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IV. Famílias Cheias do Espírito Santo

 

Palestra IV

FAMÍLIAS CHEIAS DO ESPÍRITO SANTO

Estudo elaborado pelo Pastor Olívio em novembro de 2010 e revisado em março de 2012, em Realengo, no Rio de Janeiro

INTRODUÇÃO

Queremos tratar nesta palestra sobre a responsabilidade, o dever, e a necessidade que têm as famílias cristãs de serem cheias do Espírito Santo, de forma a poderem abalar todos aqueles que entrarem em contato com os seus membros, individual ou coletivamente falando. Temos visto famílias cristãs tão fracas e também igrejas tão fracas que chega a doer o nosso coração! Apesar disso, não cessamos de apresentar desculpas para as nossas fraquezas: “Não tenho muito tempo para ir à Igreja”; “quase não tenho tempo para me dedicar ao Senhor”; “minha igreja possui poucos trabalhos”, “não temos cultos de libertação lá”, “não sei como fazer cultos domésticos”, e por aí vai. O importante é ter alguém para colocar a culpa! Aprendemos isto com os nossos primeiros pais no Gênesis (3:9-13). O homem culpou a mulher pela sua queda (v.12); que por sua vez culpou ao Diabo (v.13), que não teve ninguém a quem culpar! (v.14). O resultado desse comportamento fraco e mentiroso são vidas cristãs vazias, quebradiças, ineficientes. Vamos, pois, encarar com realismo as nossas deficiências, confessar a Deus os nossos pecados e começar a viver uma vida cheia do Espírito Santo!

Os textos que inicialmente irão nos ajudar a dar estes passos são os de Genesis 2: 23,24 / 3:8 e outros a serem citados durante o estudo.

A COMUNHÃO DE NOSSOS PRIMEIROS PAIS ANTES DA QUEDA

Por esses dois textos aprendemos que, apesar de nossos primeiros pais serem puros, poderosos e agradarem ao Senhor, a comunhão que estes mantinham com Ele era extremamente limitada em relação a que possuímos hoje! Esta só acontecia dentro Jardim do Éden, circunscrita a seus limites, ou seja, era localizada, restrita aquele território. O homem não podia sair do Jardim e continuar mantendo comunhão com o Senhor; só acontecia no período certo da viração do dia, isto é, entre as duas tardes (cerca de 15:00h), o mesmo horário em que Cristo morreria tanto tempo mais tarde (Mateus 27:45-53); e, para complementar, Deus estava do lado de fora do homem e não dentro dele! Em nenhuma parte da Bíblia se diz que Adão fora um homem cheio do Espírito Santo, fora chamado de filho de Deus ou que tomava a iniciativa da comunhão com o Senhor. Apesar disso:

  • Declarou que a mulher (varoa) iria estar na mesma posição de comando que ele (v.23);

  • Profetizou sobre a unidade do casamento (2:24);

  • Profetizou que todos os homens teriam um pai e uma mãe e se uniriam em casamento, mesmo sem ter tido, ele e Eva, um pai ou uma mãe terrenos e terem tido um casamento formal (2:24)!

A COMUNHÃO DE NOSSOS PRIMEIROS PAIS DEPOIS DA QUEDA

De Eva se diz que, mesmo após a queda, depois de ter recebido a dura sentença da parte de Deus de que teria filhos com muita dor (3:16), ainda assim decidiu manter-se viva e ter esses filhos com muitas dores! Ela permaneceu como fiel companheira de Adão até os fins de seus dias!

Dos filhos deste casal decaído se diz que um deles, Abel, foi tão grande, tão proeminente, que recebeu elogios do próprio Senhor Jesus! (Mateus 23:35). Foi também elencado como um dos destaques na galeria dos Heróis da Fé, de Hebreus 11 (v.4)!

Mesmo depois da queda, com todo o drama da perdição humana, Adão ensinou aos seus filhos o sistema de sacrifícios substitutivos (3:7, 21 / 4:3,4)!

E nós, que somos chamados de filhos de Deus (João 1:12); que podemos comungar com Ele permanentemente, na hora e local que desejarmos (1ª Tessalonicenses 5:17); que temos o Espírito Santo habitando dentro de nós (1ª Coríntios 3:16,17 / 6:19,20), e que podemos acessar a sua bendita Palavra a qualquer hora (Deuteronômio 30:11-16), ainda assim somos tão fracos e tão quebradiços! O que está acontecendo com os crentes modernos, com as famílias ditas cristãs, e com as nossas “poderosas” igrejas?

OLHANDO PARA UMA PEQUENA FAMÍLIA DE ISRAEL

Maria era o nome de uma virgenzinha adolescente de Israel. Possivelmente tivesse pouco mais de treze anos de idade, pois, com 12 ou 12 anos e meio, as virgens eram prometidas aos seus pretendentes no Israel antigo. Os homens normalmente se casavam com 18 anos, pois já teriam aprendido uma profissão artesanal, de subsistência, e teriam terminado os seus estudos básicos. José, marido de Maria, era um carpinteiro, profissão dura, mas que lhe garantia o sustento diário e, depois de casado, de sua grande família também (Marcos 6:1-3). Jesus, como filho primogênito do casal, aprendera a profissão do pai e como este, passou a ser também conhecido como “o carpinteiro” pelas pessoas de sua cidade (Marcos 6:3). Apenas aos trinta anos de idade começou o seu ministério espiritual (Lucas 3:21-23).. Ele abrira mão de se casar por causa de sua importante missão e, ainda, para não deixar um montão de “Jesuszinhos” que, certamente seriam idolatrados por seus conterrâneos e pelos seus descendentes também! Esta era uma família de operários pobres e também bastante comum em Israel. Apesar disso:

  • Maria conversou com um anjo e experimentou o maior milagre que um ser humano podia receber da parte de Deus – ser a mãe de nosso Messias! (Lucas 1:26-38);

  • José tinha revelações com os céus até estando dormindo! (Mateus 1:18-25);

  • Jesus, o filho do casal, se tornou o Salvador da humanidade! (Lucas 2:8-20).

Você dirá que isto foi um ato de soberania da parte de Deus e que não há nada que possamos fazer para sermos iguais a esta família palestínica. VOCÊ ACERTOU! Deus não precisa gerar outro Salvador para a humanidade, mas se observarmos a família simples do operário José poderemos perceber coisas que ajudarão nossas famílias a se tornarem fortes também!

  • Todos os membros da família de José conheciam perfeitamente a sua posição dentro do grupo familiar.

  • José liderava a família. Ele a levou para o Egito quando Herodes queria exterminá-la (Mateus 2:13-18) e a trouxe de volta quando este governante morreu (Mateus 2: 19-23). Fixou residência em Nazaré (Mateus 2:23), ensinou sua profissão a seu filho mais velho (Marcos 6:3) e cuidou, com responsabilidade, de sua grande família (Marcos 6:1-3);

  • Maria obedecia as determinações do esposo (Lucas 1:48) e orientava os filhos, como uma mãe deve fazer. Ela introduziu Jesus na vida de milagres e em seu ministério público (João 2:1-5).

  • Jesus obedecia fielmente as ordens de seus pais terrenos – Lucas 2:51,52.

  • Todos os membros de sua família eram tementes e submissos ao Senhor.

Muito antes deles serem cheios do Espírito Santo já eram crentes extremamente devotados e  abençoados!

  • Quando José recebeu a primeira revelação do anjo ainda não fora cheio do Espírito Santo (Mateus 1:18-25). Ele já era justo e temente a Deus;

  • Tampouco Maria quando recebera a visitação de Gabriel (Lucas 1:35);

  • Nem ainda Jesus quando discutia as Escrituras com os doutores no Templo (Lucas 2:39-48).

Eles eram pessoas tementes a Deus que cumpriam fielmente as obrigações religiosas instituídas pelo Senhor em sua Lei (Lucas 2:21-24,41).

Todos eram destituídos de arrogância!

Deus não pode nos encher de seu Santo Espírito se já estivermos cheios de nós mesmos. Somente vasos vazios são cheios. Apenas quando estivermos vazios de nós mesmos é que poderemos ser cheios de Deus! Há muita gente fazendo de tudo para ser cheio do Espírito Santo, mas não fazendo nada para se esvaziar de si mesmo! Se Deus nos enchesse de seu Espírito Santo estando nós vivendo em pecado, poderíamos acusá-Lo de irresponsabilidade, pois um pouco de tinta colorida, embota toda a água.

