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I. Características de Um Líder Cristão

 

Palestra I

 CARACTERÍSTICAS DE UM LÍDER CRISTÃO

Estudo elaborado pelo Pastor Olívio em Realengo, no Rio de Janeiro, em maio de 2011 e revisado em fevereiro de 2012

O QUE SÃO LÍDERES?

Líderes são pessoas que estão, formal ou informalmente, à frente de um grupo de indivíduos realizando algum trabalho de interesse comum. São eles que orientam as tarefas coletivas, agregadoras, que exigem o esforço de todos. Na mor parte das Igrejas Cristãs é costume chamar de Líderes apenas os integrantes do ministério espiritual maior da Igreja (Apóstolos, Bispos, Pastores, Presbíteros, etc.) e de Obreiros, todos os demais detentores de cargos menores, quer sejam estes espirituais (Missionários, Evangelistas, Líder da Intercessão, etc.) ou materiais (Líder de Eventos, da Cantina, Secretária, Tesoureiro, etc.). Outras, no intento de encurtarem a distância entre a Liderança Maior e demais lideranças, criaram um escalão intermediário de autoridades eclesiásticas denominado “Oficiais da Igreja”, no qual estão inseridos os Presbíteros e Diáconos. Outras ainda reconhecem como Líderes apenas aqueles que estão à frente de alguma atividade espiritual e como Obreiros os detentores de cargos administrativos. Outras mais só reconhecem como Líder o dirigente principal da Igreja sendo todos os demais cargos ocupados por Obreiros. Como se pode ver, esta é uma questão na qual não existe consenso, tendo em vista que cada Igreja tem a sua própria maneira de se organizar, de se estruturar. Não existe nenhuma orientação divina legislando sobre o assunto o que nos impede de radicalizar sobre ele. Para efeito de nossa Palestra, contudo, consideraremos como Líderes aqueles indivíduos que, além de se enquadrarem na definição acima proposta, estão na posição de nomearem outros para o desenvolvimento de algum trabalho, quer seja este de caráter espiritual ou material e como Obreiros os indivíduos, também detentores de um cargo, espiritual ou material, mas que não possuem o poder de nomearem outros, ainda que possam chamar pessoas para atuarem como seus ajudantes e cujo trabalho nem sempre necessita ser o de liderança sobre indivíduos.

CARACTERÍSTICAS DE UM LÍDER CRISTÃO

Biblicamente falando, um Líder cristão é essencialmente, alguém dotado por Deus com o “dom de governos”, conforme registrado em 1ª Coríntios 12:28 e descrito em Atos 27. Sem este dom, o Líder ou Obreiro cristão não passa de um Chefe de Igreja ou de Departamento, respectivamente, que fica dando ordens a seus subordinados o tempo todo e exigindo deles que cumpram a sua função. Este dom espiritual, que aparece no original grego na forma plural (governos), indica que existem várias formas e níveis dele se manifestar. É um dom que capacita o indivíduo a conduzir, guiar, dirigir um grupo, igreja ou qualquer outra instituição a um determinado local ou situação com objetivos determinados, fixados, estabelecidos. Não é um dom concedido para o indivíduo ficar mantendo, coordenando, controlando um grupo sem ir a lugar algum! Isto é ser chefe e não Líder!

A palavra que indica o dom de governos no grego é KUBERNESIS que significa “pilotar”, “dirigir”, “guiar”. Isto indica que ele é um dom de movimento, de progresso, de ação! Encontramos a palavra KUBERNETE em Atos 27:11 para designar o piloto do navio em que Paulo viajava para a Itália. O indivíduo que possui o dom de governos olha para a sua instituição como se fosse um barco que precisa singrar os mares, vencer os ventos da oposição e chegar ao lugar determinado! Ele fica absurdamente estimulado para botar o seu barco para se mover, para “andar”! Todos nós sabemos que nenhum navio é construído para viver atracado no porto, sem ir a lugar algum, da mesma maneira que nenhuma Igreja é constituída para só ficar realizando atividades internas de entretenimentos sem ir a lugar algum. Temos de colocar a nossa embarcação para navegar e, com a ajuda de Deus, ela vai começar a se mover hoje, agora mesmo na vida de meu prezado leitor que possui o dom de governos e de liderança e que está a frente de algum trabalho, tão logo acabe de ler esta Palestra!

Para colocar a embarcação que dirigimos para se mover precisamos da ajuda de muita gente, o que faz do dom de governos um dom unitivo, agregador. Assim como o piloto de um navio precisa do apoio de toda a sua tripulação para fazer o navio navegar, assim também o Líder maior da obra (Bispo, Pastor, Apóstolo), possuidor do dom de governos, precisa da ajuda de todos os seus ajudantes, sejam estes Líderes ou Obreiros, para fazer a igreja andar! Isto mostra bem o que sejam os dons de governo e o de liderança. Dentro de um navio um é líder sobre a cozinha, outro sobre o combustível, outro sobre a enfermaria, outro sobre a segurança, e assim por diante. Dentro de uma Igreja a mesma coisa acontece: um é líder sobre a intercessão, outro sobre o evangelismo, outro mais sobre o ensino bíblico e outro ainda sobre a adoração. Todos esses líderes cristãos possuem o dom da liderança e o de governo em algum grau, mas apenas o Líder maior da Igreja, possui o dom de governos em total dimensão. Isto porque cada Líder ou Obreiro lidera apenas sobre um setor específico. O Líder maior sobre a instituição inteira! Os primeiros são líderes sobre pessoas comuns. O segundo é líder sobre líderes! Comanda pessoas de comando! Dirige pessoas que dirigem! Aleluia! Como é fantástico esse dom de governos!

Esta altíssima posição de vanguarda, de dianteira, de pessoa principal pode assustar – e assusta mesmo – muitos Líderes da Igreja de Cristo que estão deixando de realizar um trabalho excelente, firme e bonito para o seu Senhor com medo de assumirem os riscos desse seu posto. Eles estão se escondendo atrás de desculpas fúteis, assumindo uma postura de pseudo-humildade, que na realidade só serve para ocultar o enorme medo que estão sentindo de estarem onde estão. Parecem até Moisés quando Deus o chamou para tirar o seu povo do Egito. Leia os textos aqui assinalados e veja como era tímido e reticente o grande Líder Moisés (Êxodo 3:11,13 / 4:1,10,13 / 5:23 / 6:12,30). Mas a Bíblia é enfática em afirmar que se Deus chama alguém, Ele o capacita! Deus nunca chamou ninguém para colocá-lo em posição de humilhação, de vexame, de vergonha! Se Deus chamou você para ser um Líder então é para você ser grande mesmo! Você tem de assumir isto, pois que foi feito do mesmo “material” de Deus (Gênesis 2:7) e uma das características deste “material divino” em nós é que ele contém “ousadia”, “coragem”, “atrevimento” (2ª Timóteo 1:7).

Mas esta altíssima posição de destaque pode também trazer muita inveja e cobiça por parte de indivíduos não muito bem estruturados. Eles querem a elevada posição do cargo, mas não estão preparados para sua grande responsabilidade. Parecem Datã, Coré e Abirão querendo o cargo de Moisés (Números 16). Todos eles foram mortos, com os seus simpatizantes, por uma ação terrível do Senhor. Davi era extremamente zeloso com essa questão. Nas muitas vezes que pode se insurgir contra Saul não o fez por entender que apenas aquele que põe alguém em uma posição o pode tirar. Somente quando o rei Saul morreu Davi aceitou ser rei sobre todo o Israel. O que todos nós precisamos compreender é que da mesma maneira que uma embarcação só precisa de um piloto para dirigi-la assim também a igreja só precisa de um Pastor para dirigir o rebanho. Ele poderá ter tantos assessores quanto necessite, mas nenhum deles terá o seu cargo de Líder Maior, que é único, indivisível. Esta compreensão evitará brigas internas e manterá os olhos de todos fitos na missão.

Um Líder ou um Obreiro cristão, queira ou não queira, é uma pessoa de vanguarda, de testeira, pois quem dirige alguma coisa está à frente, na ponta, na cabeceira, e não na retaguarda, na traseira, vindo a reboque. Isto não é uma questão apenas de posicionamento do Líder ou Obreiro em relação ao grupo, mas de postura, de atitude também! Um capitão nunca deve chefiar os seus soldados dando ordens pela retaguarda, como sendo o último homem, e sim na vanguarda, à frente de seu pelotão! Ele não pode seguir os seus soldados e sim os seus soldados o seguirem! Sua patente de capitão o credencia e o obriga a estar na posição em que se encontra! Ele não pode fugir dela! Não deve ter medo dela, pois que foi talhado por Deus para a assumir! No exemplo de Liderança espiritual dado por Jesus em João 10: 1-16 as ovelhas seguem o seu Pastor o que quer dizer que este vai à frente dos animais, na dianteira, e não atrás. Assim deve ser o Líder ou Obreiro cristão! Um crente de vanguarda, de dianteira, de condução!

Uma vez que o Líder maior já possua tudo à sua disposição para movimentar a Igreja, para fazê-la andar, é necessário agora ele fazer os seus liderados trabalharem em sintonia com ele a fim de fazerem o que ele deseja. Isto é conseguido através da credibilidade e simpatia que este passa a seus liderados ao demonstrar que possui familiaridade com o seu trabalho e que é uma pessoa firme, mas gentil. Um piloto sabe tudo sobre o seu navio, a sua tripulação, as condições do tempo e os mares que vai navegar. Isto traz confiança a quem vai lhe entregar a vida, ainda que por algumas horas ou dias. No exemplo de liderança espiritual dado por Jesus, o humilde Pastor de ovelhas entra pela porta do curral, chama as suas ovelhas por seu nome em um redil capaz de abrigar diversos rebanhos e elas o escutam e o seguem para onde ele as quiser conduzir (João 10:1-16). Tudo no texto demonstra a familiaridade do Pastor com o seu trabalho, com o lugar que abriga as ovelhas e com cada um de seus animais (vs.1-4). Muitos Líderes e Obreiros da Casa de Deus não conhecem bem o seu serviço, suas atribuições e, menos ainda, as pessoas com as quais trabalha. O resultado disto são insatisfações reprimidas, medos não confessados e distanciamento cada vez maior entre os Líderes e seus liderados. Todo Líder e Obreiro tem a obrigação moral e funcional de conhecer bem o seu trabalho. Como o piloto de um navio, aquele que possui o dom de governo ou de liderança tem de ser um indivíduo capaz de mobilizar o seu grupo para realizar o que ele pretende.

Todo Líder ou Obreiro cristão, a exemplo do piloto de uma embarcação, tem de ser também um indivíduo extremamente organizado. Não existe esse negócio de Líder ou Obreiro de Cristo bagunçado, desorganizado, “esculhambado”! A ele não foi dado esse direito, pois que trabalha com vidas valiosas, adquiridas pelo precioso sangue de Cristo e para as quais ele deve ministrar ao máximo de sua capacidade. Como um piloto de navio que planeja minuciosamente a sua viagem, coordena ações, comanda pessoas, corrige rotas, estabelece estratégias para alcançar seu destino sem acidentes e interrupções, que se cerca de todos os recursos necessários para realizar bem a sua viagem, tais como; cartas marítimas, indicadores meteorológicos, combustível, semáforos, população treinada, alimentação, medicamentos, botes de segurança, coletes salva-vidas e toda uma parafernália de instrumentos capazes de orientá-lo em sua missão, assim também deve acontecer com a Liderança constituída da Casa de Deus. O Líder ou Obreiro de Cristo precisa cuidar de todos os detalhes de seu trabalho antes de iniciá-lo. Nada de achar que por ser o seu trabalho um “trabalho espiritual” ou ser o seu Setor um dos “menos importantes” da Igreja que ele não precisa ter o seu planejamento, seu olhar de administrador, seu poder de organização. Se você pensa assim, deve reler todo o capítulo 1 do livro de Gênesis e ver que o Deus do Universo é um Deus organizado! Deus planeja todas as suas ações antes de trabalhar nelas e nós não estamos autorizados a não planejar as nossas! Essa falta de planejamento, longe de ser um sinal de espiritualidade ou de grande fé é sim um sinal de enorme displicência, de relaxamento, de negligência para com a Obra de Deus (Jeremias 48:10 / Provérbios 18:9).

Claro fica também que, se alguém é Líder de alguma coisa, então esta pessoa, obrigatoriamente, tem de ser uma visionária. Todo Líder ou Obreiro da Igreja de Cristo deve ser uma pessoa de visão. Ela vê o que ninguém ainda vê. Ela enxerga o que ninguém ainda conseguiu enxergar. O piloto que sai para o mar não vê nada à sua frente a não ser água, água e água e, ainda assim, ele se lança a navegar sobre ela e chega por fim ao porto desejado, causando admiração em todos por sua perícia. O pastor de ovelhas sai com seu rebanho para procurar verdes pastagens e água fresca em lugares que desmentem que ele os encontrará, mas ainda assim ele sai e os encontra. Jesus disse para seus discípulos em João 4:34: “Levantai os olhos e vede os campos que estão brancos para a ceifa”. Ele estava ensinando que não basta apenas levantar os olhos e olhar, é necessário ver, enxergar, contemplar. Ele “viu” a multidão que o seguia e disse que seus integrantes estavam errantes e desgarrados como ovelhas que não tem Pastor (Mateus 9:35, 36). Quem olha, enxerga, quem vê, percebe (João 9:1 / Lucas 19:5). Muitos Líderes e Obreiros da Casa de Deus dirigem pessoas e serviços sem terem nenhuma intenção de chegar a lugar algum. Eles simplesmente se repetem e se repetem nas coisas que estão fazendo, sem sair do lugar e enfadando a todos quantos com eles trabalham. Até onde você deseja levar o seu Setor? Até onde você deseja levar sua igreja? Um Líder ou Obreiro deve ser o olho divino que projeta pessoas e serviços para diante, a uma posição que ninguém nunca sonhou e ousou em chegar. A visão deve ser longa, distante, desafiadora, como a visão de Jesus de evangelizar o mundo todo usando pessoas como eu e você! Quem poderia acreditar nisso? Muitos o chamarão de louco, como fizeram com Jesus, mas quando começarem a fazer isso, comece a glorificar o Senhor, pois então você terá certeza de que está no caminho certo!

Todo Líder ou Obreiro cristão, a exemplo do capitão de um navio, é uma pessoa extremamente responsável. Ele dirige vidas humanas e precisa chegar com elas sem dano algum ao seu destino. O capitão do navio em que Paulo estava carregava 276 almas (Atos 27:37). Isto faz com que o Líder ou Obreiro seja uma pessoa atenta, precavida, vigilante, que adota todas as medidas possíveis de segurança, antes de iniciar o seu trabalho e não quando o problema acontece, pois sabe que uma vez que o seu navio tenha saído do porto, não poderá mais a ele retornar! Por isto, tudo já foi previsto e planejado lá mesmo, no porto, mesmo que tais eventualidades nunca venham a acontecer! Nenhum Líder ou Obreiro da Igreja de Cristo deve jamais ser re-ativo e sim pró-ativo, ou seja, ele não deve nunca esperar o problema acontecer para só depois correr atrás da solução, mas sim, se antecipar a ele a fim de evitar que ele aconteça! Ele não deve jamais ter de re-agir a alguma coisa e sim agir, pois que re-agir é tomar atitude depois que algo já aconteceu, diferentemente de agir, que é tomar atitude antes que algo aconteça. Isto é antecipação, é antevisão, é responsabilidade. Imagine se um piloto, carregando milhares de vidas em sua embarcação, vai ficar esperando seu navio bater em um iceberg, um recife, um banco de areia, passar por uma calmaria, um furacão, uma tempestade e outros perigos mais, para só depois então pensar no que fazer! Isto seria ridículo, inaceitável, fatal! Um piloto está sempre alerta sobre todos os possíveis perigos que lhe possam advir do mar. (Atos 27:7,9,14,15,18,20,29,33,41,42). Se ainda assim algo ruim vier a acontecer ele tenta salvar aqueles que estão sob sua responsabilidade, mesmo com o risco de sua própria vida (João 10:11-15).

O capitão do barco onde Paulo estava havia tomado todo o cuidado para preservar as vidas, mas ainda assim, o navio que dirigia naufragou. Todas as almas, porém, foram salvas, incluindo a dele mesma. Como este acidente aconteceu? Não foi pela sua falta de perícia, pois que era piloto acostumado a singrar por aqueles mares. O que foi então? O problema estava na natureza de seu trabalho. Ele era tão imponderável, tão imprevisível, que ficou faltando uma coisa em seu preparo formal para capacitá-lo plenamente. Faltou-lhe o conhecimento e a comunhão constante com Deus! Isso o apóstolo Paulo tinha de sobra e pelas orientações recebidas do Deus Vivo pode salvar a todos sem perda de nenhuma vida! Podemos ser bons em conduzir navios, mas Deus é o Governador dos mares! Podemos ser bons em dirigir igrejas, mas só Deus sabe conduzir condutores! Mesmo que tenhamos o máximo de preparo teológico e de educação secular – e todo Líder deve se esforçar ao máximo para obtê-los – precisamos de Deus para tocar nossa vida e nos ajudar a dirigir o nosso barco sem acidente algum. Quantos na Igreja de Cristo estão despercebidos, trabalhando em sua mesmice, correndo riscos enormes capazes de destruírem a sua embarcação e aniquilar vidas! Forças demoníacas os estão cercando e eles parecem não perceber nada ou mesmo ligar para isso (Mateus 16:18 / Tiago 4:7). Quem vai responder pelas vidas que Líderes e Obreiros sem responsabilidade, displicentes, não estão fazendo nada para mantê-las vivas e saudáveis?

Mais uma coisa ainda deve ser dita neste estudo: O navio em que o piloto e a sua tripulação trabalham não pertence a nenhum deles. Eles já o encontraram pronto, terminado no cais. O piloto não o construiu nem ainda um de seus ajudantes. Ao piloto cabe apenas governá-lo e aos membros de sua tripulação dirigir bem os seus respectivos setores. Isto quer dizer para os Líderes e Obreiros cristãos que a igreja onde eles estão trabalhando não lhes pertence, mesmo que o prédio físico tenha sido construído por eles. A Bíblia diz que Jesus vai tirar a sua igreja verdadeira de dentro das igrejas para levá-la ao céu (Mateus 24:37-41). Os prédios vão ficar e as pessoas vão subir. Não lideramos sobre edifícios e sim sobre pessoas. Pense bem no que seria a sua igreja ou o Setor que você dirige sem pessoa alguma para você liderar.

Somos Líderes sobre indivíduos e a igreja física o lugar onde exercemos os nossos dons. O apóstolo Pedro disse em sua primeira carta: “Cada um administre aos outros o dom como o recebeu, como bons dispenseiros da multiforme graça de Deus. Se alguém falar, fale segundo as palavras de Deus: se alguém administrar, administre segundo o poder que Deus dá; para que em tudo Deus seja glorificado por Jesus Cristo, a quem pertence a glória e o poder para todo o sempre. Amém” (1ª Pedro 4:10-11). Leia ainda o texto de 1ª Pedro 5:1-4 para obter mais luz sobre esta questão. Infelizmente, ainda encontramos na Igreja de Jesus, pessoas que estão atuando como verdadeiros chefes, gerentes de empresas, empresários, olhando para a Igreja do Senhor como se fosse o seu escritório particular e para os irmãos em Cristo como se fossem seus empregados. Eles brigam, reclamam, impõem sanções aos irmãos, usam coisas da Igreja para seu proveito próprio como se a Igreja lhe pertencesse e os objetos fossem seus, mas a Igreja não é propriedade deles e sim de Jesus! (Mateus 16:18). Tais irmãos até podem possuir o estranho ”dom da chefia”, se é que isto é possível, mas estão longe de possuir o puro e maravilhoso dom de governos concedido pelo Espírito Santo!

Deus abençoe a todos.

Caso seja do interesse de meu prezado leitor discutir mais sobre o assunto, envie-me seus comentários, questionamentos, sugestões, críticas e, quando houver, possíveis elogios.

II. Gehena – A Prisão do Corpo e da Alma

 

Palestra II

GEHENA – A PRISÃO DO CORPO E DA ALMA

Estudo elaborado pelo Pastor Olívio em Realengo, no Rio de Janeiro, em maio de 2012

INTRODUÇÃO

A palavra “Gehena” é de origem grega e, a exemplo de “Sheol”, de “Hades” e de “Tartaro”, se encontra traduzida por “inferno” na maioria das versões de nossas Bíblias em português, o que dificulta bastante o leitor comum de encontrá-la. Contudo, mesmo que o leitor a encontrasse, não saberia dizer qual o significado original dela, o que o deixaria perdido da mesma maneira. Se considerarmos que a concepção que se tem do inferno hoje é a de um lugar de muito sofrimento, com a presença de verdugos, fogo, trevas, ranger de dentes, desesperança, ódio, e tudo o que de ruim possa existir no universo, mais a presença do Diabo e dos demônios, então entenderemos porque alguns comentaristas bíblicos interpretaram a Gehena como sendo o Lago de Fogo, pois muitos dos elementos encontrados em um são também encontrados no outro. Mas, como esperamos demonstrar, essas duas realidades espirituais não se confundem, não se embaraçam, pois não são a mesma coisa, como veremos a seguir.

Ao tempo em que a Gehena foi idealizada, ela estava longe de se parecer com o inferno final, conhecido por nós como o Lago de Fogo. Ela era apenas o lixão da cidade no qual eram lançados cadáveres de assassinos, carcaças de animais e as imundícias da localidade. Para que o lixo fosse totalmente consumido, não atraísse doenças e seu cheiro ruim fosse dissipado, era-lhe adicionado permanentemente enxofre que, além dessas propriedades, aumentava também a temperatura do fogo. Foi Jesus quem, pela primeira vez, relacionou aquela cena de consumição de lixo com o destino dos pecadores impenitentes. Ele foi a pessoa no mundo que mais falou sobre a Gehena, mas estranhamente os transmissores de sua mensagem são os que menos falam sobre ela! Talvez não a entendam totalmente e por isso não a proclamem ou talvez não a proclamem exatamente porque a entendam plenamente!

De todos os tipos de inferno existentes na Bíblia, a Gehena foi o inferno do qual Jesus mais falou. Ele a mencionou onze vezes em apenas três dos quatro Evangelhos (Mateus, Marcos e Lucas), o que dá à Gehena uma concentração de ensinamentos tal que só pode ser encontrada nas mais importantes doutrinas da fé cristã! Além de Jesus, apenas Tiago, o seu irmão carnal, falou sobre a Gehena, mas isto só aconteceu uma vez e em uma única passagem de sua Carta (Tiago 3: 5,6), o que faz de Jesus o grande idealizador e o maior divulgador da Gehena como lugar de punição para o pecador. Vamos examinar juntos as características deste lugar / condição tão estranho apregoado pelo Senhor Jesus.

AS CARACTERÍSTICAS DA GEHENA

A primeira coisa que Jesus ensinou sobre a Gehena foi que a Gehena é uma prisão, temporária, provisória, passageira, o que já a diferencia, de imediato, do Lago de Fogo, cuja característica principal está justamente no fato de ser eterno, definitivo, para sempre. A passagem de Mateus 5: 21-26 fala dessa transitoriedade, dessa impermanência da Gehena. Veja só: “Ouvistes que foi dito aos antigos: não matarás; mas qualquer que matar será réu de juízo. Eu, porém, vos digo que qualquer que, sem motivo, se encolerizar contra seu irmão, será réu de juízo, e qualquer que disser a seu irmão: Raca, será réu do sinédrio; e qualquer que lhe disser: Louco, será réu do fogo do inferno. Portanto, se trouxeres a tua oferta ao altar, e aí te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa ali diante do altar a tua oferta, e vai reconciliar-te primeiro com teu irmão, e depois vem e apresenta a tua oferta. Concilia-te depressa com o teu adversário, enquanto estás no caminho com ele, para que não aconteça que o adversário te entregue ao juiz, e o juiz te entregue ao oficial, e te encerrem na prisão. Em verdade te digo que de maneira nenhuma sairás dali enquanto não pagares o último ceitil. A expressão “fogo do inferno”, que aparece no texto, é, em seu original, “Gehena de fogo”. O que fica evidente, de imediato, nesta passagem, é que se o indivíduo pode entrar em um inferno e depois sair dele, é porque esse inferno não é eterno, não é para sempre, não é duradouro! Sei que nenhum católico, evangélico ou judeu moderno gosta muito de pregar sobre este texto do Evangelho, pois de alguma maneira, ele cheira a reencarnação!

