxergar propósito algum em se manter uma criatura finita, falha, amedrontada, presa com os piores elementos de nossa humanidade por milhares e milhares de anos terrenos em uma cadeia espiritual à prova de fugas para depois ressuscitá-la e condená-la a viver toda a eternidade (quem neste universo, a exceção de Deus, sabe o que é isso?) em sofrimento indizível, inimaginável, junta agora não apenas com os piores elementos de nossa humanidade, mas também de todo o universo e o próprio Satanás, em um lago de fogo ardente, inextinguível, só por ter ela cometido um ou vários pecados ou por desconhecer ela as leis de um “Deus de Amor” e o Salvador que Ele enviou para livrar todos os homens do inferno, mas que ninguém nunca sequer Dele lhe falou! Como disse em meu livro, disponibilizado neste site: “Quem quiser acreditar nisto que acredite, mas eu não acredito que você acredita”.

No estudo das ressurreições parciais e das reencarnações também parciais queremos ver primeiro quais as diferenças ou pontos discordantes entre ambas e a seguir, os pontos que elas têm em comum. Quero chamar a atenção do meu prezado leitor para o fato de que toda vez que a palavra ressurreição aparecer no texto, salvo alguma ressalva feita por este Pastor, ela se referirá exclusivamente a ressurreição parcial, provisória, não definitiva do corpo e não a ressurreição final, última, que acontecerá com todos os homens no final dos tempos. Vamos então começar nossa análise pelos pontos discordantes entre ambas:

DIFERENÇAS ENTRE RESSURREIÇÃO E REENCARNAÇÃO

A primeira diferença a se observar entre a ressurreição e a reencarnação encontra-se no número dos indivíduos que passaram por ambas as experiências. O número de pessoas que passaram por uma ressurreição parcial é ínfimo, minúsculo, em relação aos que passaram por uma reencarnação, que é incontável, ilimitado. Apesar das Escrituras conterem muitos relatos de pessoas que foram ressuscitadas e, em pelo menos um deles afirmar que foi grande o número dos que retornaram da morte à vida (Evangelho de Mateus 27:52), este número é comparativamente muito pequeno, muito insignificante, em relação ao total dos indivíduos que compõem a humanidade, o que reforça o argumento de que tal fenômeno é um imenso privilégio, uma tremenda honra, uma enorme distinção, para aqueles que por ele passaram. Quanto a reencarnação temos que apenas Jesus Cristo não a experimentou, no sentido de ter de retornar à vida física para saldar alguma dívida moral, tendo em vista as Escrituras afirmarem que Ele não veio da terra, mas do céu (João 3:31). Caso tivesse cometido algum pecado em vida o Cristo teria de reencarnar, mas como não cometeu delito algum, não precisou passar pelo processo reencarnatório (Hebreus 4:15). Todos os demais seres humanos, de todas as gerações – passadas, presente e futuras -, tiveram problemas com o pecado e tiveram de retornar à Terra dos Viventes para saldarem suas dívidas. Isto faz da reencarnação um processo democrático, imparcial e extremamente necessário e da ressurreição um processo eletivo!

A segunda diferença que desejo destacar entre a ressurreição e a reencarnação está no número de vezes que elas acontecem com o mesmo indivíduo. Conforme mencionei na Palestra II a, sob o tema da “Reencarnação”, nunca encontrei nenhum relato, quer fosse este bíblico ou secular, de um mesmo indivíduo que houvesse ressuscitado mais de uma vez. Todas as pessoas que ressuscitaram, só ressuscitaram uma vez apenas! Já com a reencarnação não podemos dizer o mesmo. Quantas reencarnações eu e o prezado leitor já não experimentamos? Desde quando estamos “rolando” e “enrolando” de uma para outra época do tempo como devedores de alguém? Quanto tempo foi necessário para chegarmos ao ponto que chegamos de receber todas as informações libertadoras que estamos recebendo e estarmos prontos para dar o grande salto libertário de nossas vidas em Cristo Jesus? Já que a maior parte de nós não pode conseguir isto pelo processo da ressurreição, podemos consegui-lo agora pelo processo da reencarnação! Vamos aproveitá-lo logo então, agora, de imediato! Vamos nos lançar nos braços do Cristo e pedir para Ele nos conceder o seu tão maravilhoso e necessário perdão! Aquele ladrão da cruz estava em pior situação que nós e ainda assim, ao pedir para Cristo perdoá-lo, o Bendito Salvador lhe disse: “Em verdade te digo que hoje estarás comigo no Paraíso” (Evangelho de Lucas 23:43). Nada, pois, de ficar adiando a decisão mais importante de toda a sua vida para a próxima encarnação! Quem lhe garante que as condições no futuro serão as mesmas? Quem lhe garante que alguém, lá adiante, o alertará sobre essas coisas? O tempo é agora! O tempo é hoje! Como diz o Senhor no livro de Hebreus 3:15: Hoje, se ouvirdes a sua voz, não endureçais os vossos corações”.

A terceira grande diferença entre a ressurreição e a reencarnação encontra-se no tempo a partir do qual elas podem acontecer com o indivíduo. A ressurreição acontece sempre a partir da data em que o indivíduo faleceu. Se faleceu criança, ressuscitará criança. Se faleceu jovem, ressuscitará jovem e se faleceu como ancião, como ancião ressuscitará. Nunca nas Escrituras alguém ficou mais jovem ou mais velho por ter sido ressuscitado. O indivíduo ressuscitará exatamente com o mesmo corpo e na fase da vida em que morreu. Já na reencarnação, todos os indivíduos retornam à vida física a partir da concepção, da geração de um novo corpo, preparado especificamente para ele viver a sua nova manifestação de vida. Isto faz com que todas as reencarnações aconteçam a partir de um útero, de um ventre materno, enquanto as ressurreições acontecem a partir do lugar onde o corpo do morto esteja, esteja ele enterrado ou não. Por ter o indivíduo reencarnado um novo pai e uma nova mãe, no sentido de serem estes diferentes dos pais que tivera na vida anterior, virá este com novas características físicas, corpóreas, totalmente dessemelhantes das de seu antigo corpo! Foi por terem conhecido João Batista no deserto da Judéia e terem visto Elias no Monte da Transfiguração com Cristo que os seus discípulos entenderam a explicação de Jesus de que João era o antigo profeta de Israel (Mateus 17:1-13). Os seus corpos eram diferentes, mas o seu espírito não! Este era único, ímpar, o mesmo da encarnação passada!

PONTOS COMUNS ENTRE A RESSURREIÇÃO E A REENCARNAÇÃO

O primeiro ponto comum que eu gostaria de destacar entre a ressurreição corporal e a reencarnação é que nenhum dos dois fenômenos foi estabelecido por Deus como meio de salvação dos homens. Nem a ressurreição salva ninguém, nem a reencarnação também. Ambos foram estabelecidos por Deus como métodos diferenciados de trazerem um defunto à vida, não de salvarem ninguém. As Escrituras são enfáticas em afirmar que o único elemento de salvação dado aos seres humanos, chama-se Jesus Cristo: “Em nenhum outro há salvação, porque também, debaixo do céu, nenhum outro nome há (além do de Jesus), dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos” (Atos 4:12). O apóstolo Paulo disse a seu filho na fé Timóteo: “Deus quer que todos os homens se salvem e venham ao conhecimento da verdade. Porque há um só Deus e um só mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo homem” (1ª Timóteo 2:4,5). Quando Cristo nasceu os anjos disseram para os pastores que estavam guardando os seus rebanhos à noite: “Eis que na cidade de Davi vos nasceu hoje o Salvador, que é Cristo, o Senhor” (Evangelho de Lucas 2:11). O próprio Cristo disse para seus discípulos: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim” (Evangelho de Joaão 14:6). Faltar-me-ia o tempo elencando todas as passagens bíblicas que falam de Jesus Cristo como único Salvador dos homens. O que desejo firmar aqui é que nenhum perdido que morra como um demônio ressuscitará como um santo e nenhum fiel que morra como um pecador acordará como um santo no céu. Só Jesus pode nos salvar de nossas mazelas e pecados.

O segundo ponto comum entre a ressurreição parcial e a reencarnação é que nenhum dos indivíduos que passaram por um dos fenômenos se lembrou do que havia acontecido! Eles não se lembravam de nada! Nem os ressuscitados se lembraram de coisa alguma, nem os reencarnados também! E isto é deveras importante para mim que ouço pessoas dizendo que se houvesse reencarnação de fato as pessoas saberiam quem foram nas vidas passadas. Mas elas se esquecem ou não sabem que NENHUM DOS RESSUSCITADOS DA BÍBLIA, À EXCEÇÃO DE JESUS CRISTO, TAMBÉM NÃO SE LEMBROU DE NADA! Nem das coisas do outro lado, nem deste! Seria este um caso de discriminação doutrinal ou apenas de desconhecimento escritural? Sim, porque as pessoas que foram ressuscitadas na Bíblia ficaram menos tempo mortas do que as que foram reencarnadas! Não deveriam elas, pelo pouco tempo que ficaram mortas, se lembrarem mais de alguma coisa do que as que foram reencarnadas? Em alguns casos, a ressurreição do indivíduo foi tão rápida, tão próxima de sua morte, que o seu aparato fisiológico mental, o seu cérebro, responsável por guardar as suas memórias, sequer foi danificado! Por que então as pessoas não se lembraram do que viram no outro lado da vida? Porque caso elas se lembrassem, tomariam todo o cuidado do mundo para não fazerem as coisas que as levaram ao lugar para onde foram e acertariam, de imediato, as coisas com as pessoas de quem eram devedoras. Mas não é isto exatamente o ideal? Não é isto o que deveria ser? NÃO, pois a salvação do homem não deve acontecer por horror ao local onde se encontrou após a morte e sim por amor a Deus e obediência voluntária, não coercitiva, às suas leis divinas. Apenas um ser transformado em sua natureza pecaminosa por Jesus Cristo pode ser salvo! O céu não é lugar de pessoas intimidadas e bem comportadas, não é lugar de “santinhos forçados”, e sim de indivíduos que aprenderam a amar ao Senhor e ao seu Cristo voluntariamente!

