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V. Deveres do Rebanho em Relação ao Levantamento de Líderes

 

Palestra V

DEVERES DO REBANHO EM RELAÇÃO AO LEVANTAMENTO DE LÍDERES 

Estudo elaborado pelo Pastor Olívio em Realengo, no Rio de Janeiro, em maio de 2011 e revisado em maio de 2012

INTRODUÇÃO

Desejamos examinar nesta palestra quais os deveres do rebanho em relação a eleição de Líderes e Obreiros, tendo em vista que tais Líderes e Obreiros serão levantados para dirigi-lo. Como deve o rebanho se comportar com relação a essa questão? As Escrituras estabelecem algum princípio para isto? Se sim, quais são eles?

Destacamos seis princípios bíblicos para nossa apreciação, quais sejam:

Reconhecer que a Seara é realmente grande!

Esta foi a primeira coisa que Jesus falou para os seus discípulos sobre a seara: que ela era realmente grande! (Mateus 9:37). Ele, que era o próprio Filho de Deus encarnado, se admirou da extensão da seara! Observe, prezado leitor, que quando Jesus falou isso para os seus discípulos, Ele ainda não os havia chamado para serem os seus apóstolos, o que quer dizer que a sua orientação era para ser observada por todos os discípulos presentes, por todo o seu rebanho, e por tantos quantos mais viessem a ser assim constituídos. Mas o que queria exatamente Jesus dizer com seara? Qual a amplitude, a abrangência, o alcance deste termo em sua mente? Seria o seu campo de trabalho na Judéia, na Galiléia, ou no Israel inteiro? A resposta a essa pergunta é maior do que se pode imaginar e pode ser encontrada na explicação da Parábola do Joio, narrada por Jesus em Mateus 13:36-43. Ali, Ele afirma que a seara, ou seja, o campo de semeadura na qual o joio foi plantado, junto com a semente boa, é o mundo. Este era o tamanho da seara a que Ele estava se referindo! È possível que digamos que nosso campo de trabalho é muito pequeno, não indo além das fronteiras de nossa igreja ou de nosso bairro, mas a verdade é que o nosso campo de trabalho começa sempre pequeno, exatamente a partir do local onde estivermos inseridos, e deve ser desenvolvido como se pretendêssemos alcançar todo o mundo! (Atos 1:8). Mesmo que nunca consigamos passar dos limites de nosso bairro, devemos trabalhar como se o mundo inteiro dependesse de nosso trabalho! (Salmos 2:7,8 / Isaías 42:1-3 / Zacarias 4:10). A não ser que a igreja tenha essa visão, estaremos sempre olhando para o nosso próprio umbigo e dizendo que só somos responsáveis pelas pessoas de nossa localidade.

Reconhecer que os ceifeiros são poucos

Esta foi a segunda coisa que Jesus falou sobre a seara: que os ceifeiros eram poucos (Mateus 9:37). E porque eles eram, e são ainda tão poucos, estão sempre muito cansados pelo excesso de trabalho. Seu diminuto número quase nunca lhes permite realizar bem a tarefa proposta e atingir as metas maiores estabelecidas pela Liderança. Acho por demais interessante que o Cristo não reclamou da quantidade de discípulos existentes na seara, que chegavam aos milhares (Mateus 9:36,36), mas sim da falta de ceifeiros encontrados nela! É sempre assim: as igrejas estão abarrotadas de crentes, de discípulos de Cristo, mas vazias de Obreiros, de trabalhadores para Deus. Isto se torna uma coisa extremamente grave quando pensamos que todos os crentes receberam dons especiais para desenvolverem bem o seu trabalho (1ª Coríntios 12:7-11) e o poder do Espírito Santo para realizá-lo em vitória (Tito 3:5,6). A serpente Luciferina realmente picou o calcanhar da mulher no Éden (Gênesis 3:15) e esta não consegue mais fazer as coisas com diligência, nem tampouco cumprir sua tarefa maior de evangelizar o mundo sem sentir muita dor, deslocar-se com muito esforço e livrar-se de manquejar. Se é verdade que as boas obras não salvam ninguém, que proveito se tirará de uma fé que nada produz? (Tiago 2:14-26).

Orar para que Deus Levante Obreiros!

Até aqui Jesus estava tratando conosco apenas na área do reconhecimento das coisas. Ele estava falando apenas dos problemas da seara, mas agora Ele vai trabalhar com a parte prática da solução do problema. O Mestre já havia dito que a seara era realmente grande e que poucos eram os ceifeiros para trabalharem nela, mas agora Ele vai nos dizer o que fazer para suprir essa deficiência, para suprir essa falta: ORAR! Esta foi a primeira coisa que o Mestre Jesus ensinou. Segundo a sua orientação, todos aqueles que tiverem falta de obreiros em sua seara, devem solicitar a Deus para enviá-los (Mateus 9:38). Só que esta solicitação deve ser feita através de um tipo incomum de oração, um tipo de intercessão não muito usual. Ela é bastante diferente das nossas orações auto-satisfeitas, egoísticas, de “barriga cheia”: ela é um rogo, uma súplica, uma oração de desespero. Só consegue orar assim quem já se apercebeu das dificuldades trazidas pelos dois estágios acima destacados. Daí Jesus tê-los mencionados antes de entrar nesta parte prática. Somos impelidos a crer, por esta orientação do Senhor Jesus, que não temos Obreiros suficientes e com qualidade em nossa seara porque não estamos orando para tê-los ou, se já estamos orando e não alcançamos ainda a vitória, que podemos estar orando de maneira errada (Jeremias 29:13 / 33:3).