A segunda coisa que Jesus ensinou sobre a Gehena foi que ela é um tipo de inferno provisório para o corpo e para a alma, o que significa dizer que a Gehena afeta tanto o mundo físico quanto o mundo espiritual ao mesmo tempo! Isto é simplesmente fantástico, pois como vimos na palestra anterior, o Sheol e o Hades são prisões apenas para o espírito e não para o corpo que desaparece na sepultura; o Tártaro ou Abismo é uma prisão para demônios, que são espíritos sem corpos, e o Lago de Fogo, apesar de ser uma prisão para o corpo e para a alma, como a Gehena, não permite a saída do indivíduo de lá como a Gehena o permite. Veja as passagens bíblicas nas quais Jesus falou sobre isso: “Não temais os que matam o corpo, e não podem matar a alma; temei antes aquele que pode fazer perecer no inferno (na Gehena) a alma e o corpo(Mateus 10:28) e a outra: “Eu vos mostrarei a quem deveis temer; temei aquele que depois de matar, tem poder para lançar no inferno (na Gehena); sim, vos digo, a esse temei” (Lucas 12:5). Muito Interessante o cuidado que Jesus tem ao dizer que não devemos temer aqueles que depois de matarem o corpo não podem matar a alma, mas sim temer aquele que depois de matar, pode fazer “perecer” no inferno (Gehena) o corpo e a alma do indivíduo, pois o termo “perecer”, utilizado por Jesus aqui, não significa “deixar de existir”, “ser aniquilado”, pois se assim fosse, ninguém jamais poderia sair da Gehena, como Ele mesmo disse que aconteceria com o indivíduo após este ter pago o último ceitil de sua dívida! O que Jesus estava ensinando é que na Gehena, o sofrimento do indivíduo que já morreu, já faleceu, e que foi nela lançado em alma e corpo, é tão intenso, tão profundo, tão inimaginável, que o indivíduo perde toda a satisfação pela vida, perece totalmente em sua alegria de viver!

Outra coisa mais que Jesus ensinou sobre a Gehena foi que quem entra nela é porque já foi julgado, já foi sentenciado, já passou pelo tribunal pós-morte. Leia novamente a passagem de Mateus 5:21-26 e a de Mateus 18:23-35 e veja como ambas tratam de um julgamento. Na primeira, a cena que está ali armada é a de um tribunal romano e todos os termos nela empregados são tirados do ramo do Direito: réu, juízo, sinédrio, reconciliação, juiz, oficial (meirinho), pagamento de dívida, prisão, etc.; na segunda, temos: acerto de contas, dívida, pagamento, perdão de dívida, soltura, prisão, atormentadores, ofensas, etc. Já aprendemos que tanto o antigo Sheol quanto o atual Hades não são lugares / condições para se julgar ninguém e sim para o recolhimento de almas. Quem morre com delitos, com pecados no coração, vai diretamente para o Hades, onde é julgado e fica aguardando a sentença. O cumprimento da pena nunca é paga no Hades e sim na Gehena, que é o lugar apropriado para o seu cumprimento. A Gehena é o único tipo de inferno do qual se diz que o indivíduo é nele lançado para cumprir pena, quer seja em forma de castigo (açoites), quer seja em forma de pagamento financeiro (ceitil), e em que depois de paga a dívida, o indivíduo é solto para continuar a tocar sua vida. Conforme demonstrei na Palestra II a, do tema “Reencarnação”, todos os indivíduos que retornaram à vida só retornaram a ela porque já haviam sido julgados.

Como toda prisão que existe, ninguém vai para a Gehena de vontade própria, deliberadamente, mas é nela lançada, atirada, jogada para sofrer as restrições devidas e assim anelar pela liberdade (Mateus 5:29,30 / 18:8,9 / Marcos 9:43,45,47). Os termos utilizados por Jesus para falar sobre este momento não são doces, não são suaves, mas os mais duros possíveis. Há uma resistência por parte do infrator em entrar na Gehena. Ele não quer ir para lá de jeito nenhum, não deseja ir para lá, por isso ele se debate, resiste, luta, mas tudo isso é vão porque os encarregados de o levarem à prisão já estão acostumados com esta resistência por parte dos prisioneiros e estão revestidos de autoridade moral e espiritual para fazerem o que fazem. Por ser a Gehena uma prisão, um cárcere, uma cadeia, não é um lugar de lazer, de prazer, de bem-aventurança, mas sim um lugar de sofrimento, de restrições, de limitações. Nela, o indivíduo terá tempo para pensar em sua vida, repensar os seus atos errados e decidir entre voltar a ela mais uma vez ou sair definitivamente dela para nunca mais voltar! Isto dá a Gehena um caráter educativo, disciplinador, ressocializador, pois que permite ao infrator alterar suas escolhas erradas, se arrepender de seus maus atos e tornar à vida em sociedade. Se ele fosse lançado no Lago de Fogo nada mais poderia ser feito a não ser esperar pelo “sofrimento eterno”.

Uma das coisas mais pavorosas sobre a Gehena, ensinada pelo Senhor Jesus, foi a de que nela podem ser encontrados tanto crentes quanto incrédulos! Só não podem ser encontrados salvos lá, indivíduos que não devam coisa alguma a alguém, pois que já pagaram as suas dívidas em Cristo e foram liberados de suas amarras espirituais! Muitos crentes acham que, pelo simples fato de serem crentes, podem morrer em pecado e, ainda assim, irem para o céu. Ledo engano! As Escrituras são enfáticas em nos ensinar que Deus nos salva do pecado, mas em nenhum lugar elas ensinam que seremos salvos em pecado. Todos têm de pagar suas dívidas, por menor que sejam, e tomarem todo cuidado para não as cometerem mais (Mateus 5:21-26). Você já imaginou Jesus subindo aos céus com apenas um pecadinho no coração? Que desgraça terrível seria isso para o Cosmo, para Ele mesmo e para a humanidade? Que exemplo de Salvador nós teríamos? Entretanto, muitos crentes se sentem no direito de continuar pecando, só porque dizem ser filhos de Deus. Alguém lhes ensinou que eles podem morrer em pecado e, quando chegarem ao céu (não sei como isso seria possível!), pedirem perdão a Deus através de Jesus Cristo, o fiel advogado dos crentes, que os defenderá ali mesmo, diante do Pai e das mais excelentes criaturas do universo! Não sei como alguém ousa ensinar uma coisa assim! Eu não pagaria nem um ceitil para ver pessoalmente o que aconteceria com tal indivíduo! O mordomo que tomava conta da casa de seu senhor, descrito na parábola do servo vigilante, contada por Jesus em Lucas 12:43-48, percebeu que o seu patrão demorava a voltar para casa e então começou a praticar coisas condenáveis para alguém em sua posição: glutonaria, embriaguês, espancamento dos outros serviçais, mundanismo, e outras coisas mais. Jesus disse: “Virá o senhor daquele servo no dia em que ele o não espera, e numa hora que ele não sabe, e separá-lo-á, e lhe dará a sua parte com os infiéis (v.46). O adorador que Jesus citou em Mateus 5:21-26 só estava com um ínfimo pecado em seu coração, comparado a menor de todas as moedas romanas da época, o ceitil, mas ainda assim poderia ser lançado na Gehena, caso não quitasse logo a sua dívida!

Na Gehena todo transgressor paga exatamente o que deve, nada além disto, o que significa dizer que cada pena possui uma duração diferente. Na parábola do servo vigilante, citada acima, Jesus disse: “O servo que soube a vontade de seu senhor, e não se aprontou, nem fez conforme a sua vontade, será castigado com muitos açoites; mas o que a não soube, e fez coisas dignas de açoites, com poucos açoites será castigado. E, a qualquer que muito for dado, muito se lhe pedirá, e ao que muito se lhe confiou, muito mais se lhe pedirá” (Lucas 12: 47,48). Ao dizer Jesus que um servo seria castigado com muitos açoites e o outro seria castigado com poucos açoites, estava nos ensinando que os delitos cometidos pelos transgressores possuem peso e gravidade diferentes e por isso deviam variar em quantidade e duração. Se duas pessoas estiverem penduradas em uma mesma corda e esta arrebentar, ambas cairão no chão, mas, dependendo de onde elas estiverem se segurando, as conseqüências do tombo serão desiguais. Foi isto que Jesus disse ao afirmar: “a qualquer que muito for dado, muito se lhe pedirá, e ao que muito se lhe confiou muito mais se lhe pedirá”. Quanto mais alto estiver uma pessoa, maior será a sua queda.

A LOCALIZAÇÃO DA GEHENA

Ditas essas coisas sobre a Gehena surge então a grande pergunta que muitos de meus prezados leitores que ainda não leram o meu livro querem fazer: onde fica a Gehena? Onde fica esta prisão espiritual que aprisiona o corpo e a alma do indivíduo depois deste ter sido morto? Leia a passagem de Mateus 18:23-35 e descobrirá: a Gehena fica na Terra! Os servos devedores do rei que foram lançados na Gehena puderam sair dela após terem pago suas respectivas dívidas. O que eles encontraram ao sair? As mesmas coisas terrenas existentes ao tempo de sua pena: o rei, os servos, dinheiro, negociações, atormentadores, mulheres, famílias e a própria prisão que continuava ali! Isto serve para demonstrar a contemporaneidade da Gehena! Ela acontece ao mesmo tempo em que a vida se desenrola na terra! A Gehena é uma prisão atual, presente, e não futura como o Lago de Fogo o é! Ela não é a Terra, mas se localiza na Terra, porquanto é na Terra que se encontram os transgressores das Leis de Deus! Na realidade, em todo e qualquer lugar onde exista um transgressor das leis de Deus, um filho rebelde, uma criatura que esteja abrigando um pecado que seja no coração, aí estará a Gehena, pois a Gehena não é uma prisão física, visível, material, mas uma cadeia espiritual, existencial, supradimensional, que acontece em um local material. Entende agora porque a Terra se encontra do jeito que está? Ela tem uma prisão enorme dentro dela e todos os seus detentos se encontram vivendo nela!

Outra coisa interessante sobre a Gehena, decorrente até do que acima falamos, é que a Gehena se encontra sempre cheia, sempre lotada, o que é mais uma característica diferenciadora entre a Gehena e o Lago de Fogo, pois enquanto a Gehena está plena, cheia de gente agora, o Lago de Fogo se encontra vazio (Apocalipse 20:7-10 / 19:20 / 21:8). Na Gehena o fluxo de pessoas que entram e saem é imenso e intenso. Também pudera! Quantos indivíduos, neste exato momento em que o meu leitor está lendo este parágrafo, não estão sendo “lançados na Gehena”, conforme dizia o Cristo, para pagarem, em corpo e espírito, as suas dívidas morais? E quantos não estão sendo também dela liberados para nunca mais a ela retornarem? O nascimento de alguém em nosso mundo material é a porta de entrada na Gehena espiritual e a sua morte em paz, em segurança no Divino, a sua saída. A entrada em nosso mundo material sempre é difícil e com sofrimento. A saída, nem sempre. Tem que se fazer muita força para uma criança nascer e a forma do nosso nascimento é sempre decorrente de uma expulsão! Somos quase que literalmente lançados para fora do ventre de nossa mãe ao mundo exterior! A passagem do mundo uterino para o mundo externo é feita com dor, violência e muita pressão! O cordão astral que prende nosso espírito ao nosso corpo denso garante que nosso espírito transgressor não deixará a prisão em que foi lançado até ter pago o último ceitil. Daí o corpo físico ser visto como uma prisão para o espírito! Mas não é o corpo que é a prisão da alma e sim a trama de pecados em que nosso espírito está envolvido. Sim, a Gehena é um local / condição de muito trânsito, diferentemente do Lago de Fogo que não possuirá trânsito algum, pois as Escrituras ensinam que quem entrar nele nunca mais poderá dele sair! Não existirá tráfego no Lago de Fogo! Lá será apenas uma ida sem volta! Infelizmente, segundo o Mestre Jesus, maior é o número dos que entram na Gehena, do que o número dos que dela saem! (Mateus 7:13,14 / Lucas 13:23,24).

A existência da Gehena nos obriga a crer na doutrina bíblica da reencarnação, pois cada vez que morremos com dívidas, somos obrigados a retornar à Gehena. Mesmo se conseguimos nos libertar da Gehena em vida, caso venhamos a cometer novas dívidas, seremos mais uma vez nela lançados, até que experimentemos novamente o perdão do ofendido. Esse é o perigo de alguém morrer com ofensas contra outrem! Jesus disse que devemos ir depressa procurar a pessoa a quem ofendemos a fim de pedir-lhe perdão e, assim, evitar sermos lançados na Gehena novamente! (Mateus 5:25). Alguém poderia dizer que a Gehena nada mais é do que o “inferno consciencial” que experimentamos após termos cometido algum delito, mas “consciência pesada” não é a Gehena e sim um dos componentes que pode acontecer ou não com o infrator das leis divinas! Cristo demonstrou que aquele fiel do Evangelho que estava adorando não estava com consciência pesada nenhuma por ter cometido um mal a alguém. Ainda assim Ele disse que se o fiel “se lembrasse”, na hora da adoração, de alguma pessoa que tivesse algo contra ele, por um ato errado que ele houvesse cometido contra alguma pessoa, deveria ir acertar as coisas o mais rápido possível a fim de evitar ser lançado na Gehena! Aquele fiel não estava ainda na Gehena, mas poderia ser lançado nela, se após lembrar-se de sua dívida, não tomasse nenhuma atitude para saná-la! Consciência pesada e Gehena não são a mesma coisa! Gehena é a prisão como um todo, “consciência pesada” é o sofrimento que os delitos que o infrator cometeu contra alguém lhe acometem, tirando-lhe a paz a alma. Segundo o Cristo, os delitos que cometemos, quer provoquem em nós sofrimento consciencial ou não, podem perdurar até o final de nossa vida física, atravessar para o outro lado da morte e continuar ainda a vigir, a vigorar, em várias outras manifestações de vida! O ciclo de entrar e sair da Gehena parece ser interminável, pois cada vez que reparamos os delitos em alguma área de nossa vida, outros acontecem em outras áreas mais fragilizadas de forma a nunca estarmos totalmente livres. É bem verdade que pela reencarnação ganhamos nova oportunidade de sairmos definitivamente da Gehena, mas não temos nenhuma certeza ou garantia de que tal coisa acontecerá. Como poderemos então vencer tal combate? Como podemos manter a esperança de um dia sermos definitivamente livres?

As condições para a saída da Gehena são: a) o pagamento integral da dívida, a ser feito pelo infrator; b) o aprisionamento do infrator pelo tempo estabelecido pelo juiz; c) a existência de alguém que se ofereça para pagar a dívida do transgressor. As duas primeiras alternativas são impossíveis de acontecer na vida do ser humano, pois, nenhum de nós jamais conseguiria pagar todas as dívidas que cometemos contra todas as pessoas com as quais vivemos, em todas as nossas manifestações de vida. Também não teríamos tempo de vida para pedirmos perdão a todas elas, além do que estaríamos contraindo novas dívidas. Apenas a terceira opção é possível, não por causa de nós mesmos, mas por causa do imenso amor de Deus. Ele aceitou a oferta de Jesus para pagar por nossas dívidas! (João 3:16). Através do sacrifício vicário, substitutivo do Cristo, todos podemos receber agora o perdão de nossas dívidas! Se todos aceitarão este perdão é coisa que não sabemos, mas ele está disponível a todos que se reconheçam como transgressores das Leis de Deus e que desejem ser absolvidos! (Tito 2:11). Jesus pode nos libertar da Gehena! Uma vez perdoados e livres da trama de pecados que nos prendia por séculos e milênios afora, temos de cuidar em permanecermos livres, não nos envolvendo mais com coisas erradas que possam repicar em nosso retorno à antiga prisão (Gálatas 5:1). Fomos salvos por Cristo e perdoados de todos os pecados passados, mas temos de zelar pela nossa salvação presente, pois a libertação que recebemos ainda está se processando e depende de nosso querer em nos mantermos santos até o dia de nossa partida – Filipenses 2:12,13 / Hebreus 12:14.

CONCLUSÃO

Muitos diziam não acreditar na reencarnação por não ter o Cristo falado nada sobre ela, mas o Pastor Olívio acabou de demonstrar que o Cristo falou, sim, muito sobre ela, e de uma maneira como ninguém mais o fez na Terra. Cabe ao amigo leitor aceitar ou não o que o Cristo ensinou e, em caso de dúvidas persistentes, ir até o seu Pastor, Padre, ou outro guia espiritual que tenha e perguntar-lhe sobre as mesmas. Se apesar de todas as demonstrações aqui apresentadas o meu leitor e seu guia espiritual quiserem ainda continuar insensíveis, ignorando esses ensinamentos de Jesus, então eu não poderei fazer mais nada a não ser orar para que o Espírito de Deus o convença da verdade e me esforçar ainda mais no conhecimento de novos textos capazes de convencê-los de que a reencarnação faz parte dos ensinamentos bíblicos. Talvez continuar afirmando que não se acredita em tal doutrina seja conveniente para o seu Líder e Guia. Talvez nem eles, nem o prezado leitor, tenha ainda estofo espiritual suficiente para ensinar a reencarnação em sua igreja, contrariando a visão de amigos ou de alguma Convenção. Eu já fiz a minha escolha e ela foi aceitar os ensinamentos bíblicos por mais esquisitos, estranhos e sem nexo que me pareçam e honrar a Jesus com a minha vida. Qual será a escolha de meu prezado leitor?

Deus abençoe a todos

Caso seja do interesse de meu prezado leitor discutir mais sobre o assunto, envie-me seus comentários, questionamentos, sugestões, críticas e, quando houver, possíveis elogios.

I. As Prisões Espirituais do Ser

 

Palestra I

AS PRISÕES ESPIRITUAIS DO SER

Estudo elaborado pelo Pastor Olívio em Realengo, no Rio de Janeiro, em maio de 2012

INTRODUÇÃO

Sei que o meu prezado leitor tomou um susto ao ler o título da pasta que contêm esta palestra: “INFERNOS”. “Será que o título é este mesmo ou o Pastor Olívio a nominou erradamente?”, você deve ter se perguntado. Bem, o título está correto; o ensino sobre o tema, como nos foi e tem sido apresentado no correr dos tempos, é que não está. Você sempre acreditou que o inferno era um só, seus amigos e irmãos também acreditaram, o mesmo acontecendo com os seus guias espirituais e mestres. Eu mesmo, durante anos, sabia que alguma coisa não se encaixava bem em tal ensino, mas não sabia exatamente o que era! As dificuldades em harmonizar os diferentes textos bíblicos que pareciam se contradizer, aliada a grande insatisfação de minha alma pelas respostas apresentadas pela moderna teologia sobre o assunto, me levaram a pesquisar ainda mais as Escrituras e então eu descobri! Ó, glória a Deus, eu descobri! Descobri, que as Escrituras falam, sim, não apenas de um, mas de vários tipos de inferno, cada um com suas características, propósitos e durações! Isto se transformou na maior descoberta de minha vida, pois, através dela, outras revelações vieram que libertaram ainda mais a minha alma! Não que eu houvesse sido liberto e salvo apenas ao conhecer essas doutrinas, pois doutrina alguma, por mais sublime que seja, pode libertar homem algum de seus pecados. Apenas Cristo, com seu sacrifício vicário, substitutivo, pode fazer isso e eu já era um “servo liberto de Cristo” há muito tempo e liderava também muitas ovelhas. O que estou dizendo é que essas revelações trouxeram uma grande libertação à minha alma, por terem trazido lógica e consistência à muitas de minhas indagações.

OS TEXTOS DA REVELAÇÃO

Tudo começou quando, um dia, ao ler o Sermão da Montanha, pregado pelo Cristo e registrado no Evangelho de Mateus 5:21-26, eu percebi que tal passagem trazia uma gama imensa de revelações que eu não estava acostumado a ouvir ou a ler nos compêndios teológicos e que me soavam como muito esquisitas e bastante irreais. Eu precisava de confirmações bíblicas para atestar a veracidade e consistência de tais ensinos. Então eu pus-me a pesquisar com afinco as Escrituras. O resultado dessa pesquisa foi tão extraordinário que eu publiquei um livro contando tais descobertas! Espero que o leitor possua recursos para adquiri-lo e alguma coragem para lê-lo e as minhas palestras. Leia comigo o texto do Evangelho que me trouxe tanta libertação: “Ouvistes que foi dito aos antigos: não matarás; mas qualquer que matar será réu de juízo. Eu, porém, vos digo que qualquer que, sem motivo, se encolerizar contra seu irmão, será réu de juízo, e qualquer que disser a seu irmão: Raca, será réu do Sinédrio; e qualquer que lhe disser: Louco, será réu do fogo do inferno. Portanto, se trouxeres a tua oferta ao altar, e aí te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa ali diante do altar a tua oferta, e vai reconciliar-te primeiro com teu irmão, e depois vem e apresenta a tua oferta. Concilia-te depressa com o teu adversário, enquanto estás no caminho com ele, para que não aconteça que o adversário te entregue ao juiz, e o juiz e entregue ao oficial, e te encerrem na prisão. Em verdade te digo que de maneira nenhuma sairás dali enquanto não pagares o último ceitil”.

Você percebeu como essa passagem é estranha? Notou, por acaso, que um indivíduo pode ser lançado dentro do fogo do inferno e dele sair, após ter pago o seu último ceitil? Que este inferno apregoado por Jesus é um inferno de fogo sim, mas que o indivíduo sai dele vivinho, sem ter sido carbonizado, após ter quitado sua dívida moral? Que esse inferno tem como propósito o pagamento de dívidas morais cometidas contra pessoas e não contra Deus? Que o Indivíduo do qual Jesus está falando é um fiel que oferece sacrifício a Deus, como uma maneira de agradar-Lhe, adorar-Lhe, e não um ímpio transgressor da Lei? Como se não bastasse todas essas coisas, perguntas surgem, tão estonteantes, que nem sequer sabemos o que pensar, como, por exemplo: Se o indivíduo pode entrar e sair do inferno, como dizer que esse inferno é eterno? Se ele pode entrar e sair dele, quantas vezes poderá fazê-lo? Como é que se sai de dentro de um inferno? O tempo de aprisionamento de alguém no inferno pelo simples xingamento de outrem será o mesmo que o de um assassino, de um governante corrupto ou de um pedófilo? Como o meu leitor pode ver, as implicações teológicas destes versículos são inúmeras e bastante complexas!

Mas havia ainda um outro texto bíblico excelente para me ajudar na compreensão dos infernos e este era o de Lucas 16:19-31, já bem explorado na Palestra III, do tema Reencarnação, no qual o Senhor Jesus conta a história de um homem pobre chamado Lázaro e de um outro, de nome desconhecido, muito rico. O homem rico, após morrer, fora lançado em um inferno de fogo, mas também não se consumira e até conversava com o santo Abraão e pedia a este para enviar algum dos mortos até a casa de seus parentes na terra para adverti-los sobre aquele lugar! A palavra traduzida do original grego como inferno em nossas Bíblias nessa passagem era totalmente diferente da traduzida no texto do Evangelho de Mateus 5:21-26! Tínhamos então agora duas palavras de conotações diferentes em sua língua original traduzidas como se fossem a mesma coisa para a nossa língua portuguesa. Duas outras palavras, também traduzidas como inferno, de conotações diferentes das duas primeiras, vieram se juntar a estas, complicando ainda mais a pouca compreensão que eu tinha daquele lugar! Um quinto termo da língua grega, não denominado inferno, mas traduzindo integralmente a idéia deste, ainda aparece nas Escrituras. Assim é que temos cinco tipos diferentes de inferno na Bíblia, mas que a nós foram passados por nossos guias espirituais e mestres como se fosse um só, causando muito sofrimento, dor e desespero desnecessários.

Nesta palestra estudaremos quatro desses lugares / condições espirituais e na seguinte, o lugar-prisão mais esquisito de todos!