José tinha acabado de receber uma revelação angélica de que seria pai do Salvador do mundo (Mateus 1:18-25), mas não saiu se vangloriando e espalhando essa notícia para ninguém;

Maria recebera a visitação do estafeta pessoal do Senhor que lhe dissera que ela seria a Mãe do Salvador do mundo, mas ela guardou esse segredo em seu coração (Lucas 2:19);

Jesus levou trinta anos para manifestar-se como Filho de Deus (Lucas 3:21-23), não ficou se gabando diante dos outros de que fora escolhido para essa missão.

Se fizermos as mesmas coisas que aquela humilde família da Palestina fez e buscarmos a Deus de todo o nosso coração (Jeremias 33:3) teremos muitas famílias cristãs em nossas igreja e em nossas comunidades cheias do Espírito Santo!

A RESPONSABILIDADE DE SERMOS CHEIOS DO ESPÍRITO SANTO

Bom é que se diga que ser cheio do Espírito não é uma opção nossa, mas um mandamento de Deus para cada um de nós (Efésios 5:18). E se é um mandamento, então é responsabilidade nossa sermos cheios do Espírito e não de Deus nos encher! Tomar a iniciativa de ser cheio do Espírito Santo compete a nós e não a Deus!

Quando isto acontecer, então eu e você entraremos em outra dimensão espiritual! José, o operário laborioso das mãos calejadas e tão submisso a Deus se tornou o pai do maior personagem da história da humanidade! Maria, com apenas o embrião de Jesus no ventre, encheu Isabel do Espírito Santo e, ainda, a João Batista que, com 6 meses de idade, pulou de alegria no ventre de sua mãe! (Lucas 1:39-45). Um grama de Jesus vale mais do que uma tonelada de demônios! Jesus enfrentou Satanás pessoalmente, sem nenhum armamento ou guarda-costas e se tornou, depois disso, uma bateria divina de milagres! Se você é um cristão e possui comunhão com Deus, pode esperar a qualquer momento receber um derramamento do Espírito Santo sem igual! A exemplo da família de Cornélio, o Espírito Santo está “doidinho para cair sobre nós também! (Atos 10:44). Aleluia! Como isto faz vibrar a minha alma!

Quando isto acontecer, teremos fome e sede de Deus até o fim de nossos dias. Não temos muitas informações sobre a vida de José até o final de seus dias, já que, por ocasião da crucificação de Jesus, ele já estaria morto, visto não ser mais mencionado nas Escrituras (João 19:25-27). De Jesus se diz que, depois de ser cheio do Espírito Santo, estava caminhando sobre águas, multiplicando comida, ressuscitando mortos e conversando pessoalmente com o Deus do Universo. E Maria, como estava? Após ter sido cheia do Espírito e gerado um filho de forma sobrenatural passou a freqüentar diariamente as reuniões de oração na casa de João Marcos, em Jerusalém, para receber a plenitude do Espírito Santo (Atos 1:13,14). Quando você tiver mais de Deus, sabe o que vai acontecer? VOCÊ VAI QUERER MAIS DE DEUS AINDA! É isto o que o mandamento de Paulo aos efésios quer significar (5:18). Ele disse que eles deveriam ser cheios do Espírito e continuar sendo cheios até o fim! O verbo ali registrado foi colocado no presente contínuo da língua grega que significa que a ação deve ser continuada, prosseguida indefinidamente. Era como se ele estivesse dizendo “enchei-vos agora do Espírito Santo e continuai a ser cheio”. Até quando devemos ser cheios do Espírito Santo? Até onde possamos nos satisfazer de Deus, ou seja, até sempre!. O limite não está na vontade de Deus em nos dar mais de seu Espírito e sim em nossa vontade de querê-Lo!

COMO PODEMOS CONTINUAR NOS ENCHENDO DO ESPÍRITO SANTO?

O texto de Efésios 5:19-21 nos ensina. Vamos examiná-lo:

  • “Falando entre vós em salmos, e hinos, e cânticos espirituais” – isto fala de crentes reunidos entoando toda sorte de canto – alegres, festivos, doutrinários, e aqueles direcionados à uma adoração mais profunda;

  • “Cantando e salmodiando ao Senhor no vosso coração – isto tem a ver com o crente louvar ao Senhor sozinho, em sua alma, em sua mente. È possível que ninguém o ouça quando estiver louvando, mas sua alma estará cantando ao Senhor;

  • Dando sempre graças por tudo a nosso Deus e Pai, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo”) – mesmo que não entendamos tudo o que aconteça conosco, podemos crer que tal coisa só nos acontece pela permissão de Deus e louvá-Lo, pois Ele tem cuidado de nós (Filipenses 4:6,7);

  • Sujeitando-vos uns aos outros no temor do Senhor” – esta talvez seja a parte mais difícil das recomendações para nós, pois não gostamos muito de nos submeter a ninguém. Em Filipenses 2:3-11 Paulo cita o exemplo de Cristo como sujeição máxima já vista por alguém.

NOSSAS FAMÍLIAS PRECISAM SER SALVAS E CHEIAS DO ESPÍRITO. COMO FAZER ISSO?

  • Orando por elas. Todos podem orar por suas famílias;

  • Pregando Cristo a elas – mesmo sendo nós “profetas da mesma pátria”, sem glória alguma (Marcos 6:4,5);

  • Convidando-as para participar de nossas reuniões – Atos 10:24,27;

  • Crendo na Palavra de Deus de que Ele as salvará – Atos 16:31

Se apenas um indivíduo cheio do Espírito já é uma benção, imagine uma família inteira!

Caso algum incrédulo entrasse na casa de Jesus, teria de passar primeiro pela humildade de José. Se escapasse da humildade de José teria de passar pela consagração de Maria. Se escapasse da consagração de Maria teria de passar pelo amor de Cristo Salvador! Era quase impossível não sair salvo daquela casa! De igual maneira a família de Felipe, o diácono-evangelista. Quem passasse por ele teria de passar pelas suas quatro filhas profetisas (Atos 21:8,9). E que dizer da família de Lázaro? Quem entrasse em sua casa iria ouvi-lo falar de sua ressurreição e de seu amigo Jesus que o ressuscitara e o buscara no além. Oh! Queridos. Como seria bom se todos os nossos familiares fossem de Cristo!

CONCLUSÃO

Não vamos tirar nossas famílias do propósito de salvação de Deus, pois é através dela que outras famílias serão salvas. Também não vamos nos contentar em sermos crentes quebradiços. Vamos procurar a unção contínua de Deus pelo seu Espírito e, através desta, fortalecermos a nossa igreja e conquistarmos muitas vidas para Cristo!

Deus abençoe a todos.

Caso seja do interesse de meu prezado leitor discutir mais sobre o assunto, envie-me seus comentários, questionamentos, sugestões, críticas e, quando houver, possíveis elogios.

 

III. Nossa Lista de Prioridades

 

Palestra III

NOSSA LISTA DE PRIORIDADES

Estudo elaborado pelo Pastor Olívio em Realengo, no Rio de Janeiro, em novembro de 2010 e revisado em março de 2012

INTRODUÇÃO

Nesta palestra iremos abordar um dos mais graves problemas que afetam o homem moderno. Ele não é um demônio, nem ainda algo criado para nos obstruir os passos. Ele afeta crentes e não crentes; pastores e ovelhas; indivíduos e coletividades; famílias e igrejas. Seu poder de desagregação é imenso e, apesar disso, quase não é percebido. Estou falando de nossa falta de priorização das coisas em nossa vida. É fácil ordenar coisas muito importantes dentro de um grupo de coisas pouco importantes, mas não é fácil colocar no lugar certo, coisas que são, todas elas, extremamente importantes. Nesta palestra iremos aprender a correta posição, segundo as Escrituras, que as coisas mais importantes devem tomar em nossa vida e juntamente com elas, os respectivos “círculos de responsabilidades”. Cada item a ser citado possui uma posição que jamais deve ser violada sob o risco de transtornar por inteiro a nossa vida e nos deixar desorientados até o final de nossos dias. A maneira de descobrirmos quais são esses itens e a posição correta destes em relação aos demais, com suas respectivas responsabilidades, é examinando a ordem em que eles aparecem no Gênesis, já que é neste livro que se encontra o princípio das coisas, a origem de tudo, e as citações deste estudo se encontrarem espalhadas pelos seus capítulos do 2 ao 4.