Entender que Deus mesmo é o Senhor da Seara

Por duas vezes o Senhor Jesus disse, em um pequeníssimo verso do Evangelho de Mateus, que Deus mesmo é o Senhor da seara (Mateus 9:38). Ele estava nos ensinando que a nossa preocupação sobre ter ou não Obreiros não deve ser maior do que a preocupação de Deus em enviá-los – se é que se pode dizer que Deus tenha preocupação por alguma coisa!  A seara é Dele, pertence a Ele, é propriedade Dele. É, pois, responsabilidade Dele suprir a sua seara do que quer que ela venha a precisar. A nossa é apenas de orar. A resposta do Senhor para nossas súplicas mostrará exatamente qual é a configuração que Ele deseja que a nossa igreja (seara) tenha. Se eu rogo a Deus com meu rebanho por Obreiros e Ele só me manda gente que gosta de orar, é porque Ele deseja que minha Igreja seja uma igreja intercessora. Então eu devo investir nisso, nesse ministério! Se eu oro para Ele me mandar Obreiros e Ele só me manda gente que gosta de evangelizar, certamente a minha igreja será uma igreja evangelística. Este será o seu perfil! Se eu oro para Ele me mandar Obreiros e Ele só me manda gente que gosta de ajudar os outros certamente essa igreja será uma igreja assistencialista, misericordiosa, e assim por diante. Deus sempre nos responde à hora e de maneira precisa. Nós é que devemos aprender a olhar as coisas espirituais com um olhar espiritual, a fim de aprendermos a detectar quais as maneiras pelas quais o Senhor nos responde e, então, nos adequarmos aquilo que Ele nos respondeu.

Aprender a Identificar o Nosso Dom

As listas de dons espirituais encontradas em Romanos 12:6-8 / 1ª Coríntios 12:1-11 / Efésios 4:11 e 1ª Pedro 4:10,11 certamente nos ajudarão a identificar os nossos dons, mas, se não nos encaixarmos em nenhum deles, não devemos nos desesperar, pois há outras passagens bíblicas que falam dos dons espirituais e o Pastor da igreja pode auxiliar a sua ovelha a encontrar qual seja o seu dom. Não nos esqueçamos que o texto de 1ª Pedro 4:10 fala da “multiforme graça de Deus” se manifestando no seio de sua Igreja, na vida do homem redimido. Isto diz respeito às milhares e milhares de formas diferenciadas da graça de Deus se manifestar na vida do crente. Coisas que não existiam em nossa vida antes de nossa conversão, ou que até já existiam, mas que não possuíam nenhuma conotação espiritual e que agora surgem como um meio de ajudar a Casa do Senhor e a sua Obra! Cada ovelha deve sondar o seu coração e orar a Deus a fim de detectar suas habilidades. Todos os renascidos no tempo da graça possuem algum dom espiritual com o qual podem e devem servir ao Senhor, diferentemente dos fiéis do tempo da Lei, em que o Senhor determinava sobre quem o seu Espírito Santo repousaria para capacitá-los a fazer o que Ele desejava que se fizesse e depois se retirava.

Apresentar-se como Obreiro

Se você já sabe que recebeu uma capacitação do Senhor para serví-Lo e se já reconheceu essa capacitação em sua vida, então está na hora de apresentar-se ao Senhor para que Este o use em sua Obra e ao Pastor de sua igreja para que este possa lhe dar oportunidades de trabalho. Não se importe se não ocupar nenhum cargo na estrutura formal da igreja, pois nenhuma igreja possui cargos suficientes para todos os seus membros, mas toda igreja possui serviços suficientes para todas as suas ovelhas. O fato de Deus ter lhe confiado um dom que proveio do céu, que pertence a Ele, é a melhor prova de que Ele deseja usá-lo. É ainda a maior prova de que você obterá sucesso naquilo que irá fazer, pois Deus nunca se mete a fazer algo que dará errado, que redundará em fracasso. A discípula Dorcas só sabia costurar roupas para as viúvas pobres da cidade de Jope, mas quando ela morreu foram chamar o apóstolo Pedro em outra cidade para este ressuscitá-la! (Atos 9:36-43). Era uma Obreira útil, de valor inestimável, ainda que trabalhando com um pequeníssimo dom, representado por sua agulha de coser. Tenha cuidado em se apresentar para fazer o trabalho que alguém já faz melhor do que você ou para o qual você não foi capacitado para realizá-lo. Isso evitará atritos, brigas desnecessárias e muita confusão.

CONCLUSÃO

Quando Jesus foi rogar ao Pai para enviar Obreiros para a sua seara, o Pai os enviou de dentro de seu próprio grupo! Não os trouxe de longe, de um grupo de fora! Eles já estavam ali! Bastava a Jesus escolhê-los de acordo com a determinação de Deus e ordená-los! Querido Líder, os futuros Líderes e Obreiros de sua Igreja já estão dentro dela! Incentive-os, pois a se apresentarem a trabalhar para o Senhor! Ovelha querida, não fique esperando que um Líder de fora venha e tome o lugar que pertence a você! Apresente-se ao seu Pastor, peça-lhe treinamento, converse com pessoas que tem o mesmo dom que o seu, e trabalhe arduamente para o seu Senhor! Faça sua vida de fé valer a pena ser vivida!