OS DIFERENTES INFERNOS DA BÍBLIA

A palavra “inferno” é de origem latina (infernum) e significa “profundezas”, “mundo inferior”, “mundo subterrâneo”. Ela não existe nos originais da Bíblia, a exemplo das palavras “trindade”, “reencarnação”, “extraterrestres”, “milênio”, etc. É um lugar / condição idealizado por várias religiões como sendo um sítio espiritual de sofrimento e de condenação para aqueles indivíduos que viveram e morreram em total desobediência a Deus. De uma maneira geral, inferno significa o desajuste total do ser, uma desarmonia existencial, um descontrole profundo da vida. Assim é que quando uma pessoa está vivenciando uma situação como a descrita acima, se sente absurdamente infeliz, estressada, deprimida e afirma estar vivendo “num verdadeiro inferno”, ainda que fisicamente nele não esteja. Começaremos a analisar a mais antiga concepção bíblica do que era o inferno e o material de referência para isto serão as Escrituras Hebraicas ou Antigo Testamento, como é mais conhecida no meio cristão. Optamos por elencar em pequenos resumos as principais características de cada um desses locais, ao invés de analisá-los em texto corrido, contínuo, a fim de facilitar a compreensão do leitor. Infelizmente não poderemos transcrever literalmente as passagens bíblicas que tratam dos diversos locais / condições de punição do espírito, mas apenas citá-las, tendo em vista o grande número das mesmas.

  • Sheol – o inferno do Antigo Testamento

  • A palavra “Sheol” é remotíssima e segundo alguns estudiosos é de proveniência sumeriana. Ela significava, em sua concepção mais remota, “ser oco”. Como alguma coisa com limites definidos em toda a sua volta, sem saída, e que devesse ser preenchida.

  • Era para este lugar que deveria migrar todas as almas dos homens que morreram antes do sacrifício de Cristo, independentemente de serem eles injustos ou não. O Sheol abrigava as almas de todo o gênero humano – Jó 3:17-19 / Gênesis 37:35 / Salmo 86:13 / Isaías 14:9-11.

  • O Sheol era tido como um lugar escuro, tenebroso, de penumbra e que ficava debaixo da terra – Jó 10:18-22 / Amós 9:2 / Isaías 7:11 / Provérbios 15:24 / Salmo 139:7,8.

  • Aos poucos, com o aumento da revelação profética, o Sheol foi sendo caracterizado como um lugar de punição para os ímpios – Salmo 9:17 / Provérbios 23:14 / Isaías 24:21,22.

  • Uma divisão de locais começou a aparecer dentro do Sheol para separar as almas dos justos das almas dos ímpios – Salmo 55:15 / Ezequiel 32:23 / Isaías 24:21,22.

  • Ainda assim o Sheol era diferente da atual configuração que se pretende dar ao inferno como sendo um lugar de fogo, trevas, verdugos, ranger de dentes e tudo o mais – Jó 14:13 / 1ª Samuel 28:1-25.

  • A esperança dos justos em sair do Sheol estava atrelada a ressurreição dos mortos a acontecer no Último Dia – Jó 19:25-27 / Salmo 16:10 / Oséias 13:14.

  • Hades – o inferno depois do sacrifício de Cristo

  • Até o sacrifício de Cristo, o Hades possuía a mesma configuração do Sheol do Antigo Testamento. Ele era o mesmo inferno do Antigo Testamento sendo que Sheol era o termo utilizado para inferno em língua hebraica e Hades, em língua grega – Salmo 16:10 / Atos 2:27,31.

  • Após o sacrifício de Cristo, a divisão interna que separava as almas dos justos das almas dos ímpios não existe mais, pois Cristo transferiu todas as almas justas que estavam no “Seio de Abraão” e que foram “compradas por Ele por bom preço” para o “Paraíso”, a morada de Deus – Efésios 4:8-10 / 2ª Coríntios 12:1-4 / Lucas 23:43.

  • A partir do sacrifício de Cristo, todos os santos que morrem vão diretamente à presença de Deus – Atos 7:55,56 / Filipenses 1:21-23 / Apocalipse 14:13 e todos os que morrem em pecado, em desobediência ao Senhor, vão para o Lugar de Tormento ou Hades, visto que ele agora é o único lugar / condição espiritual destinado a prisão de humanos, contendo este diversas “prisões conscienciais” – Mateus 16:18 / Apocalipse 1:17,18 / 2 ª Timóteo 3:1-5.

  • O Hades / Sheol atualmente é a sala de espera do julgamento de todos os que morrem em pecado – Lucas 16:19-31. Todos os que foram ressuscitados, antes e depois de Cristo, saíram desse lugar!

  • O Hades / Sheol é um inferno provisório, temporário, pois será lançado no Lago de Fogo, no final dos tempos, o que quer dizer que ele não é eterno – Apocalipse 6:8 / 20:13,14.

  • Tártaro ou Abismo – o inferno dos demônios

  • Este inferno ficava na parte mais inferior do Sheol / Hades e permanece ainda lá – 2ª Pedro 2:4,9 / Judas 6.

  • Era um lugar temido pelos próprios demônios – Lucas 8:30,31.

  • Nele se encontravam os piores elementos de todo o universo, espíritos maus, prisioneiros da antiga rebelião de Lúcifer – 2ª Pedro 2:4,9 / Judas 6.

  • O Abismo, outro nome dado ao Tártaro, é uma prisão que cresce para baixo, que se aprofunda, por isso é também chamado de Poço do Abismo – Apocalipse 9:1,2 / 9:11 / 20:1-3.

  • Satanás vai ser amarrado e lançado neste lugar no final dos tempos para ficar ali preso por mil anos – Apocalipse 20:1-3.

  • O Abismo também não é eterno, pois será lançado no Lago de Fogo quando o Hades lá for lançado – Apocalipse 6:8 / 20:13,14.

  • Jesus é Senhor sobre o Abismo, sobre Lúcifer e sobre todos os demônios, e não o capeta, que não é líder de nada, como se poderia pensar – Lucas 8:26-32

  • Lago de fogo – o inferno de todos os infernos

  • Esta expressão acontece somente no livro de Apocalipse e foi utilizada apenas pelo apóstolo João. É o inferno final, último, definitivo. O único inferno do qual se diz ser eterno nas Escrituras (Mateus 25:41 / Apocalipse 20:19). Todos os demais infernos serão lançados nele.

  • Satanás, depois de atuar por mil anos na terra, vai ser lançado neste Lago de Fogo – Apocalipse 20:7-10 / 19:20.

  • O Lago de Fogo representa a segunda morte para os seres vivos – Apocalipse 21:8.

  • O Lago de Fogo não foi preparado para os homens e sim para o Diabo e seus anjos – Mateus 25:41.

  • O Lago de Fogo mistura todos os tipos de transgressores do universo em um único lugar, o que faz deste um lugar medonho! – Apocalipse 20:10,14,15 / 21:8.

Aí estão os quatro lugares / condições espirituais que fundamentavam e ainda fundamentam a crença judaico-cristã na existência do inferno. Pode parecer uma coisa terrível demais para nós pensarmos que o Augusto Deus do Universo, o Senhor de Toda a Criação, O Deus Todo-Poderoso seja capaz de lançar uma de suas próprias criaturas em tal lugar – e de fato o é -, mas quando vemos um pedófilo abusar de uma criança mentalmente doente e/ou totalmente inocente; um ditador dizimando milhares de seus compatriotas; um aborteiro matando com crueza mães e infantes; um político vendendo sua alma e nação por uns míseros trocados, e tantos outros exemplos ruins de seres que até duvidamos serem humanos, que façam parte de nós, achamos que Deus realmente tem razão em fazer o que faz!

TENTANDO ENTENDER O QUE SEJA O INFERNO

Mas o tempo vai passando e começamos a achar que Deus bem que poderia aplicar algum tipo de castigo ao transgressor que não precisasse ser necessariamente eterno, infinito, pois a criatura que ele castiga é finita no tempo, tem vida biológica curtíssima e não merece um castigo eternal; que nenhum ser humano tem a noção da gravidade e extensão de seus delitos, por já ter nascido em uma raça pecadora, degradada, sem nenhuma visão espiritual; que outras oportunidades, senão todas, deveriam ser concedidas ao transgressor para a sua recuperação moral e progresso espiritual, pois nós, humanos, que somos tão falhos em nossos julgamentos, não mandamos nossos filhos para a cadeia só por terem cometido um único erro contra nós; que os diversos ambientes em que as pessoas nascem e vivem criam diferenças éticas, sociais, morais, culturais e religiosas que facilitam a alguns e dificultam a outros o cometimento de pecados e aceitação do Evangelho; que todo ser humano, por ser uma criatura livre, autônoma, soberana, é capaz de mudar, no momento em que deseje, as suas escolhas, e assim, aquele que hoje escolheu desobedecer, pode amanhã decidir-se pela obediência, e por aí vai. Nossos argumentos humanos se amontoam e se empilham na tentativa de compreender a justiça, a perfeição, a longanimidade e o amor de Deus com a realidade de um lugar / condição chamado inferno.

Todos concordamos que qualquer transgressor que seja, merece receber uma punição por seus atos errados, mas nem todos concordamos que essa punição tenha de ser eterna, para sempre, infinda. Este pensamento incomodou tanto o espírito dos teólogos, que outras correntes de pensamento surgiram no cenário evangélico tentando dar uma explicação mais racional, mais lógica para o fim das coisas e para a existência do Lago de Fogo. Os “tradicionalistas” continuaram afirmando que o inferno não teria fim nunca, que duraria para sempre, seria eterno. Na visão desses estudiosos aqueles que forem lançados no inferno viverão para sempre em torturas eternais. Os “reducionistas” surgiram dizendo que tempo haverá em que o mal será totalmente extinto, aniquilado, destruído. Todos os que abrigarem o mal em seus corações serão aniquilados, extintos, deixarão de existir e esse “não existir mais como pessoa”, como entidade, como indivíduo é que seria o verdadeiro inferno bíblico. Os “restauracionistas” apareceram dizendo que tempo haverá em que tudo voltará ao estado de pureza original e o inferno e todo o mal existente no universo desaparecerá. Todos os que forem lançados no Lago de Fogo, em algum momento, em alguma era, em alguma eternidade, se voltarão para Deus e se submeterão, inclusive o Diabo. Paz então haverá para todos!

CONCLUSÃO

Quando iniciei minhas pesquisas sobre o tema, descobri a existência de um tipo de inferno que era, e ainda é confundido com o Lago de Fogo por muitos estudiosos e que lançava um pouco mais de luz sobre o que acontece com o transgressor que parte desta vida com ofensas e pecados no coração. Ele é um inferno estranho, diferente de todos os demais que examinei, porquanto cheio de vida, de movimento! O sofrimento se encontra presente nele, é verdade, mas fundamentado em justiça, em reparação. Ao transgressor é permitido fazer novas escolhas, se arrepender de seus maus atos e sair deste local / condição, totalmente liberado! Ele é tão estranho e desconhecido que nunca ouvimos nada sobre ele de nossos púlpitos e tribunas, mas ainda assim se constitui na única esperança que temos de escapar do Lago de Fogo, o inferno definitivo! Na próxima palestra eu estarei falando sobre ele e espero que o prezado leitor a divulgue para todos os seus conhecidos e que a comente também com seus líderes espirituais. Tenho certeza que o espírito ávido, faminto, pesquisador de meu leitor não deixará passar esta oportunidade de ouvir um Pastor evangélico falando sobre esses temas tão complexos, mas totalmente fundamentados nas Escrituras!

Deus abençoe a todos

Caso seja do interesse de meu prezado leitor discutir mais sobre o assunto, envie-me seus comentários, questionamentos, sugestões, críticas e, quando houver, possíveis elogios.

II. A Postura do que Crê

 

 

Palestra II

A POSTURA DO QUE CRÊ

Estudo Elaborado pelo Pastor Olívio em Realengo, no Rio de Janeiro, em março de 2012

INTRODUÇÃO

Conforme vimos na palestra anterior, a fé não é um objeto material, alguma coisa que se pegue ou que se meça, e sim uma relação de confiança entre o fiel e Deus. O Senhor prometeu alguma coisa ao fiel que fica esperando pela coisa prometida até ver a sua realização. Enquanto o objeto de sua fé não aparece, não se materializa, não surge no cenário físico, fenomênico, o fiel fica exercendo uma postura condizente com a fé que possui, postura esta radicalmente contrária a adotada pelo não crente!

DIFERENÇAS DE POSTURA ENTRE O QUE CRÊ E O QUE NÃO CRÊ

Quando um indivíduo, por exemplo, olha para uma casa, um carro, um barco, ou qualquer outra coisa e a deseja fortemente em seu coração, começa logo a lutar para conseguir o objeto de seu desejo e envida todo o esforço necessário para conseguí-lo: poupa dinheiro, investe recursos, vende objetos, trabalha dobrado, pede ajuda a parentes e amigos, faz empréstimo e, quando vai fechar a proposta ainda negocia prazos e prestações. Se alguém lhe perguntar sobre o porquê de tanto esforço ele fala de sua pretensão enorme, quase inconquistável, e afirma ter fé de que vai conseguir o que deseja! Afinal de contas, diz ele, se alguém deseja ser ou conquistar alguma coisa na vida, deve lutar para conseguí-la!

Isso é tudo o que um fiel não faz! O fiel não se esforça para obter nada, não luta para conquistar nada, pois sabe que Jesus já conquistou tudo para ele na cruz. Apenas crê, confia, acredita, pois sabe que o objeto de sua fé é impossível de ser obtido por qualquer esforço que faça. Somente Deus pode conseguí-lo para ele. O verdadeiro fiel sabe que não se precisa usar a fé para conseguir coisas possíveis. Só pode possuir fé quem não tem recursos suficientes para alcançar o que deseja. Se alguém possui dinheiro para comprar um barco, não precisa ter fé para adquiri-lo e sim vontade! Se alguém possui forças para erguer-se do leito, onde está enfermo, e ir até o banheiro, não precisa ter fé e sim pernas! Jesus mandou que o cego em quem aplicara uma pasta de lodo com a sua saliva e colocara sobre seus olhos fosse caminhando até o Tanque de Siloé e lá se lavasse, garantindo-lhe que ficaria curado. O cego foi, lavou-se e voltou vendo! (João 9:1-7). Aquele homem não precisava de cura para as suas pernas, pois que não era paralítico e sim cego! Deus jamais fará por nós o que pudermos fazer por nós mesmos.

Se pudéssemos conseguir qualquer coisa pelo nosso esforço, empenho ou recurso poderíamos dispensar a fé e abrir mão de Deus também, já que a fé provêm Dele. A fé deixaria então de ser algo sobrenatural e se transformaria em algo mecânico, automático, natural. Mas tal não é assim. Pela fé natural o homem consegue o que quer. Pela fé bíblica, sobrenatural, o homem recebe de Deus o que Ele quer lhe dar. Quem crê não faz, espera. Quem não crê não espera, trabalha. E trabalha como um louco para conseguir o que deseja! O que o incrédulo chama de fé é na realidade determinação, o que o crente chama de fé é confiança absoluta em Deus. Quando trabalhamos afoitamente por algo que desejamos e que está em nossas mãos o poder de obtê-lo, estamos exercendo a fé natural e não a sobrenatural. A fé natural utiliza as mãos para conseguir coisas; a fé sobrenatural, o coração. Por compreender essas coisas, a postura daquele que confia em Deus é uma postura de descanso, de repouso, de tranqüilidade. Não existe nenhuma guerra interior nele, nenhuma intranqüilidade, nenhuma perturbação.

O profeta Isaías disse no capítulo 26:3 de seu livro: “Tu conservarás em paz aquele cuja mente está firme em Ti; porque ele confia em Ti”. Isto me faz lembrar de Elizeu, cujo discípulo seu, de nome Geazi, chegara correndo e gritando que o exército sírio havia cercado a cidade com muitos cavalos e carros de guerra para levar preso o profeta ao rei da Síria. Elizeu estava sentado tranquilamente em sua cadeira de balanço, em sua casa, e ao ouvir aquilo, pediu a Deus que abrisse os olhos de seu pupilo. O que Geazi viu deixou-o sobremaneira assombrado: todo o monte ao redor estava tomado por um exército celestial ainda maior que o exército dos sírios, cheio de cavalos e carros de guerra! (2º Livro dos reis 6:8-23). Daí a postura de descanso, de repouso em Deus por parte de Elizeu, pois ele sabia que o Senhor cuida dos seus. Aqui, a primeira grande diferença na postura do indivíduo que possui a fé natural e na do indivíduo que possui a fé bíblica. Na fé natural o que vale é o esforço. Na fé bíblica o que vale é o descanso. Todo indivíduo que confia plenamente em Deus é uma pessoa espiritualmente tranqüila.

Mas o fiel sabe que as coisas que ele pede a Deus ou, que Deus lhe prometeu dar ou fazer, nem sempre acontecem ou acontecerão de imediato, instantaneamente. Na mor parte das vezes elas levarão algum tempo para se concretizarem, pois estão ainda no futuro, a dimensão do tempo na qual a fé se prepara para trazer ao fiel as coisas que lhe foram prometidas ou por ele solicitadas. Talvez o que desejemos chegue hoje; possivelmente, amanhã; ou, quem sabe, demore um pouco mais. O que não podemos duvidar é que elas chegarão dentro do prazo de Deus e abençoarão nossas vidas, pois “fiel é o que prometeu” (Hebreus 10:23). A Bíblia diz que o Senhor é “poderoso para fazer infinitamente mais além daquilo que pedimos ou pensamos, segundo o seu poder que opera em nós” (Efésios 3:20). Nenhum crente verdadeiro, pois, deve ser um indivíduo afobado, desesperado, inquieto. O fiel sabe que Deus conhece o tempo excelente das coisas; que não se adianta e nem se atrasa; que nunca pode ser pego de surpresa; que não pode jamais ser chamado de mentiroso, pois tudo o que promete, cumpre. Então ele fica esperando o tempo de Deus. Pacientemente ele espera, nem que aquilo que o Senhor prometeu só venha a se concretizar após a sua morte. A Bíblia diz que “se esperamos o que não vemos, com paciência o esperamos” (Romanos 8:25).

Sei que algumas pessoas têm feito uso errado da passagem do Salmo 68:4 que diz “Cantai a Deus, cantai louvores ao seu nome; louvai aquele que vai sobre os céus, pois o seu nome é JÀ; e exultai diante dele” para dizer que Deus faz as coisas imediatamente, no momento em que as pedimos, mas isto não é verdadeiro. O termo JÁ que aí aparece é uma forma abreviada e carinhosa do nome Jeová, tido por muitos como o nome pessoal e sagrado de Deus e não um advérbio de tempo, com o objetivo de traduzir a idéia de algo que vai acontecer instantaneamente, imediatamente após o nosso pedido! O resultado dessa interpretação errônea é que crentes estão se frustrando desnecessariamente com as suas orações, pois estão percebendo que Deus não está respondendo as suas orações e não estão acreditando mais que Ele as responderá em tempo algum. A postura daquele que crê em Deus deve ser sempre uma postura de paciência, de perseverança, de “expectante despreocupação”.

Jorge Muller, o apostolo da oração, orou cinqüenta e sete anos pela conversão de dois companheiros seus, que só vieram a se converter cinco anos após a sua morte! Quem conhece a sua história sabe que eu não estou falando de um intercessor qualquer, mas de um  homem que possuía um registro com mais de cinqüenta mil orações feitas a Deus e respondidas, todas elas a seu tempo! A fé ultrapassa as barreiras do tempo! Calebe pediu que Josué lhe permitisse conquistar as terras que Deus, através de Moisés, lhe prometera dar quando ele tinha ainda quarenta anos. Com oitenta e cinco anos, isto é, quarenta e cinco anos depois, confiando ainda na promessa que Deus lhe fizera, Calebe conquistou suas terras prometidas! (Josué 14:6-15). Noé pôs-se a construir uma imensa arca para abrigar os animais e a sua família do dilúvio que Deus dissera iria mandar sobre a terra para castigar os homens de seu tempo, tarefa na qual ele se empenhou por cento e vinte anos! (Gênesis 6:1-3). Ao terminar a arca, o dilúvio chegou e Noé foi salvo com todos os animais terrenos e com sua família! José, décimo primeiro filho do Patriarca Jacó, neto de Isaque, bisneto de Abraão, pediu que, quando ele morresse, transportassem os seus ossos do Egito para a terra de Canaã, prometida por Deus ao seu povo, coisa que só veio a acontecer quatrocentos anos após a sua morte! (Gênesis 50:25,26 / Êxodo 13:19 / Josué 24:32).

Mas ninguém superou o Mestre Jesus na capacidade de crer e de esperar em Deus! Ele orou ao Pai para que todos os que viessem a crer Nele (eu e você, portanto!) se tornassem um, como Ele era com o Pai, a fim de que o mundo cresse que Deus o enviara como Salvador do mundo (João 17:20,21). Isto parece ser uma oração impossível de se realizar! Pessoas outrora antagônicas, inimigas, agora transformadas pelo poder do Evangelho e de tal forma conectadas, unidas, que os incrédulos fiquem convencidos de que somente Deus poderia operar tal transformação em suas vidas e que para conseguir este grande feito Jesus Cristo tem de ser mesmo o Salvador do mundo! Isto é tão inacreditável, tão surpreendente, que chega as raias do impossível, pois, mesmo nos dias de hoje, crentes ditos “transformados”, quase não se comunicam entre si, não falam uns com os outros, e mal se suportam, só por serem de denominações diferentes! Ninguém parece fazer a mínima questão de viver essa tal “bendita união!” Como podia Jesus crer assim? Dois mil anos já se passaram e Ele continua esperando o resultado dessa sua prece! Nem sequer mais no planeta Ele está para ver como ela se desdobrará no tempo, mas ainda assim Ele continua confiando firmemente em sua oração! Como é grande o nosso Mestre Jesus! Como é nobre e majestoso em suas petições!

Não devemos ficar dizendo para Deus como, quando e onde Ele deve nos dar as coisas que prometeu, nem ainda ficarmos impacientes, murmurantes, queixosos, quando as respostas as nossas preces parecerem demorar demais. O Senhor sabe o que é melhor para nós e fará “o impossível” para nos abençoar. O possuidor da verdadeira fé bíblica vive em “expectativa despreocupada”, sem tensão nenhuma, crendo permanentemente no recebimento do que lhe foi prometido, não importando se o que ele crê vai chegar daqui a cem, mil, ou dez mil anos. Ele o esperará confiantemente em Deus, esteja onde ele estiver, até a sua benção chegar! E, preste bem atenção ao que eu vou lhe dizer, prezado leitor: enquanto ele estiver assim, nesse estado de fé expectante, estará vivendo em estado de fortaleza e prontidão espiritual!

Mas aquele que confia no caráter do Senhor possui, além de uma postura de descanso e de paciência, uma postura firme, estável, equilibrada. Isto acontece porque o instrumento gerador da fé, o elemento produtor da mesma, é algo inabalável, inamovível, indestrutível, qual seja, a Palavra de Deus. O apóstolo Paulo disse aos crentes romanos que “a fé vem pelo ouvir e o ouvir pela Palavra de Deus” (Romanos 10:17). Escutamos com os ouvidos naturais, mas ouvimos com o coração. Jesus apelava sempre aos seus seguidores para que ouvissem a sua palavra e não apenas para que as escutassem. Quando ouvimos a Palavra de Deus, seja de que forma for – pregada, cantada, representada, impressa, etc. e Ele coloca algo em nosso coração, sabemos que esse algo se realizará nem que seja daqui até outra eternidade! O profeta Isaías disse: “Assim como desce a chuva e a neve dos céus, e para lá não torna, mas rega a terra, e a faz produzir, e brotar; e dar semente ao semeador; e pão ao que come, assim será a palavra que sair da minha boca: ela não voltará para mim vazia, antes fará o que me apraz, e prosperará naquilo para que a enviei” (Isaías 55:10,11).