O terceiro e último ponto comum que desejo destacar entre a ressurreição e a reencarnação diz respeito a sua fonte, a sua origem, a sua procedência. Tanto a ressurreição quanto a reencarnação são métodos divinos, bíblicos, escriturísticos, de se trazer o indivíduo novamente à vida física. Não estamos autorizados a dizer, dadas as inúmeras provas bíblicas apresentadas, que a ressurreição provém de Deus e a reencarnação do Diabo; que a ressurreição é “doutrina cristã” e a reencarnação é “doutrina espírita”. Ambas são “doutrinas bíblicas”, e por isso mesmo, tão inspiradas por Deus quanto as demais doutrinas ensinadas em nossas igrejas. Isto é o mesmo que dizer que ambas são frutos da misericórdia de Deus, visto terem como objetivo dar outra oportunidade ao indivíduo de ser liberado em vida! Oh! Como isto soa diferente daqueles que afirmam ser a reencarnação uma doutrina de demônios, criada pelo próprio Diabo para levar os homens ao inferno ou, ainda, uma falsificação barata e sem nexo da Palavra de Deus! Longe disso, a reencarnação não pretende afastar os homens de Deus e sim dar uma nova oportunidade para este ser salvo por Deus! Não é isto maravilhoso? Não é isto tremendo? Não afastar, mas aproximar! Não maquiar, mas revelar! E a ressurreição parcial? Qual o seu objetivo? Curar o indivíduo que morreu enfermo? Libertá-lo de um demônio? Arrumar-lhe outro emprego ou um novo casamento? Não, você sabe que não, e sim dar-lhe outra oportunidade de acertar as contas com o seu próximo, consigo mesmo e com Deus. A ressurreição corporal e a reencarnação são bênçãos divinas pelas quais toda pessoa que vive hoje no planeta deveria ser grato, pois graças a elas podemos ter mais uma chance de sermos definitivamente liberados de nossas amarras espirituais em vida.

CONCLUSÃO

Para finalizar esta nossa palestra eu gostaria de dizer ao meu prezado leitor que, para o Senhor Nosso Deus, tanto a ressurreição quanto a reencarnação de uma pessoa ou de milhares ao mesmo tempo, possui o mesmo grau de facilidade. Deus não gasta mais tempo ou poder para fazer esta ou aquela outra coisa, por esta possuir material preexistente e aquela outra não, pois como Ele mesmo disse para o profeta Jeremias: “Eu sou o Deus de toda a humanidade: Acaso haveria coisa demasiadamente difícil para mim?” (Jeremias 32:27). No livro do profeta Isaías, após ter relatado passo a passo a criação do universo, Ele questiona a todos, dizendo: “Não sabes, não ouvistes que o Eterno Deus, o Senhor, o Criador dos fins da terra, nem se cansa nem se fatiga?” (Isaías 40:28). Gabriel disse para Maria: “Para Deus nada era impossível” (Lucas 1:37). Vamos, pois, deixar de lado esta predisposição inconsistente e preconceituosa de rejeição à doutrina bíblica da reencarnação, tão somente porque nos “ensinaram” que ela é uma doutrina espírita, diabólica e antibíblica e vamos estudar com afinco e coração aberto a Palavra de Deus em nossas classes bíblicas a fim de vermos o que ela realmente diz sobre este e demais assuntos.

Deus abençoe a todos

Caso seja do interesse de meu prezado leitor discutir mais sobre o assunto, envie-me seus comentários, questionamentos, sugestões, críticas e, quando houver, possíveis elogios.

 

VII. Cristo e a Reencarnação

 

Palestra VII

CRISTO E A REENCARNAÇÃO

Estudo elaborado pelo Pastor Olívio em Realengo, no Rio de Janeiro, em abril de 2012

INTRODUÇÃO

Estou absolutamente ciente de que, por mais que eu tenha demonstrado, através de inúmeros textos bíblicos, a realidade da reencarnação como doutrina bíblica, escriturística, divinamente inspirada, e a necessidade de a incorporarmos aos nossos sistemas de interpretação a fim de conseguirmos harmonizar passagens e relatos que, sem ela, continuarão sendo contraditórios ou permanecerão sem nenhum sentido, alguns de meus diletos leitores estão pensando: “Gostaria mesmo era de ver o Pastor Olívio falando sobre o que o Senhor Jesus ensinou sobre a reencarnação, pois falar sobre o que o povo acreditava é fácil, pois o povo acredita mesmo em tudo que se lhe diga”. Sabe de uma coisa? O meu prezado leitor está com a razão em pensar assim e em fazer tal reivindicação, pois sendo Jesus a maior autoridade espiritual que já pisou neste planeta, qualquer revelação que Ele tenha feito sobre o mundo espiritual se reveste de importância extrema e se torna em diretriz e coluna para a nossa fé. Nesta palestra espero reforçar o ensinamento de que a doutrina das vidas sucessivas não era uma crença ridícula e fantasiosa do povo comum, guias religiosos e autoridades governamentais de Israel, como proclamam alguns, mas sim um dos métodos de retorno do indivíduo à vida física, criado pelo próprio Deus e aceita e ensinada pelo próprio Filho do Altíssimo!

POSTURA DO CRISTO DIANTE DO FENÔMENO DA REENCARNAÇÃO

Vamos examinar neste estudo alguns textos envolvendo diretamente a pessoa do Senhor Jesus com a questão da reencarnação, mas, desde logo, gostaria de enfatizar que o Mestre Jesus nunca contraditou a crença de seu povo na reencarnação! Quando seus discípulos lhe comunicaram quem o povo acreditava ser Ele, não rejeitou nem aceitou explicitamente nenhuma das declarações que lhes foram trazidas, mas perguntou a seus discípulos quem eles  achavam ser Ele, pois que era neles que Ele estava interessado. Afinal de contas, os discípulos seriam os perpetuadores de sua mensagem redentora e se tornariam as futuras colunas de sua igreja. Jesus sabia, tanto quanto os seus discípulos, que nenhum daqueles personagens apontados pelo povo para explicar quem Ele era estava correto, pois o Mestre não era nem João Batista, nem Elias, nem um profeta novo que havia surgido entre o povo ou, ainda, algum dos profetas antigos que ressuscitara, mas o Filho do Deus Vivo enviado para salvar a humanidade. Eles sabiam também (Jesus e os discípulos) que a crença do povo nos fenômenos apontados (ressurreição, revivificação e reencarnação) estava correta e bem fundamentada em suas Escrituras Sagradas, conforme demonstrei na lição anterior.

O CEGO DE NASCENÇA

Além de nunca ter contraditado a crença de seu povo nas vidas pretéritas Cristo também endossou a crença de seus discípulos nas mesmas! O registro do cego de nascença, encontrado no Evangelho de João 9, é apenas um dos vários textos que confirmam essa crença. Muitos gostam de dizer apressadamente que Jesus nunca apoiou a crença na reencarnação, nem nesta, nem em qualquer outra passagem bíblica que seja, e assim deixam de perceber duas coisas deveras importantes: 1ª) que só o fato de os discípulos terem questionado a Jesus considerando a cegueira de nascença daquele homem como um possível caso de reencarnação já demonstrava a crença deles em tal fenômeno; 2ª) que o fato de Cristo tê-los respondido sem descartar a reencarnação como uma possibilidade espiritual de retorno à vida, não só comprovava a realidade daquela, como ainda endossava a crença de seus discípulos naquele ensino!

Observe que o Cristo dissera que aquele homem não viera limitado na visão desde o ventre de sua mãe por um pecado que houvesse cometido em uma vida anterior e, nem ainda, por algum pecado cometido por seus pais na vida presente, mas que naquele caso -, especificamente naquele caso -, ele viera cego “para que nele se manifestassem as obras de Deus” (v.3). Não falasse Jesus assim e pensaríamos que todos os indivíduos que nascem cegos nascem sem a visão “para que neles se manifestem as obras de Deus”, o que não é verdade. Com a resposta que dera a seus discípulos o Mestre Jesus estava confirmando para eles que uma pessoa podia vir sim a este mundo com uma deficiência física por ter cometido um pecado em uma vida anterior ou, ainda, por algum pecado cometido na vida presente por seus pais, só que naquele caso, felizmente, nenhuma dessas duas possibilidades era aplicável, pois que o homem nascera cego, “para que nele se manifestassem as obras de Deus”, o que de fato aconteceu, com a sua cura e a salvação de alguns.