Partindo então do mais importante para o de menor importância, temos que o primeiro item a ser destacado é:

DEUS

Quando o homem foi criado Deus já existia e o homem só foi trazido à existência pela vontade e sabedoria de Deus. Havia já uma infinidade de seres excelentes povoando os céus, mas de todos os seres já existentes Deus era o maior de todos e Ele quis fazer o homem à sua imagem e semelhança (Gênesis 1:27 / 2:7). Ao terminar de criá-lo Deus colocou-o em um Jardim para trabalhar, fez-lhe uma linda mulher para sua satisfação sexual e procriação e deu-lhe muitos filhos. O Senhor vinha comungar com o homem todas as tardes (Gênesis 3:8) e dividia com ele as idéias de transformação e de conquista do planeta. Por dever o homem a sua vida à Deus; ter sido criado à sua imagem e semelhança; ter recebido um trabalho e capacitação para desenvolvê-lo; ter recebido uma companheira linda e fiel que lhe deu filhos; e poder com o seu Criador manter comunhão, Este deve assumir o primeiríssimo lugar em nossa vida (Marcos 12: 28-34). Tudo o que possuímos ou viermos a possuir só acontece e acontecerá pela graça de Deus. Nossas responsabilidades para com Ele, como filhos seus que somos, seja por criação, seja por adoção, é de lhe prestarmos obediência permanente (Hebreus 5:8 / Filipenses 2:5-8), comungarmos com Ele por toda a vida e vivermos a vida que Ele nos deu para viver em plenitude (João 10:10).

VOCÊ

Depois do Senhor, o elemento mais importante de sua vida e com o qual você tem uma série de responsabilidades, é você mesmo! Quando Deus terminou de fazer o homem, o que havia? Deus e o homem! Então o homem foi percebendo o que de mais havia no universo: estrelas, planetas, anjos, animais, plantas, jardim, etc. É a partir da percepção que temos de nós mesmos, que começamos a perceber as demais coisas. Jesus disse que devemos amar ao nosso próximo como a nós mesmos (Marcos 12:31). Nossa medida de amor aos outros é a medida de amor que temos para conosco. Jamais conseguiremos amar alguém se não amarmos a nós mesmos. Muitos de nós detestamos coisas que encontramos em nossa pessoa relacionadas ao corpo, a mente e ao espírito. Se você não ama a você mesmo, qual o direito que tem de exigir, de reivindicar, que outras pessoas o amem? Por esta orientação de Jesus não devemos jamais acreditar nas pessoas que dizem amar o mundo inteiro e detestam a si mesmas. Temos de ter responsabilidade em cuidar de nosso corpo, nos alimentar saudavelmente, dar conhecimento a nossa mente, cuidar em ter sentimentos sadios, dar prazer à nossa vida, e tudo o mais que tenha a ver conosco conquanto indivíduos. Você é o segundo elemento mais importante em sua vida e estou convencido que, até este momento, você se colocava em todas as listas de prioridades que se lhe apresentavam em último lugar!

O TRABALHO

Esta foi a terceira coisa que aconteceu na vida do homem. Tão logo Deus o criou, colocou-o no Jardim para trabalhar (Gênesis 2:15). Seu corpo fora preparado de tal maneira que o homem precisava colocá-lo em movimento para conseguir realizar coisas e manter-se vivo. Através do trabalho ele tirava o seu sustento, adquiria energia para mantê-lo vivo e desenvolvia ferramentas e métodos para aumentar o seu desempenho. Foi Deus mesmo quem criou o trabalho e se você se sente infeliz por ter de trabalhar todo dia certamente é porque trabalha no que não gosta. Jesus disse que Deus trabalha até agora e Ele trabalha também (João 5:17). Já que fomos feitos à imagem de Deus, então só glorificaremos o seu Nome sendo trabalhadores e não preguiçosos, pois Deus é um Ser trabalhador. Sem o trabalho o ser humano fica ocioso, dependente, e perde a sua grandeza. Nossas responsabilidades para com nosso trabalho vão desde a observância aos horários instituídos, ao leque de tarefas que nos forem delegadas, a manutenção do ambiente de trabalho propício ao desenvolvimento de nossas atividades e ao respeito a nossos superiores. Por mais incrível que possa parecer, o trabalho fica à frente de muitas coisas que achávamos ser mais importantes em nossa vida!

O CONHECIMENTO

Depois de ter criado o homem e tê-lo colocado no Jardim para trabalhar, e antes de criar a mulher que o faria tão feliz, o Senhor Deus trouxe os animais a Adão para este ver qual nome este lhes daria (Gênesis 2:19:20). Isto fala de crescimento do intelecto, de exercício mental, pois o nome de cada animal deveria ser coerente com as suas características. Nenhum pardal poderia ter o nome de hipopótamo por ser tão diferente deste. O homem já possuía sabedoria, dada por Deus, para cuidar e arar a terra. Isto exigia um certo grau de conhecimento básico, mas colocar o nome a todos os animais do campo, as aves do céu e em todo o gado (não nos peixes e animais marinhos, pois o homem poderia morrer afogado!), fala de um conhecimento mais refinado, mais excelente, superior. Todo ser humano tem desejo de aprender, de progredir, de avançar em conhecimento. Negar esse impulso em nós é abrir mão de tudo o que temos capacidade de ser. Nossas responsabilidades para com o conhecimento passam por aprender a ler e a escrever, isto é, colocar em ação a nossa capacidade de receber e de transmitir o conhecimento, aprofundando-nos naquilo que nos dá prazer e conhecendo tudo o mais que pudermos sobre as demais coisas e campos do saber. Tanto o trabalho quanto a educação são coisas que estão relacionadas ao indivíduo, ou seja, fazem parte de seu círculo de responsabilidades consigo mesmo. Agora iremos ver algumas coisas que trazem responsabilidades dele, indivíduo, com outras pessoas,

O CÔNJUGE

Este é um ponto em que falhamos bastante. Colocamos filhos, igreja, amigos e outras coisas à frente de nosso companheiro e os resultados ruins logo começam a aparecer. Confusão familiar, brigas entre o casal, sentimentos de rejeição, humilhação, etc. Nossos filhos não são mais importantes do que o nosso cônjuge, pois que são derivados de nós, são conseqüências de nossa união. O efeito nunca pode ser mais importante do que a causa e nem ainda anterior à ela. A fonte, a origem, a iniciadora ou iniciador de tudo foi o seu cônjuge e a ele deve ser dada maior importância que aos filhos. A responsabilidade de nunca se separar um do outro foi dada aos cônjuges e não aos filhos (Genesis 2:23,24). A estes, pelo contrário, foi mencionado o dever de se separarem de seus pais para constituírem sua própria família! Quando a Bíblia, pois, diz que aqueles a quem Deus ajuntou, não o separe o homem (Mateus 19:6), ela esta falando de marido e mulher e não de pais e filhos! Nossas responsabilidades com o nosso cônjuge é ficar com ele até o fim de nossos dias e de ampará-lo em amor até a morte! Você pode perguntar: “Pastor Olívio, por que você colocou o trabalho e o conhecimento, que não são pessoas à frente dos cônjuges que são indivíduos?” Primeiro, porque esta é a ordem sagrada, escriturística, dada por Deus: Segundo, porque muito antes que estejamos preparados para nos casar, já devemos estar trabalhando e estudando: Terceiro, porque quem trabalha e estuda está mais pronto a constituir uma família de sucesso do que aquele que não faz nenhuma dessas coisas.

OS FILHOS

Os filhos, que muitos de nós julgávamos ser mais importantes do que a esposa, os pais, e em alguns casos, até mais importante que o próprio Deus, vem em sexto lugar na lista de prioridades que o homem deve dar as coisas de sua vida. Todas as pessoas que vieram antes de nós foram responsáveis pela nossa vinda ao mundo (Deus, nosso pai e nossa mãe). Eu e você somos seres derivados de outros. Quem veio antes de nós, antes de nós deve ficar nessa lista de prioridades. Devemos amar a nossos filhos com todas as forças que o amor paternal e maternal permitirem, pois continuaremos nossas vidas neles, mas jamais devemos idolatrá-los. João Korps, em seu livro [1]“Pepitas de Ouro”, diz: “Se fizermos de nossos filhos ídolos, mais tarde eles exigirão sacrifícios”. Fantástica essa citação do autor! Nosso encantamento por nossos filhos nunca deve nos levar à idolatria dos mesmos. Filhos devem ser preparados para a obediência e para a realização de tarefas e não para mandar na casa e submeter seus pais (Efésios 6:1-3/ Colossenses 3:20). A Bíblia diz que Jesus, o Senhor do Universo, era sujeito a seus pais terrenos e que aprendeu com eles a obediência (Lucas 2:51 / Hebreus 5:8). Nossas responsabilidades com nossos filhos são de amá-los, protegê-los, sustentá-los e educá-los, tanto na sabedoria secular, quanto na sabedoria de Deus.

A PARENTELA, OS AMIGOS, ETC.