Deus o(a) abençoe.

Caso seja do interesse de meu prezado leitor discutir mais sobre o assunto, envie-me seus comentários, questionamentos, sugestões, críticas e, quando houver, possíveis elogios.

IV. Relação dos Novos Líderes com a Liderança já Constituída

 

Palestra IV

 RELAÇÃO DOS NOVOS LÍDERES COM A LIDERANÇA JÁ CONSTITUÍDA

Estudo elaborado pelo Pastor Olívio em Realengo, no Rio de Janeiro, em maio de 2011 e revisado em maio de 2012

INTRODUÇÃO

Como deve ser o relacionamento entre os novos Líderes e Obreiros com a Liderança Maior, já constituída? Será que algo novo deve ser esperado destes que agora ocupam uma posição destacada, diferenciada no rebanho, ou tudo deve continuar como era? E o Líder Maior, o que deve esperar dos novos Líderes e Obreiros agora constituídos? O que os textos bíblicos podem nos dizer sobre o assunto?

O que os antigos textos bíblicos têm a nos dizer sobre o assunto são coisas tão fantásticas e responsabilizadoras que fariam até os mais prudentes e sóbrios Líderes de Cristo estremecer!

A primeira característica que os Novos Líderes e Obreiros devem ter com a Liderança já constituída é………

Lealdade

O texto de Marcos diz que Cristo chamou para Si os discípulos que quis (3:13). Não para o Judaísmo; não para o Cristianismo; não para o Templo ou para a Sinagoga, mas para Si. Não a Si, mas para Si. Não a Ele, mas para Ele. Isto significa que somos de Cristo, pertencemos a Cristo, somos propriedades sua (1ª Pedro 2:9 / Salmo 135:4). E o texto diz que todos os discípulos chamados vieram a Ele. Podemos trabalhar em igrejas diferentes, mas somos de Jesus. Somos servos de Cristo a serviço de sua Igreja. O apóstolo Paulo escreveu uma carta a seu amigo Filemom a fim de falar sobre um escravo dele (Filemom) que havia fugido e que fora parar na prisão em que ele, Paulo, estava, em Roma. Naquela cadeia o apóstolo pregara-lhe o Evangelho e Onésimo, o escravo fugitivo, veio a converter-se a Cristo. Por duas vezes em sua pequena carta Paulo afirma ser “prisioneiro de Cristo” (Filemos 1:1,9). Veja isto, prezado leitor: Paulo estava preso em uma fétida e escura prisão de Roma, mas disse para seu amigo Filemom que não era prisioneiro de César e sim de Cristo! Somos prisioneiros de Cristo e não de uma religião, de uma denominação, ou de um cargo. É para o Cristo que devemos ir sempre, pois que Ele, sim, é o Senhor de nossa vocação. (2ª Timóteo 1:8,9). Isto nos ensina que o novo Líder ou Obreiro deve manter com o seu Pastor uma relação de lealdade. Afinal de contas foi por causa dele, de sua obediência a orientação do Senhor, que o novo Líder ou Obreiro foi ordenado. Este então deve ser leal a sua Liderança como o foram os primeiros apóstolos a Cristo, exceção feita, claro, à figura do traidor Judas (Marcos 3:14):

Proximidade

O verso 14 do capítulo 3 de Marcos afirma que Cristo nomeou os novos Obreiros para que estivessem com Ele. Isto fala de amizade, de companheirismo, de comunhão. Um Líder ou Obreiro que fica distante da Liderança Maior, não comparece às programações da Igreja, não participa das atividades do rebanho, podendo fazê-lo, não é Líder de nada, de coisa alguma, e só tem a perder. Ele não goza da presença do Líder Maior, não conhece sua mente, não compartilha de seus sentimentos nem conhece os seus projetos para a Obra. Não desenvolve bem o seu trabalho e fica mal visto pelo rebanho. Cristo nomeou seus doze discípulos para que estivessem com Ele e para que Ele lhes pudesse “ordenar a pregar”, ou seja, para lhes passar instruções a fim de que eles pudessem fazer bem o seu trabalho. Se o novo Líder ou Obreiro não estiver por perto como irá receber as suas instruções? As Escrituras dizem que maldito é aquele que realiza a obra do Senhor relaxadamente ou negligentemente (Jeremias 48:10). Isto só é assim porque o Obreiro poderia fazer a Obra de Deus perfeitamente, com qualidade, com esmero, mas, ainda assim ele não o fez – ao contrário, “desfez” da Obra do Senhor e agora vai ter de arcar com as conseqüências. Os discípulos mais íntimos do Pastor Jesus vivenciaram coisas que os demais não participaram: Pedro, Tiago e João viram Jesus ressuscitar a filha de Jairo (Marcos 5:37); presenciaram a sua espetacular transfiguração (Mateus 17:1-2); escreveram vários  livros do Novo Testamento; e, se tornaram as colunas da Igreja Cristã (Gálatas 2:9). Toda vez que um Líder ou Obreiro começa a ficar distante de seu Pastor, de sua supervisão, de seu olhar pastoral, acaba promovendo rebelião na Igreja, divisão no rebanho, fissura na família da fé.