O EVENTO DA TRANSFIGURAÇÃO

O evento ocorrido no Monte da Transfiguração, conforme relatado nos Evangelhos de Mateus 17:1-13, de Marcos 9:2-13 e de Lucas 9:28-36, e já analisado por mim em palestras anteriores, também mostra que o Cristo aceitava e endossava a crença de seus discípulos na reencarnação. Ao verem o Mestre Jesus conversando com Moisés e Elias, os discípulos perguntaram-lhe como aquilo seria possível visto os rabinos ensinarem que Elias viria em pessoa do céu e ungiria o Messias como o rei de Israel. Cristo então lhes afirmou que Elias já tinha vindo e ungido o Messias publicamente, mas que ninguém o reconhecera por ter vindo ele em outro corpo. Tendo os discípulos conhecido a Elias no Monte da Transfiguração e também a João, de quem eram seguidores, sabiam que ambos eram diferentes fisionomicamente. Sabiam também que a única vez que Jesus fora ungido fora no deserto, por ocasião de seu batismo, e que não fora Elias quem o batizara ou o ungira, mas sim João Batista! O texto diz que os discípulos entenderam a explicação dada por Jesus sobre o fenômeno e encerraram ali mesmo a discussão. Afinal de contas não era coisa difícil para eles acreditarem na reencarnação, porquanto era um fenômeno comum, de domínio público e absolutamente fundamentado em suas Escrituras Sagradas. Outra coisa é que era o próprio Cristo, o Filho do Deus Vivo, quem estava lhes revelando toda a trama daquela situação! Caso Ele estivesse mentindo e seria o maior mentiroso de todos os tempos, maior mesmo que Lúcifer, como observei na palestra anterior, e não poderia jamais operar a nossa salvação! Elias e João Batista eram, de fato, a mesma pessoa e isto não era apenas uma questão de “semelhança de ministérios”, de “semelhança de ofícios”, como querem nos fazer crer alguns, pois que “semelhança de ministérios” é apenas uma das maneiras que temos de identificar uma repetição de vidas, uma nova encarnação!

ENDOSSO DO CRISTO ÁS DOUTRINAS CONTIDAS NO FENÔMENO DA REENCARNAÇÃO

Ao referendar Jesus a crença do povo e de seus discípulos nas vidas sucessivas estava também referendando tudo o quanto se encontra envolvido em tal processo, como seja:

  • A pré-existência do espírito – se um espírito vai se encarnar em vários corpos, sucessivamente, então este espírito necessariamente já terá de pré-existir, pois os corpos é que são mutáveis, transitórios, perecíveis, e não o espírito, que é permanente. (Gênesis 25:19-26 / 38:27-30 / Jeremias 1:5). Segundo a revelação de Jesus, o corpo de João Batista fora preparado para receber o espírito pré-existente de Elias;

  • Os vários ciclos de renascimento – se alguém experimenta a reencarnação é porque já viveu pelo menos um ciclo anterior de vida na qual não conseguiu quitar todas as suas dívidas morais. Não sabemos precisar quantas vezes o espírito que esteve em Elias se encarnou ao longo de toda a sua existência, mas sabemos que ele se encarnou uma vez mais como João Batista;

  • A morte humana como uma sentença universal – se um espírito vai se encarnar pela primeira vez, não conhecerá ainda o processo da morte, mas se vai se reencarnar em outro indivíduo, então, necessariamente terá que ter experimentado a morte física. Pela declaração de Jesus de que Elias se reencarnara em João, entendemos que Elias morrera como qualquer um de nós (João 3:13 / Hebreus 9:27 / Romanos 3:23 / 6:23);

  • Um débito não quitado sentencia o devedor a retornar à vida física – isto é o que chamamos de “Karma”. Todos os que estão vivendo atualmente neste planeta, incluindo eu e você, estão pagando por algum débito não quitado, uma dívida moral não saldada (Mateus 5:21-26 / 18:23-35 / Lucas 12:43-48). Isto significa dizer que não existem inocentes no planeta Terra;

  • A história de Karma de cada um determina a qualidade de sua reencarnação – Tudo o que foi semeado na encarnação anterior, quer seja de bom ou de ruim, vai ser colhido na encarnação posterior (Gálatas 6:7). Do ponto de onde o indivíduo parou, vai recomeçar. Elias mandara matar muitos homens à espada e agora, em João, seria também morto pela espada. Colhera na vida presente os frutos de sua encarnação passada.

Muitos têm afirmado não crer na doutrina da reencarnação e em todo o leque de ensinos que a acompanham, por não ter (segundo eles) o Cristo ensinado claramente essas doutrinas. Outros têm dito que os apóstolos não a ensinavam àqueles que se tornaram seus discípulos e nem a proclamavam ao povo quando pregavam o Evangelho, o que deveria acontecer se a reencarnação fosse uma doutrina verdadeira e bíblica. Que me perdoem os meus diletos leitores que assim pensam, pois, até onde eu sei, dizer que uma pessoa voltou à vida assumindo outro corpo, totalmente novo, diferente do anterior; revelar quem eram as pessoas, antiga e atual, envolvidas em tal situação; dizer que a pessoa antiga “morreu”, quando todos criam que estava viva no céu; anunciar o que esta pessoa fez e que a revelava como sendo a antiga pessoa; colocar “em cheque” a sua própria reputação de pessoa ilibada e Filho do Altíssimo por ter feito tais declarações; não corrigir a crença de seus discípulos, dos rabinos de Israel e do povo de que a reencarnação era um fenômeno possível e comum quando poderia fazê-lo, caso eles estivessem errados, não só é endossar, como ensinar e revelar muito mais ainda sobre a doutrina da reencarnação!

A REVELAÇÃO POR CRISTO DE UM IMENSO GRUPO DE ESPÍRITOS REENCARNANTES

Entendo que o Cristo não tinha nenhuma obrigação ou necessidade de ensinar qualquer coisa que já fosse do senso comum, do domínio popular, e cujas Escrituras estivessem repletas de tal ensinamento, como acontecia com a doutrina da reencarnação. O que o Cristo poderia fazer e fez de maneira espetacular e inovadora, visto ninguém ainda ter conseguido fazer, foi detectar, com precisão, a existência, não só de uma pessoa, mas de um enorme grupo Kármico, constituído de milhares e milhares de indivíduos que, após cerca de novecentos anos de vida na terra, estava agora se manifestando outra vez, se reencarnando como outras pessoas e tendo a oportunidade de viverem tudo novamente! Você ficou assombrado com isto? Nunca ouviu ninguém falar dessa “baboseira”? Pois foi exatamente o que o Cristo fez ao declarar que João Batista era Elias reencarnado!

O sábio rei Salomão já havia ensinado em Eclesiastes 1:4-11 sobre o movimento das gerações: “Uma geração vai e outra geração vem; mas a terra permanece para sempre”, dizia ele. Uma geração é muito mais que um indivíduo ou que um grupo de muitas pessoas e sim um composto social, com vários grupos de pessoas, todos vivenciando um mesmo momento histórico. Isto era o mesmo que dizer que ninguém reencarna sozinho, mas coletivamente, em blocos de gerações. Ao revelar Jesus que João possuía o mesmo espírito que vivera em Elias direcionou o olhar de todos sobre as pessoas que também viveram no tempo do antigo profeta e que agora estavam revivendo ao tempo do Precursor João! O que os seus ouvintes viram e nós também vimos é algo tão fantástico, tão extraordinário, que só pode nos levar a glorificar a Deus!

  • Acabe, o rei de Israel ao tempo do profeta Elias reencarnara-se como Herodes, também rei de Israel, no tempo do profeta João;

  • Jezabel, mulher do rei Acabe, reencarnara-se como Herodias, mulher de Herodes;

  • Atália, filha do rei Acabe e de Jezabel, reencarnara-se como Salomé, filha do rei Herodes e de Herodias;

  • Os sacerdotes idólatras do tempo do rei Acabe se reencarnaram como os sacerdotes e fariseus do tempo de Jesus;

  • O povo reticente do tempo de Elias reencarnara-se como o povo reticente do tempo de João e de Jesus (1º Reis 17,18,19 – Mateus 14:1-12);

  • O profeta austero de nome Elias, que fora o pivô de toda aquela história, se reencarnara também como o profeta austero de nome João!

Sim, o rei Salomão estava absolutamente certo ao falar do “ir e devir” das gentes, do fluxo interminável e constante das gerações! O Mestre Jesus, como Filho de Deus Encarnado que era, também estava certo ao falar do lugar / condição chamado Gehena, no qual os devedores entravam e saíam para pagamento de suas dívidas! (Mateus 5:21-26). Devemos, pois, ficar atentos as pessoas que fazem parte de nossos grupos sociais (família, escola, trabalho, igreja, vizinhança, partidos políticos, agremiações, etc.) e nas maneiras como podemos interferir beneficamente em suas vidas, bem como no aproveitamento das boas oportunidades que se nos apresentarem para saldarmos as nossas dívidas Kármicas. Todos temos relações Kármicas com todos!

Até a manifestação de Cristo, ninguém de seu povo, conseguira detectar com segurança, um caso de reencarnação, apesar de conhecerem bem as condições necessárias para isto vir a acontecer e os indícios de um renascimento, como veremos em outra oportunidade. Apenas o Cristo, como Filho de Deus a nós enviado, poderia com sua verdade e conhecimento pleno do mundo espiritual, nos demonstrar, com total exatidão, “quem se reencarnara em quem”. As conseqüências dessa detecção de Cristo são tão profundas, tão impactantes em nossas vidas que tornam quase impossível alguém tomar conhecimento delas e continuar incrédulo, reticente, obstinado em aceitar o fenômeno das vidas sucessivas.