Esta palavra que sai da boca do Senhor, que faz o que lhe apraz, e que volta para Ele plena de resultados, tem um nome específico, a saber Jesus Cristo, o Verbo de Deus (João 1:1,14). A Bíblia diz em Hebreus 12:2 que Jesus Cristo é o autor e o consumador da fé, o que quer dizer que Ele tanto gera a fé em nosso coração quanto a consuma. Somos o campo espiritual onde as grandezas de Deus se manifestam ou se perdem, como nos ensinou o Abençoado Mestre na Parábola do Semeador (Mateus 13:1-30). Muitos dizem que crêem em Deus e que dariam a sua vida pelo Evangelho, mas seu comportamento espiritual contradiz as suas declarações de fé. Eles são instáveis, vacilantes, inseguros. É impossível pensar em alguém que afirme crer no Senhor Jesus, mas que se mostra o tempo todo reticente, oscilante, duvidoso. A postura daquele que crê verdadeiramente em Deus é uma postura firme, estável, equilibrada.

CONCLUSÃO

Vamos então ousar crer em Deus, pois cada vez que desacreditamos Nele estamos, na realidade, confiando no Diabo que afirma ser Deus um Ente não confiável e de palavra duvidosa.

Deus abençoe a todos.

 

Caso seja do interesse de meu prezado leitor discutir mais sobre o assunto, envie-me seus comentários, questionamentos, sugestões, críticas e, quando houver, possíveis elogios.

 

I. Fé, Dúvida e Incredulidade

 

Palestra I

FÉ, DÚVIDA E INCREDULIDADE

Estudo elaborado pelo Pastor Olívio em Realengo, no Rio de Janeiro, em abril de 2010 e revisado em fevereiro de 2012

Três palavras inter-relacionadas que precisam ser bem explicadas:

ENTENDENDO O QUE SEJA FÉ

Os dicionários seculares traduzem a palavra fé como “certeza”, “confiança”, “crença” e eles certamente estão corretos ao traduzirem-na assim. Já a Bíblia, o dicionário de Deus, descreve a fé como sendo “o firme fundamento das coisas que se esperam e a prova das coisas que não se vêem” (Hebreus 11:1). Isto quer dizer que a fé é algo presente, atual, que está sendo exercida agora (“firme fundamento”), mas que o objeto pretendido por ela ainda não chegou até o fiel, ainda não veio até ele, encontra-se ainda no futuro e por isso ele não o vê (“coisas que não se vêem”) e por ele espera (“coisas que se esperam”).

Ambas as definições de fé, tanto a secular quanto a bíblica, mostram que a fé não é algo material. Ela é algo invisível, intangível, imaterial. Ela é uma postura, uma atitude que o fiel assume diante daquilo que deseja. Ter fé é estar convencido de que aquilo que se acredita que vai acontecer vai acontecer de fato! O objeto de nossa fé ainda não chegou, não podemos sequer vê-lo por estar ele no futuro, mas ainda assim acreditamos que ele vai chegar! Estamos convictos disto! Temos certeza disto! O texto de Hebreus 11:27 dá-nos uma descrição fantástica do que seja a fé, pois afirma que “Moisés ficou olhando firmemente o invisível como se estivesse vendo-o”. Esta é a atitude daquele que confia, daquele que acredita, daquele que possui fé. Olhar firme para o que não chegou como se já tivesse chegado!

O fato de acreditarmos em algo que ainda não chegou a nós e que não possui materialidade alguma para que possamos demonstrá-lo a alguém não quer dizer, em absoluto, que este algo não exista, pois muitas coisas há em nosso mundo que não podem ser vistas no presente, que ainda não chegaram a nós por estarem no futuro, mas que nem por isso devem ser consideradas mentirosas ou inexistentes. Talvez a maior e mais simples de todas, por acontecer com todos os humanos, sejam as idéias. Elas se encontram presentes em nosso coração, em nossa mente, mas não se tornaram ainda visíveis, não ganharam ainda materialidade na forma de um livro, um invento, uma receita, um produto, qualquer coisa. Todas são exemplos de coisas intangíveis que ainda não chegaram ao seu buscador por se encontrarem elas no futuro.

Bom é que se diga que ninguém precisa ter fé para as coisas passadas; nem ainda para as coisas presentes, mas apenas para as futuras. Para acreditar nas coisas que já se passaram, não precisamos ter fé e sim conhecer História! Para as coisas que estão acontecendo agora, no tempo presente, não precisamos acreditar em nada e sim sermos bem informados, termos informação. O texto de Romanos 8:24,25 diz: “Em esperança somos salvos. Ora, a esperança que se vê não é esperança; porque o que alguém vê, como o esperará? Mas, se esperamos o que não vemos, com paciência o esperamos”. Esperança é a fé que não desanimou, que não desistiu da conquista! A fé é uma porta; a esperança, um caminho!

Sendo a fé o fundamento de algo que ainda não possuímos e a prova de algo que ainda não vemos, isto significa que a fé é fruto de nossas convicções pessoais, de nossas certezas interiores, pois aquilo que esperamos, mas não vemos, não é objeto do conhecimento ou dos sentidos e sim de uma convicção íntima, subjetiva, particular. Podemos não saber explicar como isto acontece, mas estamos convencidos que acontecerá. A fé não depende da razão nem dos sentidos, pois que vai além deles (“coisas que não se vêem”)! Não se sente fé, não se racionaliza fé. Ou a temos em nós, ou não a temos!

Sendo a fé fruto de nossas convicções particulares, pessoais, individuais, isto quer dizer que cada ser humano possui uma medida diferenciada de fé, pois aquilo que alguém deseja e espera pode não ser do interesse de outro. Mesmo que dez pessoas acreditem em determinada coisa, cada qual acreditará com uma intensidade diferente, com uma medida de fé diferenciada (Romanos 12;3). Assim é que não podemos exigir das pessoas que tenham a mesma medida de fé que nós, mas podemos pedir para que creiam na mesma coisa que cremos. Por exemplo: Podemos dizer para alguém enfermo que Deus cura o câncer e que pode curá-lo, pois isto faz parte de nossas convicções, mas não podemos pedir para que a pessoa creia que Deus vai curar o seu câncer, pois isso depende da disposição do indivíduo de crer em Deus, de sua medida de fé (que pode ser maior ou menor que a nossa) e de sua vontade de ser curado ou não.

Se assumimos que possuímos algo que ninguém vê ou espera, como falamos acima, tal coisa não é considerada anormal, mas se dissermos que temos uma prova deste algo conosco, uma base, um fundamento, mas que não conseguimos mostrá-lo a ninguém por estar este algo no futuro e não possuir ele ainda nenhuma materialidade, corremos seriamente o risco de sermos taxados de loucos (e você há de convir que este discurso é mesmo de um louco!) e, como tais, sermos considerados perigosos para a sociedade. Pois foi exatamente isto o que aconteceu com muitos inventores, pensadores, e profetas do passado! Noé, Moisés, Abraão, Elias, Jeremias, Jesus, Paulo – todos foram considerados loucos e também o meu prezado leitor, se for uma verdadeira pessoa de fé!

Todos estes personagens bíblicos disseram que possuíam um fundamento firme e uma prova incontestável para acreditarem naquilo em que criam, mesmo sendo impossível demonstrá-la a alguém. O que era essa coisa?

O FUNDAMENTO DA FÉ

O que eles criam e que não se podia demonstrar para alguém não era uma coisa, um objeto, ou um pensamento, e sim uma pessoa! Não era o que e sim quem! Quem seria, pois, o alicerce inabalável de sua fé que lhes dava a certeza das coisas invisíveis e futuras? DEUS! Ele era o alicerce inabalável de sua fé!

A fé bíblica se encontra alicerçada na pessoa de Deus, em seu caráter, e não em seus objetos. Ela não é resultante de conhecimentos físicos, científicos, materiais, pois se assim fosse, os mais sábios seriam os maiores crédulos do mundo e os ignorantes não a possuiriam. Os astrônomos estudam o Cosmo, que acreditamos ser uma criação de Deus, mas não O encontram lá. O fato de eles estudarem uma coisa de Deus, não os leva necessariamente ao conhecimento do Deus das coisas. A fé bíblica não é racional, lógica, mental, mas é espiritual, sobrenatural. Assim sendo, ela não deve ser procurada na estrutura física do homem e sim em sua estrutura espiritual, em seu espírito.

O texto de Hebreus 11:6 ensina que a fé é o meio utilizado por Deus para estabelecer um relacionamento com o homem. Ele diz: “sem fé é impossível agradar a Deus. Porque é necessário que aquele que se aproxima de Deus, creia que Ele existe e que é galardoador daqueles que O buscam”. Como fazer isso? Como gerar fé em nosso coração para acreditar que Deus existe e que vai nos galardoar (recompensar, premiar, laurear)? A resposta se encontra em Hebreus 12:2 onde se diz que Jesus é o autor e o consumador da fé”, isto é, Ele é a origem e o fim da fé, o seu iniciador e o seu realizador. Cristo é o Verbo de Deus, a Palavra de Deus que se encarnou entre nós (João 1:1,14). O apóstolo Paulo disse que “a fé vem pelo ouvir e o ouvir pela Palavra de Deus” (Romanos 10:17). Ouvindo nós a Jesus, o Verbo de Deus, a fé é gerada em nossos corações e então podemos ser levados por Ele ao conhecimento do Pai (João 14:6).

Quando nos aproximamos de Deus e este vê Cristo em nós, Ele se agrada disto, pois sabe que onde Cristo está a fé está presente. Ele então se prontifica a nos ajudar e a nos galardoar nos pedidos que fizermos a Ele. Tristemente isso também quer dizer que quem não possui a Cristo não pode agradar a Deus. Nenhum incrédulo é possuidor da fé bíblica genuína, autêntica, pois que esta provém de Cristo e o incrédulo, por não possuir Cristo em seu coração, não sabe como se chegar a Deus e nem como agradá-Lo. O Pastor Olívio fica realmente triste com este fato, pois entende que Deus jamais exigiria a fé do homem se este não pudesse exercê-la e muitos estão vivendo vidas derrotadas, amarguradas, sem brilho algum, por não quererem saber das coisas espirituais e se envolverem com Deus. Isto é realmente horrível, pois a fé não só é a única maneira de agradarmos a Deus como também a única maneira de nos tornarmos vencedores no mundo (1ª João 5:4).

Sendo a fé uma relação de confiança para com Deus, tudo o que não provenha dela neste relacionamento, torna-se pecado. “Tudo o que não provêm de fé é pecado”, diz a Bíblia em Romanos 14:23. A adoração, o louvor, o ensino, a pregação da Palavra, a oração – tudo o que se pretenda fazer para Deus, se não estiver alicerçado na fé, é pecado. Não se esqueça disto crente querido, quando fechar este arquivo e sair para fazer alguma coisa para o Senhor. O teu Deus não mente, não se engana e não te engana, não fica atirando para todos os lados, perdido, sem saber como lhe falar, pois tudo conhece, tudo pode, tudo consegue, e há de te ajudar. Nada, pois, de ficar desconfiando Dele. Se você tiver algo a duvidar duvide de você mesmo e, em último caso, até mesmo de sua fé, mas nunca duvide de Deus!

A DÚVIDA PODE DESTRUIR OU CONSTRUIR

Pois bem, se a fé é a crença na pessoa de Deus, a confiança em seu caráter, o contrário dela é a incredulidade e não a dúvida.

A palavra dúvida significa “ambigüidade”, “imprecisão”, “suspeita”, e não se constitui um pecado em si por não levar o seu detentor a uma posição definida, final, absoluta. O apóstolo Tiago disse que “o que duvida é semelhante a onda do mar que é levada pelo vento e lançada de uma para outra parte” (Tiago 1:6). O indivíduo fica ali, indo e vindo de uma posição à outra, vacilante, sem definição alguma. Ele vive no “talvez”, no “quem sabe”, no “acho que”, indo do “sim” para o “não”, sem tomar posição alguma. Todos sabemos que o “talvez” não define posição a não ser a de continuar “em cima do muro”, em total indefinição. Somente quando o indivíduo se decide entre uma coisa ou outra é que podemos taxá-lo de incrédulo ou de crente. Até lá, ele é apenas uma pessoa que duvida, que suspeita, que ainda está indecisa.

A dúvida é um instrumento poderosíssimo para destruir certezas – não verdades – pois verdades jamais podem ser destruídas, conforme o apóstolo Paulo nos ensinou em 2ª Coríntios 13:8, por serem estas provenientes de Deus (João 14:6). As certezas, porém, são humanas, fazem parte de nossas convicções, de nossas confianças, e por isso podem ser destruídas. Na mor parte das vezes uma enorme montanha de convicções, vem totalmente abaixo por uma simples banana de dinamite de dúvida! A dúvida é utilizada para destruir “pseudo-certezas” e se constitui em um elemento de desestabilização, de estremecimento, de desmonte de convicções estabelecidas. “A Serpente” do Éden sabia disso e lançou dúvidas sobre nossos primeiros pais com relação ao caráter de Deus, naquilo que Ele lhes dissera (Gênesis 3:1-5). Pela dúvida lançada por ela, veio a incredulidade aos nossos pais e pela incredulidade, o cometimento de outros pecados.

Por ser a dúvida um instrumento de destruição de certezas, esta também pode levar o indivíduo ao máximo da realização humana, pois através dela ele se sente estimulado a procurar novos conhecimentos. É graças à dúvida do pesquisador sobre algo; sua desconfiança sobre verdades estabelecidas; sua contestação a ensinos e doutrinamentos tidos como intocáveis; sua capacidade crítica e lógica de argumentação; sua ousadia e coragem para discordar de coisas e pessoas, que o progresso e o conhecimento humanos são gerados. Pelos resultados benéficos trazidos pela dúvida povos readquirem a esperança e a raça humana amplia os limites do conhecimento. Quem não possui dúvidas parou de crescer ou já chegou ao estado do conhecimento absoluto, ou seja, já se tornou igual a Deus.

É importante dizer que todo ser humano possui dúvidas acerca de algo. Ela é inerente ao ser humano, nasceu com ele, encontra-se presente no âmago de sua estrutura. Mesmo os homens mais santos e sábios a possuíam, pois que ela não é produto de desconfiança do caráter da outra pessoa e sim da falta de informação sobre algo que poderia levá-las a tomar uma posição definida. Foi assim com João Batista quando enviou discípulos seus a questionar Jesus sobre se Ele era ou não o Messias prometido (Mateus 11:1-6). Jesus proveu a João de informação e transformou suas dúvidas em certezas. Foi assim também com o salmista Asafe quando estava se questionando sobre o distanciamento de Deus. Ele estava perturbado e sem paz no coração. Então ele se lembrou dos feitos do Senhor no passado e de sua misericórdia sem fim. Essa lembrança das coisas antigas reacendeu a fé de Asafe em Deus e ele o exaltou com um belíssimo Salmo (o de nº 77). Temos assim que prover o duvidoso da informação necessária, quer seja esta nova ou antiga (como é o caso das lembranças, das recordações, tendo em vista só podermos nos lembrar de coisas que tenhamos vivido, experimentado) podem eliminar radicalmente a dúvida.

Se é verdade que é saudável ter dúvidas, é patológico, doentio, viver uma postura permanente de dúvida, pois a Bíblia afirma em Tiago 1:8 que “o homem de coração dobre é inconstante em todos os seus caminhos”. Ele é vacilante em decidir sobre emprego, negócios, quem deve ser sua companheira – tudo! A Bíblia ainda adverte: “não pense tal homem que receberá do Senhor alguma coisa” (Tiago 1:7). Quando alguém possui as informações necessárias para tomar uma decisão e se recusa a tomá-la por medo de que algo ruim possa acontecer-lhe, tal indivíduo deixa de ser duvidoso e passa a ser um covarde, pois tinha tudo para tomar a decisão devida e ainda assim não o fez. A Bíblia diz em Apocalipse 21:8 que os covardes e incrédulos não herdarão o Reino dos Céus.

A INCREDULIDADE SEMPRE É UM PECADO

Conforme já aprendemos, podemos ter dúvidas acerca de coisas e de situações, mas não podemos ter dúvidas acerca de pessoas. Quando isto acontece, a dúvida deixa de ser apenas dúvida e se transforma em desconfiança, que é a base da incredulidade Podemos não ter convicção sobre algo que alguém faça ou diga, por exemplo, que vai criar uma nave para viajar até o sol ou, se tornar maior do que o rei Pelé no futebol, mas isto não nos obriga a desconfiar de seu caráter. A dúvida se encontra relacionada a coisas, a objetos; já a incredulidade, ao caráter das pessoas. A tradução de Atos 16:31, por exemplo, que afirma “Crê no Senhor Jesus Cristo e serás salvo tu e a tua casa” ficaria bem mais forte e adequada se fosse empregada corretamente a palavra “confia” no lugar de “crê”

Incredulidade é descrédito, é descrença, é desconfiança e só é chamada assim na Bíblia porque tinha tudo para não ser e ainda assim se fez. Este foi o caso dos israelitas que saíram do Egito e pereceram no deserto. Eles tinham todos os motivos do mundo para acreditarem em Deus, mas ainda assim, não o creram. Eles haviam tido inúmeras provas sobre o seu caráter e boas intenções para com eles quando Ele os livrou do Egito e os manteve por todos aqueles anos no deserto, sem fome, sem sede, sem remédios e sempre com roupas novas. Ainda assim eles desconfiaram de Deus – não de seu poder, mas de seu caráter, de sua boa vontade, de seus propósitos para com eles. Não foi a dúvida que matou os israelitas no deserto e sim a incredulidade. A incredulidade é considerada pecado por levar o indivíduo a desconfiar de Deus quando motivo algum existe para ele desconfiar. Leia os textos de Hebreus 3: 17-19 e 4:4-6, para aumentar a sua compreensão sobre o assunto, por favor.

Tanto a fé quanto incredulidade são elementos que dependem de nossa vontade, de nosso anseio, de nossa disposição. Jesus sempre apelava aos seus ouvintes para que cressem em suas palavras. Isto significa que eles poderiam crer se quisessem. O mesmo faziam os seus discípulos. Nenhuma pessoa pode ser taxada de incrédula, de descrente, de infiel, se não lhe for dado motivo para crer ou descrer. É disto que fala o apóstolo Paulo em Romanos 10: 13,14, quando afirma: “Todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo. Como pois invocarão aquele em quem não creram? E como crerão naquele de quem não ouviram? E como ouvirão, se não há quem pregue?” A fé vem pelo ouvir a Palavra de Deus, lembra-se? Quando pois, as Escrituras dizem em Apocalipse 21:8 que os incrédulos não entrarão no reino dos céus, não está afirmando que aqueles que nunca ouviram falar do Evangelho de Cristo para poderem crer nele ou rechaçá-lo nunca serão salvos, e sim que aqueles que poderiam ter crido e não o fizeram por um ato de sua vontade, por uma deliberação sua, por uma escolha própria, serão condenados ao inferno por essa sua incredulidade.

COMO ELIMINAR A INCREDULIDADE

Se a falta de fé pode ser suprimida pelo ouvir a Palavra de Deus e a dúvida eliminada pela informação necessária, como poderemos eliminar a incredulidade? Crescendo em comunhão e em amizade com Deus até o ponto em que possamos confiar totalmente em sua Pessoa. Abraão acreditou na palavra que Deus lhe dissera que de sua semente sairiam tantos que encheriam a terra como as estrelas enchem o céu e os grãos de areia a praia. Quando Deus, pois, o experimentou mandando que ele oferecesse o seu único filho como sacrifício, ele o fez sem vacilar, pois sabia que para que as promessas de Deus se cumprissem nele, seu filho Isaque não poderia estar morto, mas teria que estar vivo. Então ele o ofereceu em sacrifício crendo que, mesmo que ele, Abraão, viesse a matá-lo, Deus OBRIGATORIAMENTE o ressuscitaria, pelo peso de sua palavra e pelo seu caráter verdadeiro! As Escrituras dizem que Deus se agradou tanto desse pensamento e da atitude de Abraão que passou a chamá-lo de ”meu amigo Abraão” (Gênesis 15:4,5 / 22:1-18 / Tiago 2:23).

Toda vez que Deus diz que vai fazer algo e não o cremos fazêmo-Lo mentiroso, desacreditamos de sua Palavra, de sua honra, de sua dignidade, e nos tornamos culpados do pecado de incredulidade. Isso aconteceu com Moisés no deserto quando o Senhor mandou que ele ordenasse à rocha para que dela saísse água (Números 20:7-13). Moisés já havia tido essa experiência quando Deus lhe ordenara que ferisse a rocha garantindo-lhe que dela sairia água. Moisés assim o fez e tal aconteceu (Êxodo 17:1-7). Muitas outras maravilhas ele já havia visto Deus operar, pois acabara de sair do Egito, terra onde o Senhor fizera milagres extraordinários. Ferir a rocha com o seu cajado era uma coisa mas, falar à rocha para dar água, sem tocar nela….hum….isso era bastante diferente! Ele então feriu a rocha duas vezes, desobedecendo ao Senhor. Por misericórdia e amor ao seu povo Deus fez a água fluir da rocha, mas Moisés foi impedido de entrar na Terra Prometida (Deuteronômio 34:1-5).

Coisa semelhante acontecera com os discípulos de Cristo. Ele havia lhes dito que iria ressuscitar ao terceiro dia (Mateus 12:40 / 16:31). Seus discípulos O viram ressuscitar pessoas que eles próprios conheciam (Marcos 5:35-43 / Lucas 7:11-17 / João 11:1-45). Cristo havia lhes dito que a sua dificuldade, como Deus Encarnado que era, não era permanecer vivo e sim morrer! (João 17:18). Ainda assim, quando as mulheres foram contar-lhes que haviam visto Jesus ressuscitado eles duvidaram delas (Marcos 16:9-11) e ficaram agrupados na casa onde estavam até o Senhor lhes aparecer em carne. Cristo lançou-lhes em rosto a sua incredulidade e perdoou os seus pecados (Marcos 16:14), e disse para Tomé: “bem-aventurados os que não viram e creram” (João 20:29).

CONCLUSÃO

Ao falar aquilo para Tomé, Cristo estava falando de nós! Não O vimos, não O conhecemos, mas ainda assim cremos que Ele ressuscitou dentre os mortos e que é o Nosso Salvador e O amamos tanto e tanto, até o mais profundo de nossa alma! Como, pois, podemos dar tanto fôlego a nossa descrença, a nossa incredulidade, a nossa pequena fé, quando o Filho do Deus Todo-Poderoso, disse que somos bem-aventurados por termos uma fé deste tamanho? Ó, amado, neste tempo de graça e de perdão, uma nova oportunidade de fé nos está sendo dada. Vamos aproveitá-la para crescermos ainda mais na graça, na comunhão e no amor de nosso Bendito Deus!

Deus abençoe a todos.

Caso seja do interesse de meu prezado leitor discutir mais sobre o assunto, envie-me seus comentários, questionamentos, sugestões, críticas e, quando houver, possíveis elogios.

 

IV. Famílias Cheias do Espírito Santo

 

Palestra IV

FAMÍLIAS CHEIAS DO ESPÍRITO SANTO

Estudo elaborado pelo Pastor Olívio em novembro de 2010 e revisado em março de 2012, em Realengo, no Rio de Janeiro

INTRODUÇÃO

Queremos tratar nesta palestra sobre a responsabilidade, o dever, e a necessidade que têm as famílias cristãs de serem cheias do Espírito Santo, de forma a poderem abalar todos aqueles que entrarem em contato com os seus membros, individual ou coletivamente falando. Temos visto famílias cristãs tão fracas e também igrejas tão fracas que chega a doer o nosso coração! Apesar disso, não cessamos de apresentar desculpas para as nossas fraquezas: “Não tenho muito tempo para ir à Igreja”; “quase não tenho tempo para me dedicar ao Senhor”; “minha igreja possui poucos trabalhos”, “não temos cultos de libertação lá”, “não sei como fazer cultos domésticos”, e por aí vai. O importante é ter alguém para colocar a culpa! Aprendemos isto com os nossos primeiros pais no Gênesis (3:9-13). O homem culpou a mulher pela sua queda (v.12); que por sua vez culpou ao Diabo (v.13), que não teve ninguém a quem culpar! (v.14). O resultado desse comportamento fraco e mentiroso são vidas cristãs vazias, quebradiças, ineficientes. Vamos, pois, encarar com realismo as nossas deficiências, confessar a Deus os nossos pecados e começar a viver uma vida cheia do Espírito Santo!

Os textos que inicialmente irão nos ajudar a dar estes passos são os de Genesis 2: 23,24 / 3:8 e outros a serem citados durante o estudo.