Empenho no Trabalho

O evangelista Mateus disse que ao olhar Jesus para as multidões errantes e desnorteadas sentiu compaixão delas e disse para seus discípulos que “a seara era realmente grande, mas que poucos eram os ceifeiros” (Mateus 9:35-38). Ele estava alertando os futuros Obreiros para o fato de que na Obra de Deus sempre haverá muito trabalho! (Mateus 10:1). E se há muito trabalho e poucos trabalhadores então a carga de trabalho será demais para cada Líder ou Obreiro. Sabendo disto, nenhum Líder ou Obreiro deveria ficar reclamando que trabalha demais na Igreja. Marcos disse que os novos Líderes, agora já chamados apóstolos, iam e vinham sem parar, sem tempo para descansarem ou comerem. Jesus então os chamou a um lugar aparte para eles descansarem um pouco, mas não lhes diminuiu a carga de trabalho! O descanso deles seria por pouco tempo para que não se acostumassem ao próprio descanso e, o lugar não era nenhum SPA evangélico e sim o deserto! O trabalho na Obra de Deus realmente pode ser extenuante, fatigante, extremamente cansativo para o servo do Senhor (Marcos 6:30-32), mas o novo Líder deve trabalhar com empenho na Seara do Mestre, pois que Deus nunca chama preguiçosos para trabalhar em sua Seara e sim pessoas operosas, produtivas, úteis. Paulo disse que Onésimo, o escravo de Filemom, mesmo tendo o nome de “útil”, na língua grega, era um inútil, mas que agora, com Cristo em sua vida, ele se tornaria duplamente útil para Filemom: primeiro, em agradecimento por este estar lhe dando uma segunda chance de servi-lo como escravo seu que era; segundo, porque ele agora se tornara o seu irmão em Cristo e lhe serviria com grande prazer e satisfação (Filemom 1:10-11).

Amor ao trabalho

Isto é diferente de ter empenho no trabalho ou de ser leal à pessoa do Líder. Empenho fala de esforço, de diligência, de mãos no trabalho. Amor fala de sentimento, de emoção, de se colocar a alma no que se faz. Pode-se fazer muito sem amor, mas não se pode amar sem fazer nada. Pode-se ser leal a um determinado Líder e, ainda assim, fazer o trabalho sem amor, sem afetividade alguma, só por fazer. Mateus disse que Jesus sentiu compaixão da multidão (9:36) e qualquer pessoa que seja chamada a fazer o que Ele fazia, também deve sentir o que Ele sentia ao realizar o seu trabalho. Sentir compaixão por alguém e diferente de sentir pena, de ter dó. Esta significa que você se sente condoído com a situação ruim que o outro está passando, mas que não tem poder algum para mudá-la, para fazer algo em seu favor, enquanto que aquela outra significa que você se sente condoído com a situação ruim que o outro está passando, mas que vai em sua direção para socorrê-lo e ajudá-lo a passar por aquela dificuldade. Compaixão significa “sofrer com”. Jesus sofria com o sofrimento das multidões e isto o levava a agir, a atuar, a realizar alguma coisa, e a por todo o seu coração na Obra de Deus. Todo Líder ou Obreiro deve desenvolver o seu trabalho com amor, com sentimento, com compaixão, pois a Obra a ser realizada é tão dura, tão pesada, que a não ser que ele faça assim, desta maneira, certamente perecerá.

Retorno Sobre o Trabalho Feito

Marcos também disse que os novos Líderes voltaram juntos para Jesus com alegria contando-lhe o que tinham feito e o que haviam ensinado (6:30). Que é isto senão uma reunião de Obreiros semelhante as que fazemos atualmente em nossas Igrejas? Todos os Líderes devem prestar relatório ao Pastor que deve ouvi-los, um a um, e todo Pastor deve agendar uma ocasião em que todos os seus Liderados, de perto e de longe, possam nela estar presentes. Nesta ocasião, os novos Líderes e Obreiros trocarão experiências, quebrarão o sentimento de solidão, principalmente se forem missionários, receberão uma visão mais atual, real e geral sobre a Obra, se estimularão uns aos outros e também descansarão um pouco. É bom realizarmos as nossas reuniões mensais com os Obreiros que trabalham conosco na igreja, mas todo Pastor deveria realizar também uma reunião, em período a ser acertado, seja semestral ou anual, com a duração de alguns dias, se possível, na qual todos os seus Líderes e Obreiros possam dela participar e recompor as suas forças. O sentimento de comunhão, de participação, de unidade, advindos dessas reuniões, é imenso e faz valer a pena todo o esforço e custo despendidos nelas. O fato de Cristo não ter falado nada em contrário sobre o trabalho realizado pelos seus Líderes, nem ainda sobre os ensinamentos ministrados por eles às multidões, comprovou que estes haviam entendido perfeitamente as suas ordens e que as executaram com perfeição. Como é maravilhoso quando a Liderança Maior consegue passar suas idéias sobre determinado trabalho a ser realizado e os seus Líderes e Obreiros o entendem cabalmente e o realizam com perfeição!