ENTRANDO E SAINDO DA GEHENA – A RODA KÁRMICA DA EXISTÊNCIA

O texto de Mateus 5:21-26, a exemplo dos outros citados nos três Evangelhos sobre a Transfiguração, quase não tem sido também proclamado de nossos púlpitos e tribunas visto conter idéias bastante estranhas e não tão fáceis de serem detectadas. Ele diz assim: “Ouvistes que foi dito aos antigos: não matarás; mas qualquer que matar será réu de juízo. Eu, porém, vos digo que qualquer que, sem motivo, se encolerizar contra seu irmão, será réu de juízo, e qualquer que disser a seu irmão: Raca, será réu do sinédrio; e qualquer que lhe disser: Louco, será réu do fogo do inferno. Portanto, se trouxeres a tua oferta ao altar, e aí te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa ali diante do altar a tua oferta, e vai reconciliar-te primeiro com teu irmão, e depois vem e apresenta a tua oferta. Concilia-te depressa com o teu adversário, enquanto estás no caminho com ele, para que não aconteça que o adversário te entregue ao juiz, e o juiz te entregue ao oficial (meirinho), e te encerrem na prisão. Em verdade te digo que de maneira nenhuma sairás dali enquanto não pagares o último ceitil”.

Se você leu com atenção estes versículos deve estar se perguntando: “O que? Um indivíduo pode sair do inferno, após ter pago o seu último ceitil? Mas o inferno não é eterno? Como então pode sair de lá? Este inferno é o mesmo apregoado pelos rabinos, sacerdotes e pastores, ou será que existem outros infernos? Quantas vezes uma pessoa pode entrar e sair deste inferno apregoado por Jesus? Como é que o indivíduo sai de lá? Se devido a uma coisa minúscula como chamar alguém de “louco”, uma pessoa pode ser “lançada” em tal prisão e lá ficar sofrendo até pagar “o último ceitil” e todos nós cometemos pecados muitíssimo maiores que este, quererá isto dizer que todos nós seremos lançados nela? Todos os pecados possuem o mesmo peso, a mesma gravidade, ou quem chama alguém de “louco” tem uma pena menor do que a de um assassino?”

Como meu leitor pode ver, as derivações teológicas de tais versículos são muitas. O ensino bíblico é que se o indivíduo morre com dívidas morais – ainda que seja um crente – deverá retornar a vida para poder quitá-las com quem as assumiu. Se, contudo, for liberado em vida, passará a experimentar já o céu de glória e não precisará reencarnar mais. Falarei mais sobre isto nas palestras subseqüentes, mas o leitor que tem examinado meus outros artigos, já se inteirou bem de como acontece toda esta trama bíblica.

UMA ILUSTRAÇÃO DE NOSSA VIDA ESPIRITUAL

Há ainda mais um texto lindo no Evangelho de Mateus, capítulo 20:1-16, intitulado “A Parábola dos Trabalhadores e das Diversas Horas do Trabalho”, apregoada pelo Mestre Jesus, que revela de forma figurada, metafórica, ilustrativa, todas as verdades espirituais implícitas no processo da reencarnação. Não poderei esmiuçá-la aqui, tendo em vista a narrativa ser longa e a sua explicação também, mas caso seja do interesse do meu prezado leitor conhecer sua interpretação, ela se encontra detalhada no meu livro, disponibilizado neste site.

Deus abençoe a todos

Caso seja do interesse de meu prezado leitor discutir mais sobre o assunto, envie-me seus comentários, questionamentos, sugestões, críticas e, quando houver, possíveis elogios.

 

VI. Fundamentos do Antigo Testamento Sobre a Reencarnação

 

Palestra VI

FUNDAMENTOS DO ANTIGO TESTAMENTO SOBRE A REENCARNAÇÃO

Estudo elaborado pelo Pastor Olívio em Realengo, no Rio de Janeiro, em abril de 2012

INTRODUÇÃO

Conforme anunciei anteriormente é desejo meu nesta palestra tornar conhecido do meu prezado leitor alguns textos do Antigo Testamento responsáveis por levar o povo judeu, incluindo os discípulos de Cristo, a fundamentarem a sua crença na reencarnação como uma possibilidade real e escriturística do indivíduo retornar à vida. Não poderei citar os textos do Novo Testamento que a ela se referem tendo em vista que estes ainda estavam em formação e só seriam editados alguns anos mais tarde da morte de Cristo. Os registros que os judeus utilizavam para firmar sua crença na reencarnação iam muito além desta doutrina trazendo preciosas informações também sobre a doutrina do Karma (débitos ou créditos morais acumulados); da pré-existência dos espíritos; de um lugar de punição para os espíritos transgressores de caráter transitório; da existência de um corpo sutil, etéreo, na constituição humana, cuja função é prender o espírito ao corpo físico, e outras doutrinas mais. Assim é que tal crença não se achava firmada em crendices ou “achismos” religiosos e sim em sólidos textos bíblicos das Escrituras Hebraicas. Através destes textos, compreendi porque o Cristo nunca reprovara a crença de seu povo na doutrina da reencarnação e também porque se utilizou da mesma para explicar a seus discípulos algumas delicadas questões espirituais.

Vamos então aos textos.

O primeiro texto que desejo examinar se encontra em Gênesis 9:6. Neste, o Senhor diz para Noé: “Quem derramar o sangue do homem, pelo homem o seu sangue será derramado. Porque Deus fez o homem conforme a sua imagem”. Observe que o texto não restringe a morte do homicida ao tempo de sua permanência na Terra, como se o Senhor estivesse a dizer: “Quem derramar o sangue do homem, pelo homem o seu sangue será derramado, quando ainda estiver vivo na terra”, pois se assim fosse, então para cada morte cometida outra morte teria necessariamente de se seguir, a saber, a do assassino. O problema é que quase nunca ficamos sabendo “quem derramou o sangue de quem”, visto quem praticou tal ato nunca fazer esse tipo de coisa debaixo de holofotes e sim em oculto. Somente Deus, o assassino e, por vezes, a vítima, ficam sabedores de “quem fez o que”. Quase sempre o homicida desaparece no anonimato sem que ninguém jamais o descubra. Mas Deus disse para Noé que “quem derramasse o sangue do homem, pelo homem (qualquer homem) o seu sangue seria derramado”.

Quando Ele falou isto – é bom que se diga – não existia ainda nação alguma constituída na terra, nem também algum código de leis sagradas que devesse ser observado por todos. O planeta havia sido totalmente arrasado pelas águas do Dilúvio em conseqüência da crescente impiedade da humanidade e apenas umas poucas pessoas haviam se salvado. Isto tornava tal prescrição uma lei universal, a ser observada por todos os humanos. Deus estava transmitindo para Noé as novas leis para a ocupação do planeta e, neste contexto de novo pacto, de nova aliança, de nova oportunidade para a permanência pacífica do homem na Terra, Ele emitiu a sua ordenação acerca do cuidado com a vida do semelhante.

Alguém poderia afirmar que o mandamento aqui mencionado, com suas respectivas conseqüências, estava condicionado ao aprisionamento do homicida: caso este fosse pego, aplicar-se-ía sobre ele o rigor desta lei, mas, se por um acaso este não fosse pego, então nada se poderia fazer a não ser entregá-lo nas mãos de Deus e confiar que, no tempo oportuno, Este faria justiça aos injustiçados. Mas a ser assim e Deus estaria legislando sobre a exceção e não criando uma regra universal, uma Lei para toda a humanidade! Na mente do Divino não deviam ser apenas os indivíduos que derramassem o sangue de alguém e fossem pegos que deveriam ser julgados e sentenciados à morte, mas todos os que derramassem o sangue de um seu semelhante, independentemente de serem eles pegos ou não! O Senhor disse que se alguém matasse uma pessoa, em algum momento da vida deste, algum outro homem o pegaria também e o mataria! Só que Ele não fixou o tempo em que tal morte aconteceria; se no presente, no futuro, em outra manifestação de vida ou no Juízo Final!

Se o derramamento de sangue do assassino por outro homem não estava restrito à nação judaica que sequer ainda existia, e se dificilmente aconteceria durante a vida do homicida, dado o seu comportamento fugidio, esquivo, arisco, quando então ele ocorreria? No Juízo Final? Claro que não, pois o Dia do Juízo Final não é o dia da vingança, da revanche, do derramamento de sangue, mas sim o dia de todos sermos julgados! Em outra manifestação de vida? SIM, ISTO SERIA POSSÍVEL, pois apenas tendo alguém outra oportunidade de vida poderia ser pego e sofrer o assassinato da mesma maneira que fizera com alguém em uma vida anterior! Isto então nos daria o correto entendimento do texto bíblico e manteria a Palavra do Senhor intacta, pois que se Ele falou que algo aconteceria, então, pode passar até um trilhão de anos terrenos que tal coisa acontecerá! Mesmo que ninguém saiba que determinada pessoa, agora assassinada, fora um assassino em uma vida pregressa, o Senhor Deus o sabe e, através do processo da reencarnação e da iniludível lei do Karma, aplicará a sua justiça à vítima do ato horrendo que ela sofreu um dia! Ninguém pode transgredir a Lei Moral do Senhor e passar para o outro lado intacto, incólume, indene, como se não houvesse cometido nada de mal. O ensino das Escrituras é que se alguém praticou um ato mau, por este mau ato será justiçado; se praticou um bom ato, por este bom ato será recompensado.