Depois de Deus, de você, e da família, (não se esquecendo que neste último núcleo o cônjuge vem primeiro que os filhos) seguem-se sua parentela (irmãos, netos, sobrinhos, primos, etc.) e os amigos. É esta a ordem de prioridades do Gênesis. Nada de colocar parentes e amigos à frente de sua família, pois a Bíblia diz em 1 Timóteo 5:8: “Se alguém não tem cuidado dos seus, principalmente dos da sua família, negou a fé, e é pior do que o infiel”. O homem é um ser social, relacional, gregário. Gosta de se relacionar com seus semelhantes e sente curiosidade em saber como é o outro. Pode ser um novo vizinho, um colega de trabalho, um novo passageiro da condução, não importa. Não conseguimos viver sem nos interessar pelo outro. Por isso a Bíblia, depois de citar os filhos de Adão, vai enumerar a sua genealogia e a de seus filhos (capítulos 4 e 5). Mas ninguém pode passar a vida inteira sem ter um amigo! Pode ser algo difícil de se achar, e é, como disse o poeta[2], mas até Deus teve um amigo! As Escrituras citam o nome desse amigo e se você quiser saber quem era esse amigo de Deus leia 2ª Crônicas 20:7 e Tiago 2:23 e o descobrirá! Jesus disse que nos considera seus amigos e não servos, e provou plenamente isto, mas que nós, seus seguidores, só podemos demonstrar que somos amigos Dele se fizermos o que Ele nos manda (João 15:13-15). Acredito piamente que todos temos falhado bastante em nossa amizade com o nosso Mestre. Nossas responsabilidades para com os amigos são de companhia, cumplicidade e amizade real (Provérbios 17:17 / 18:24).

E A IGREJA, ONDE FICA?

ESSA É A PERGUNTA QUE FICOU NO AR! Como organização humana, sujeita as leis da nação onde se estabelece, a igreja entra em último lugar em nossa lista de prioridades. Ohhhhhhh! Suspira você. Para mim a igreja é prioridade! Mas não é! Adoração é prioridade e já estava no coração de Adão e de Eva logo ao serem criados (Gênesis 3:8) e se encontra presente no coração do homem que nasce em Deus! Adão comungava com Deus muito antes que houvesse igreja e isto diariamente! (Gênesis 3:8). Muitos casamentos, famílias e púlpitos estão sendo devastados, arrasados, destruídos, porque o Pastor, ou um dos cônjuges, noivos, namorados, estão colocando a programação da Igreja, com a sua rotina imensa e intensa de atividades, como prioridade maior em sua vida! Eles comparecem a todas as atividades da Igreja de segunda a segunda, todos os meses! Só não têm tempo para si mesmos, para a família, para os amigos e para o próprio Deus! Daqui a pouco eles vão falir! Vão entrar em colapso espiritual! Essas pessoas entraram em uma espécie de ativismo religioso do qual não conseguem mais se dissociar! Se um dos parceiros é descrente, então o efeito é pior ainda! Tais pessoas estão completamente compromissadas com as coisas da Igreja, mas isto não quer dizer que elas estejam mais consagradas, mais envolvidas com Deus. Muitos avivamentos espirituais pereceram porque seus líderes foram levados à exaustão. Pastores há que vão ganhar o mundo inteiro, mas vão perder a sua família! A saída para esses líderes é a delegação de responsabilidades; o levantamento de novos obreiros; o entendimento que nem todos os membros de suas igrejas podem atender a todas as atividades requeridas pelo púlpito e, a criação de um “dia sabático” (de descanso) para os principais líderes da Congregação, incluindo ele mesmo.

Mas Jesus falou que o Reino deve ser buscado em primeiro lugar, afirma você, citando Mateus 6:33, ainda meio impactado com tudo o que falei aqui. Sim, o Reino deve vir em primeiro lugar, mas o Reino não é a Igreja! O Senhor reina sobre os seus súditos desde a criação do mundo! Ele não precisa da Igreja para reinar! O Reino já existia muito antes de a Igreja vir a existir, é universal, não tem aparência exterior e está dentro de nós. A igreja existe a apenas 2 mil anos, sendo portanto, muito recente em nosso tempo. Cristo disse que ia edificar a sua Igreja, mas não mandou ninguém comprar pedra, cimento e tijolos para construí-la! Seus discípulos jamais construíram um só templo que fosse e, apenas na metade do segundo século, no ano 135 d.C, é que se encontraram as ruínas de um templo cristão. Participar das atividades da Igreja é absolutamente importante para o fiel, mas a adoração a ser oferecida a Deus não depende da existência de um templo. A igreja primitiva adorava a Deus nas casas e nas catacumbas, que eram cemitérios cristãos (Atos 2:46). No lugar de morte era celebrada a vida! Já existia adoração muito antes de existir Igreja. Quando os cristãos começaram a construir templos duas coisas ruins também começaram a acontecer: 1ª) o ardor evangelístico arrefeceu; 2ª) eles começaram a competir em suas obras arquitetônicas com os judeus e outros grupos cristãos. No quarto século, em 313 d.C, com Constantino, a igreja já era um poder político e foi estatizada! Quando Cristo criou sua Igreja, a família humana que Ele criara junto com o Pai e com o Espírito Santo, já se encontrava constituída.

CONCLUSÃO

Aprendemos com esta palestra que Deus deve tomar o lugar mais importante de nossa vida, pois tudo o que temos veio Dele. Devemos, pois adorá-Lo por Ele nos ter permitido existir. Pelo trabalho, pelo desejo ardente de aprender. Por nosso companheiro, filhos, parentes e amigos. Adoremo-Lo por tudo e pela sua Igreja. Mas não nos esqueçamos que tudo tem o seu lugar devido, a sua respectiva posição hierárquica. Vamos, pois, priorizar as coisas corretamente e desenvolver com elas um círculo amoroso de responsabilidades. Fazendo assim, nossa vida certamente se tornará mais fácil, mais controlada e também mais feliz.

Deus abençoe a todos!

Caso seja do interesse de meu prezado leitor discutir mais sobre o assunto, envie-me seus comentários, questionamentos, sugestões, críticas e, quando houver, possíveis elogios.

[1] João Korps – Pepitas de Ouro -

[2]  Miltom Nascimento – Amigo -

II. A Teoria das Almas Gêmeas

 

Palestra II

A TEORIA DAS ALMAS GÊMEAS

Estudo elaborado pelo Pastor Olívio em novembro de 2010 e revisado em março de 2012, em Realengo, no Rio de Janeiro

INTRODUÇÃO

Antigos rabinos observaram que, ao criar Deus o homem, formou um boneco do pó da terra e soprou em suas narinas o fôlego da vida. Então o homem foi feito alma vivente (Gênesis 2:7). Quando foi criar a mulher, porém, Deus não tornou a formar outro boneco e a soprar novamente em suas narinas o fôlego da vida como fizera com o homem, mas tomou uma de suas costelas e a partir daí fez a mulher (Gênesis 2:18-25). A mulher era outro ser, tirada de dentro do homem, mas não lhe fora criada nenhuma outra alma. Segundo esses rabinos isto aconteceu porque a alma da mulher fora tirada da alma do homem. Elas estavam habitando corpos diferentes, de sexualidades diferentes, mas eram uma só. Eles passaram então a afirmar que todo ser humano completo, integral, inteiro, possui uma alma gêmea – uma contendo um princípio masculino e outra contendo um princípio feminino. Com a disseminação da raça humana pelo mundo e o advento do pecado, o homem e a mulher perderam a capacidade de reencontrar a sua alma parceira, a sua alma gêmea. Como conseqüência disso ambos passam agora pela vida procurando a sua outra metade, aquela outra parte que o plenificaria e o deixaria feliz, mas que dificilmente será encontrada. As muitas aventuras sexuais do homem e da mulher, antes e depois do casamento, seriam o reflexo dessa sua busca infindável pelo verdadeiro amor.

Sendo verdadeira ou não essa teoria que, cá prá nós, e belíssima, o certo é que a maior parte de nós não é completa nem conjugalmente, nem sentimentalmente e nem ainda sexualmente. A mor parte de nós até consegue viver casados, e bem casados, por muitos e muitos anos, mas interiormente, muitos de nós continuamos sedentos e famintos pelo amor verdadeiro. Vez ou outra encontramos um casal do qual dizemos ser “um a alma gêmea do outro”, mas isto é uma raridade, quase não acontece em toda uma vida. Creio conhecer dois casais dos quais eu poderia afirmar serem assim, mas não mais do que estes, e eu já estou com mais de sessenta anos de vida.

Vamos examinar algumas coisas na criação do primeiro casal humano a fim de ver se podemos extrair alguma coisa que possa nos ajudar a encontrar a pessoa certa para nosso relacionamento e, se já somos casados, para fortalecer o nosso casamento. Para tanto vamos examinar o texto de Gênesis 2: 18-25 que narra a criação da mulher e do primeiro casamento humano.