A COMUNHÃO DE NOSSOS PRIMEIROS PAIS ANTES DA QUEDA

Por esses dois textos aprendemos que, apesar de nossos primeiros pais serem puros, poderosos e agradarem ao Senhor, a comunhão que estes mantinham com Ele era extremamente limitada em relação a que possuímos hoje! Esta só acontecia dentro Jardim do Éden, circunscrita a seus limites, ou seja, era localizada, restrita aquele território. O homem não podia sair do Jardim e continuar mantendo comunhão com o Senhor; só acontecia no período certo da viração do dia, isto é, entre as duas tardes (cerca de 15:00h), o mesmo horário em que Cristo morreria tanto tempo mais tarde (Mateus 27:45-53); e, para complementar, Deus estava do lado de fora do homem e não dentro dele! Em nenhuma parte da Bíblia se diz que Adão fora um homem cheio do Espírito Santo, fora chamado de filho de Deus ou que tomava a iniciativa da comunhão com o Senhor. Apesar disso:

  • Declarou que a mulher (varoa) iria estar na mesma posição de comando que ele (v.23);

  • Profetizou sobre a unidade do casamento (2:24);

  • Profetizou que todos os homens teriam um pai e uma mãe e se uniriam em casamento, mesmo sem ter tido, ele e Eva, um pai ou uma mãe terrenos e terem tido um casamento formal (2:24)!

A COMUNHÃO DE NOSSOS PRIMEIROS PAIS DEPOIS DA QUEDA

De Eva se diz que, mesmo após a queda, depois de ter recebido a dura sentença da parte de Deus de que teria filhos com muita dor (3:16), ainda assim decidiu manter-se viva e ter esses filhos com muitas dores! Ela permaneceu como fiel companheira de Adão até os fins de seus dias!

Dos filhos deste casal decaído se diz que um deles, Abel, foi tão grande, tão proeminente, que recebeu elogios do próprio Senhor Jesus! (Mateus 23:35). Foi também elencado como um dos destaques na galeria dos Heróis da Fé, de Hebreus 11 (v.4)!

Mesmo depois da queda, com todo o drama da perdição humana, Adão ensinou aos seus filhos o sistema de sacrifícios substitutivos (3:7, 21 / 4:3,4)!

E nós, que somos chamados de filhos de Deus (João 1:12); que podemos comungar com Ele permanentemente, na hora e local que desejarmos (1ª Tessalonicenses 5:17); que temos o Espírito Santo habitando dentro de nós (1ª Coríntios 3:16,17 / 6:19,20), e que podemos acessar a sua bendita Palavra a qualquer hora (Deuteronômio 30:11-16), ainda assim somos tão fracos e tão quebradiços! O que está acontecendo com os crentes modernos, com as famílias ditas cristãs, e com as nossas “poderosas” igrejas?

OLHANDO PARA UMA PEQUENA FAMÍLIA DE ISRAEL

Maria era o nome de uma virgenzinha adolescente de Israel. Possivelmente tivesse pouco mais de treze anos de idade, pois, com 12 ou 12 anos e meio, as virgens eram prometidas aos seus pretendentes no Israel antigo. Os homens normalmente se casavam com 18 anos, pois já teriam aprendido uma profissão artesanal, de subsistência, e teriam terminado os seus estudos básicos. José, marido de Maria, era um carpinteiro, profissão dura, mas que lhe garantia o sustento diário e, depois de casado, de sua grande família também (Marcos 6:1-3). Jesus, como filho primogênito do casal, aprendera a profissão do pai e como este, passou a ser também conhecido como “o carpinteiro” pelas pessoas de sua cidade (Marcos 6:3). Apenas aos trinta anos de idade começou o seu ministério espiritual (Lucas 3:21-23).. Ele abrira mão de se casar por causa de sua importante missão e, ainda, para não deixar um montão de “Jesuszinhos” que, certamente seriam idolatrados por seus conterrâneos e pelos seus descendentes também! Esta era uma família de operários pobres e também bastante comum em Israel. Apesar disso:

  • Maria conversou com um anjo e experimentou o maior milagre que um ser humano podia receber da parte de Deus – ser a mãe de nosso Messias! (Lucas 1:26-38);

  • José tinha revelações com os céus até estando dormindo! (Mateus 1:18-25);

  • Jesus, o filho do casal, se tornou o Salvador da humanidade! (Lucas 2:8-20).

Você dirá que isto foi um ato de soberania da parte de Deus e que não há nada que possamos fazer para sermos iguais a esta família palestínica. VOCÊ ACERTOU! Deus não precisa gerar outro Salvador para a humanidade, mas se observarmos a família simples do operário José poderemos perceber coisas que ajudarão nossas famílias a se tornarem fortes também!

  • Todos os membros da família de José conheciam perfeitamente a sua posição dentro do grupo familiar.

  • José liderava a família. Ele a levou para o Egito quando Herodes queria exterminá-la (Mateus 2:13-18) e a trouxe de volta quando este governante morreu (Mateus 2: 19-23). Fixou residência em Nazaré (Mateus 2:23), ensinou sua profissão a seu filho mais velho (Marcos 6:3) e cuidou, com responsabilidade, de sua grande família (Marcos 6:1-3);

  • Maria obedecia as determinações do esposo (Lucas 1:48) e orientava os filhos, como uma mãe deve fazer. Ela introduziu Jesus na vida de milagres e em seu ministério público (João 2:1-5).

  • Jesus obedecia fielmente as ordens de seus pais terrenos – Lucas 2:51,52.

  • Todos os membros de sua família eram tementes e submissos ao Senhor.

Muito antes deles serem cheios do Espírito Santo já eram crentes extremamente devotados e  abençoados!

  • Quando José recebeu a primeira revelação do anjo ainda não fora cheio do Espírito Santo (Mateus 1:18-25). Ele já era justo e temente a Deus;

  • Tampouco Maria quando recebera a visitação de Gabriel (Lucas 1:35);

  • Nem ainda Jesus quando discutia as Escrituras com os doutores no Templo (Lucas 2:39-48).

Eles eram pessoas tementes a Deus que cumpriam fielmente as obrigações religiosas instituídas pelo Senhor em sua Lei (Lucas 2:21-24,41).

Todos eram destituídos de arrogância!

Deus não pode nos encher de seu Santo Espírito se já estivermos cheios de nós mesmos. Somente vasos vazios são cheios. Apenas quando estivermos vazios de nós mesmos é que poderemos ser cheios de Deus! Há muita gente fazendo de tudo para ser cheio do Espírito Santo, mas não fazendo nada para se esvaziar de si mesmo! Se Deus nos enchesse de seu Espírito Santo estando nós vivendo em pecado, poderíamos acusá-Lo de irresponsabilidade, pois um pouco de tinta colorida, embota toda a água.

José tinha acabado de receber uma revelação angélica de que seria pai do Salvador do mundo (Mateus 1:18-25), mas não saiu se vangloriando e espalhando essa notícia para ninguém;

Maria recebera a visitação do estafeta pessoal do Senhor que lhe dissera que ela seria a Mãe do Salvador do mundo, mas ela guardou esse segredo em seu coração (Lucas 2:19);

Jesus levou trinta anos para manifestar-se como Filho de Deus (Lucas 3:21-23), não ficou se gabando diante dos outros de que fora escolhido para essa missão.

Se fizermos as mesmas coisas que aquela humilde família da Palestina fez e buscarmos a Deus de todo o nosso coração (Jeremias 33:3) teremos muitas famílias cristãs em nossas igreja e em nossas comunidades cheias do Espírito Santo!

A RESPONSABILIDADE DE SERMOS CHEIOS DO ESPÍRITO SANTO

Bom é que se diga que ser cheio do Espírito não é uma opção nossa, mas um mandamento de Deus para cada um de nós (Efésios 5:18). E se é um mandamento, então é responsabilidade nossa sermos cheios do Espírito e não de Deus nos encher! Tomar a iniciativa de ser cheio do Espírito Santo compete a nós e não a Deus!

Quando isto acontecer, então eu e você entraremos em outra dimensão espiritual! José, o operário laborioso das mãos calejadas e tão submisso a Deus se tornou o pai do maior personagem da história da humanidade! Maria, com apenas o embrião de Jesus no ventre, encheu Isabel do Espírito Santo e, ainda, a João Batista que, com 6 meses de idade, pulou de alegria no ventre de sua mãe! (Lucas 1:39-45). Um grama de Jesus vale mais do que uma tonelada de demônios! Jesus enfrentou Satanás pessoalmente, sem nenhum armamento ou guarda-costas e se tornou, depois disso, uma bateria divina de milagres! Se você é um cristão e possui comunhão com Deus, pode esperar a qualquer momento receber um derramamento do Espírito Santo sem igual! A exemplo da família de Cornélio, o Espírito Santo está “doidinho para cair sobre nós também! (Atos 10:44). Aleluia! Como isto faz vibrar a minha alma!

Quando isto acontecer, teremos fome e sede de Deus até o fim de nossos dias. Não temos muitas informações sobre a vida de José até o final de seus dias, já que, por ocasião da crucificação de Jesus, ele já estaria morto, visto não ser mais mencionado nas Escrituras (João 19:25-27). De Jesus se diz que, depois de ser cheio do Espírito Santo, estava caminhando sobre águas, multiplicando comida, ressuscitando mortos e conversando pessoalmente com o Deus do Universo. E Maria, como estava? Após ter sido cheia do Espírito e gerado um filho de forma sobrenatural passou a freqüentar diariamente as reuniões de oração na casa de João Marcos, em Jerusalém, para receber a plenitude do Espírito Santo (Atos 1:13,14). Quando você tiver mais de Deus, sabe o que vai acontecer? VOCÊ VAI QUERER MAIS DE DEUS AINDA! É isto o que o mandamento de Paulo aos efésios quer significar (5:18). Ele disse que eles deveriam ser cheios do Espírito e continuar sendo cheios até o fim! O verbo ali registrado foi colocado no presente contínuo da língua grega que significa que a ação deve ser continuada, prosseguida indefinidamente. Era como se ele estivesse dizendo “enchei-vos agora do Espírito Santo e continuai a ser cheio”. Até quando devemos ser cheios do Espírito Santo? Até onde possamos nos satisfazer de Deus, ou seja, até sempre!. O limite não está na vontade de Deus em nos dar mais de seu Espírito e sim em nossa vontade de querê-Lo!

COMO PODEMOS CONTINUAR NOS ENCHENDO DO ESPÍRITO SANTO?

O texto de Efésios 5:19-21 nos ensina. Vamos examiná-lo:

  • “Falando entre vós em salmos, e hinos, e cânticos espirituais” – isto fala de crentes reunidos entoando toda sorte de canto – alegres, festivos, doutrinários, e aqueles direcionados à uma adoração mais profunda;

  • “Cantando e salmodiando ao Senhor no vosso coração – isto tem a ver com o crente louvar ao Senhor sozinho, em sua alma, em sua mente. È possível que ninguém o ouça quando estiver louvando, mas sua alma estará cantando ao Senhor;

  • Dando sempre graças por tudo a nosso Deus e Pai, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo”) – mesmo que não entendamos tudo o que aconteça conosco, podemos crer que tal coisa só nos acontece pela permissão de Deus e louvá-Lo, pois Ele tem cuidado de nós (Filipenses 4:6,7);

  • Sujeitando-vos uns aos outros no temor do Senhor” – esta talvez seja a parte mais difícil das recomendações para nós, pois não gostamos muito de nos submeter a ninguém. Em Filipenses 2:3-11 Paulo cita o exemplo de Cristo como sujeição máxima já vista por alguém.

NOSSAS FAMÍLIAS PRECISAM SER SALVAS E CHEIAS DO ESPÍRITO. COMO FAZER ISSO?

  • Orando por elas. Todos podem orar por suas famílias;

  • Pregando Cristo a elas – mesmo sendo nós “profetas da mesma pátria”, sem glória alguma (Marcos 6:4,5);

  • Convidando-as para participar de nossas reuniões – Atos 10:24,27;

  • Crendo na Palavra de Deus de que Ele as salvará – Atos 16:31

Se apenas um indivíduo cheio do Espírito já é uma benção, imagine uma família inteira!

Caso algum incrédulo entrasse na casa de Jesus, teria de passar primeiro pela humildade de José. Se escapasse da humildade de José teria de passar pela consagração de Maria. Se escapasse da consagração de Maria teria de passar pelo amor de Cristo Salvador! Era quase impossível não sair salvo daquela casa! De igual maneira a família de Felipe, o diácono-evangelista. Quem passasse por ele teria de passar pelas suas quatro filhas profetisas (Atos 21:8,9). E que dizer da família de Lázaro? Quem entrasse em sua casa iria ouvi-lo falar de sua ressurreição e de seu amigo Jesus que o ressuscitara e o buscara no além. Oh! Queridos. Como seria bom se todos os nossos familiares fossem de Cristo!

CONCLUSÃO

Não vamos tirar nossas famílias do propósito de salvação de Deus, pois é através dela que outras famílias serão salvas. Também não vamos nos contentar em sermos crentes quebradiços. Vamos procurar a unção contínua de Deus pelo seu Espírito e, através desta, fortalecermos a nossa igreja e conquistarmos muitas vidas para Cristo!

Deus abençoe a todos.

Caso seja do interesse de meu prezado leitor discutir mais sobre o assunto, envie-me seus comentários, questionamentos, sugestões, críticas e, quando houver, possíveis elogios.

 

III. Nossa Lista de Prioridades

 

Palestra III

NOSSA LISTA DE PRIORIDADES

Estudo elaborado pelo Pastor Olívio em Realengo, no Rio de Janeiro, em novembro de 2010 e revisado em março de 2012

INTRODUÇÃO

Nesta palestra iremos abordar um dos mais graves problemas que afetam o homem moderno. Ele não é um demônio, nem ainda algo criado para nos obstruir os passos. Ele afeta crentes e não crentes; pastores e ovelhas; indivíduos e coletividades; famílias e igrejas. Seu poder de desagregação é imenso e, apesar disso, quase não é percebido. Estou falando de nossa falta de priorização das coisas em nossa vida. É fácil ordenar coisas muito importantes dentro de um grupo de coisas pouco importantes, mas não é fácil colocar no lugar certo, coisas que são, todas elas, extremamente importantes. Nesta palestra iremos aprender a correta posição, segundo as Escrituras, que as coisas mais importantes devem tomar em nossa vida e juntamente com elas, os respectivos “círculos de responsabilidades”. Cada item a ser citado possui uma posição que jamais deve ser violada sob o risco de transtornar por inteiro a nossa vida e nos deixar desorientados até o final de nossos dias. A maneira de descobrirmos quais são esses itens e a posição correta destes em relação aos demais, com suas respectivas responsabilidades, é examinando a ordem em que eles aparecem no Gênesis, já que é neste livro que se encontra o princípio das coisas, a origem de tudo, e as citações deste estudo se encontrarem espalhadas pelos seus capítulos do 2 ao 4.

Partindo então do mais importante para o de menor importância, temos que o primeiro item a ser destacado é:

DEUS

Quando o homem foi criado Deus já existia e o homem só foi trazido à existência pela vontade e sabedoria de Deus. Havia já uma infinidade de seres excelentes povoando os céus, mas de todos os seres já existentes Deus era o maior de todos e Ele quis fazer o homem à sua imagem e semelhança (Gênesis 1:27 / 2:7). Ao terminar de criá-lo Deus colocou-o em um Jardim para trabalhar, fez-lhe uma linda mulher para sua satisfação sexual e procriação e deu-lhe muitos filhos. O Senhor vinha comungar com o homem todas as tardes (Gênesis 3:8) e dividia com ele as idéias de transformação e de conquista do planeta. Por dever o homem a sua vida à Deus; ter sido criado à sua imagem e semelhança; ter recebido um trabalho e capacitação para desenvolvê-lo; ter recebido uma companheira linda e fiel que lhe deu filhos; e poder com o seu Criador manter comunhão, Este deve assumir o primeiríssimo lugar em nossa vida (Marcos 12: 28-34). Tudo o que possuímos ou viermos a possuir só acontece e acontecerá pela graça de Deus. Nossas responsabilidades para com Ele, como filhos seus que somos, seja por criação, seja por adoção, é de lhe prestarmos obediência permanente (Hebreus 5:8 / Filipenses 2:5-8), comungarmos com Ele por toda a vida e vivermos a vida que Ele nos deu para viver em plenitude (João 10:10).

VOCÊ

Depois do Senhor, o elemento mais importante de sua vida e com o qual você tem uma série de responsabilidades, é você mesmo! Quando Deus terminou de fazer o homem, o que havia? Deus e o homem! Então o homem foi percebendo o que de mais havia no universo: estrelas, planetas, anjos, animais, plantas, jardim, etc. É a partir da percepção que temos de nós mesmos, que começamos a perceber as demais coisas. Jesus disse que devemos amar ao nosso próximo como a nós mesmos (Marcos 12:31). Nossa medida de amor aos outros é a medida de amor que temos para conosco. Jamais conseguiremos amar alguém se não amarmos a nós mesmos. Muitos de nós detestamos coisas que encontramos em nossa pessoa relacionadas ao corpo, a mente e ao espírito. Se você não ama a você mesmo, qual o direito que tem de exigir, de reivindicar, que outras pessoas o amem? Por esta orientação de Jesus não devemos jamais acreditar nas pessoas que dizem amar o mundo inteiro e detestam a si mesmas. Temos de ter responsabilidade em cuidar de nosso corpo, nos alimentar saudavelmente, dar conhecimento a nossa mente, cuidar em ter sentimentos sadios, dar prazer à nossa vida, e tudo o mais que tenha a ver conosco conquanto indivíduos. Você é o segundo elemento mais importante em sua vida e estou convencido que, até este momento, você se colocava em todas as listas de prioridades que se lhe apresentavam em último lugar!

O TRABALHO

Esta foi a terceira coisa que aconteceu na vida do homem. Tão logo Deus o criou, colocou-o no Jardim para trabalhar (Gênesis 2:15). Seu corpo fora preparado de tal maneira que o homem precisava colocá-lo em movimento para conseguir realizar coisas e manter-se vivo. Através do trabalho ele tirava o seu sustento, adquiria energia para mantê-lo vivo e desenvolvia ferramentas e métodos para aumentar o seu desempenho. Foi Deus mesmo quem criou o trabalho e se você se sente infeliz por ter de trabalhar todo dia certamente é porque trabalha no que não gosta. Jesus disse que Deus trabalha até agora e Ele trabalha também (João 5:17). Já que fomos feitos à imagem de Deus, então só glorificaremos o seu Nome sendo trabalhadores e não preguiçosos, pois Deus é um Ser trabalhador. Sem o trabalho o ser humano fica ocioso, dependente, e perde a sua grandeza. Nossas responsabilidades para com nosso trabalho vão desde a observância aos horários instituídos, ao leque de tarefas que nos forem delegadas, a manutenção do ambiente de trabalho propício ao desenvolvimento de nossas atividades e ao respeito a nossos superiores. Por mais incrível que possa parecer, o trabalho fica à frente de muitas coisas que achávamos ser mais importantes em nossa vida!

O CONHECIMENTO

Depois de ter criado o homem e tê-lo colocado no Jardim para trabalhar, e antes de criar a mulher que o faria tão feliz, o Senhor Deus trouxe os animais a Adão para este ver qual nome este lhes daria (Gênesis 2:19:20). Isto fala de crescimento do intelecto, de exercício mental, pois o nome de cada animal deveria ser coerente com as suas características. Nenhum pardal poderia ter o nome de hipopótamo por ser tão diferente deste. O homem já possuía sabedoria, dada por Deus, para cuidar e arar a terra. Isto exigia um certo grau de conhecimento básico, mas colocar o nome a todos os animais do campo, as aves do céu e em todo o gado (não nos peixes e animais marinhos, pois o homem poderia morrer afogado!), fala de um conhecimento mais refinado, mais excelente, superior. Todo ser humano tem desejo de aprender, de progredir, de avançar em conhecimento. Negar esse impulso em nós é abrir mão de tudo o que temos capacidade de ser. Nossas responsabilidades para com o conhecimento passam por aprender a ler e a escrever, isto é, colocar em ação a nossa capacidade de receber e de transmitir o conhecimento, aprofundando-nos naquilo que nos dá prazer e conhecendo tudo o mais que pudermos sobre as demais coisas e campos do saber. Tanto o trabalho quanto a educação são coisas que estão relacionadas ao indivíduo, ou seja, fazem parte de seu círculo de responsabilidades consigo mesmo. Agora iremos ver algumas coisas que trazem responsabilidades dele, indivíduo, com outras pessoas,

O CÔNJUGE

Este é um ponto em que falhamos bastante. Colocamos filhos, igreja, amigos e outras coisas à frente de nosso companheiro e os resultados ruins logo começam a aparecer. Confusão familiar, brigas entre o casal, sentimentos de rejeição, humilhação, etc. Nossos filhos não são mais importantes do que o nosso cônjuge, pois que são derivados de nós, são conseqüências de nossa união. O efeito nunca pode ser mais importante do que a causa e nem ainda anterior à ela. A fonte, a origem, a iniciadora ou iniciador de tudo foi o seu cônjuge e a ele deve ser dada maior importância que aos filhos. A responsabilidade de nunca se separar um do outro foi dada aos cônjuges e não aos filhos (Genesis 2:23,24). A estes, pelo contrário, foi mencionado o dever de se separarem de seus pais para constituírem sua própria família! Quando a Bíblia, pois, diz que aqueles a quem Deus ajuntou, não o separe o homem (Mateus 19:6), ela esta falando de marido e mulher e não de pais e filhos! Nossas responsabilidades com o nosso cônjuge é ficar com ele até o fim de nossos dias e de ampará-lo em amor até a morte! Você pode perguntar: “Pastor Olívio, por que você colocou o trabalho e o conhecimento, que não são pessoas à frente dos cônjuges que são indivíduos?” Primeiro, porque esta é a ordem sagrada, escriturística, dada por Deus: Segundo, porque muito antes que estejamos preparados para nos casar, já devemos estar trabalhando e estudando: Terceiro, porque quem trabalha e estuda está mais pronto a constituir uma família de sucesso do que aquele que não faz nenhuma dessas coisas.

OS FILHOS

Os filhos, que muitos de nós julgávamos ser mais importantes do que a esposa, os pais, e em alguns casos, até mais importante que o próprio Deus, vem em sexto lugar na lista de prioridades que o homem deve dar as coisas de sua vida. Todas as pessoas que vieram antes de nós foram responsáveis pela nossa vinda ao mundo (Deus, nosso pai e nossa mãe). Eu e você somos seres derivados de outros. Quem veio antes de nós, antes de nós deve ficar nessa lista de prioridades. Devemos amar a nossos filhos com todas as forças que o amor paternal e maternal permitirem, pois continuaremos nossas vidas neles, mas jamais devemos idolatrá-los. João Korps, em seu livro [1]“Pepitas de Ouro”, diz: “Se fizermos de nossos filhos ídolos, mais tarde eles exigirão sacrifícios”. Fantástica essa citação do autor! Nosso encantamento por nossos filhos nunca deve nos levar à idolatria dos mesmos. Filhos devem ser preparados para a obediência e para a realização de tarefas e não para mandar na casa e submeter seus pais (Efésios 6:1-3/ Colossenses 3:20). A Bíblia diz que Jesus, o Senhor do Universo, era sujeito a seus pais terrenos e que aprendeu com eles a obediência (Lucas 2:51 / Hebreus 5:8). Nossas responsabilidades com nossos filhos são de amá-los, protegê-los, sustentá-los e educá-los, tanto na sabedoria secular, quanto na sabedoria de Deus.

A PARENTELA, OS AMIGOS, ETC.