O retorno do assassino à Terra em outra manifestação de vida para pagar o que fez deveria acontecer, segundo o texto bíblico, por dois importantes motivos: primeiro, porque “Deus fez o homem”, o que significa dizer que o homem é propriedade de Deus, pertence a Ele, e ninguém pode destruir ou roubar um bem que não lhe pertence, ainda mais sendo este bem uma propriedade do Senhor; segundo, porque Deus fez o homem “conforme a sua imagem”, o que significa dizer que o senso de justiça que existe em Deus foi colocado em nossos corações pelo próprio Senhor no momento mágico de nossa criação. Possuímos a mesma natureza que a Dele. Temos sede de justiça e de correção como Ele as tem e nos sentimos humilhados e diminuídos quando o mal prevalece e o transgressor fica impune. Nenhum ser humano normal suporta ver uma pessoa assassinada, chacinada, trucidada e não sentir em seu coração um desejo de justiça. É por sermos criaturas especialíssimas aos olhos do Senhor, sermos suas propriedades, que quem fizer alguma coisa contra nós, esteja onde estiver, seja lá quem for, pagará por seu mau ato!

O segundo texto que queremos examinar se encontra em Gênesis 25:19-26. Ele traz o relato da luta entre dois irmãos, quando ainda no ventre de sua mãe. Isaque era o filho da promessa do Patriarca Abraão e o Senhor havia prometido a ambos que de seus lombos sairia o Messias, o mais aguardado e glorioso governante da nação judaica. Só que Rebeca, esposa de Isaque, era estéril e, depois de vinte anos de casada, ainda não pudera lhe dar nenhum filho. Isto levara Isaque a pedir por um milagre a Deus, milagre este que viria vinte anos depois, quando ele então já contava com 60 anos de idade. No tempo apropriado Rebeca concebera. Sua gravidez, contudo, não fora nada tranqüila. Seus filhos revolviam-se ferozmente em sua barriga, causando-lhe dor e inquietação. Ela então foi questionar ao Senhor sobre aquilo e Ele lhe respondeu dizendo que duas nações havia em seu ventre e que dois povos se dividiriam de suas entranhas; sendo que um deles seria mais forte do que o outro e o maior serviria o menor. Aí estava a razão de toda aquela peleja! Não se tratava de uma questão de ajeitamento uterino ou de alguma enfermidade de gravidez como se poderia pensar, mas sim de uma disputa pelo poder! A saída do pequeno Jacó da barriga de Rebeca segurando o calcanhar de seu irmão mais velho, Esaú, revelara a exata dimensão daquela disputa!

Como poderiam os gêmeos lutar entre si se já não conhecessem aquela profecia? Como poderiam contender para não se submeterem um ao outro se já não se conhecessem de uma vida anterior? Como entender que eles tivessem de ser juntados, unidos, em outra manifestação de vida, em uma mesma barriga, em uma mesma gravidez, se não fosse para resolverem um problema Kármico de vidas pregressas, pretéritas, de uma encarnação anterior?

Conforme observamos em nosso livro, não foi quando Deus respondeu a Rebeca sobre o destino de seus filhos que eles começaram a brigar. NÃO! Eles já estavam brigando muito antes de o Senhor o declarar a ela! A resposta do Senhor à Rebeca servira apenas para tranqüilizar o seu coração de mãe, mas não para dar início à rixa que já existia entre os irmãos antes destes serem concebidos e que continuou a existir nos restantes meses de gravidez de sua mãe e permaneceu até quando estes já eram grandes, adultos! Se bem pude interpretar os acontecimentos, os espíritos dos gêmeos estavam com um problema enorme para resolver: o que saísse primeiro do ventre da mãe, o mais forte, o mais capaz, acabaria sendo penalizado pelas palavras da profecia do Senhor, já que serviria o segundo que, mesmo sendo o mais fraco, em tal situação, se transformaria futuramente no maior! O desejo dos gêmeos então era lutar para ser o último a nascer e não para ser o primeiro, visto que o menor dominaria sobre o maior! Pela força natural do nascimento e pela Onisciente Palavra do Senhor, Esaú nasceu primeiro e Jacó veio segurando o calcanhar de seu irmão!

O fato de Jacó ter saído agarrando o calcanhar de seu irmão, aliado à revelação feita pelo Senhor à Rebeca sobre os destinos dos gêmeos, mostrou a seus pais quão ardiloso e astuto era o seu filho menor, pois que se este tivesse se agarrado ao pescoço de Esaú poderia nascer primeiro e ficar com a parte ruim da profecia. Se o tivesse agarrado pelo corpo, Esaú poderia afastá-lo também para a saída do ventre de sua mãe e Jacó nasceria primeiro. Então ele o agarrou pela parte mais distante de seu corpo, a saber, o calcanhar, para não correr o risco de nascer primeiro e, ainda, para ficar o mais distante possível dos socos e pontapés do irmão! Seus pais ao verem o seu filho menor saindo do ventre daquela maneira compreenderam de imediato como era o seu caráter e, ao invés de lhe colocarem um nome bonito, de significado elevado, que a todos trouxesse uma grata admiração, como Daniel (Deus é meu Juiz), Gabriel (varão de Deus), ou outro nome qualquer, lhe puseram imediatamente o nome de Jacó que significa “suplantador”, “enganador”, “trapaceiro”. Eles não esperaram que seu filho crescesse, ficasse um pouco mais velho e revelasse o seu caráter golpista, trapaceador, para só então lhe darem este nome, mas deram-lhe logo, de imediato, pois compreenderam bem o que havia acontecido com seus filhos. Bom é que também se diga que o nome de Jacó não lhes fora revelado por Deus!

Do outro lado temos Esaú, o filho mais forte e primogênito do casal, agredindo duramente o seu irmão quando ainda na barriga de sua mãe – e isto por meses a fio! O que intentava Esaú com aquilo? Pasme o meu querido leitor: Esaú intentava matar o seu irmão! Ele desejava eliminá-lo logo, ali mesmo, no ventre de sua mãe, pois caso conseguisse fazer com que Jacó soltasse o seu calcanhar, dificilmente este teria forças para sair do ventre de Rebeca, se transformaria em um natimorto, e a parte ruim da profecia de Deus não teria mais como se cumprir! Jacó veio agarrando o calcanhar de Esaú porque aquela era a única maneira dele fazer com que a profecia divina se cumprisse a seu favor além de garantir a sua saída vivo do ventre de sua mãe! Para conseguir isso ele apanharia um bocado, levaria muitos socos e pontapés, seria levado quase à morte, mas se conseguisse tão somente segurar firme no calcanhar de seu irmão conseguiria sair do ventre usando a força estupenda de seu irmão maior Esaú! Aí estava a esperteza de Jacó, a sua astúcia, a sua vivacidade!

Alguma dúvida ainda no coração de meu prezado leitor sobre a preexistência de espíritos, a iniludível Lei do Karma ou a repetição de vidas?

Anos mais tarde, já adultos, Jácó levou seu irmão Esaú a vender-lhe o direito de primogenitura (o direito de se tornar o líder político e espiritual do clã de seu pai, após a morte deste e ganhar herança dobrada), direito este que conseguira comprar de Esaú por um mero prato de lentilhas! (Gênesis 25:27-34). Conhece alguém que saiba negociar melhor? Toda a vida de Jacó foi entremeada de trapaças, enganos e falcatruas, como seu próprio nome já predizia (Gênesis 27:30-36). Quanto a Esaú, mesmo tendo sido líder dos edomeus, tornara-se servo de seu irmão, conforme apregoado pela boca do Senhor e ele, Jacó, o líder que dera o seu nome, após o encontro com o Divino, à nação das mais sublimes revelações do Senhor – Israel! (Gênesis 32:22-32).

Outra passagem semelhante a esta encontra-se em Gênesis 38: 1-30 onde os trinetos de Abraão, de nome Perez e Zerá, também lutavam por uma posição de destaque na hora do nascimento. Judá, o pai dos gêmeos, fora o 4º filho do Patriarca Jacó. Ele havia se separado de sua família e ido morar nas terras de Canaã. Lá se casara com uma mulher, de nome desconhecido com a qual tivera três filhos – Er, Onâ e Selá. Ele tomou uma mulher de nome Tamar para o seu primogênito Er, que veio a falecer. Então ele a deu em casamento à seu outro filho, de nome Onâ, pois segundo os costumes da época o irmão que se seguia na linha genealógica deveria desposar a viúva do irmão morto, mas Onã também veio a falecer. O terceiro filho de Judá, de nome Selá, era ainda muito novo para se casar, o que levou Judá a prometer a Tamar que o daria à ela quando chegasse o tempo apropriado. Judá, porém, se esqueceu da promessa e Tamar, fazendo uso de um estratagema, fez com que Judá a possuísse sexualmente. Da relação de Judá com sua nora Tamar, lhes nasceram os gêmeos Perez e Zerá. O relato do nascimento destes dois irmãos se encontra descrito nos versículos 28 a 30 e diz assim: “E aconteceu, dando ela (Tamar) à luz, que um pôs fora a mão, e a parteira tomou-a, e atou em sua mão um fio roxo, dizendo: Este saiu primeiro. Mas aconteceu que, tornando ele a recolher a sua mão, eis que saiu o seu irmão, e ela disse: Como tens tu rompido? Sobre ti é a rotura. E chamou o seu nome Perez (brecha, separação). E depois saiu o seu irmão, em cuja mão estava o fio roxo; e chamaram o seu nome Zerá (crepúsculo)”.