“(18) Disse o Senhor Deus: Não é bom que o homem esteja só: far-lhe-ei uma adjutora que esteja como diante dele. (19) Havendo, pois, o Senhor Deus formado da terra todo animal do campo, e toda a ave dos céus, os trouxe a Adão para este ver como lhes chamaria; e tudo o que Adão chamou a toda a alma vivente, isso foi o seu nome. (20) E Adão pôs os nomes a todo o gado, e às aves dos céus, e a todo o animal do campo; mas para o homem não se achava adjutora que estivesse como diante dele. (21) Então o Senhor Deus fez cair um sono pesado sobre Adão, e este adormeceu; e tomou uma das costelas, e cerrou a carne em seu lugar; (22) E da costela que o Senhor Deus tomou do homem, formou uma mulher; e trouxe-a a Adão. (23) E disse Adão: Esta é agora osso dos meus ossos, e carne da minha carne; esta será chamada varoa, porquanto do varão foi tomada. (24) Portanto deixará o varão o seu pai e a sua mãe, e apegar-se-á à sua mulher; e serão ambos uma carne. (25) E ambos estavam nus, o homem e a sua mulher; e não se envergonhavam.”

FINALIDADE DA CRIAÇÃO DA MULHER

Deus fez a mulher para ser a companheira do homem (vs.18,20). Havia uma necessidade real de se criar um ser para fazer companhia ao homem. Todos os animais tinham a sua companheira, mas o homem estava só. E Deus disse que aquilo não era bom! E quando Deus diz que algo não é bom, então esse algo não é bom mesmo! Quando um homem fica sozinho se torna ranzinza, excêntrico, cheio de vícios e esquisitices. A mulher foi criada para ser companheira do homem, a parceira do homem, a amiga do homem e não ser substituída pelo computador, pelo cachorro, pelos amigos do trabalho ou do futebol. O dicionário define companheira como “a que acompanha, a que anda junta”, o que significa dizer que onde o marido estiver a mulher também tem que estar presente! Se não prestarmos atenção a nossa mulher e lhe dermos a nossa companhia, outros a darão, com certeza! Foi exatamente isto que aconteceu com Eva. O Diabo deu atenção a ela, conversou com ela, papeou com ela, e no final de todo aquele papo, a raça caiu! Dizemos que tudo foi culpa da mulher, de Eva, mas onde estava Adão quando o Diabo estava papeando com a sua mulher?

SUA CONFIGURAÇÃO

Foi uma mulher que Deus tirou de dentro do homem e não outro homem, um animal ou um objeto (v.22). Seu desejo sexual foi direcionado para ela e não para algum animal ou objeto. Adão compreendera essa diferença e dissera que o homem deveria se apegar a mulher e se tornar um com ela (v.24). Sei que hoje há muitos tipos de relacionamentos diferentes do indicado aqui pela Bíblia, mas sei também que nem tudo o que é legalmente aceito é moralmente correto diante de Deus. Se você estiver interessado em encontrar a sua alma gêmea, ter um casamento feliz e dentro dos padrões bíblicos, deverá encontrar uma pessoa de sexualidade diferente da sua para amar e constituir com ela uma família e não outro ser de sexualidade igual. É apenas com este tipo de relacionamento sexual que o homem se sente inteiro, íntegro, diante de Deus e não sente em sua consciência estar fazendo algo errado (v.25).

A mulher era humana, como Adão, mas era diferente dele (v.23). Fora feita do corpo dele, da carne dele, e ainda assim era diferente dele! Não só fisicamente, mas comportamentalmente também. Ele era dado à força e à razão. Ela era mais sensível, possuía graça e feminilidade. Apesar de ser mais frágil, agüentava mais a dor física (3:16). Veja ainda 1ª Pedro 3:7. Tudo nela fora feito para atrair o homem e despertar nele o desejo sexual para a procriação (1:27,28). Sua curiosidade era maior que a do homem. A serpente chamou-lhe a atenção, mas não a do homem (3:1). Seu pragmatismo, senso de estética e desejo de ter entendimento das coisas (qualidade moral do conhecimento) também eram mais apurados que os do homem (3:6). Hoje entendemos, pela Psicologia, que a mulher é mais intuitiva, enquanto o homem é mais racional. Ela é mais o que ouve, enquanto o homem é mais o que vê. Esta foi a razão de o Diabo ter procurado a mulher para conversar e não o homem. Este ficaria debatendo sobre coisas com o Maligno em um discurso interminável e o Maligno não desejava isso.

A mulher era outro ser humano. O homem cedera o material para a formação da mulher, mas ela fora formada fora dele! Deus não a fez dentro do homem e depois a tirou inteira, pronta, acabada. Não! O texto diz que Deus tomou uma das costelas de Adão e cerrou a carne em seu lugar. Desta costela tomada, fora do homem, é que Deus fez a mulher (v.22). Que aprendemos com isso? Que ao mesmo tempo em que a mulher é parte do homem, ela é outro ser totalmente diferente dele, possui vida própria, individualizada, e deve ser por todos respeitada como um ser humano igual, mas autônomo!

LOCAL DE ONDE A MULHER FOI TIRADA

A mulher saiu de dentro do homem (v.21). Já falamos um pouco disto acima, mas o que eu quero enfatizar aqui é que se você quiser acertar na escolha de sua parceira ou parceiro ele tem de “sair de dentro de você”, gostar das mesmas coisas que você gosta e rejeitar as mesmas coisas que você rejeita! Se vocês possuem gostos muito contrários, totalmente desconexos, dificilmente as coisas darão certas. O que estava dentro de um passou agora a fazer parte do outro!

A mulher foi tirada do lado do homem (v.21) Agostinho, um dos pais primitivos da Igreja fez um comentário belíssimo acerca disso. Ele disse: “Deus tirou a mulher do lado do homem; não de sua cabeça para esta o comandar; nem ainda de seus pés para este a pisar; mas tirou-a de seu lado para este a proteger e a amparar, e do lado do coração para este a amar”. Um ditado popular diz que “por trás de um grande homem sempre existe uma grande mulher”, mas biblicamente ele está errado, pois é “ao lado de um grande homem que sempre encontramos uma grande mulher”. A mulher não foi feita para ficar atrás do homem, nem na sua frente, mas ao seu lado.

Para tirar a mulher de dentro do homem Deus teve de feri-lo (v.21). O que isto significa? Significa que para você conseguir o seu par perfeito, certamente você passará por algum sofrimento. Sofrimentos do coração, apertos da alma, saudades, ciúmes, oposições, desejos não cumpridos. Tudo o que provoca dores sentimentais e que querem distanciá-lo de seu grande amor. Não aceite um amor que venha muito fácil. O que vem fácil, também vai embora fácil.

Ao tirar a mulher do lado do homem Deus estava nos ensinando que o ser humano completo é constituído de uma parte racional e de outra

sentimental. Se fosse possível deixar o homem escolher uma companhia para si este possivelmente escolheria outro homem e não uma mulher. Este outro homem o ajudaria a cuidar melhor do Jardim, dos animais e ambos falariam dos gostos comuns. Ele seria tirado de sua cabeça e não de seu peito! Este homem teria mais força de trabalho, mas não seria completo. O ser humano completo precisa de razão e de sentimentos. A cabeça comanda o corpo, mas o coração comanda a alma. O amor não é racional, não é um sentimento pensado. Ele não deve procurar suas razões em fórmulas e teoremas.

O TEMPO QUE DEUS CRIOU A MULHER

A primeira coisa que Deus fez ao criar a mulher foi colocar o homem para dormir (v.21). Uau! Eu me espantei quando recebi esta revelação do Espírito! Por que foi que Deus fez isto? Porque Ele não precisava do palpite de ninguém em sua obra e se o homem ficasse acordado iria querer palpitar o tempo todo sobre a obra de Deus: “Bota mais um pouquinho de seios nela”, “faz ela com nádegas bem grandes”, “não faz ela muito inteligente não”, e por aí vai. Querido, sua mulher é o melhor de Deus para você, e você não deve ficar procurando defeitos na obra perfeita de Deus para justificar os seus próprios erros e vícios. Apenas a ame e a respeite e terá tudo aquilo que deseja. O que for da alçada divina, peça ao Criador para fazê-lo.