Harmonia entre os Obreiros

Todos os textos examinados deixam transparecer que os apóstolos trabalhavam em harmonia entre si e em perfeita sintonia com as determinações do Cristo. Isto pode ser deduzido pelo fato de que, em todos esses textos, se afirma que os apóstolos voltaram juntos para contarem a Cristo o que haviam feito. Nenhum deles voltou depois do outro, destacadamente, como que a caracterizar um possível desafeto, um desentendimento no grupo A relação entre eles era perfeita, até onde todos podiam detectar. Três anos depois eles ainda estavam assim. Apenas Jesus viu o sentimento mau e discordante no coração de Judas, mas não os seus discípulos (João 13: 21-30). Nenhum sentimento de rivalidade, de disputa, de supremacia de um sobre outro, deve existir entre os servos de Cristo, e menos ainda, se este se tornou um Obreiro ou um Líder Maior na Casa do Senhor. Os exemplos de Cristo cingindo-se de uma toalha e lavando os pés dos discípulos (João 13: 1-20) e de seu extraordinário esvaziamento da Divindade, conforme relatado pelo apóstolo Paulo em Filipenses 2:3-11 para estar conosco em igualdade de condições na batalha contra o Diabo, a carne e o mundo, são os exemplos norteadores desta nossa caminhada cristã.

Deus abençoe a todos.

Caso seja do interesse de meu prezado leitor discutir mais sobre o assunto, envie-me seus comentários, questionamentos, sugestões, críticas e, quando houver, possíveis elogios.

 

III. Como Levantar Obreiros

 

Palestra III

 COMO LEVANTAR OBREIROS

 Estudo elaborado pelo Pastor Olívio em Realengo, no Rio de Janeiro, em maio de 2011 e revisado em maio de 2012

INTRODUÇÃO

Nunca existiu um Líder melhor e mais competente que Jesus Cristo. Ele treinou 12 homens dentre os mais difíceis de serem treinados e, em apenas 3 anos e meio, eles já estavam prontos, preparados para operarem a maior de todas as revoluções do mundo – a revolução da consciência. Como foi que o Cristo fez isto? Segundo os Evangelhos de Mateus 10:1-42 / Marcos 3:13-19 / Lucas 6:12-15, Ele o conseguiu observando alguns princípios de liderança já existentes e estabelecendo também novos princípios para serem cumpridos por aqueles que já se encontram constituídos como Líderes e que tenham como atribuição levantar outros Líderes e Obreiros para a Obra do Senhor. Vamos examinar então que princípios foram estes observados pelo Senhor Jesus:

Quanto ao Tempo Ideal para se Levantar Obreiros

O texto de Mateus 9:35-38 deixa claro que Jesus levantou seus Obreiros quando, ao olhar para a multidão que o seguia, percebeu que esta o seguia como ovelhas errantes que não têm Pastor. Ele era apenas um e havia tanto trabalho a ser realizado! Sozinho Ele não conseguiria dar conta de tudo. Precisava de ajudantes. Então o texto seguinte diz que Ele subiu ao monte e foi tratar desse problema com Deus (10:1-5). O que aprendemos com isso? Aprendemos que o tempo certo para se levantar Obreiros é aquele em que a necessidade do trabalho se faz evidente. Nenhum Pastor deve levantar Obreiros só para lhe dar um cargo, prender pessoas na congregação, ou mostrar que a “sua“ Igreja é um lugar de muito trabalho! Muitos cargos hoje são “distribuídos” nas igrejas de Cristo politicamente, para destacar algum amigo ou para prender pessoas que dão dízimos elevados, mas este é um comportamento tão mesquinho, tão baixo, tão reprovável que chega a nos causar asco (nojo)! Se a necessidade para o cargo não existir, não deve também existir o Obreiro. Quando Jetro viu Moisés atendendo o povo de manhã até a tarde em suas questões pessoais soube que aquele era o momento ideal para se levantar Lideranças. Então ele orientou Moisés a levantar chefes do povo sobre mil, cem, cinqüenta e dez para ajudarem-no, o que Moisés fez e equacionou aquele problema (Êxodo 18:13-27). Caso não observemos isto e teremos uma Igreja politizada, inchada de tanto “chefes” e bastante ruim de se estar.

Quanto ao Tempo de Formação dos Obreiros

Há diferença entre o tempo de preparação de um Obreiro para a ocupação de um cargo setorial, e o tempo de preparação para a substituição do Líder principal de uma Obra. O Senhor gastou 80 anos preparando Moisés para libertar o seu povo do Egito (40 anos no Egito – Atos 7:20-23 – e 40 anos em Midiã, com Jetro, seu sogro – Atos 7:29-30) e mais 40 anos ainda para este efetivá-la (Atos 7:35,36). Ele gastou 30 anos preparando Jesus para a sua obra vicária, redentora (Lucas 3:23), mas usou-o por apenas 3 anos e meio. Ele levou muito tempo para preparar o apóstolo Paulo (Gálatas 1:14 / 2:1), mas poucos anos depois este já estava sendo [1]morto. Quando foi levantar um Líder para substituir a Moisés, o Senhor tomou a Josué que já estava sendo preparado por pelo menos 40 anos para aquele momento (Números 13:116 / 14:34), mas quando Moisés foi levantar maiorais de mil, de cem, de cinqüenta e de dez para ajudá-lo a julgar as causas do povo,  ainda que o texto não nos informe quanto tempo ele tenha levado para procurá-los, escolhê-los e ordená-los, sabemos que não foi algo tão demorado, dada a premência para a solução do problema. Cristo levou 3 anos e meio para preparar seus Obreiros, mas quando teve de ser substituído, o único Líder no mundo com capacitação suficiente para fazê-lo foi o Espírito Santo de Deus que conosco permanece até aos dias de hoje (João 14:16-18,26 / 16:7-15). Paulo preparou muitos Líderes para a Obra de Cristo, mas não foi substituído por ninguém. O que aprendemos com tudo isto?