O texto não afirma que a mãe de Perez e Zerá tenha ficado intranqüila com a sua gravidez e ido ao Senhor para questioná-Lo acerca de seus filhos como Rebeca o fizera; nem ainda que houvesse uma profecia específica da parte de Deus para a vida dos dois meninos, mas fica claro dos acontecimentos narrados no Gênesis que a luta dos gêmeos entre si fora também uma luta pelo poder, para um ter a primazia sobre o outro. Ao colocar Zerá a sua mão para fora a parteira logo lhe colocou o fio da primogenitura. Mas Zerá recolheu-a rapidamente, pois Perez aparecera subitamente, tomando a frente de seu irmão. Com tanta força ele fez isto que causou admiração na experiente parteira! De nada adiantara o esforço de Zerá, pois a posição dos dois no clã de seu pai já havia sido traçada. Perez se tornaria o líder administrativo e espiritual de sua tribo no momento da sucessão e ganharia o dobro da herança destinada ao seu irmão. Ele também entraria na linha genealógica do Cristo, onde aparece com o nome de Farés (Mateus 1:3). Como no relato anterior, tal disputa jamais poderia ter acontecido com estes irmãos se os seus espíritos já não pré-existissem e tivessem histórias de encarnações passadas e de Karmas entrelaçados que devessem ser reparados. O interessante na história de Perez e Zerá é que eles lutaram para ser o primeiro a sair e obter assim os benefícios da primogenitura. Na história de Esaú e Jacó, ambos lutavam para ser o último a nascer e assim tentar escapar da parte menos nobre da profecia divina.

A citação do rei Davi no Salmo 58:3 é também outra passagem que nos remete à doutrina do Karma e, conseqüentemente, á doutrina das vidas passadas. Ali se diz: “Alienam-se os ímpios desde a madre; andam errados desde que nasceram, proferindo mentiras”. Como pode alguém ser considerado um ímpio, um pecador, um alienado de Deus e das coisas sagradas já desde o ventre de sua mãe se nem ainda nasceu ou teve tempo para pecar? Como pode andar errado e proferir mentiras desde o seu nascimento se ainda vai levar alguns anos para ele atingir a idade da razão e só então poder ser responsabilizado por seus atos? Como pode ser cobrado por não realizar ações morais corretas, dignas, se ainda não possui discernimento moral para tanto? Isto só seria possível se tal indivíduo houvesse pecado em uma vida anterior, tornando-se um ímpio contumaz, e renascendo em outra vida com aquela mesma natureza pervertida, contaminada, que o caracterizara como um pecador. Esta declaração do rei Davi deixa claro que os indivíduos por ele nominados de “ímpios” já existiam no tempo, já eram espíritos viventes, já eram seres pré-existentes. A citação também, feita no plural (‘ímpios”), deixa ver que, era grande o número de pessoas que integravam aquele grupo.

O texto de Eclesiastes 1:4-11, escrito pelo inteligentíssimo rei Salomão, diz respeito ao movimento cíclico de ir e devir das gerações. Ele afirma que “uma geração vai e outra geração vem; mas a terra permanece para sempre”. Esta mesma afirmativa é feita comparativamente em relação ao nascimento e ocaso do sol, ao passeio que o vento faz saindo do sul e voltando pelo norte e ainda aos caminhos que os ribeiros fazem saindo e retornando para o mar. Sabemos que as gerações referidas aqui por Salomão se repetem indefinidamente por ter o sábio se utilizado, na mesma narrativa, de três outros elementos que possuem um movimento cíclico, portanto, repetitivo. Por que o movimento desses elementos seria cíclico e o das gerações não? O afamado rei de Israel disse que “essas coisas (esses movimentos de ir e devir das coisas e das pessoas) se cansam tanto, que ninguém o pode declarar” (v.8). Talvez por serem tão comuns, tão rotineiros, não demos atenção a eles. No último versículo dessa passagem, o de número 11, o sábio afirma: “Já não há lembrança das coisas que precederam; e das coisas que hão de ser também delas não haverá lembrança, nos que hão de vir depois”. Só quem pode ter lembrança é quem já viveu alguma coisa, correto?

Ao falar do movimento constante das gerações, o sábio Salomão nos ensinou uma série de coisas importantes sobre a reencarnação e suas sub-doutrinas, como seja:

1º) ninguém reencarna sozinho, mas coletivamente, visto uma geração ser muito mais que um indivíduo e muito mais ainda que um grupo de pessoas. Uma geração é um composto social, uma colcha de retalhos sociais, constituída de vários grupos de indivíduos, vivenciando todos eles, um mesmo momento histórico. Toda a nossa vida, desde o nosso nascimento, sempre acontece em grupos, sendo o menor deles o grupo dos nossos pais. Depois outros grupos vão se somando a este como o dos nossos vizinhos, de nossos colegas de escola, os irmãos de nossa igreja, os colegas de trabalho, e demais grupamentos que encontraremos pelo caminho;

2º) todos os integrantes das gerações que tornarão à Terra já pré-existem. Se os milhares de integrantes das gerações que virão à Terra ainda não pré-existissem, mas tivessem que ser criados na hora, no momento da encarnação, o sábio não teria dito: “uma geração vai e outra geração vem e sim “uma geração vai e outra geração surge”, ou “uma geração vai e outra geração é criada”. Mas não foi isso que ele disse. A geração que virá já existe, mas ainda não foi manifesta! Do lugar para onde aquela outra foi, a que vai surgir partirá! E claro, não será da Terra e sim do lugar onde a Bíblia ensina que os desencarnados se reúnem, a saber, o Hades.

3º) todos os componentes da geração que se manifestará possuem compromissos kármicos. Ninguém que esteja vivendo atualmente no planeta Terra está sofrendo indevidamente, está sendo injustiçado, está penando inocentemente. Deus, o Senhor de toda a justiça e de todo o amor jamais permitiria isto! Lugar de justos é o céu e não a Terra! Se eu e você estamos aqui é porque alguma coisa nós aprontamos em nossas vidas anteriores! Todos nós que estamos vivendo no planeta Terra, estamos inseridos em diversos grupos Kármicos que se enlaçam e se entrelaçam, se enredam e se embaralham, e nos levam a vivenciar histórias já vivenciadas em outras vidas passadas! A oportunidade para quitarmos nossas dívidas Kármicas nos está sendo dada agora. Vamos aproveitá-la ao máximo!

4º) cada manifestação coletiva de vida é decorrente de um juízo também coletivo. Se é verdade que depois da morte vem o juízo, como apregoa o autor do livro de Hebreus (9:27), então todos os integrantes da nova geração que virá já foram julgados e sentenciados a retornarem ao lugar onde viverão suas vidas e nos quais terão a oportunidade de quitarem suas dívidas morais uns com os outros. A partir desta compreensão, ninguém que cruze diante de nós, será maltratado, humilhado, ou preterido, pois que podemos ter uma dívida moral com tal pessoa. Antes os cobriremos de atenção, de amor e de respeito, pois as Escrituras ensinam: “a ninguém devais coisa alguma, a não ser o amor, com que vos ameis uns aos outros: porque quem ama cumpriu a Lei” (Carta de Paulo aos Romanos 13:8).

A última passagem que iremos ver é a de Jeremias 1:5, na qual o Senhor diz para ele: “Antes que te formasse no ventre, Te conheci, e antes que saísses da madre, Te santifiquei: às nações Te dei por profeta”. Esta era uma passagem bem conhecida dos judeus, por ser Jeremias um dos profetas prediletos do povo. Nela se reafirmava a preexistência do espírito e a missão de vida de cada um. Observe que o Senhor usa duas maneiras distintas para falar da concepção de Jeremias: na primeira Ele diz: “antes que te formasse no ventre”, ou seja, antes que Eu te formasse no ventre, te conheci. Na segunda Ele diz “antes que saísses da madre, Te santifiquei”. Formar Jeremias no ventre daquela que seria a sua mãe era uma operação complexa e precisava de Deus; sair da madre, como todos os bebes saem, era algo natural e não se precisava de um Deus para fazê-lo. Jeremias fora separado para ser profeta das nações desde o ventre, ainda que só iniciasse o seu ministério quando homem maduro o que demonstra que ele já viera incumbido para desempenhar aquela missão.

CONCLUSÃO

Estes são apenas meia dúzia de registros bíblicos sobre o assunto em pauta que cremos serem suficientes para demonstrar que nem tudo o que o populacho falava e cria era fantasioso, descabido, sem nexo. O Senhor Jesus sabia disso e preferiu manter-se distante de qualquer discussão, incitando-nos assim a pesquisar o texto bíblico e a crescermos em sabedoria e em maturidade cristã.