O sono induzido por Deus no homem nos ensina que Deus faz as coisas sempre dentro de seu tempo (v.21). A necessidade era de Adão. O tempo era de Deus. Primeiro Deus observou que o homem estava solitário, então, no tempo certo, no tempo adequado, Ele formou uma mulher para Adão. Ele olha as suas necessidades de ter uma companheira, um bem-querer. No tempo certo ele a trará. Não se antecipe e não faça besteiras. Aguarde em Deus e Ele te abençoará exatamente como fez com Isaque, filho de Abraão (Gênesis 24).

CASAMENTO DO PRIMEIRO CASAL HUMANO

Foi Deus mesmo quem trouxe a mulher para Adão (v.22). Depois de fazer a mulher, Deus a trouxe a Adão. Ela não ficou jogada no Jardim ou misturada com os animais. Ela era especial e superior àqueles. Adão não teve sequer de ir procurá-la. Deus mesmo a trouxe até ele, pois que era o maior interessado em que aquele relacionamento desse certo! Assim deve acontecer nos dias de hoje. Deus sabe onde está a nossa Eva (v.24) ou a nossa Rebeca (Gênesis 24). Se orarmos neste propósito Ele, certamente nos mostrará onde está aquela que virá a ser a nossa companheira.

Deus trouxe apenas uma mulher para Adão (v.22). Os homens não gostam muito quando o Pastor Olívio chega a esta parte do estudo, mas as mulheres se sentem bastante aliviadas! O fato de Deus ter trazido apenas uma mulher para Adão fala de fidelidade e de necessidade. Não precisamos de muitas mulheres para sermos felizes apenas de uma, desde que seja a certa. Adão e Eva falharam em muitas coisas, mas a Bíblia não registra nenhuma traição conjugal entre eles. Quando se encontra a pessoa certa um amor pode resistir ao tempo, a perda da formosura e as agruras da vida (Gênesis 5:5). Exemplo semelhante de fidelidade podemos encontrar na mulher de Jó (2:9 / 42:10-13). A bigamia começou com Lameque, descendente de Caim (Gênesis 4:17-19) e ele não foi mais feliz por causa disto. Suas declarações são cheias de vanglória e de perversidade (4:23,24).

È o homem quem casa com a mulher e lhe dá casa (v.24). O inverso não é verdadeiro. A Bíblia diz que é o homem quem deve deixar a casa dos pais, se apegar a sua mulher e se casar com ela (v.24). Isto ensina que os filhos não são propriedades dos pais, que eles possuem vida própria, e que devem começar sua vida de responsabilidade constituindo sua própria família. Seus pais já têm a sua, agora os filhos precisam ter a deles.

Ninguém que casa deve pensar em separação (v.24). Quem se separa divide carnes (coisas exteriores) e ossos (coisas interiores, estruturais) que foram unidos por um ato divino (coisas espirituais). Ambos haviam se tornado uma só carne (v.24) e a separação que, por acaso, o casal agora pretenda fazer trará muito sofrimento e dor, tanto ao casal quanto aos filhos, se estes já os tiverem. Ninguém jamais deveria se casar pensando em que se não der certo vai se separar, pois o simples ato de pensar assim cria esta possibilidade na mente, produz uma fissura na relação e prepara o relacionamento para o fracasso.

RELACIONAMENTO DO CASAL

Quem casa, acasala (v.25) Este é o objetivo do casamento. Ninguém deve casar para ser apenas companheiro de seu cônjuge, ficar vendo televisão juntos, visitando parentes ou indo a shoppings. Isto tudo é muito bom e importante, mas sempre haverá alguém que poderá fazer estas coisas conosco. Quanto a fazer sexo e a ter intimidades só nós poderemos fazer com o nosso cônjuge. Este é o sentido do “estar nu” diante do outro. Se alguém que você ama e deseja está nu diante de você o dia inteiro e você quer fazer sexo com ele, qual é a hora certa para isto? Não se negue ao seu parceiro nem invente coisas para não se dar a ele! Veja o conselho de Paulo em 1ª Coríntios 7:4-5. O sexo é a experiência mais prazerosa do ser humano e foi instituído por Deus para nossa felicidade.

Quem casa em pureza sexual tem uma base mais forte para viver em fidelidade (v.25) – É isto o que “estar nu” também quer significar. Nem Adão nem Eva tinham tido experiências sexuais antes do matrimônio, celebrado por Deus. Ambos eram puros, intocados, mas não assexuados. Deram sua pureza um para o outro. Não levaram para o casamento experiências sexuais cometidas com nenhum outro ser antes. Com isto, conseguiram viver uma história de amor e de fidelidade conjugal que durou quase um milênio (Gênesis 5:5). Nossas aventuras amorosas anteriores ao casamento atuam como referências comparativas de desempenho de nosso parceiro, nos envergonham diante do outro e servem para enfraquecer o nosso desejo de fidelidade.

Quem casa não esconde segredos (v.25). O “estar nu” diante do companheiro e não se envergonhar também fala disto. Nosso cônjuge deve ser exatamente como aparece, sem máscaras, segredos ou fingimentos. Não possuir nada para ocultar, esconder, abafar. Ninguém deve pretender ser feliz levando uma vida conjugal cheia de segredos, de mistérios, de enigmas. Vamos partilhar nossos segredos com nosso companheiro e fortalecer assim o nosso relacionamento com confiança e verdade.

CONCLUSÃO

Desejo transportar agora todas as coisas que aprendemos sobre a criação da mulher e sobre o casamento do primeiro casal humano para Jesus e sua futura esposa, a Igreja, e ver qual a grandeza dessas coisas e a consistência do registro bíblico: Cristo estava só no universo, o Jardim criacional de Deus, sem alguém que lhe servisse de companheira. No tempo próprio, Deus lhe fez uma mulher, que saiu de dentro Dele, do lado de seu coração. Para fazer isso, o Senhor teve de feri-Lo, mas Cristo aceitou o sofrimento “sem anestesia” pelo amor que tem a sua Noiva. O Senhor a trouxe pessoalmente para Jesus, pois apenas ela é que se tornará á sua esposa querida. Jesus se casará com a Igreja e lhe dará um lugar todo preparado para ambos viverem juntos. Ele jamais vai querer se separar dela, ao invés disso, vai dividir todos os seus bens e segredos com ela e manter comunhão marital com a mesma por toda a eternidade. Amém!

“O Espírito e a esposa dizem: Vem. E quem ouve, diga: Vem. E quem tem sede, venha; e quem quiser, tome de graça da água da vida” (Apocalipse 22:17).

Deus abençoe a todos.

Caso seja do interesse de meu prezado leitor discutir mais sobre o assunto, envie-me seus comentários, questionamentos, sugestões, críticas e, quando houver, possíveis elogios.

 

 

 

I. A Indestrutibilidade da Família

 

Palestra I

A INDESTRUTIBILIDADE DA FAMÍLIA

Estudo preparado pelo Pastor Olívio em Realengo, no Rio de Janeiro, em novembro de 2010 e revisado em fevereiro de 2012

INTRODUÇÃO

Nunca a Igreja do Senhor presenciara um ataque tão profundo, tão intenso e tão maligno como o desencadeado em meados do século passado e começo deste século; a juventude mundial mergulhou de cabeça nas drogas; a criminalidade e o terror tomaram conta de nações inteiras; doenças desconhecidas vitimaram milhões de pessoas e de animais; catástrofes naturais destruíram populações inteiras; o planeta em que vivemos se aproximou da destruição iminente; a clonagem humana e a reprodução de órgãos surgiram como coisas plausíveis; o controle total dos humanos tornou-se uma possibilidade; os avanços científicos se tornaram tão mirabolantes que fizeram a realidade até parecer ficção. Como se não bastasse tudo isso as mudanças sociais chegaram e adentraram, sem respeito algum, os portais sagrado. A liberdade de expressão sexual colocou gays à frente de igrejas, enquanto milhares de sacerdotes, acusados de pedofilia, assustavam comunidades inteiras. Pastores evangélicos, antes adeptos do casamento indissociável, passaram a casar e a descasar com a mesma facilidade que aqueles que antes condenavam. Nas crônicas policiais, o número de “pais-avôs” de suas próprias “filhas-netas” e de irmãos incestuosos, que se relacionavam sexualmente entre si, não cessavam de aumentar e as clínicas de aborto exponenciavam os seus lucros através de novas técnicas de matar infantes.

A reação da Igreja a todos esses problemas, como de costume, foi e sempre é muito tardia, pois que foi ferida em seu calcanhar pela serpente Luciferina e experimenta grandes dificuldades de avançar, de caminhar (Gênesis 3:14,15). Infelizmente a Igreja reage ao invés de agir. Ela é sempre reativa ao invés de pró-ativa. Vai atrás da solução de problemas e de respostas à sociedade tardiamente, quando deveria antecipar-se a estes. Ministérios inteiros, hodiernamente, têm surgido voltados à proteção da família. Cursos especializados em casamentos e noivados se multiplicam por toda a nação. Estudos voltados para a compreensão das transformações familiares estão sendo produzidos aos montes e o Pastor Olívio, como não poderia ficar de fora, também vai analisar com o prezado leitor os problemas da família moderna e tentar ajudar, através de suas Palestras, o máximo de famílias que possa.