  • Gasta-se muito tempo para preparar material humano e pouquíssimo tempo para usá-lo;
  • Quanto maior a posição do Líder, maior o tempo de preparo de seu substituto;
  • O Obreiro que vai substituir o Líder principal deve estar com este desde o princípio da Obra;
  • O tempo ideal para a substituição de um Líder é aquele que a Liderança Maior entenda ser necessário para a capacitação do Obreiro substituto..

Quanto ao Método de Preparação de Obreiros

O método utilizado por Cristo para a preparação de seus Obreiros foi o da [2]Instrução Direta e Companhia Permanente. Cristo nunca contratou professores ou doutores de religião para instruir os seus discípulos. Tampouco alguma vez os mandou fazer algum dever de casa para trazê-lo no outro dia, como se faz em nossas instituições de ensino. Ele mesmo preparou-os, dando-lhes instruções do céu e ensinando-os como fazer as coisas diretamente, no local de trabalho, em sua companhia. É muito bom que o futuro Líder ou Obreiro estude em instituições de ensino preparadas para tal e se empenhe ao máximo com o objetivo de se tornar um Obreiro irreprovável (2ª Timóteo 2:15), mas não deixa de ser menos importante que ele receba instruções diretamente de seu Pastor sobre o que fazer na Obra. Os Seminários, Institutos e Faculdades Teológicas são locais onde o novo Líder receberá instruções, mas a Igreja e o mundo são os locais onde o Obreiro terá a sua atuação. Todo Pastor deve preparar pessoalmente seus Líderes naquilo que pretenda que eles façam, lado a lado com a instituição de ensino.

Quanto ao Tempo Necessário para a Escolha dos Obreiros

O evangelista Marcos registrou que Jesus subiu ao monte e lá, no alto da montanha, chamou para Si os discípulos que quis (v. 13). Lucas afirma que Cristo passara a noite inteira em oração e que quando já era dia chamou a si os discípulos que escolhera (vs. 12,13). O que isto nos ensina? Que os Líderes que iremos preparar devem ser escolhidos depois de um período longo e de intensa oração. Não de um pouco de oração apenas, mas de muita oração. Jesus passou a noite inteira orando ao Pai apenas por isto. Não se diz em nenhum dos textos que Ele tenha orado por outro motivo que não este. Há que se gastar tempo com Deus para se saber a quem devemos entregar os mistérios eternos. Há que se gastar tempo com Deus para se saber a quem devemos colocar como Líder e Obreiro sobre seu rebanho. Há que se gastar tempo com Deus para se saber com quem devemos partilhar a nossa unção espiritual. Não podemos ter pressa aqui (1ª Timóteo 5:22). Uma falha apenas e podemos por toda a Obra a perder. Quando um rebanho vê um Líder que foi levantado depois de muita e intensa oração, ele se sente confiante de que Deus fará uma grande obra através daquele Líder, mesmo que em determinados momentos este novo Líder pareça vacilante ou fraco. Se este período de oração não ocorreu, o rebanho fica sem base espiritual nenhuma para crer que aquele Líder ou Obreiro será uma benção e desenvolverá um ministério profícuo.

Quanto ao Momento Cruciante da Escolha

Os Evangelhos também informam que apenas Jesus subiu ao monte para orar por seus futuros ajudantes. Ele já estava experimentando a companhia de Pedro e de seu irmão André (Mateus 4:18-20), de Tiago e João, filhos de Zebedeu, que já eram seus discípulos (Mateus 4:21,22). Mateus já o estava seguindo (Mateus 9:9) e de igual maneira, Filipe e Natanael (João 1:43-49). Mas ainda assim, quando Ele foi orar ao Pai para que Este lhe informasse quais deveriam ser os futuros Líderes de sua Obra Ele subiu ao monte sozinho. E não disse para ninguém o que ia fazer! Por que foi que Ele fez isto? Por que Ele não levou alguém para ajudá-lo em oração? Porque a sua escolha não poderia ser influenciada por ninguém. Tivesse Ele um discípulo ali, orando com Ele, e seu coração poderia pender para escolher esse discípulo como um de seus Líderes, pela sua devoção. O próprio discípulo poderia “forçar uma barra” para ser escolhido por Jesus e então, neste caso, as duas decisões que poderiam sair dali seriam erradas: se o discípulo fosse escolhido como apóstolo, teria ganho uma projeção pessoal e não uma oportunidade para projetar a Cristo; se não fosse selecionado, ficaria a vida inteira amargurado contra Jesus e possivelmente se tornaria seu inimigo e opositor da Obra. Toda a Igreja pode e deve orar para que Deus ajude o seu Pastor na escolha de seus Obreiros, mas no momento crítico, crucial, da recepção dos nomes, da revelação sobre quais deverão ser os seus Ajudantes, apenas o Pastor deve permanecer na presença de Deus, em oração.