Deus abençoe a todos

Caso seja do interesse de meu prezado leitor discutir mais sobre o assunto, envie-me seus comentários, questionamentos, sugestões, críticas e, quando houver, possíveis elogios.

V. Os Discípulos de Cristo e a Reencarnação

 

Palestra V

OS DISCÍPULOS DE CRISTO E A REENCARNAÇÃO

Estudo elaborado pelo Pastor Olívio em Realengo, no Rio de Janeiro, em junho de 2012

INTRODUÇÃO

Após termos examinado na palestra anterior quais eram as crenças do povo judeu no retorno do indivíduo à vida física, incluída nestas a possibilidade da reencarnação, iremos examinar agora qual era a crença dos discípulos de Cristo em tais ensinamentos, tendo em vista estarem eles mais próximos do único ser humano a dizer, com toda a ousadia e conhecimento de causa, “Eu sou o Caminho, e a Verdade, e a Vida” (Evangelho de João 14:6). E mais ainda: “A minha doutrina não é minha, mas Daquele que me enviou (Deus)” (Evangelho de João 7:16). Queremos descobrir qual a posição de Jesus às manifestações de fé de seus liderados no fenômeno das vidas passadas, pois, se Ele as tiver reprovado ou, ainda, afirmado serem elas coisas imaginárias, fantasiosas, espúrias, então nada mais teremos de fazer a não ser parar com as nossas pesquisas e seguir as diretrizes seguras do Mestre sobre o assunto. Caso Ele as tenha confirmado como manifestações genuínas, coerentes e decorrentes de algo verdadeiro, concreto, bíblico, então devemos………….. SIM, LEITOR, O QUE DEVEMOS FAZER? Responda para você mesmo: o que VOCÊ deve fazer? O que a SUA IGREJA deve fazer?

CRENÇA DOS DISCÍPULOS DE JESUS NO RETORNO À VIDA

Quando Jesus viu um mendigo, cego de nascença, assentado à beira do caminho, implorando pela misericórdia dos transeuntes para lhe darem alguma esmola, seus discípulos perguntaram imediatamente ao Mestre por que aquilo acontecera: teria sido algum pecado que aquele homem cometera ou fora algum pecado praticado por seus pais? (Evangelho de João 9:1-3) Se tal delito tivesse sido cometido pelo homem, só poderia ter acontecido em uma vida passada, pregressa, anterior a que estava vivendo, visto o homem já ter nascido cego e não ter adquirido a cegueira no decorrer de sua vida; se, porém, o delito tivesse sido cometido por seus pais, então teria acontecido em sua vida presente. Qualquer que fosse a resposta dada por Jesus aos seus discípulos, a pergunta dupla feita por eles ao Cristo já servia para indicar aquilo em que eles acreditavam: 1º) que o pecado cometido em uma vida anterior podia levar suas conseqüências para outra vida à frente, o que era o mesmo que confessar a crença deles na reencarnação, na doutrina do Karma e na pré-existência do espírito; 2º) que as deficiências físicas podiam ser resultantes de ações pecaminosas dos pais na vida de seus filhos.

A pergunta dos discípulos, pois, não tinha nada de descabida, de tola, de desproposital, sendo extremamente pertinente, porquanto bem fundamentada em suas Escrituras. Nelas havia relatos de pessoas que retornaram à vida trazendo consigo traços de antigos pecados cometidos por elas mesmas em outras vidas, como veremos na palestra seguinte. Por outro lado, os rabinos também ensinavam ao povo, com base no Livro do Êxodo 20:5, que os pecados dos pais podiam repicar suas más conseqüências nos filhos. Ao fazerem, pois, aquele questionamento duplo a Jesus, os discípulos não estavam passando nenhum “atestado de burrice”, como querem nos fazer crer alguns, mas sim solicitando ao Mestre a revelação verdadeira sobre aquele assunto. A resposta dada por Jesus a eles evidenciou que havia um terceiro motivo, que eles não haviam considerado, para aquilo ter acontecido ao homem, pois que o Mestre não descartara as razões apresentadas por seus seguidores para a cegueira inata do homem, mas acrescentara uma terceira dizendo-lhes que, naquele caso – especificamente naquele caso – “nem aquele homem pecara nem os seus pais; mas fora assim para que nele se manifestassem as obras de Deus” (Evangelho de João 9:1-3).

Observe bem a resposta que Jesus dera a seus discípulos e veja se há nela algum indício, algum sinal, algum vestígio de uma negação peremptória, definitiva, taxativa das alternativas por eles apresentadas ao Mestre por serem elas totalmente descabidas, inexistentes ou imaginárias. O Mestre conhecia bem aquela questão e sabia que havia sim a possibilidade de uma pessoa retornar à vida física com uma deficiência inata, congênita, trazida desde o ventre, como conseqüência de pecados cometidos em outras vidas, da mesma maneira que existia a possibilidade de alguém vir assim afligido pelas conseqüências de pecados cometidos na vida presente por seus pais. Tanto Jesus quanto os seus discípulos acreditavam em tais possibilidades. Tanto Mestre quanto discípulos, acreditavam na possibilidade da reencarnação!

Alguns estudiosos modernos não conseguindo imaginar a possibilidade de alguém tentar interpretar esse relato considerando a doutrina da reencarnação, foram procurar em escritos rabínicos antigos alguma coisa que pudesse ajudá-los a descartar tal possibilidade. Encontraram uma antiga citação que dizia que alguns rabinos acreditavam que alguns indivíduos podiam nascer sim com alguma desvantagem em função de algum pecado que houvessem cometido antes do nascimento – pasme agora meu amigo leitor – não em uma encarnação anterior, em uma vida pregressa, [1]mas enquanto ainda estavam no ventre! Seus espíritos não tinham ainda encarnado em ninguém, mas estavam sendo colocados pela primeira vez no ventre daquela que seria a sua mãe, porém, antes de seus bebes virem a nascer, já estavam cometendo pecados à solta!

Uau! Como pode alguém crer nisso? Como pode alguém ter tanta imaginação assim? Só porque um, dez, ou mil rabinos disseram que algo é desta ou daquela maneira, devemos nós acreditar sem exame? E o que o Espírito Santo diz sobre o assunto, não conta nada? Foi isto que Ele falou ao coração dos amados rabinos? Ou será que tudo isso é apenas medo de dizer que a reencarnação se encontra, de fato, na Bíblia? O que é mais fantasioso, descabido ou inimaginável: o descobrimento de pecados cometidos por um espírito livre em uma vida pregressa, anterior, ou o cometimento de pecados por bebes ditos, “inocentes”, dentro do ventre de sua mãe? Que tipo de “crença inacreditável“ é esta a que estão submetendo os rebanhos de Deus? Quero confessar humildemente aos meus diletos leitores que eu, Pastor Olívio, sou um homem de pequeníssima fé – inexpressiva e insignificante fé – pois jamais conseguiria acreditar em algo assim!

Em outra passagem bíblica, Jesus levara Pedro, Tiago e João a um monte e, em oração, se transfigurara diante deles. “Seu rosto resplandeceu como a luz do sol, e os seus vestidos se tornaram brancos como a luz”, no dizer do evangelista Mateus (17:2). Logo apareceram Moisés e Elias, que haviam sido os maiores profetas de Israel, e ficaram ali conversando com o Mestre. Os discípulos ficaram confusos ao verem Elias também ali no monte, pois os líderes religiosos de seu tempo ensinavam que o dito profeta desceria corporalmente do céu e ungiria pessoalmente aquele que seria o mais poderoso rei sobre a face da terra, o Messias de Deus! Entretanto, ninguém vira Elias caminhando pelas ruas de Jerusalém ou passeando em outros estados da nação em seu velho corpo! A ser verdadeiro aquilo que os rabinos diziam e Jesus seria o maior mentiroso que a humanidade já produzira – maior mesmo que Satanás -, pois afirmava ser Ele o próprio Messias! Todo o plano de salvação do homem estaria arruinado e eles, como discípulos do Senhor que eram, estariam sendo enganados! Inquietos com aquelas considerações eles foram questionar o Mestre que os tranqüilizou dizendo que Elias já havia vindo, cumprido sua missão e padecido. O texto de Mateus diz que os discípulos então “entenderam que Jesus lhes falara de João Batista” e aquietaram os seus corações. Você pode ler os relatos completos desta história em Mateus 17:1-13 / Marcos 9:2-13 / Lucas 9:28-36.

Que tipo de “entendimento” foi este que os discípulos tiveram, depois de ouvirem a explicação dada por Jesus, capaz de resolver toda aquela enigmática situação?

Esse “entendimento” era decorrente de um conjunto de coisas que, somadas, levaram inexoravelmente os discípulos aquele tipo de conclusão, quais sejam:

  • Jesus dissera que Elias já tinha vindo e cumprido a sua missão de ungir o Messias. Ora, a única vez que Jesus, o Messias, fora ungido por alguém, fora no deserto, por ocasião de seu batismo, e não fora o profeta Elias quem o ungira, mas sim João Batista! João não derramara óleo em sua cabeça, como faziam os profetas do antigo Israel, quando iam ungir os seus reis (1º Livro dos Reis 19:15,16), sacerdotes (Êxodo 28:40,41) e profetas (1º Livro dos Reis 19:16 b), e sim água! A unção espiritual decorrente do derramamento do óleo trazia sobre a pessoa ungida uma porção poderosíssima, ainda que limitada, do Espírito Santo, mas a unção que viera sobre Jesus, fora sem limites, com toda a plenitude do Espírito Santíssimo! (João 1:30-34 / 3:34). Ó, que maravilha! Se os discípulos realmente acreditavam que Jesus era o Messias prometido por Deus, então João tinha de ser mesmo o profeta Elias!