A primeira coisa que desejo dizer desde logo, de imediato, antes de adentrar na análise de tais problemas, com o intuito de aliviar pessoas que estão sinceramente se questionando sobre a possível extinção da família, como biblicamente a conhecemos, sobre o seu desaparecimento, sobre o seu aniquilamento, é que NINGUÉM, NEM COISA ALGUMA EM TODO O UNIVERSO, TEM PODER SUFICIENTE PARA DESTRUIR ALGO QUE DEUS TENHA CONSTRUÍDO, E QUE A FAMÍLIA, COMO INSTITUIÇÃO CRIADA POR ELE PARA A FELICIDADE E CRESCIMENTO DO SER HUMANO, JAMAIS SERÁ DESTRUÍDA POR QUEM QUER QUE SEJA!

A FAMÍLIA É INDESTRUTÍVEL! ELA É INVENCÍVEL!

Com o coração de meu leitor agora um pouco mais aliviado, vamos entender qual seja o conceito de família, biblicamente falando.

O CONCEITO BÍBLICO DE FAMÍLIA

Família, biblicamente falando, é uma constelação mínima de três pessoas interligadas biológica, afetiva e espiritualmente, cada qual desempenhando um papel diferente, que pode ser o de pai, de mãe ou de filho. O papel do pai é sempre realizado por um homem, o da mãe sempre realizado por uma mulher e o do filho, por homem ou mulher, indistintamente, em quantidade não limitada. Nem todos os indivíduos que nascem serão pais ou mães de alguém, entretanto, todos os indivíduos que nascem são filhos de alguém. Nascemos como filhos, mesmo que nunca venhamos a gerá-los. Daí a imensa sabedoria de Deus ao pedir o coração dos filhos para Si e não o coração do pai ou o da mãe, como se encontra em Provérbio 23:26: “Dá-me filho meu, o teu coração”.

Por ninguém já nascer como pai ou mãe, este é um papel que deve ser desejado pelo casal! A não ser assim e teremos a triste aparição do aborto e as formas de violência doméstica, geralmente cometidas contra o filho e a esposa. Deus sempre pretendeu que os filhos fossem trazidos ao mundo através de uma união responsável. O casamento é esta união idealizada por Deus (Gênesis 1:27,28 / 2:18-22). Sendo o relacionamento sexual entre os cônjuges um relacionamento de prazer e de amor, a vida que deste surgirá deverá crescer impregnada de amor, de prazer e de responsabilidade. Toda pessoa que vive sem o esteio de uma família apresentará futuramente problemas nestas três áreas.

Agora, algo interessante a destacar é que um casal não é considerado família enquanto não tiver um filho. É o filho que dá ao casal o status de família! Um casal pode ter muitos servos, parentes e amigos. Sua casa pode viver sempre cheia de gente e o casal gostar de alguém em especial, como se fosse um filho, mas enquanto este não o tiver, será apenas um casal e não uma família. Foi isto exatamente o que aconteceu com Abraão. Por não conseguir ter filhos com Sara, que era estéril, esta lhe deu sua serva Agar por mulher. Agar concebeu um filho e permitiu a continuação do nome de Abraão (Gênesis 16). É o filho que permite a perpetuação do nome dos pais. Sem ele, ao morrer o casal, perece também a sua genealogia. Isto é tão forte que, se em uma família, um dos genitores morrer (o pai ou a mãe) e ficar um deles e o filho, estes dois apenas serão considerados família, mas se um casal sem filhos viver cem anos juntos e não tiver um rebento, não será considerado família!

Não sabíamos que Deus era uma família até a encarnação de Jesus Cristo! Já sabíamos que Deus era um ser plural, pois o texto de Gênesis 1:1 traz no seu original “deuses” ao invés de Deus (“no principio criou deuses”), mas não sabíamos quantas pessoas havia dentro Dele, nem ainda como era o relacionamento entre suas pessoas! O Antigo Testamento apontava que uma das pessoas divinas atuava como Pai, mas não um Pai de indivíduos e sim o Pai de um povo, o Pai de uma nação (Oséias 11:1 / Isaías 64:8,9 / Jeremias 31:9). Daí os judeus terem dificuldades em se relacionar com Deus intimamente, como um filho se relaciona com um pai, e sim como o Pai da nação. Quando, pois, Jesus se reportou a Deus chamando-o de “paizinho” (“Aba”, no aramaico, língua falada por Jesus), como se fora um Pai pessoal, particular, individual, quase foi apedrejado pelos judeus! (João 5:16-18). Posteriormente, o AT apresentou uma segunda pessoa, diferente do Pai e que atuava como um emissário, um enviado, conhecido como o Anjo do Senhor que recebia adoração como se fora Deus (Genesis 22:10-17 / Êxodo 3:1-4 / Josué 5:13-15 / Daniel 3:24-25). Mais tarde ainda, temos a indicação de uma terceira pessoa que atuava como um Espírito invisível, com atributos semelhantes ao do Pai e do Anjo do Senhor e que era também chamado de Deus (Isaias 40:12-18).

Todas as indicações bíblicas eram de que estas pessoas divinas eram em número de três, mas não conhecíamos o relacionamento entre elas e se de fato eram só três (Gênesis 18:1,2 / Números 6:24-27 / Isaías 6:1-3). Isto porque o Antigo Testamento não fala nada sobre Trindade, por não existir esse termo nos originais bíblicos e ainda por ser esta uma doutrina de origem pagã. Com o advento de Jesus Cristo ficamos sabendo que Deus é sim, um ser tripessoal, isto é, constituído por 3 pessoas, que se relacionam entre si como uma família! Cristo é chamado de Filho de Deus e, se alguém é filho, então possui um Pai e uma Mãe! Isto levou alguns teólogos primitivos a afirmarem que Jeová era o Pai, Jesus Cristo era o Filho, e o Espírito Santo era a Mãe. Em termos de papel a ser desempenhado pelas pessoas divinas, de função a ser exercida por cada uma delas, isto até que tinha o seu sentido, mas como Deus não possui sexualidade por ser espírito, este não é um argumento procedente. No batismo de Jesus as três pessoas da Divindade se manifestaram e tornaram conhecidas as suas funções divinas (Mateus 3:16,17 / João 1:32-34).

O PAPEL DE CADA MEMBRO DA FAMÍLIA

Ao descobrirmos que as Pessoas Divinas se relacionavam entre si como se fora uma família, tomamos conhecimento do quanto de honra, de privilégio, e de dignidade o Senhor cobrira a família humana! Éramos exatamente como Ele é em nossa diminuta organização, ou pelo menos deveríamos ser em nosso viver comum! Cada função que as pessoas divinas desempenhavam na Trindade, deveria também ser replicada em nossa família respectivamente, como seja:

  • O Pai, como o tomador das decisões que envolvem a família, o provedor da casa, e o responsável pela sua segurança;

  • A Mãe, como a apoiadora do marido e a educadora dos filhos;

  • O Filho, como o realizador das coisas dos pais, o operador das tarefas.

A Bíblia diz que Deus Pai tomou a decisão de enviar o seu Filho Jesus para operar a salvação dos homens no poder e na obediência do Espírito Santo. O Pai decidiu, o Espírito Santo orientou e o Filho obedeceu e realizou.

Esta grande honra foi demonstrada por Deus quando da criação dos primeiros seres humanos. A multiplicação dos seres humanos foi programada para acontecer observando-se o sistema de constituição de famílias. Não era uma mera reprodução sexual descompromissada, instintiva, como acontecia com os animais. Para eles Deus ordenara apenas que se reproduzissem, mas ao prescrever sobre a reprodução humana Ele trouxe a mulher que criara de Adão para Adão que profetizou que o homem deixaria a sua casa e se uniria a sua mulher, tornando-se uma só carne com ela (Gênesis 2:18-24). Somente após estes acontecimentos é que o homem se relacionou sexualmente com a sua companheira. Com isto, todo ser humano que nasce traz consigo o direito inalienável de saber quem são os seus pais e de se desenvolver dentro de um ninho de aconchego e de proteção chamado família! Se enchermos nossos filhos de amor, alegria e responsabilidade, quando eles forem constituir suas famílias, também as encherão dessas virtudes e assim por diante. O inverso também é verdadeiro. Podemos passar ódio a nossos filhos e estes a seus filhos e assim por diante, infernizando todos ao redor. Em cada ato que um ser humano pratica, quer seja este de bem ou de mal, nós todos temos uma parte de responsabilidade, pois que ele faz parte de nossa raça, de nossa humanidade, de nossa família. O que vamos fazer sobre isso?