Depois de Deus, de você, e da família, (não se esquecendo que neste último núcleo o cônjuge vem primeiro que os filhos) seguem-se sua parentela (irmãos, netos, sobrinhos, primos, etc.) e os amigos. É esta a ordem de prioridades do Gênesis. Nada de colocar parentes e amigos à frente de sua família, pois a Bíblia diz em 1 Timóteo 5:8: “Se alguém não tem cuidado dos seus, principalmente dos da sua família, negou a fé, e é pior do que o infiel”. O homem é um ser social, relacional, gregário. Gosta de se relacionar com seus semelhantes e sente curiosidade em saber como é o outro. Pode ser um novo vizinho, um colega de trabalho, um novo passageiro da condução, não importa. Não conseguimos viver sem nos interessar pelo outro. Por isso a Bíblia, depois de citar os filhos de Adão, vai enumerar a sua genealogia e a de seus filhos (capítulos 4 e 5). Mas ninguém pode passar a vida inteira sem ter um amigo! Pode ser algo difícil de se achar, e é, como disse o poeta[2], mas até Deus teve um amigo! As Escrituras citam o nome desse amigo e se você quiser saber quem era esse amigo de Deus leia 2ª Crônicas 20:7 e Tiago 2:23 e o descobrirá! Jesus disse que nos considera seus amigos e não servos, e provou plenamente isto, mas que nós, seus seguidores, só podemos demonstrar que somos amigos Dele se fizermos o que Ele nos manda (João 15:13-15). Acredito piamente que todos temos falhado bastante em nossa amizade com o nosso Mestre. Nossas responsabilidades para com os amigos são de companhia, cumplicidade e amizade real (Provérbios 17:17 / 18:24).

E A IGREJA, ONDE FICA?

ESSA É A PERGUNTA QUE FICOU NO AR! Como organização humana, sujeita as leis da nação onde se estabelece, a igreja entra em último lugar em nossa lista de prioridades. Ohhhhhhh! Suspira você. Para mim a igreja é prioridade! Mas não é! Adoração é prioridade e já estava no coração de Adão e de Eva logo ao serem criados (Gênesis 3:8) e se encontra presente no coração do homem que nasce em Deus! Adão comungava com Deus muito antes que houvesse igreja e isto diariamente! (Gênesis 3:8). Muitos casamentos, famílias e púlpitos estão sendo devastados, arrasados, destruídos, porque o Pastor, ou um dos cônjuges, noivos, namorados, estão colocando a programação da Igreja, com a sua rotina imensa e intensa de atividades, como prioridade maior em sua vida! Eles comparecem a todas as atividades da Igreja de segunda a segunda, todos os meses! Só não têm tempo para si mesmos, para a família, para os amigos e para o próprio Deus! Daqui a pouco eles vão falir! Vão entrar em colapso espiritual! Essas pessoas entraram em uma espécie de ativismo religioso do qual não conseguem mais se dissociar! Se um dos parceiros é descrente, então o efeito é pior ainda! Tais pessoas estão completamente compromissadas com as coisas da Igreja, mas isto não quer dizer que elas estejam mais consagradas, mais envolvidas com Deus. Muitos avivamentos espirituais pereceram porque seus líderes foram levados à exaustão. Pastores há que vão ganhar o mundo inteiro, mas vão perder a sua família! A saída para esses líderes é a delegação de responsabilidades; o levantamento de novos obreiros; o entendimento que nem todos os membros de suas igrejas podem atender a todas as atividades requeridas pelo púlpito e, a criação de um “dia sabático” (de descanso) para os principais líderes da Congregação, incluindo ele mesmo.

Mas Jesus falou que o Reino deve ser buscado em primeiro lugar, afirma você, citando Mateus 6:33, ainda meio impactado com tudo o que falei aqui. Sim, o Reino deve vir em primeiro lugar, mas o Reino não é a Igreja! O Senhor reina sobre os seus súditos desde a criação do mundo! Ele não precisa da Igreja para reinar! O Reino já existia muito antes de a Igreja vir a existir, é universal, não tem aparência exterior e está dentro de nós. A igreja existe a apenas 2 mil anos, sendo portanto, muito recente em nosso tempo. Cristo disse que ia edificar a sua Igreja, mas não mandou ninguém comprar pedra, cimento e tijolos para construí-la! Seus discípulos jamais construíram um só templo que fosse e, apenas na metade do segundo século, no ano 135 d.C, é que se encontraram as ruínas de um templo cristão. Participar das atividades da Igreja é absolutamente importante para o fiel, mas a adoração a ser oferecida a Deus não depende da existência de um templo. A igreja primitiva adorava a Deus nas casas e nas catacumbas, que eram cemitérios cristãos (Atos 2:46). No lugar de morte era celebrada a vida! Já existia adoração muito antes de existir Igreja. Quando os cristãos começaram a construir templos duas coisas ruins também começaram a acontecer: 1ª) o ardor evangelístico arrefeceu; 2ª) eles começaram a competir em suas obras arquitetônicas com os judeus e outros grupos cristãos. No quarto século, em 313 d.C, com Constantino, a igreja já era um poder político e foi estatizada! Quando Cristo criou sua Igreja, a família humana que Ele criara junto com o Pai e com o Espírito Santo, já se encontrava constituída.

CONCLUSÃO

Aprendemos com esta palestra que Deus deve tomar o lugar mais importante de nossa vida, pois tudo o que temos veio Dele. Devemos, pois adorá-Lo por Ele nos ter permitido existir. Pelo trabalho, pelo desejo ardente de aprender. Por nosso companheiro, filhos, parentes e amigos. Adoremo-Lo por tudo e pela sua Igreja. Mas não nos esqueçamos que tudo tem o seu lugar devido, a sua respectiva posição hierárquica. Vamos, pois, priorizar as coisas corretamente e desenvolver com elas um círculo amoroso de responsabilidades. Fazendo assim, nossa vida certamente se tornará mais fácil, mais controlada e também mais feliz.

Deus abençoe a todos!

Caso seja do interesse de meu prezado leitor discutir mais sobre o assunto, envie-me seus comentários, questionamentos, sugestões, críticas e, quando houver, possíveis elogios.

[1] João Korps – Pepitas de Ouro -

[2]  Miltom Nascimento – Amigo -

II. A Teoria das Almas Gêmeas

 

Palestra II

A TEORIA DAS ALMAS GÊMEAS

Estudo elaborado pelo Pastor Olívio em novembro de 2010 e revisado em março de 2012, em Realengo, no Rio de Janeiro

INTRODUÇÃO

Antigos rabinos observaram que, ao criar Deus o homem, formou um boneco do pó da terra e soprou em suas narinas o fôlego da vida. Então o homem foi feito alma vivente (Gênesis 2:7). Quando foi criar a mulher, porém, Deus não tornou a formar outro boneco e a soprar novamente em suas narinas o fôlego da vida como fizera com o homem, mas tomou uma de suas costelas e a partir daí fez a mulher (Gênesis 2:18-25). A mulher era outro ser, tirada de dentro do homem, mas não lhe fora criada nenhuma outra alma. Segundo esses rabinos isto aconteceu porque a alma da mulher fora tirada da alma do homem. Elas estavam habitando corpos diferentes, de sexualidades diferentes, mas eram uma só. Eles passaram então a afirmar que todo ser humano completo, integral, inteiro, possui uma alma gêmea – uma contendo um princípio masculino e outra contendo um princípio feminino. Com a disseminação da raça humana pelo mundo e o advento do pecado, o homem e a mulher perderam a capacidade de reencontrar a sua alma parceira, a sua alma gêmea. Como conseqüência disso ambos passam agora pela vida procurando a sua outra metade, aquela outra parte que o plenificaria e o deixaria feliz, mas que dificilmente será encontrada. As muitas aventuras sexuais do homem e da mulher, antes e depois do casamento, seriam o reflexo dessa sua busca infindável pelo verdadeiro amor.

Sendo verdadeira ou não essa teoria que, cá prá nós, e belíssima, o certo é que a maior parte de nós não é completa nem conjugalmente, nem sentimentalmente e nem ainda sexualmente. A mor parte de nós até consegue viver casados, e bem casados, por muitos e muitos anos, mas interiormente, muitos de nós continuamos sedentos e famintos pelo amor verdadeiro. Vez ou outra encontramos um casal do qual dizemos ser “um a alma gêmea do outro”, mas isto é uma raridade, quase não acontece em toda uma vida. Creio conhecer dois casais dos quais eu poderia afirmar serem assim, mas não mais do que estes, e eu já estou com mais de sessenta anos de vida.

Vamos examinar algumas coisas na criação do primeiro casal humano a fim de ver se podemos extrair alguma coisa que possa nos ajudar a encontrar a pessoa certa para nosso relacionamento e, se já somos casados, para fortalecer o nosso casamento. Para tanto vamos examinar o texto de Gênesis 2: 18-25 que narra a criação da mulher e do primeiro casamento humano.

“(18) Disse o Senhor Deus: Não é bom que o homem esteja só: far-lhe-ei uma adjutora que esteja como diante dele. (19) Havendo, pois, o Senhor Deus formado da terra todo animal do campo, e toda a ave dos céus, os trouxe a Adão para este ver como lhes chamaria; e tudo o que Adão chamou a toda a alma vivente, isso foi o seu nome. (20) E Adão pôs os nomes a todo o gado, e às aves dos céus, e a todo o animal do campo; mas para o homem não se achava adjutora que estivesse como diante dele. (21) Então o Senhor Deus fez cair um sono pesado sobre Adão, e este adormeceu; e tomou uma das costelas, e cerrou a carne em seu lugar; (22) E da costela que o Senhor Deus tomou do homem, formou uma mulher; e trouxe-a a Adão. (23) E disse Adão: Esta é agora osso dos meus ossos, e carne da minha carne; esta será chamada varoa, porquanto do varão foi tomada. (24) Portanto deixará o varão o seu pai e a sua mãe, e apegar-se-á à sua mulher; e serão ambos uma carne. (25) E ambos estavam nus, o homem e a sua mulher; e não se envergonhavam.”

FINALIDADE DA CRIAÇÃO DA MULHER

Deus fez a mulher para ser a companheira do homem (vs.18,20). Havia uma necessidade real de se criar um ser para fazer companhia ao homem. Todos os animais tinham a sua companheira, mas o homem estava só. E Deus disse que aquilo não era bom! E quando Deus diz que algo não é bom, então esse algo não é bom mesmo! Quando um homem fica sozinho se torna ranzinza, excêntrico, cheio de vícios e esquisitices. A mulher foi criada para ser companheira do homem, a parceira do homem, a amiga do homem e não ser substituída pelo computador, pelo cachorro, pelos amigos do trabalho ou do futebol. O dicionário define companheira como “a que acompanha, a que anda junta”, o que significa dizer que onde o marido estiver a mulher também tem que estar presente! Se não prestarmos atenção a nossa mulher e lhe dermos a nossa companhia, outros a darão, com certeza! Foi exatamente isto que aconteceu com Eva. O Diabo deu atenção a ela, conversou com ela, papeou com ela, e no final de todo aquele papo, a raça caiu! Dizemos que tudo foi culpa da mulher, de Eva, mas onde estava Adão quando o Diabo estava papeando com a sua mulher?

SUA CONFIGURAÇÃO

Foi uma mulher que Deus tirou de dentro do homem e não outro homem, um animal ou um objeto (v.22). Seu desejo sexual foi direcionado para ela e não para algum animal ou objeto. Adão compreendera essa diferença e dissera que o homem deveria se apegar a mulher e se tornar um com ela (v.24). Sei que hoje há muitos tipos de relacionamentos diferentes do indicado aqui pela Bíblia, mas sei também que nem tudo o que é legalmente aceito é moralmente correto diante de Deus. Se você estiver interessado em encontrar a sua alma gêmea, ter um casamento feliz e dentro dos padrões bíblicos, deverá encontrar uma pessoa de sexualidade diferente da sua para amar e constituir com ela uma família e não outro ser de sexualidade igual. É apenas com este tipo de relacionamento sexual que o homem se sente inteiro, íntegro, diante de Deus e não sente em sua consciência estar fazendo algo errado (v.25).

A mulher era humana, como Adão, mas era diferente dele (v.23). Fora feita do corpo dele, da carne dele, e ainda assim era diferente dele! Não só fisicamente, mas comportamentalmente também. Ele era dado à força e à razão. Ela era mais sensível, possuía graça e feminilidade. Apesar de ser mais frágil, agüentava mais a dor física (3:16). Veja ainda 1ª Pedro 3:7. Tudo nela fora feito para atrair o homem e despertar nele o desejo sexual para a procriação (1:27,28). Sua curiosidade era maior que a do homem. A serpente chamou-lhe a atenção, mas não a do homem (3:1). Seu pragmatismo, senso de estética e desejo de ter entendimento das coisas (qualidade moral do conhecimento) também eram mais apurados que os do homem (3:6). Hoje entendemos, pela Psicologia, que a mulher é mais intuitiva, enquanto o homem é mais racional. Ela é mais o que ouve, enquanto o homem é mais o que vê. Esta foi a razão de o Diabo ter procurado a mulher para conversar e não o homem. Este ficaria debatendo sobre coisas com o Maligno em um discurso interminável e o Maligno não desejava isso.

A mulher era outro ser humano. O homem cedera o material para a formação da mulher, mas ela fora formada fora dele! Deus não a fez dentro do homem e depois a tirou inteira, pronta, acabada. Não! O texto diz que Deus tomou uma das costelas de Adão e cerrou a carne em seu lugar. Desta costela tomada, fora do homem, é que Deus fez a mulher (v.22). Que aprendemos com isso? Que ao mesmo tempo em que a mulher é parte do homem, ela é outro ser totalmente diferente dele, possui vida própria, individualizada, e deve ser por todos respeitada como um ser humano igual, mas autônomo!

LOCAL DE ONDE A MULHER FOI TIRADA

A mulher saiu de dentro do homem (v.21). Já falamos um pouco disto acima, mas o que eu quero enfatizar aqui é que se você quiser acertar na escolha de sua parceira ou parceiro ele tem de “sair de dentro de você”, gostar das mesmas coisas que você gosta e rejeitar as mesmas coisas que você rejeita! Se vocês possuem gostos muito contrários, totalmente desconexos, dificilmente as coisas darão certas. O que estava dentro de um passou agora a fazer parte do outro!

A mulher foi tirada do lado do homem (v.21) Agostinho, um dos pais primitivos da Igreja fez um comentário belíssimo acerca disso. Ele disse: “Deus tirou a mulher do lado do homem; não de sua cabeça para esta o comandar; nem ainda de seus pés para este a pisar; mas tirou-a de seu lado para este a proteger e a amparar, e do lado do coração para este a amar”. Um ditado popular diz que “por trás de um grande homem sempre existe uma grande mulher”, mas biblicamente ele está errado, pois é “ao lado de um grande homem que sempre encontramos uma grande mulher”. A mulher não foi feita para ficar atrás do homem, nem na sua frente, mas ao seu lado.

Para tirar a mulher de dentro do homem Deus teve de feri-lo (v.21). O que isto significa? Significa que para você conseguir o seu par perfeito, certamente você passará por algum sofrimento. Sofrimentos do coração, apertos da alma, saudades, ciúmes, oposições, desejos não cumpridos. Tudo o que provoca dores sentimentais e que querem distanciá-lo de seu grande amor. Não aceite um amor que venha muito fácil. O que vem fácil, também vai embora fácil.

Ao tirar a mulher do lado do homem Deus estava nos ensinando que o ser humano completo é constituído de uma parte racional e de outra

sentimental. Se fosse possível deixar o homem escolher uma companhia para si este possivelmente escolheria outro homem e não uma mulher. Este outro homem o ajudaria a cuidar melhor do Jardim, dos animais e ambos falariam dos gostos comuns. Ele seria tirado de sua cabeça e não de seu peito! Este homem teria mais força de trabalho, mas não seria completo. O ser humano completo precisa de razão e de sentimentos. A cabeça comanda o corpo, mas o coração comanda a alma. O amor não é racional, não é um sentimento pensado. Ele não deve procurar suas razões em fórmulas e teoremas.

O TEMPO QUE DEUS CRIOU A MULHER

A primeira coisa que Deus fez ao criar a mulher foi colocar o homem para dormir (v.21). Uau! Eu me espantei quando recebi esta revelação do Espírito! Por que foi que Deus fez isto? Porque Ele não precisava do palpite de ninguém em sua obra e se o homem ficasse acordado iria querer palpitar o tempo todo sobre a obra de Deus: “Bota mais um pouquinho de seios nela”, “faz ela com nádegas bem grandes”, “não faz ela muito inteligente não”, e por aí vai. Querido, sua mulher é o melhor de Deus para você, e você não deve ficar procurando defeitos na obra perfeita de Deus para justificar os seus próprios erros e vícios. Apenas a ame e a respeite e terá tudo aquilo que deseja. O que for da alçada divina, peça ao Criador para fazê-lo.

O sono induzido por Deus no homem nos ensina que Deus faz as coisas sempre dentro de seu tempo (v.21). A necessidade era de Adão. O tempo era de Deus. Primeiro Deus observou que o homem estava solitário, então, no tempo certo, no tempo adequado, Ele formou uma mulher para Adão. Ele olha as suas necessidades de ter uma companheira, um bem-querer. No tempo certo ele a trará. Não se antecipe e não faça besteiras. Aguarde em Deus e Ele te abençoará exatamente como fez com Isaque, filho de Abraão (Gênesis 24).

CASAMENTO DO PRIMEIRO CASAL HUMANO

Foi Deus mesmo quem trouxe a mulher para Adão (v.22). Depois de fazer a mulher, Deus a trouxe a Adão. Ela não ficou jogada no Jardim ou misturada com os animais. Ela era especial e superior àqueles. Adão não teve sequer de ir procurá-la. Deus mesmo a trouxe até ele, pois que era o maior interessado em que aquele relacionamento desse certo! Assim deve acontecer nos dias de hoje. Deus sabe onde está a nossa Eva (v.24) ou a nossa Rebeca (Gênesis 24). Se orarmos neste propósito Ele, certamente nos mostrará onde está aquela que virá a ser a nossa companheira.

Deus trouxe apenas uma mulher para Adão (v.22). Os homens não gostam muito quando o Pastor Olívio chega a esta parte do estudo, mas as mulheres se sentem bastante aliviadas! O fato de Deus ter trazido apenas uma mulher para Adão fala de fidelidade e de necessidade. Não precisamos de muitas mulheres para sermos felizes apenas de uma, desde que seja a certa. Adão e Eva falharam em muitas coisas, mas a Bíblia não registra nenhuma traição conjugal entre eles. Quando se encontra a pessoa certa um amor pode resistir ao tempo, a perda da formosura e as agruras da vida (Gênesis 5:5). Exemplo semelhante de fidelidade podemos encontrar na mulher de Jó (2:9 / 42:10-13). A bigamia começou com Lameque, descendente de Caim (Gênesis 4:17-19) e ele não foi mais feliz por causa disto. Suas declarações são cheias de vanglória e de perversidade (4:23,24).

È o homem quem casa com a mulher e lhe dá casa (v.24). O inverso não é verdadeiro. A Bíblia diz que é o homem quem deve deixar a casa dos pais, se apegar a sua mulher e se casar com ela (v.24). Isto ensina que os filhos não são propriedades dos pais, que eles possuem vida própria, e que devem começar sua vida de responsabilidade constituindo sua própria família. Seus pais já têm a sua, agora os filhos precisam ter a deles.

Ninguém que casa deve pensar em separação (v.24). Quem se separa divide carnes (coisas exteriores) e ossos (coisas interiores, estruturais) que foram unidos por um ato divino (coisas espirituais). Ambos haviam se tornado uma só carne (v.24) e a separação que, por acaso, o casal agora pretenda fazer trará muito sofrimento e dor, tanto ao casal quanto aos filhos, se estes já os tiverem. Ninguém jamais deveria se casar pensando em que se não der certo vai se separar, pois o simples ato de pensar assim cria esta possibilidade na mente, produz uma fissura na relação e prepara o relacionamento para o fracasso.

RELACIONAMENTO DO CASAL

Quem casa, acasala (v.25) Este é o objetivo do casamento. Ninguém deve casar para ser apenas companheiro de seu cônjuge, ficar vendo televisão juntos, visitando parentes ou indo a shoppings. Isto tudo é muito bom e importante, mas sempre haverá alguém que poderá fazer estas coisas conosco. Quanto a fazer sexo e a ter intimidades só nós poderemos fazer com o nosso cônjuge. Este é o sentido do “estar nu” diante do outro. Se alguém que você ama e deseja está nu diante de você o dia inteiro e você quer fazer sexo com ele, qual é a hora certa para isto? Não se negue ao seu parceiro nem invente coisas para não se dar a ele! Veja o conselho de Paulo em 1ª Coríntios 7:4-5. O sexo é a experiência mais prazerosa do ser humano e foi instituído por Deus para nossa felicidade.

Quem casa em pureza sexual tem uma base mais forte para viver em fidelidade (v.25) – É isto o que “estar nu” também quer significar. Nem Adão nem Eva tinham tido experiências sexuais antes do matrimônio, celebrado por Deus. Ambos eram puros, intocados, mas não assexuados. Deram sua pureza um para o outro. Não levaram para o casamento experiências sexuais cometidas com nenhum outro ser antes. Com isto, conseguiram viver uma história de amor e de fidelidade conjugal que durou quase um milênio (Gênesis 5:5). Nossas aventuras amorosas anteriores ao casamento atuam como referências comparativas de desempenho de nosso parceiro, nos envergonham diante do outro e servem para enfraquecer o nosso desejo de fidelidade.

Quem casa não esconde segredos (v.25). O “estar nu” diante do companheiro e não se envergonhar também fala disto. Nosso cônjuge deve ser exatamente como aparece, sem máscaras, segredos ou fingimentos. Não possuir nada para ocultar, esconder, abafar. Ninguém deve pretender ser feliz levando uma vida conjugal cheia de segredos, de mistérios, de enigmas. Vamos partilhar nossos segredos com nosso companheiro e fortalecer assim o nosso relacionamento com confiança e verdade.

CONCLUSÃO

Desejo transportar agora todas as coisas que aprendemos sobre a criação da mulher e sobre o casamento do primeiro casal humano para Jesus e sua futura esposa, a Igreja, e ver qual a grandeza dessas coisas e a consistência do registro bíblico: Cristo estava só no universo, o Jardim criacional de Deus, sem alguém que lhe servisse de companheira. No tempo próprio, Deus lhe fez uma mulher, que saiu de dentro Dele, do lado de seu coração. Para fazer isso, o Senhor teve de feri-Lo, mas Cristo aceitou o sofrimento “sem anestesia” pelo amor que tem a sua Noiva. O Senhor a trouxe pessoalmente para Jesus, pois apenas ela é que se tornará á sua esposa querida. Jesus se casará com a Igreja e lhe dará um lugar todo preparado para ambos viverem juntos. Ele jamais vai querer se separar dela, ao invés disso, vai dividir todos os seus bens e segredos com ela e manter comunhão marital com a mesma por toda a eternidade. Amém!

“O Espírito e a esposa dizem: Vem. E quem ouve, diga: Vem. E quem tem sede, venha; e quem quiser, tome de graça da água da vida” (Apocalipse 22:17).

Deus abençoe a todos.

Caso seja do interesse de meu prezado leitor discutir mais sobre o assunto, envie-me seus comentários, questionamentos, sugestões, críticas e, quando houver, possíveis elogios.

 

 

 

I. A Indestrutibilidade da Família

 

Palestra I

A INDESTRUTIBILIDADE DA FAMÍLIA

Estudo preparado pelo Pastor Olívio em Realengo, no Rio de Janeiro, em novembro de 2010 e revisado em fevereiro de 2012

INTRODUÇÃO

Nunca a Igreja do Senhor presenciara um ataque tão profundo, tão intenso e tão maligno como o desencadeado em meados do século passado e começo deste século; a juventude mundial mergulhou de cabeça nas drogas; a criminalidade e o terror tomaram conta de nações inteiras; doenças desconhecidas vitimaram milhões de pessoas e de animais; catástrofes naturais destruíram populações inteiras; o planeta em que vivemos se aproximou da destruição iminente; a clonagem humana e a reprodução de órgãos surgiram como coisas plausíveis; o controle total dos humanos tornou-se uma possibilidade; os avanços científicos se tornaram tão mirabolantes que fizeram a realidade até parecer ficção. Como se não bastasse tudo isso as mudanças sociais chegaram e adentraram, sem respeito algum, os portais sagrado. A liberdade de expressão sexual colocou gays à frente de igrejas, enquanto milhares de sacerdotes, acusados de pedofilia, assustavam comunidades inteiras. Pastores evangélicos, antes adeptos do casamento indissociável, passaram a casar e a descasar com a mesma facilidade que aqueles que antes condenavam. Nas crônicas policiais, o número de “pais-avôs” de suas próprias “filhas-netas” e de irmãos incestuosos, que se relacionavam sexualmente entre si, não cessavam de aumentar e as clínicas de aborto exponenciavam os seus lucros através de novas técnicas de matar infantes.