  • Jesus também dissera que Elias viria primeiro que o Messias e que restauraria todas as coisas. Quando o Messias fosse então desenvolver o seu ministério já encontraria o terreno totalmente preparado por este seu Precursor. Pois foi exatamente isto o que acontecera com João. A Bíblia diz que “Jerusalém, toda a Judéia, e toda a província adjacente ao Jordão” vinha ouvi-lo e que “eram por ele batizados no rio Jordão, confessando os seus pecados” (Mateus 3:5,6). Sua pregação poderosa atingia todo o extrato social, sendo ouvida e temida até mesmo no palácio do rei Herodes (Mateus 14:1-12 / Lucas 3:1-20). Se Jesus era, de fato, o Messias, e Elias viria primeiro que Ele para preparar-lhe o terreno, então João Batista tinha de ser obrigatoriamente Elias, pois que fora João a única pessoa do Novo Testamento a atuar como o seu Precursor!

  • Outra coisa que Jesus afirmara acerca de Elias é que ele já tinha vindo e que “fizeram-lhe tudo quanto quiseram” querendo dizer com isso, que Elias passara por um grande sofrimento, pois que afirmou logo em seguida: “Assim farão eles padecer também o Filho do Homem” (Mateus 17:12). O único profeta da época dos discípulos que estava atuando fortemente em Israel e que experimentara um sofrimento horrível fora João Batista. Ele fora aprisionado no palácio de Herodes e decapitado a mando do rei, pelo rigor de sua pregação. Quanto a Elias, este não aparecera por lá e, portanto, não poderia ter sido aviltado por ninguém. Se Elias já tinha vindo e padecido, como Jesus dissera aos seus discípulos, era porque Elias estava em João, pois que o antigo profeta de Israel vivera cerca de 900 anos antes de Cristo e não passara por nenhum sofrimento visível no final de sua vida por ter sido arrebatado ao céu.

  • Outra coisa afirmada por Jesus é que Elias já tinha vindo, mas que ninguém o reconhecera. Nem os rabinos de Israel, nem os seus governantes, nem a população, em geral, e nem ainda os seus discípulos. Segundo o dizer do Mestre, isto deveria ter sido facilmente percebido por todos! Os sinais da nova encarnação do profeta estavam visíveis na vida de João Batista, sendo por demais evidentes! Ainda assim ninguém o percebera! Note, prezado leitor, que esta era uma crítica do Senhor Jesus a todos os seus concidadãos! Ele lhes estava passando “um carão”, “uma descompostura”, “um pito”! Todos deveriam ter sido capazes de detectarem que João era Elias sem grandes dificuldades, mas, ainda assim, não o fizeram! Como poderiam eles reconhecer Elias em João, se o profeta já havia morrido nove séculos atrás? Era só terem comparado os ministérios dos dois profetas. Tivessem eles feito isto e teriam descoberto Elias em João!

  • Para concluir o “entendimento” que os discípulos tiveram de que, ao falar Jesus sobre Elias, estava, na realidade, se referindo a João, temos que os discípulos de Jesus haviam conhecido a Elias e a João pessoalmente e sabiam serem eles pessoas diferentes! Muito antes de se tornarem discípulos de Cristo, os discípulos que subiram o monte com Ele (Pedro, Tiago e João), já haviam sido discípulos de João Batista (João 1:34-42 / Mateus 4:18-22 / Marcos 1:14-20). Quando eles se converteram a Jesus, estranhamente, o Mestre não os batizou, ainda que o próprio Mestre tenha se submetido ao batismo de João (Mateus 3:13-17). Por que Cristo agira assim? Por que não batizara os seus discípulos como João fazia com os seus? Porque os novos discípulos de Jesus já eram velhos discípulos de João! Já haviam sido batizados pelo profeta do deserto! A partir daí, todos os que se convertiam ao Mestre eram batizados por seus novos discípulos, nunca por Jesus, de quem as Escrituras dizem, não batizava a ninguém (João 4:1,2). Quando, pois, os discípulos viram Elias no monte, e Jesus dissera-lhes tudo aquilo acerca do antigo profeta, eles entenderam imediatamente que o Mestre só podia estar se referindo a João porque, apesar de os ministérios de ambos serem semelhantes, eles eram diferentes como pessoas! Os discípulos antes só conheciam a João, de quem se tornaram discípulos, mas agora eles também tinham visto a Elias no monte e sabiam que, fisionomicamente, ambos os profetas não eram iguais! O espírito era único, mas os seus corpos não! Estes eram distintos, desiguais, dessemelhantes!

Sei que muitos comentaristas bíblicos afirmam que João só podia ser comparado a Elias na semelhança de seus ministérios e não na vivência do mesmo espírito do antigo profeta na vida de João, como um ser reencarnado, mas como poderia João reproduzir o ministério de Elias, morto cerca de novecentos anos antes, se João passara toda a sua vida no deserto, sem qualquer envolvimento com o povo da cidade, e se nem conhecia ao seu primo Jesus que, por aquela ocasião, já contava com trinta anos de idade? (Mateus 3:1-5 / Marcos 1:1-8 / Lucas 1:39-45 / 3:1-3, 2123 / João 1:28-33). Estaria ele, durante todo o tempo que passara no deserto, estudando os modos, atitudes, comportamentos, maneiras de pregar de Elias para ficar parecido com o profeta e ganhar notoriedade? Por mais absurdo que isto seja, é exatamente o que afirmam alguns comentaristas! João teria visto em Elias o “seu ídolo”, o seu “personagem bíblico preferido” e resolvera imitá-lo em todas as coisas, reproduzindo fielmente os seus passos!

Responda sinceramente leitor: É possível acreditar que João fosse um homem assim? O maior de todos os homens dentre os nascidos de mulher, segundo Jesus e, embriagado do Espírito Santo já desde o ventre de sua mãe, imitando um velho profeta de Israel em seu ministério para ser confundido com ele pelo povo? Consegue enxergar essas atitudes infantis em um homem tão nobre?

Sei que mesmo tendo demonstrando todas as coisas acima alinhadas com o uso exclusivo da Bíblia, que a mente de muitos de meus leitores tem dificuldade ainda em crer que João Batista era Elias reencarnado, pois os anos de repetição sem exame sobre aquilo que lhes fora ensinado ou, de total ausência de informação sobre o assunto em suas igrejas, ou ainda, o medo de pesquisar um assunto tão “perigoso”, os têm mantido preso na crença de que João era Elias apenas na semelhança de seus ministérios e não na encarnação do antigo espírito do profeta na vida de João Batista. ENTRETANTO, se João só estava reproduzindo o mesmo “ministério” do profeta Elias então o que dizer do rei Herodes, de sua mulher Herodias, da filha de Herodias de nome Salomé, dos sacerdotes e fariseus do tempo de Cristo e do povo reticente de sua época que estavam reproduzindo exatamente as mesmas situações que os espíritos do rei Acabe, de sua mulher Jezabel, da filha do casal de nome Atália, dos sacerdotes idólatras de Baal e Asera e ainda do povo medroso que não tomava postura a favor de Deus? Estariam todos eles também “reproduzindo ministérios” ou estariam simplesmente se reencarnando em um imenso grupo Kármico,  revivendo as mesmas situações que já haviam vivido em sua época, mas só que agora, na vida daqueles novos atores? Compare a constituição dos dois grupos e veja se não é um se reencarnando no outro! (1º Livro dos Reis 17 / 18 / 19)

Pois bem, se João era Elias reencarnado, como dissera Jesus, e os seus discípulos aceitaram esta sua explicação isto então queria dizer que Elias já havia morrido, como qualquer mortal desta terra, o que, aliás, era a posição de alguns dentre o povo, visto que não pode haver reencarnação se não houver morte. Para os discípulos de Cristo, “entender” a presença de Elias no monte ao lado de Moisés e do Mestre podia até ser algo difícil, mas “entender” a reencarnação do antigo profeta na pessoa de João, isso era bem mais fácil, pois que eles já estavam familiarizados com esta doutrina, visto estar plenamente demonstrada em seu Livro Sagrado! Então eles aquietaram os seus corações e guardaram o segredo da visão, como solicitado pelo Mestre Jesus até a sua ressurreição dentre os mortos (Mateus 17:9).

CONCLUSÃO

Na próxima palestra examinaremos alguns textos do Antigo Testamento nos quais os judeus, incluindo os discípulos de Cristo, claro, fundamentavam a sua crença no retorno de uma pessoa à vida mediante o processo da reencarnação. Não deixe, pois, de lê-la, nem de anunciar este site a seus amigos.

Deus abençoe a todos

Caso seja do interesse de meu prezado leitor discutir mais sobre o assunto, envie-me seus comentários, questionamentos, sugestões, críticas e, quando houver, possíveis elogios.

[1] Citado por John Snyder em seu livro “Reencarnação ou Ressurreição”, editado pela Sociedade Religiosa Edições Vida Nova – São Paulo – SP, em 1985, no capítulo 5, página 46.