A vinda de Cristo à Terra também demonstrou a grande honra que fora colocada sobre a família! Cristo não veio isolado, individualizado, como se não precisasse de ninguém, mas veio como todos os humanos vêm ao mundo – dentro da barriga de uma mulher e através do dolorido parto! (Lucas 2:1-7, 21-24). A mais antiga profecia sobre como Ele viria ao mundo apontava para o nascimento por intermediação de uma mulher (Gênesis 3:15). Isto nos ensina que toda vez que Deus quer falar ou fazer alguma coisa grande, que afete toda a raça, Ele se utiliza de famílias! E Ele está contando com a minha família e com a família do meu prezado leitor para atingir todo o planeta com a mensagem de salvação do Evangelho!

Não somos iguais aos anjos e outros seres universais que são criados um a um, individualmente, sem pai nem mãe, que não se reproduzem, não geram filhos, possuem um número fixo que não pode ser ultrapassado, e são constituídos em hostes, falanges, milícias. Somos seres gerados por seres iguais a nós e também geramos seres semelhantes a nós. Podemos ter, como humanos, dois ou mais filhos em uma gravidez apenas! Somos constituídos em espécie e não em categorias o que quer dizer que podemos transmitir características físicas e mentais para nossos descendentes. Se eu consigo a salvação de minha família (esposa e filhos) e estes filhos conseguem a salvação das suas (esposas e filhos) e assim, sucessivamente, toda a raça humana pode ser atingida pelo Evangelho (Atos 16:31). Este é o maior programa de evangelização já idealizado por Deus para o ser humano! Todos evangelizando todos, sem sair de casa e fazendo de cada integrante familiar um evangelista! Entretanto, quantos de nós estamos interessados em salvar a nossa casa?

A família é o bloco social mais forte encontrado no mundo. Ela é a menor estrutura social existente, possuindo apenas três elementos, o que a configura como uma trindade e ainda como um triângulo, a menor de todas as estruturas matemáticas. Isso dá a ela uma força de integração enorme, pois quanto menor o alvo, mais difícil de ser atingido e mais fácil deste se defender. A Trindade de Deus é extremamente unida, coesa, compacta. Todos defendem todos. Ninguém se sobrepõe aos demais. Isto pode ser visto em Mateus 28:19, onde Cristo ordena batizar os novos discípulos “em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo”. As pessoas citadas são três, mas o nome é um só! Também no texto de 1ª João. 5:7 se diz que “três são os que testificam no céu: o Pai, a Palavra (o Filho) e o Espírito Santo e estes três são um”.

Cada membro da família deve desenvolver um relacionamento específico para com os demais membros a fim de manter a família forte. O marido deve amar a esposa e, como pai, orientar o filho nas sendas da vida; a mulher deve ser apoio ao marido e como mãe, cuidar da educação de seu filho; e o filho deve honrar e obedecer tanto ao pai como a mãe (Efésios 5:22-33). Não é o pai que deve obedecer ao filho nem ainda a mãe. Isto compete ao filho! Não é o filho quem deve apoiar o pai nos problemas familiares e sim a mãe! O filho não é obrigado a amar os pais e sim dar-lhes honra e prestar-lhes obediência. Por ser o amor uma força contagiante, deve vir de cima como exemplo a ser seguido.

Toda família deve ter projetos familiares e trabalhar sempre unida. Como na Trindade Divina cada pessoa é responsável por uma determinada função, mas, uma vez estabelecido o plano para a realização de algo, todas pessoas participam do mesmo, ajudando aquela que ficou como responsável direta pela realização de determinada tarefa a levá-la a bom termo. Assim é que na criação, obra atribuída a Deus Pai (Gênesis. 1:1), encontramos a participação do Filho (João 1:1-3,10) e do Espírito Santo (Gênesis 1:2 / Salmo. 104:30). Na salvação, obra atribuída ao Filho, encontramos a participação do Pai (João. 3:16) e do Espírito Santo (João. 16:7-15). Na santificação, obra atribuída ao Espírito Santo, vemos a ação de Deus, o Pai (Levítico 11:44,45) e de Deus, o Filho (Hebreus 2:10,11 / 9:13,14), e assim por diante. Devemos trabalhar em conjunto e jamais perdermos contato. Nunca nenhum membro da Trindade foi encontrado sozinho, fazendo algo sozinho, que os demais não participassem. Os demais membros sempre estavam por perto, um auxiliando os outros!

Toda família humana deve começar com o Senhor e tê-Lo como membro principal. Foi assim que aconteceu no Éden (Gênesis 2:22) e é assim que as coisas devem acontecer. Deus deve fazer parte de todas as famílias da terra a fim de poder orientá-las em seus projetos e defendê-las dos muitos ataques a que estão sujeitas, os quais elas não vêem e nem sabem como se defender. Isto, claro, não as livraria de todos os problemas, mas as livraria da falência social e espiritual!

O PORQUÊ DA INDESTRUTIBILIDADE DA FAMÍLIA

Se o prezado leitor fizer tudo o que lhe foi ensinado nesta Palestra poderá salvar a sua família? NÃO, NÃO PODERÁ, mas estará fortalecendo-a e capacitando-a melhor a enfrentar o mal. A família adâmica fracassou tendo tudo para não fracassar e milhões e milhões de famílias tementes a Deus fracassam, tendo em vista Deus não estar trabalhando com robôs e sim com seres livres, autônomos, soberanos. Se só podemos salvar nossas famílias pela permanência nos conselhos de Deus, como então poderemos livrar as famílias da igreja e da sociedade, em geral, da destruição? NÃO PODEMOS! NINGUÉM PODE! Igrejas não podem! Pastores não podem! Anjos não podem! Palestrantes, como o Pastor Olívio, não podem! Apenas Deus pode fazê-lo! A base da indestrutibilidade da família está naquilo que foi anunciado no início desta Palestra, qual seja: em que ela foi construída por Deus (Gênesis 1:27,28 / 2:21-24) e nada do que Deus constrói pode ser destruído! Não existe força no universo capaz de destruir algo que Ele tenha criado!

  • Ele criou o homem e este jamais será destruído (Gênesis 1:27 / 2:7 / Atos 7:55,56). Mesmo que todos os homens fossem destruídos ao ponto de não sobrar nenhum, ainda assim teríamos um exemplar deste no céu e Deus poderia reconstruir toda a raça humana a partir deste modelo – o Senhor Jesus Cristo!

  • Ele criou o casamento entre pessoas de sexo diferente e este jamais será destruído (Gênesis 2:22-25). O texto diz que o homem deixará a sua casa, a sua parentela, e se unirá a sua mulher, a sua fêmea, a sua consorte! Enquanto houver homens e mulheres no mundo o casamento existirá!

  • Ele criou a Igreja e esta jamais será destruída (Mateus 16:18 / Apocalipse 19:7,9 / 21:9,10). Enquanto houver um fiel que tenha sido “tirado do mundo para fora” (Colossenses 1:13) e “transportado das trevas para a sua maravilhosa luz” (1ª Pedro 2:9) existirá Igreja, pois Jesus ensinou que Deus não habita em templos feitos por mãos humanas e sim dentro de cada um de nós!

CONCLUSÃO

Mesmo que uma catástrofe mundial ocorresse no planeta ao ponto de aniquilar todos os seres humanos, ao ponto de não sobrar nenhum de nós, destruindo hipoteticamente toda a raça humana com as suas instituições divinas, como a família, o casamento e a igreja, ainda assim estas poderiam ser reconstruídas em Cristo, tudo poderia ser reconstruído a partir Dele. O único modelo de homem existente em todo o universo continuaria vivo e preservado em sua inteireza no céu, lugar onde o ladrão não penetra e a traça não entra e corrói (Mateus 6:19,20). A exemplo do que Deus fez com Adão, Este poderia colocar Cristo para dormir um sono profundo e de uma de suas costelas, retirar uma nova mulher e começar com ela uma nova família, e todos participarem juntos, de uma poderosíssima e santa igreja!

Lancemos, pois, fora todo o temor de vermos nossas famílias destruídas e o casamento aniquilado! Vamos glorificar ao Senhor pelo cuidado que Ele tem de nós!

Deus abençoe a todos.

Caso seja do interesse de meu prezado leitor discutir mais sobre o assunto, envie-me seus comentários, questionamentos, sugestões, críticas e, quando houver, possíveis elogios.