Quanto ao Anúncio dos Selecionados

Depois de ter ficado uma noite inteira em oração, Jesus chamou para Si os novos Líderes. Estes eram pessoas comuns que, nenhum de nós, em sã consciência, escolheria para liderar nada! Em seu grupo não havia escritores, empresários, profissionais liberais, professores universitários, mestres de religião ou políticos. Apenas pescadores (Pedro, André, Tiago e João), um subversivo (Simão, o Zelote), um coletor de impostos (Mateus), crentes incrédulos (Filipe e Tomé), gente comum e desconhecida de nós (Bartolomeu, Tadeu) e ainda aquele que o iria trair (Judas). Cristo não chamara Natanael, por exemplo, para compor o seu grupo, pessoa de quem afirmara não existir nenhum dolo (João 2:47) nem ainda sua Mãe, que sabia ser Ele o Messias (Lucas 1:26-35 / 2:8-20). Ao analisarmos friamente as escolhas que Jesus fez somos levados a afirmar que sua oração foi o maior fracasso de sua vida! Como escolher gente tão despreparada como pescadores para serem as futuras colunas da Igreja? Como escolher um zelote (Simão cananita) e um publicano (Mateus), que eram inimigos, e colocá-los no mesmo grupo? Como escolher para apóstolo o seu próprio traidor? É que a escolha dos Líderes da Obra de Deus não pertence a nenhum de nós, e sim a Ele mesmo. É Ele quem escolhe as pessoas que Ele quer, cabendo a nós apenas obedecê-Lo e honrá-Lo. Nossas escolhas devem refletir exatamente as escolhas que o Senhor já fez. Com isto aprendemos que não devemos chamar para Líderes aqueles que simpatizam conosco ou que nos agradam, mas sim aqueles que Deus mesmo já escolheu para Si. Muitos dos Líderes chamados por nós podem causar estranheza ao rebanho, mas esta estranheza, esta falta de obviedade, é a maior certeza de que a escolha foi feita por Deus, pois só Ele poderia chamar para Si tais pessoas para serem Líderes! Para o discípulo chamado, isto também traduz grande segurança, por não se sentir capaz de assumir tal posição. Foi assim com Moisés (Êxodo 4:1,10,13), Jeremias (1:6), Amós (7:12-15) Paulo (1ª Coríntios 15:8-11 / Gálatas 3:6-9 / 1ª Timóteo 1:12,13), e tantos outros.

Quanto a Qualificação dos Líderes

Isto é uma das coisas que mais impressionam no chamamento de Cristo. Ele não exigiu nenhuma qualificação educacional ou social de seus discípulos! Nem ainda mesmo uma qualificação moral! Caso o tivesse feito e poderia ter se livrado logo daqueles discípulos problemáticos, do seguidor traiçoeiro e dos apóstolos sem expressão! Afinal de contas Ele conhecia cada um deles e o que estava em seus corações, não precisando que ninguém Lhe informasse sobre quem eles eram (João 2:25). Ainda assim Ele escolheu exatamente aqueles discípulos. Sua única imposição, segundo o evangelista Lucas, foi que eles fossem convertidos, fizessem já parte de seu grupo de discípulos (Lucas 6:13). Por que foi que Ele fez isto? Porque cabia a Deus escolher os trabalhadores de sua Obra e não a Cristo! A este cabia apenas orar, receber e obedecer, como um filho faz, levantando exatamente aqueles a quem o Pai já havia escolhido. Afinal de contas este fora o motivo pelo qual Ele fora orar ao seu Pai. Caso Ele tivesse estabelecido qualquer outra condição que não fosse a espiritual e poderíamos atribuir o sucesso ou fracasso da Obra de Deus a existência desta ou daquela outra condição e não à soberania de Deus. Moisés tivera liberdade para escolher os seus Líderes e exigir deles suas qualificações (Êxodo 18:21) mas não o Cristo. Neste assunto Ele não poderia arbitrar. Tinha que escolher exatamente aqueles a quem Deus o Pai já escolhera. Daí aquela estranha seleção de discípulos! Mais tarde a Igreja Cristã passou a condicionar o levantamento de Líderes aos cargos de apóstolos (Atos 1:21-26); Bispos (1ª Timóteo 3:1-7 / Tito 1:5-9) e Diáconos (1ª Timóteo 3:8-13).

Quanto a Procedência dos Líderes

Cristo chamou para apóstolos pessoas que já faziam parte de seu grupo de seguidores e não de outros rebanhos existentes. Isto é importantíssimo para nós, pois nos ensina que o Pastor deve chamar para a Liderança do rebanho pessoas que dele já façam parte e não pessoas vindas de outros agrupamentos. O Senhor já havia estabelecido, através de Moisés, uma legislação sobre a eleição de um rei na qual orientara o povo a colocar sobre si um rei que viesse de seus próprios irmãos e não de um povo estrangeiro (Deuteronômio 17:14,15). Cristo poderia ter escolhido gente mais bem preparada do segmento dos fariseus, dos herodianos, dos saduceus, dos essênios e de outros grupos quaisquer para colocar sobre seu rebanho, mas não o fez. Ele os escolheu dentre os seguidores de seu próprio grupo. Por que foi que Ele fez isto? Porque Ele sabia que se já é difícil para nós aceitar como Líderes e Obreiros pessoas que já conhecemos, que trabalham conosco, e que jamais escolheríamos para nos liderar, (segundo os nossos critérios, claro), quanto mais uma pessoa vinda de fora, que não conhecemos nem a ela nem ao seu trabalho e que também não conhece nada sobre nós! O desânimo que poderia se abater sobre alguns por não terem tido a oportunidade de servirem a Cristo no local onde congregam poderia ser fatal a sua fé ou lhes incentivar a procurarem outro rebanho.