A reação da Igreja a todos esses problemas, como de costume, foi e sempre é muito tardia, pois que foi ferida em seu calcanhar pela serpente Luciferina e experimenta grandes dificuldades de avançar, de caminhar (Gênesis 3:14,15). Infelizmente a Igreja reage ao invés de agir. Ela é sempre reativa ao invés de pró-ativa. Vai atrás da solução de problemas e de respostas à sociedade tardiamente, quando deveria antecipar-se a estes. Ministérios inteiros, hodiernamente, têm surgido voltados à proteção da família. Cursos especializados em casamentos e noivados se multiplicam por toda a nação. Estudos voltados para a compreensão das transformações familiares estão sendo produzidos aos montes e o Pastor Olívio, como não poderia ficar de fora, também vai analisar com o prezado leitor os problemas da família moderna e tentar ajudar, através de suas Palestras, o máximo de famílias que possa.

A primeira coisa que desejo dizer desde logo, de imediato, antes de adentrar na análise de tais problemas, com o intuito de aliviar pessoas que estão sinceramente se questionando sobre a possível extinção da família, como biblicamente a conhecemos, sobre o seu desaparecimento, sobre o seu aniquilamento, é que NINGUÉM, NEM COISA ALGUMA EM TODO O UNIVERSO, TEM PODER SUFICIENTE PARA DESTRUIR ALGO QUE DEUS TENHA CONSTRUÍDO, E QUE A FAMÍLIA, COMO INSTITUIÇÃO CRIADA POR ELE PARA A FELICIDADE E CRESCIMENTO DO SER HUMANO, JAMAIS SERÁ DESTRUÍDA POR QUEM QUER QUE SEJA!

A FAMÍLIA É INDESTRUTÍVEL! ELA É INVENCÍVEL!

Com o coração de meu leitor agora um pouco mais aliviado, vamos entender qual seja o conceito de família, biblicamente falando.

O CONCEITO BÍBLICO DE FAMÍLIA

Família, biblicamente falando, é uma constelação mínima de três pessoas interligadas biológica, afetiva e espiritualmente, cada qual desempenhando um papel diferente, que pode ser o de pai, de mãe ou de filho. O papel do pai é sempre realizado por um homem, o da mãe sempre realizado por uma mulher e o do filho, por homem ou mulher, indistintamente, em quantidade não limitada. Nem todos os indivíduos que nascem serão pais ou mães de alguém, entretanto, todos os indivíduos que nascem são filhos de alguém. Nascemos como filhos, mesmo que nunca venhamos a gerá-los. Daí a imensa sabedoria de Deus ao pedir o coração dos filhos para Si e não o coração do pai ou o da mãe, como se encontra em Provérbio 23:26: “Dá-me filho meu, o teu coração”.

Por ninguém já nascer como pai ou mãe, este é um papel que deve ser desejado pelo casal! A não ser assim e teremos a triste aparição do aborto e as formas de violência doméstica, geralmente cometidas contra o filho e a esposa. Deus sempre pretendeu que os filhos fossem trazidos ao mundo através de uma união responsável. O casamento é esta união idealizada por Deus (Gênesis 1:27,28 / 2:18-22). Sendo o relacionamento sexual entre os cônjuges um relacionamento de prazer e de amor, a vida que deste surgirá deverá crescer impregnada de amor, de prazer e de responsabilidade. Toda pessoa que vive sem o esteio de uma família apresentará futuramente problemas nestas três áreas.

Agora, algo interessante a destacar é que um casal não é considerado família enquanto não tiver um filho. É o filho que dá ao casal o status de família! Um casal pode ter muitos servos, parentes e amigos. Sua casa pode viver sempre cheia de gente e o casal gostar de alguém em especial, como se fosse um filho, mas enquanto este não o tiver, será apenas um casal e não uma família. Foi isto exatamente o que aconteceu com Abraão. Por não conseguir ter filhos com Sara, que era estéril, esta lhe deu sua serva Agar por mulher. Agar concebeu um filho e permitiu a continuação do nome de Abraão (Gênesis 16). É o filho que permite a perpetuação do nome dos pais. Sem ele, ao morrer o casal, perece também a sua genealogia. Isto é tão forte que, se em uma família, um dos genitores morrer (o pai ou a mãe) e ficar um deles e o filho, estes dois apenas serão considerados família, mas se um casal sem filhos viver cem anos juntos e não tiver um rebento, não será considerado família!

Não sabíamos que Deus era uma família até a encarnação de Jesus Cristo! Já sabíamos que Deus era um ser plural, pois o texto de Gênesis 1:1 traz no seu original “deuses” ao invés de Deus (“no principio criou deuses”), mas não sabíamos quantas pessoas havia dentro Dele, nem ainda como era o relacionamento entre suas pessoas! O Antigo Testamento apontava que uma das pessoas divinas atuava como Pai, mas não um Pai de indivíduos e sim o Pai de um povo, o Pai de uma nação (Oséias 11:1 / Isaías 64:8,9 / Jeremias 31:9). Daí os judeus terem dificuldades em se relacionar com Deus intimamente, como um filho se relaciona com um pai, e sim como o Pai da nação. Quando, pois, Jesus se reportou a Deus chamando-o de “paizinho” (“Aba”, no aramaico, língua falada por Jesus), como se fora um Pai pessoal, particular, individual, quase foi apedrejado pelos judeus! (João 5:16-18). Posteriormente, o AT apresentou uma segunda pessoa, diferente do Pai e que atuava como um emissário, um enviado, conhecido como o Anjo do Senhor que recebia adoração como se fora Deus (Genesis 22:10-17 / Êxodo 3:1-4 / Josué 5:13-15 / Daniel 3:24-25). Mais tarde ainda, temos a indicação de uma terceira pessoa que atuava como um Espírito invisível, com atributos semelhantes ao do Pai e do Anjo do Senhor e que era também chamado de Deus (Isaias 40:12-18).

Todas as indicações bíblicas eram de que estas pessoas divinas eram em número de três, mas não conhecíamos o relacionamento entre elas e se de fato eram só três (Gênesis 18:1,2 / Números 6:24-27 / Isaías 6:1-3). Isto porque o Antigo Testamento não fala nada sobre Trindade, por não existir esse termo nos originais bíblicos e ainda por ser esta uma doutrina de origem pagã. Com o advento de Jesus Cristo ficamos sabendo que Deus é sim, um ser tripessoal, isto é, constituído por 3 pessoas, que se relacionam entre si como uma família! Cristo é chamado de Filho de Deus e, se alguém é filho, então possui um Pai e uma Mãe! Isto levou alguns teólogos primitivos a afirmarem que Jeová era o Pai, Jesus Cristo era o Filho, e o Espírito Santo era a Mãe. Em termos de papel a ser desempenhado pelas pessoas divinas, de função a ser exercida por cada uma delas, isto até que tinha o seu sentido, mas como Deus não possui sexualidade por ser espírito, este não é um argumento procedente. No batismo de Jesus as três pessoas da Divindade se manifestaram e tornaram conhecidas as suas funções divinas (Mateus 3:16,17 / João 1:32-34).

O PAPEL DE CADA MEMBRO DA FAMÍLIA

Ao descobrirmos que as Pessoas Divinas se relacionavam entre si como se fora uma família, tomamos conhecimento do quanto de honra, de privilégio, e de dignidade o Senhor cobrira a família humana! Éramos exatamente como Ele é em nossa diminuta organização, ou pelo menos deveríamos ser em nosso viver comum! Cada função que as pessoas divinas desempenhavam na Trindade, deveria também ser replicada em nossa família respectivamente, como seja:

  • O Pai, como o tomador das decisões que envolvem a família, o provedor da casa, e o responsável pela sua segurança;

  • A Mãe, como a apoiadora do marido e a educadora dos filhos;

  • O Filho, como o realizador das coisas dos pais, o operador das tarefas.

A Bíblia diz que Deus Pai tomou a decisão de enviar o seu Filho Jesus para operar a salvação dos homens no poder e na obediência do Espírito Santo. O Pai decidiu, o Espírito Santo orientou e o Filho obedeceu e realizou.

Esta grande honra foi demonstrada por Deus quando da criação dos primeiros seres humanos. A multiplicação dos seres humanos foi programada para acontecer observando-se o sistema de constituição de famílias. Não era uma mera reprodução sexual descompromissada, instintiva, como acontecia com os animais. Para eles Deus ordenara apenas que se reproduzissem, mas ao prescrever sobre a reprodução humana Ele trouxe a mulher que criara de Adão para Adão que profetizou que o homem deixaria a sua casa e se uniria a sua mulher, tornando-se uma só carne com ela (Gênesis 2:18-24). Somente após estes acontecimentos é que o homem se relacionou sexualmente com a sua companheira. Com isto, todo ser humano que nasce traz consigo o direito inalienável de saber quem são os seus pais e de se desenvolver dentro de um ninho de aconchego e de proteção chamado família! Se enchermos nossos filhos de amor, alegria e responsabilidade, quando eles forem constituir suas famílias, também as encherão dessas virtudes e assim por diante. O inverso também é verdadeiro. Podemos passar ódio a nossos filhos e estes a seus filhos e assim por diante, infernizando todos ao redor. Em cada ato que um ser humano pratica, quer seja este de bem ou de mal, nós todos temos uma parte de responsabilidade, pois que ele faz parte de nossa raça, de nossa humanidade, de nossa família. O que vamos fazer sobre isso?

A vinda de Cristo à Terra também demonstrou a grande honra que fora colocada sobre a família! Cristo não veio isolado, individualizado, como se não precisasse de ninguém, mas veio como todos os humanos vêm ao mundo – dentro da barriga de uma mulher e através do dolorido parto! (Lucas 2:1-7, 21-24). A mais antiga profecia sobre como Ele viria ao mundo apontava para o nascimento por intermediação de uma mulher (Gênesis 3:15). Isto nos ensina que toda vez que Deus quer falar ou fazer alguma coisa grande, que afete toda a raça, Ele se utiliza de famílias! E Ele está contando com a minha família e com a família do meu prezado leitor para atingir todo o planeta com a mensagem de salvação do Evangelho!

Não somos iguais aos anjos e outros seres universais que são criados um a um, individualmente, sem pai nem mãe, que não se reproduzem, não geram filhos, possuem um número fixo que não pode ser ultrapassado, e são constituídos em hostes, falanges, milícias. Somos seres gerados por seres iguais a nós e também geramos seres semelhantes a nós. Podemos ter, como humanos, dois ou mais filhos em uma gravidez apenas! Somos constituídos em espécie e não em categorias o que quer dizer que podemos transmitir características físicas e mentais para nossos descendentes. Se eu consigo a salvação de minha família (esposa e filhos) e estes filhos conseguem a salvação das suas (esposas e filhos) e assim, sucessivamente, toda a raça humana pode ser atingida pelo Evangelho (Atos 16:31). Este é o maior programa de evangelização já idealizado por Deus para o ser humano! Todos evangelizando todos, sem sair de casa e fazendo de cada integrante familiar um evangelista! Entretanto, quantos de nós estamos interessados em salvar a nossa casa?

A família é o bloco social mais forte encontrado no mundo. Ela é a menor estrutura social existente, possuindo apenas três elementos, o que a configura como uma trindade e ainda como um triângulo, a menor de todas as estruturas matemáticas. Isso dá a ela uma força de integração enorme, pois quanto menor o alvo, mais difícil de ser atingido e mais fácil deste se defender. A Trindade de Deus é extremamente unida, coesa, compacta. Todos defendem todos. Ninguém se sobrepõe aos demais. Isto pode ser visto em Mateus 28:19, onde Cristo ordena batizar os novos discípulos “em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo”. As pessoas citadas são três, mas o nome é um só! Também no texto de 1ª João. 5:7 se diz que “três são os que testificam no céu: o Pai, a Palavra (o Filho) e o Espírito Santo e estes três são um”.

Cada membro da família deve desenvolver um relacionamento específico para com os demais membros a fim de manter a família forte. O marido deve amar a esposa e, como pai, orientar o filho nas sendas da vida; a mulher deve ser apoio ao marido e como mãe, cuidar da educação de seu filho; e o filho deve honrar e obedecer tanto ao pai como a mãe (Efésios 5:22-33). Não é o pai que deve obedecer ao filho nem ainda a mãe. Isto compete ao filho! Não é o filho quem deve apoiar o pai nos problemas familiares e sim a mãe! O filho não é obrigado a amar os pais e sim dar-lhes honra e prestar-lhes obediência. Por ser o amor uma força contagiante, deve vir de cima como exemplo a ser seguido.

Toda família deve ter projetos familiares e trabalhar sempre unida. Como na Trindade Divina cada pessoa é responsável por uma determinada função, mas, uma vez estabelecido o plano para a realização de algo, todas pessoas participam do mesmo, ajudando aquela que ficou como responsável direta pela realização de determinada tarefa a levá-la a bom termo. Assim é que na criação, obra atribuída a Deus Pai (Gênesis. 1:1), encontramos a participação do Filho (João 1:1-3,10) e do Espírito Santo (Gênesis 1:2 / Salmo. 104:30). Na salvação, obra atribuída ao Filho, encontramos a participação do Pai (João. 3:16) e do Espírito Santo (João. 16:7-15). Na santificação, obra atribuída ao Espírito Santo, vemos a ação de Deus, o Pai (Levítico 11:44,45) e de Deus, o Filho (Hebreus 2:10,11 / 9:13,14), e assim por diante. Devemos trabalhar em conjunto e jamais perdermos contato. Nunca nenhum membro da Trindade foi encontrado sozinho, fazendo algo sozinho, que os demais não participassem. Os demais membros sempre estavam por perto, um auxiliando os outros!

Toda família humana deve começar com o Senhor e tê-Lo como membro principal. Foi assim que aconteceu no Éden (Gênesis 2:22) e é assim que as coisas devem acontecer. Deus deve fazer parte de todas as famílias da terra a fim de poder orientá-las em seus projetos e defendê-las dos muitos ataques a que estão sujeitas, os quais elas não vêem e nem sabem como se defender. Isto, claro, não as livraria de todos os problemas, mas as livraria da falência social e espiritual!

O PORQUÊ DA INDESTRUTIBILIDADE DA FAMÍLIA

Se o prezado leitor fizer tudo o que lhe foi ensinado nesta Palestra poderá salvar a sua família? NÃO, NÃO PODERÁ, mas estará fortalecendo-a e capacitando-a melhor a enfrentar o mal. A família adâmica fracassou tendo tudo para não fracassar e milhões e milhões de famílias tementes a Deus fracassam, tendo em vista Deus não estar trabalhando com robôs e sim com seres livres, autônomos, soberanos. Se só podemos salvar nossas famílias pela permanência nos conselhos de Deus, como então poderemos livrar as famílias da igreja e da sociedade, em geral, da destruição? NÃO PODEMOS! NINGUÉM PODE! Igrejas não podem! Pastores não podem! Anjos não podem! Palestrantes, como o Pastor Olívio, não podem! Apenas Deus pode fazê-lo! A base da indestrutibilidade da família está naquilo que foi anunciado no início desta Palestra, qual seja: em que ela foi construída por Deus (Gênesis 1:27,28 / 2:21-24) e nada do que Deus constrói pode ser destruído! Não existe força no universo capaz de destruir algo que Ele tenha criado!

  • Ele criou o homem e este jamais será destruído (Gênesis 1:27 / 2:7 / Atos 7:55,56). Mesmo que todos os homens fossem destruídos ao ponto de não sobrar nenhum, ainda assim teríamos um exemplar deste no céu e Deus poderia reconstruir toda a raça humana a partir deste modelo – o Senhor Jesus Cristo!

  • Ele criou o casamento entre pessoas de sexo diferente e este jamais será destruído (Gênesis 2:22-25). O texto diz que o homem deixará a sua casa, a sua parentela, e se unirá a sua mulher, a sua fêmea, a sua consorte! Enquanto houver homens e mulheres no mundo o casamento existirá!

  • Ele criou a Igreja e esta jamais será destruída (Mateus 16:18 / Apocalipse 19:7,9 / 21:9,10). Enquanto houver um fiel que tenha sido “tirado do mundo para fora” (Colossenses 1:13) e “transportado das trevas para a sua maravilhosa luz” (1ª Pedro 2:9) existirá Igreja, pois Jesus ensinou que Deus não habita em templos feitos por mãos humanas e sim dentro de cada um de nós!

CONCLUSÃO

Mesmo que uma catástrofe mundial ocorresse no planeta ao ponto de aniquilar todos os seres humanos, ao ponto de não sobrar nenhum de nós, destruindo hipoteticamente toda a raça humana com as suas instituições divinas, como a família, o casamento e a igreja, ainda assim estas poderiam ser reconstruídas em Cristo, tudo poderia ser reconstruído a partir Dele. O único modelo de homem existente em todo o universo continuaria vivo e preservado em sua inteireza no céu, lugar onde o ladrão não penetra e a traça não entra e corrói (Mateus 6:19,20). A exemplo do que Deus fez com Adão, Este poderia colocar Cristo para dormir um sono profundo e de uma de suas costelas, retirar uma nova mulher e começar com ela uma nova família, e todos participarem juntos, de uma poderosíssima e santa igreja!

Lancemos, pois, fora todo o temor de vermos nossas famílias destruídas e o casamento aniquilado! Vamos glorificar ao Senhor pelo cuidado que Ele tem de nós!

Deus abençoe a todos.

Caso seja do interesse de meu prezado leitor discutir mais sobre o assunto, envie-me seus comentários, questionamentos, sugestões, críticas e, quando houver, possíveis elogios.

 

 

I. Os Guardiões do Éden

 

Palestra I

OS GUARDIÕES DO ÉDEN

Estudo elaborado pelo Pastor Olívio em Realengo, no Rio de Janeiro, em agosto de 2012

INTRODUÇÃO

Ao iniciar esta palestra sobre extraterrestres tenho a impressão de que todos crêem positivamente sobre o assunto, mas que todos também têm medo de falar sobre o mesmo. Alguns por achar que vão contrariar o seu grupo religioso se expuserem a sua crença e experiências; outros por medo de caírem no ridículo e serem desacreditados nas demais áreas de sua vida; outros ainda por medo de serem ameaçados, perseguidos e até mortos por assassinos encomendados. Apenas alguns poucos têm coragem de falar sobre o tema e contar as suas experiências. Se entre estes poucos houver pastores evangélicos, como eu, então direi que este grupo se reduzirá ainda mais. Não posso dizer que seja um pesquisador devotado ao assunto em seu aspecto histórico, secular, mas sou sim, um pesquisador das Escrituras Sagradas e, como tal, sinto-me no dever de examinar a existência ou não de tudo quanto possa impactar a vida de fé de minhas ovelhas, quer estejam elas próximas de mim, visivelmente, quer estejam elas distantes, longínquas, como “ovelhas virtuais”.

BUSCANDO UM SENTIDO PARA O UNIVERSO VAZIO

Quem já não se perguntou ao olhar para o céu, em uma noite enluarada, com as estrelas plenamente visíveis ou, ao ver filmes e documentários com cenas do Universo contendo uma infinidade de objetos celestes, se o planeta Terra seria o único lugar habitado em todo esse imenso Universo? Quem já não se questionou dizendo: “Será que todos esses planetas, estrelas e astros estão mesmo vazios, sem nenhum habitante, ou será que nós é quem não estamos conseguindo enxergar os seres que neles habitam que, ao contrário de nós, estão sim nos vendo e até já apareceram por aqui?” Se o inquiridor for uma pessoa que acredita em Deus provavelmente já terá se perguntado: “Qual o sentido de Deus em fazer o Universo com bilhões e bilhões de astros, sem ninguém para habitá-los?” Se este inquiridor for mais do que um crente comum, mas um daqueles cristãos que não têm medo de ousar no pensamento, deverá ter se perguntado, por diversas vezes: “Para que o Senhor vai recolher os céus no final dos tempos, como diz Hebreus 1:10-12, e fazer “novos céus e nova terra”, como afirma João em Apocalipse 21:1, se os céus que estamos vendo agora estão vazios, sem ninguém, e se os anjos, únicos seres que conhecemos fora da Terra e que poderiam habitá-los, são espíritos puros (Hebreus 1:14), que não necessitam de um lugar físico para pousar e repousar?” Não lhe parece esta ação de “criar e destruir um universo sem nada” um despropósito divino, prezado leitor? Um capricho da Divindade? Um erro de programação de um Ser absolutamente egocêntrico?

Lembro-me, quando ainda noviço no cristianismo, ficava extremamente perturbado ao ler alguns textos bíblicos que me davam a nítida impressão de que eles não se reportavam nem a coisas, nem a criaturas celestes, mas sim a coisas e seres de outros mundos, totalmente diferentes do nosso, de dimensões materiais e temporais diferentes das que conhecemos! Claro que esses seres a que me refiro não eram os anjos nem os arcanjos, como os descritos na Bíblia, nem ainda a pessoa do Senhor Jesus que, por ter vindo do céu, como Ele mesmo afirmara em João 3:13 / 6:62 / 8:23 e outros textos, também não deixava de ser um extraterrestre, mas sim aqueles seres que, habitando em outros locais do universo, possuíam um corpo material, físico, mais denso ou mais sutil do que o nosso, e que viajavam em naves espaciais extraordinárias a velocidades incríveis! O tempo foi passando e a estranha sensação que eu sentira acerca dos alienígenas não diminui com o seu passar, antes aumentou e me obrigou a pesquisar o que as Escrituras diziam sobre eles a fim de aquietar a minha mente e o espírito atordoado de algumas de minhas ovelhas.

É desejo meu examinar esses textos em várias palestras, na ordem em que eles aparecem na Bíblia e não na ordem em que foram por mim observados. Certamente que passarei por cima de alguns deles, tendo em vista não conhecer a todos, mas, tenho certeza que, ainda assim, surpreenderei o meu leitor com a grande quantidade de “textos alienígenas” encontrados nas Escrituras. Assim como não tenho demonstrado nenhum receio em analisá-los, gostaria que o prezado leitor também não demonstrasse nenhum receio em lê-los, ainda que possa se sentir um tanto quanto incomodado, inseguro e até mesmo apavorado!

TEXTOS “ALIENÍGENAS” NO ANTIGO TESTAMENTO

O primeiro texto sobre o tema que eu gostaria de examinar encontra-se logo no livro de Gênesis, nos versículos que tratam da expulsão de nossos primeiros pais do Jardim do Éden, após estes terem transgredido contra o Senhor e diz assim: “O Senhor Deus, pois, o lançou (ao homem) fora do jardim do Éden, para lavrar a terra de que fora tomado. E havendo lançado fora o homem, pôs querubins ao oriente do jardim do Éden, e uma espada inflamada que andava ao redor, para guardar o caminho da árvore da vida” (Gênesis 3:23,24).

Se o leitor observou bem o texto, os querubins ficavam postados, fixos, sediados, em uma região única do Jardim do Éden, a saber, ao oriente, a leste, na posição do nascer do sol, enquanto a espada inflamada ficava girando o Jardim ininterruptamente. Por que um elemento ficava parado enquanto o outro girava ininterruptamente? Porque as suas funções eram diferentes, apesar de serem complementares! Enquanto a espada girante tinha por missão vigiar o Jardim contra possíveis invasores, os querubins tinham por missão combatê-los! Isto deixa claro que o Jardim podia ser invadido de qualquer posição, de qualquer parte, de qualquer localidade! Os possíveis invasores do Éden poderiam criar um caminho alternativo, distante daquele protegido pelos querubins, para adentrarem o Jardim e roubarem a Árvore da Vida! Daí a espada ter de ficar girando-o, circundando-o, percorrendo-o ininterruptamente! A espada e os querubins não trabalhavam isoladamente, mas em conjunto! Tão logo a espada chamejante detectasse a presença dos possíveis invasores, alertaria os querubins, postados ao oriente do Éden, que se apresentariam imediatamente no local chamado e combateriam o inimigo! Surge então a pergunta: “Como a espada girante alertaria os querubins?” Através de um sinal, de um dispositivo qualquer de aviso, compreendido por ambos, visto não serem os querubins criaturas onipresentes, mas sim finitas, limitadas no conhecimento e no espaço. Os querubins, pois, dependiam do sinal da espada rotatória para poderem agir!

OS ESTRANHÍSSIMOS QUERUBINS DO ÉDEN!

Segundo o grande hebraísta [1]Antônio Neves de Mesquita, em seu livro “Estudo no Livro de Gênesis”, a palavra “querubim” ocorre 74 vezes na Bíblia e é de etmologia desconhecida. Ninguém sabe ao certo o que ela significa. Alguns comentaristas se aventuram a dizer, baseado nas funções destes “entes”, que ela significa “cobrir”, “guardar”, mas não têm muita certeza disso. A palavra ocorre 44 vezes com referência aos símbolos sagrados que aparecem nas cortinas do Tabernáculo (Êxodo 26:1), na Arca do Concerto (Êxodo 25:18-20 / 37:7-9) e no véu do Santíssimo (Êxodo 26:31), mas, apenas no livro de Ezequiel, ela aparece 19 vezes com uma conotação bastante estranha, bastante diferenciada da sugerida pela Teologia moderna de “seres angelicais”! Veja aqui algumas dessas estranhas diferenças:

  • Enquanto nos símbolos do Tabernáculo os querubins aparecem como anjos, cada um com duas asas, no livro de Ezequiel eles aparecem com quatro (10:1-22) e no livro do Apocalipse, com seis asas cada! (Apocalipse 4:6-9).
  • Enquanto nos símbolos do Tabernáculo os querubins possuem um rosto único de anjo, no livro de Ezequiel e no de Apocalipse, eles aparecem com quatro faces cada um e com quatro rostos distintos!
  • Enquanto em Ezequiel 1: 10 e em Apocalipse 4:7 se diz que os seus rostos eram de homem, leão, boi e águia, em Ezequiel 10:14 se diz que os seus rostos eram de homem, leão, águia e querubim! O rosto de boi fora substituído pelo rosto de querubim! Teriam os querubins a aparência de touros? Será que as enormes figuras de touros alados com cabeça de homem, colocados pelos babilônicos e assírios à frente de seus palácios e templos, que eram os lugares em que residia a majestade material e espiritual, respectivamente, eram uma alusão aos poderosos querubins, visto que, segundo a crença destes povos, estes touros alados desempenhavam a mesma função dos querubins da Bíblia?
  • No livro dos Salmos e em outros das Escrituras Hebraicas, encontramos os querubins sustentando o trono de Deus no céu (80:1 / 99:1 / Números 7;89 / 1ª Samuel 4:4 / 2ª Samuel 6:2 / 2º Reis 19;15 / Isaías 37;16, etc.) enquanto no livro de Ezequiel, por duas vezes, eles aparecem transportando um ser “a semelhança dum homem” (1:26) que ficava encapsulado dentro de um módulo voador, em uma espécie de trono, sobre os querubins, que saía e voltava quando queria, conforme registrado pelo profeta! (9:3 / 10:4,18-22).

Que me perdoem os meus queridos irmãos pela “profanação” deste mistério bíblico, pela “quebra de sacralidade” da qual certamente serei acusado, mas “não estou viajando” ao dizer todas essas coisas, visto ser a Bíblia, o nosso livro de fé e prática, que as diz! O estranho comportamento da espada girante e dos querubins do Éden faz com que ambos mais pareçam ser elementos físicos, materiais, do que elementos espirituais – senão isto – pelo menos com a possibilidade de adquirirem materialidade nos mundos em que adentram! Sei que alguns comentaristas defendem que os querubins sequer sejam reais, mas apenas símbolos representativos de realidades espirituais, mas as Escrituras ensinam que os querubins são seres viventes sim, distintos entre si, e detentores de personalidade! A espada girante e os querubins edênicos não foram colocados no Jardim do Éden para não serem vistos, ficarem ocultos, invisíveis, fulminando as criaturas que se aproximassem do Paraíso, mas para serem avistados à distância e com isto desanimarem, desde logo, os pretendentes ao rapto da Árvore da Vida! Símbolos não protegem ninguém! Símbolos não impedem invasões!

Outros comentaristas, seguindo a interpretação tradicional da Igreja cristã, afirmam que tanto a espada girante quanto os querubins eram elementos reais, verdadeiros, mas de composição apenas espiritual, ou seja, eram constituídos somente de “substância espiritual”. Mas, qual a razão de Deus colocar “espíritos”, que não podiam ser avistados por criaturas carnais decaídas, para guardarem o fruto de uma árvore capaz de dar a imortalidade física a quem dele comesse, se espíritos não são seres físicos e são imortais? Caso os defensores do Éden fossem elementos invisíveis, os possíveis invasores do Éden avançariam relaxadamente em direção ao Jardim até serem avistadas pela espada cintilante e fulminados pelos querubins, já que tais invasores não veriam essas realidades espirituais no local, nem detectariam as suas presenças! Não me parece que o propósito daquele que expulsou do Éden os nossos primeiros pais, justamente para protegê-los de acessarem o fruto da Árvore da Vida, usasse agora de um estratagema medíocre para apanhá-los em distração e matá-los! Só um ser maligno poderia maquinar algo assim!

Halley informa em seu [2]Manual Bíblico que antigas inscrições babilônicas afirmam que “perto de Eridu havia um jardim em que existia uma árvore sagrada, misteriosa, árvore da vida, plantada pelos deuses, cujas raízes eram profundas, enquanto seus ramos tocavam o céu; era protegido por espíritos guardiões; ninguém penetra nele”. Esta inscrição é importantíssima por comprovar a existência do Éden e da Árvore da Vida na região de Eridu, antiga Babilônia, e ainda por falar da espiritualidade dos espíritos guardiões ali presentes, mas, claro está que isto não é tudo, tendo em vista a narrativa bíblica sobre os querubins do Éden ser a primeira de um conjunto de outras tantas que nos ajudam a desenhar e a entender a compleição, a configuração, a constituição do que seria um querubim. A espada girante, sendo inflamada, chamejante, de fogo – linguagem figurada que significa que era reluzente, brilhante, cintilante como o metal dourado, o ouro – podia ser avistada à distância por olhos físicos, o mesmo acontecendo com os poderosos querubins, a quem as Escrituras se referem como “seres espirituais” da mais elevada categoria, mas que também podiam transportar gente, pousar no solo, andar sobre rodas, fazer manobras de direção e levantar vôo quando ordenados! (Ezequiel 1:1-28 / 9:3 /10:1-22). Como isso seria possível se a espada e os querubins fossem constituídos apenas de “substância espiritual?” Desde quando um espírito carrega outro nas costas?

Alguma vez, o meu prezado leitor já se perguntou por que Deus colocou querubins para proteger o caminho que levava à Árvore da Vida e não serafins, arcanjos, ou outro tipo de criatura celestial? Se não, eu lhe responderei: porque apenas querubins podem enfrentar outros querubins! Os querubins não são estafetas de Deus, não são mensageiros divinos, como os demais anjos, mas são, sim, seres protetores, defensores, guardiões do sagrado. Eles são os seres mais qualificados do universo para a função de proteção! Sua função de defensor no texto que estamos examinando fica evidenciada por 3 motivos, quais sejam:

  • a) existia outro querubim à solta, que outrora havia decaído de seu estado original de perfeição e que conhecia muito bem o Jardim do Éden por ter conversado bastante com os primeiros humanos que ali foram colocados e que poderia incentivá-los a invadirem o local e roubarem do fruto da Árvore da Vida. Lúcifer, o nome desse outro querubim, que a Igreja passou a conhecer pelo nome de Diabo (Ezequiel 28:11-16), já obtivera sucesso no convencimento dos humanos no apossamento do fruto da primeira árvore proibida, a saber, a Árvore do Bem e do Mal e, se conseguira convencê-los quando ainda vivam em estado de graça, em plena comunhão com o Senhor, poderia conseguí-lo novamente vivendo eles agora como seres decaídos (Gênesis 3:1-6);
  • b) Caim, o primeiro filho do casal adâmico, ao sair do clã de seu pai, fora habitar a terra de Node, que ficava justamente ao oriente do Éden (Gênesis 4:16). Esta sua decisão de habitar a terra de Node poderia ter acontecido também por dois outros motivos, quais sejam: ou ele intentava invadir o Jardim e subtrair a Árvore da Vida, conseguindo assim a eternidade física, ou apenas viver no lugar mais protegido e seguro da face da terra, visto ser protegido pelos poderosos querubins! De uma maneira ou de outra, ele estaria se assegurando de que ninguém o mataria, como ele mesmo dissera a Deus que aconteceria se alguém o encontrasse, por ter ele assassinado a seu irmão Abel (Gênesis 4:14-16).
  • c) haviam outras raças, que não a humana, convivendo com o homem na terra, e que também poderiam ficar tentadas a invadir o lugar sagrado e roubar a Árvore da Vida, visto serem seus integrantes constituídos também de carne, exatamente como o homem, sendo, portanto, mortais (Gênesis 6:1-4). Falaremos dessas raças nas três próximas palestras, está bem? Você não pode deixar de lê-las!

Ao analisarmos, pois, friamente, a forma e o comportamento da espada girante, vemos que ela se assemelha muito mais a um satélite espião do que qualquer outra coisa que já possamos ter analisado, enquanto os querubins se assemelham muito mais a poderosas naves de combate do que a anjos desconhecidos! Sei que o meu leitor agora está com desejo de me excomungar de vez por não acreditar que um pastor cristão, com mais de 25 anos de ministério, possa falar com tanta crueza, tanta frivolidade, em satélites espiões, naves espaciais e raças desconhecidas convivendo com a humana, dizendo fazer isso baseado nas informações das Escrituras Sagradas! “Eu precisava estar vivo para ver isso”, diz você! LAMENTO INFORMAR, MAIS ISTO AINDA VAI FICAR PIOR!

Sei que a tendência no meio cristão é olhar para as coisas integrantes desta narrativa do Gênesis apenas como se fossem representações de coisas espirituais, cheias de significado religioso, tais como; o jardim do Éden representando o céu perdido; a Árvore da Vida, o Cristo eterno; a espada de fogo e os querubins, a Palavra de Deus e os anjos do Senhor que nos livram de cair, e por aí vai. Não estamos errados em pensar assim! Temos respaldo bíblico para crer dessa maneira! Mas, após estudar o comportamento dos querubins e da espada chamejante por algum tempo, eu estou plenamente convencido de que só dizer que eles eram símbolos espirituais, ou elementos de consistência puramente espiritual não é suficiente! Ou todos os textos bíblicos que possuímos sobre os querubins se referem a vários tipos de criaturas, diferentes uns dos outros, e daí termos de interpretá-los também diferentemente, separadamente, em seus respectivos blocos, ou todos os textos bíblicos que possuímos se referem a uma única criatura, e aí, temos de interpretá-los todos conjuntamente, em único bloco, de forma a harmonizá-los. Ao fazermos isto, porém, a conclusão nos leva a algo tão impressionante, tão imprevisível, tão exótico, que jamais pensaríamos ser possível existir no universo de Deus!

Como vimos anteriormente, as Escrituras nos dão o desenho dos querubins não apenas como anjos – seres espirituais dotados de grande poder e força, como Lúcifer e os querubins gravados nos símbolos do Tabernáculo – mas também como seres descomunais, espetaculares, capazes de adentrar mundos materiais e espirituais, alterando sua forma, tamanho e estrutura (de espiritual para material e vive-versa) para poderem suportar as leis físicas e espirituais dos mundos em que adentram. Que tipo de criatura é esta que, ora aparece como um anjo comum, ora como uma máquina aterradora? Que congrega em si todas as características de um ser espiritual e também as características de uma nave espacial? Que é responsável em proteger o sagrado, mas também é responsável em “sustentar e transportar” o trono do Senhor em seus deslocamentos pelo Universo quando este tem de adentrar os vários mundos que governa, em forma corporal, limitada, micronizada, por ter o Senhor de assumir a forma dos habitantes do mundo que visita? Não foi exatamente isto o que aconteceu quando o Cristo veio nos salvar? (Filipenses 2:5-7). Ou será que o estudante das Escrituras acha que o Universo não tem problema algum e que o Senhor o administra sentado de seu trono, sem sair do lugar? Acredita realmente nisso, mesmo depois da rebelião de Lúcifer, quando a Bíblia ensina que a própria harmonia do Cosmo ficou desestabilizada e que cabe a Cristo restaurá-la? (Efésios 1:10 / Colossenses 1:20). Acaso o amado já leu Miquéias 5:2 que afirma que da cidade de Belém nasceria o Senhor “cujas saídas são desde os tempos antigos, desde os dias da eternidade?” Que “saídas” são estas e que “dias da eternidade” são estes a que o profeta se referiu? Certamente que essas “saídas” falam da forma do Senhor administrar o seu universo, como seja: indo pessoalmente ao local onde o problema se encontra e os “dias da eternidade”, as eras longínquas em que o Cristo já assim operava!

Ezequiel viu, por duas vezes, os estranhos seres que a Bíblia chama de querubins e ficou absolutamente estupefato com eles! (1:1-28 / 9:3 /10:1-22). Davi também os viu e, entre assustado e maravilhado, cantou-os em seus Salmos! (2º Samuel 22: 5-17 / Salmo 18:6-16). Muitos comentaristas afirmam ser o conteúdo destes cânticos davídicos apenas uma forma poética do rei-cantor falar sobre a extraordinária resposta que Deus dera à sua oração, mas ainda que esta resposta fosse cantada em forma poética não significaria dizer que os elementos constituintes de tal canção não fossem verdadeiros, ou seja, Davi teria necessariamente de saber o que era um querubim e a sua função para poder cantá-los em suas prosas e versos! O mais interessante porém, é que, ao falar dos querubins, Davi não os descreveu com a forma angelical com que eram desenhados nos elementos do Tabernáculo (cortinas, propiciatório e véu do Santíssimo), ou seja, como anjos, com apenas um rosto e um par de asas, mas exatamente como Ezequiel os descreveria quase quinhentos anos mais tarde em seu livro! Isto ainda parece poesia para você, prezado leitor? Davi disse em 2º Samuel 22:11 que, quando o Senhor acabara de intervir em seu favor, que o Senhor “subiu em um querubim e voou”, e que “foi visto sobre as asas do vento”. Tanto o Senhor quanto o querubim que o transportava foram vistos por várias pessoas! De posse de todos esses dados, não consigo fugir da conclusão de que os querubins são extraordinárias “consciências-naves”! Não naves espaciais inteligentes, autônomas, como as que ouvimos falar, que são sempre materiais e não possuem vontade própria, mas “consciências-naves”, visto, em diversas passagens bíblicas, eles se apresentarem com consciência, personalidade, adorando insistentemente ao Senhor, de dia e de noite! (Apocalipse 4:6-8). Reconheço que este termo, além de não ser bíblico, pode não ser o mais adequado para descrever um ser com a complexidade de um querubim, mas foi o que me pareceu melhor para descrevê-los. Falarei das naves espaciais e de seus tripulantes conforme aparecem na Bíblia em outra oportunidade e você verá as diferenças entre elas e um querubim.

VOANDO COMO UM QUERUBIM NA FÉ

Meu leitor pode estar boquiaberto com tudo o que leu até agora e com o desejo enorme de abortar mais uma vez esta leitura por não acreditar que um Pastor evangélico, com tantos anos de ministério, possa ter uma opinião desse tipo acerca das coisas mais santas de Deus, mas não se trata aqui de você acreditar se alguém pode ou não crer nisto ou naquilo e sim se é possível a você crer! Se é possível ou não VOCÊ enxergar ainda mais longe a grandeza do nosso Deus! Será que o prezado leitor observou, nesse momento de pavor e de possível ira contra o Pastor Olívio, que o texto afirma que foi o Senhor Deus quem colocou a espada chamejante e os querubins para protegerem o caminho que levava a Arvore da Vida? Que isto tão somente significa dizer que o Senhor Deus tem o controle de tudo e de todos em todos os mundos materiais e espirituais que existam? Que pavor, pois, é este, de ouvir falar em seres extraterrestres, quando governos do mundo inteiro estão liberando seus arquivos mais secretos para a população comum sobre criaturas alienígenas, vidas extra e interplanetárias e OVNIS? Como ficaria a fé do irmão no dia em que se noticiasse, ao vivo, a captura de um ser de outro mundo ou de uma de suas potentes naves? A fé do meu irmão se agigantaria ou ficaria sem base de crença alguma, sem nada em que se apoiar?

Querido(a), sua fé hoje pode dar um salto gigantesco, sobrenatural, se tão somente o(a) amado(a) acreditar que o Deus a quem servimos não é apenas Deus sobre os céus onde vivem os anjos, a terra, onde vivem os homens, e o inferno, onde estão os demônios, mas também é Senhor sobre todos os mundos imagináveis e inimagináveis existentes neste Universo, onde podem estar habitando as mais estranhas e incríveis criaturas, visíveis e invisíveis, com corpos mais densos ou mais sutis do que o nosso, destinadas a funções que sequer imaginamos serem possíveis! Não ficaria esta sua crença mais de acordo com a imensidão do Deus da Bíblia e mais harmônica também com as aparentes contradições das Escrituras? Acaso o amado se esqueceu que o Cristo, a quem amamos tanto e respeitamos, é o Criador de todo o Universo? O apóstolo João disse que “tudo foi feito por Ele (Cristo) e para Ele (Cristo) e que sem Ele (Cristo), nada do que foi feito se fez” (João 1:3). O apóstolo Paulo escreveu aos crentes de Colossos dizendo que “Nele (em Cristo) foram criadas todas as coisas que há nos céus e na terra, visíveis e invisíveis, sejam tronos, sejam dominações, sejam principados, sejam potestades: tudo foi criado por Ele (Cristo) e para Ele (Cristo) e Ele (Cristo) é antes de todas as coisas, e todas as coisas subsistem por Ele (Cristo)” – Colossenses 1:16,17. Cristo foi o Criador de tudo! Quanto mais complexa e intrincada for uma criatura, um ser extra-físico ou intra-físico, um querubim, um homem, ou o que quer que seja, maior será a grandeza de nosso Cristo que teve a sabedoria, a inteligência, o conhecimento para criar um ser assim!

O DESTINO DA ESPADA CHAMEJANTE E DOS QUERUBINS DO ÉDEN

Uma pergunta, porém, ainda fica no ar: Qual o destino final da espada chamejante e dos estranhos querubins do Éden? Para onde foram eles? Até quando eles permaneceram no Éden, em sua missão protetora?

A Bíblia não informa, de maneira direta, absolutamente nada sobre o destino desses dois elementos e, sempre que a Bíblia faz isto, ou seja, sempre que ela silencia sobre algo, ou é porque o assunto não interessa aos humanos, mas faz parte das coisas ocultas de Deus (Deuteronômio 29:29), ou porque a coisa que procuramos já se encontra revelada nas Escrituras Sagradas, de forma indireta, e devemos envidar todos os nossos esforços para encontrá-la. No caso em questão, creio que a resposta se encontra na segunda alternativa. A espada chamejante é citada unicamente nesta passagem bíblica, enquanto os querubins, em dezenas de citações por vários livros da Bíblia. Tendo em vista que a missão da espada chamejante e dos querubins estava relacionada à proteção do caminho que levava à Árvore da Vida – não à Arvore da Vida em si, mas do caminho que levava à ela -, essa missão teria que perdurar enquanto tal caminho existisse ou aquilo que pudesse ser encontrado ao final dele também, a saber, a Árvore da Vida.

Não temos nenhuma informação sobre uma possível retirada da Árvore da Vida, do Jardim do Éden, feita diretamente por Deus, mas temos informações que o distrito do Éden, ao ser invadido pelas águas do Dilúvio, ficou totalmente desfigurado, tendo dois de seus quatro rios, a saber, o Giom e o Pisom, sido eliminados de seu território (Gênesis 2:10-14). A partir desta catástrofe, não mais se ouvirá falar destes dois rios, que desapareceram do mapa. Outra coisa a considerar é que, a única família de humanos que o Senhor salvara das águas do Dilúvio, a saber, a família de Noé, fora salva justamente por ter demonstrado temor ao seu Nome. Não faria sentido algum esta família se revoltar, depois do Dilúvio, contra o Senhor, retornar da Armênia, onde estavam – cerca de 800 quilômetros do ponto de onde saíra – para tentar raptar a Árvore da Vida em um território que não podia mais ser reconhecido! (Gênesis 8:4). Temos assim que o Dilúvio foi o tempo limite para a permanência da espada e dos querubins no Éden. Quanto a Arvore da Vida, esta só vai ser citada novamente no último livro da Bíblia, o Apocalipse, e ali, mais uma vez, ela vai estar relacionada à saúde dos corpos dos santos e a permanência continuada e desejada da vida eterna física (2:7 / 22:2).

Chama a atenção o fato de o Dilúvio, segundo os historiadores bíblicos, só ter acontecido cerca de 1600 anos depois da expulsão do homem do Jardim do Éden. Até acontecer tal catástrofe, aquele local sagrado atuou como um símbolo revelador dos propósitos mais elevados de Deus para com a raça humana e a perda da comunhão que o homem tivera com o seu Criador pela introdução do pecado. Conseguiriam os guardiões do Éden ficar tanto tempo desempenhando aquela missão? Claro que sim, tendo em vista que fora Deus mesmo quem ordenara a missão. Os querubins, caso fosse necessário, poderiam se revezar constantemente e a espada girante, reabastecida de tempos em tempos com algum tipo de combustível até o momento desconhecido para nós, caso esta fosse um objeto de consistência inteiramente material, conforme já temos discutido ao longo desta nossa palestra. O certo é que depois do Dilúvio não se houve mais falar do Paraíso do Éden, estando a missão da espada chamejante e dos querubins definitivamente terminada.

CONCLUSÃO

Chegando ao final desta nossa fantástica e eletrizante palestra o leitor pode dizer não ter entendido o porquê de o Pastor Olívio ter enquadrado esta palestra dentro do tema “Extraterrestres”, já que ela não fala especificamente sobre alienígenas ou naves espaciais e sim sobre seres que podem se comportar como se fossem verdadeiras naves, mas que naves não são e de um instrumento que bem poderia ser um satélite-espião, mas que não dispomos de muita informação para assim enquadrá-lo. Verdade é que, em se tratando todos os textos bíblicos que falam sobre os querubins de uma única entidade, estes não poderiam ser considerados mesmo alienígenas, no sentido que damos à esta palavra, mas sim “consciências-naves”, como já os denominamos acima. Caso, porém, os textos encontrados se refiram a vários tipos de entidades, diferentes entre si, como anjos, símbolos espirituais, naves espaciais, etc., todos recebendo a mesma designação de querubim, então os guardiões alados do Éden, o querubim visto por Davi e Ezequiel, se enquadrariam perfeitamente na definição moderna que damos aos objetos voadores não identificados – OVNIs e este texto deveria estar sim enquadrado dentro do tema dos “Extraterrestres”. Outra razão para eu ter escolhido o texto dos guardiões do Éden para começar a falar sobre seres alienígenas na Bíblia é que ele introduz o leitor no assunto como nenhum outro texto o faz. Eu tinha a intenção de analisar outros relatos sobre o tema aqui referido dentro desta mesma palestra, mas sei que o leitor pode estar vivenciando momentos terríveis de intensa perturbação intelectual e espiritual. Então eu vou encerrar esta palestra aqui mesmo e jogar para a próxima o exame de mais um texto bíblico do Antigo Testamento sobre o assunto, está bem?

Deus abençoe a todos.

 

Caso seja do interesse de meu prezado leitor discutir mais sobre o assunto, envie-me seus comentários, questionamentos, sugestões, críticas e, quando houver, possíveis elogios.

 


[1] Mesquita, Antônio Neves – Estudo no Livro de Gênesis – Casa Publicadora Batista – 3ª Edição – Rio de Janeiro, RJ – 1970.
[2] Halley, Henry H. – Manual Bíblico – Um Comentário Abreviado da Bíblia – Trad. David A. de Mendonça – São Paulo –SP – Sociedade Religiosa Edições Vida Nova – 1970.