Quanto ao Número de Obreiros Eleitos

Ele escolheu, dentre os milhares de discípulos que tinha em Israel, apenas doze. A Bíblia diz que sua fama já havia ultrapassado os limites de seu país e chegado à Síria e que de todas as partes vinham ter com Ele para serem curados e libertos (Mateus 4:23-25). Em outra parte se diz que estava vindo gente da Fenícia, das cidades de Tiro e Sidom para ouvi-Lo (Lucas 6:17,18), mas ainda assim Ele só escolheu doze discípulos para serem Líderes. Porque foi que Ele fez isto? Para nos ensinar que o Pastor deve chamar para Líderes de seu rebanho, apenas a quantidade necessária para desenvolver o trabalho pretendido com eficácia. Nem Obreiros demais, passando a idéia de que “há muitos caciques para poucos índios”, nem Obreiros de menos passando a idéia de que “há muitos índios para poucos caciques”. O numero de Líderes a ser levantado deve ser exatamente aquele que a Igreja necessita. Doze é o número da plenitude dos redimidos e tem a ver com o povo de Deus. Doze eram os filhos de Jacó e das tribos de Israel. Que adiantaria o Cristo chamar uma pessoa de cada aldeia, de cada cidade, de cada região para ser Líder sobre um grupo, se apenas na Galileía existiam 204 cidades e aldeias? Este grupo acabaria contendo milhares de pessoas e a sua supervisão sobre ele seria quase impossível, tomando um tempo imenso que o Cristo não possuía e comprometendo seriamente a sua missão. Treinando apenas aqueles doze, estes treinariam outros tantos e estes a outros mais e assim, sucessivamente. Todo Pastor deve estar capacitado a preparar Líderes que possam preparar outros Lideres.

Quanto as Novas Atribuições dos Líderes e Obreiros

Mateus disse que Cristo após ter chamado para Si os doze discípulos que seriam nomeados apóstolos, deu-lhes orientações sobre quais seriam as suas novas atribuições (10:5-42). São 37 versículos tratando do trabalho a ser desenvolvido pelos novos Líderes e um capítulo inteiro do Santo Evangelho para tratar de sua nomeação. Marcos também fala das novas atribuições que Cristo dera a seus Ajudantes (3:14-15). Moisés dissera a seus novos Líderes quais seriam as suas atribuições e o tempo a ser despendido no trabalho (Êxodo 18:22). Creio que Deus julga ser isso uma coisa muito importante por ter utilizado tanto espaço nas Escrituras para falar sobre esse tema, mas também creio que esta é uma das partes mais falhas nos programas de preparação de Líderes existentes. A liderança chama alguém para trabalhar, o nomeia como Obreiro, mas não lhe diz exatamente o que deve fazer, não lhe informa quais serão as suas novas atribuições. O resultado disso, claro, é uma grande confusão. Pastores há que estão sendo sub-utilizados em seus ministérios, Presbíteros há que não possuem entendimento algum sobre o que seja o seu cargo, Diáconos há que estão tomando conta de crianças, do pátio de estacionamento ou tão somente servindo os elementos da ceia, e por aí vai. Todo Pastor, antes de nomear um Líder, deve estabelecer quais serão as suas atribuições.

Quanto a Titulação dos Novos Obreiros

O texto de Lucas 6:13 diz que Cristo passou a chamar os doze discípulos escolhidos de “apóstolos”. Isto também se encontra em Mateus 10:1,2. Era um título diferente que, quando pronunciado, trazia à mente de seu possuidor a lembrança de sua nova posição e de suas novas responsabilidades ao mesmo tempo que mostrava para os demais seguidores que aquelas pessoas gozavam de uma certa distinção. Eles não eram mais apenas discípulos, mas “apóstolos”, escolhidos dentre milhares e milhares de seguidores de Cristo em toda a Nação. Por esse titulo passaram a ser conhecidos em toda a História. O que o Cristo pretendia nos ensinar com Isto? Que o Pastor deve dar o título correspondente às novas funções de seus Líderes. Não apenas lhes dar novas atribuições e deixá-los como eram antes, como discípulos desconhecidos, mas honrá-los com a nova designação pela qual eles passarão a ser conhecidos! (Romanos 13:7). Isto estimula o espírito do cooperador, pois ele sabe que aos olhos dos demais isto quer dizer que ele se encontra em uma posição mais próxima de seu Líder. Certo é que alguns podem demonstrar orgulho espiritual por isso, mas o mesmo texto de Lucas a que nos referimos diz que Cristo deu nome de apóstolos aqueles que eram discípulos. Antes de sermos qualquer coisa que Deus nos permita ser, somos discípulos de Cristo. Aqui está a nossa maior honra!

Quanto a Ocasião de Nomeação dos Novos Obreiros

É interessante observar que todos os Obreiros foram nomeados de uma única vez, ao mesmo tempo e não aos pouquinhos, em vários grupos e ocasiões diferentes (Lucas 6:13-17). Todos foram nomeados de uma só vez e na presença de todos! Por que o Cristo fez assim? Porque desta maneira todos se sentiriam estimulados a trabalhar ao saberem que havia também outros parceiros de ministérios como eles, se cobrariam mutuamente por melhores resultados, tomariam conta uns dos outros, trocariam experiências entre si, se sentiriam valorizados ao saberem que o Cristo não havia feito nenhuma outra nomeação secreta, individualizada e que os considerava a todos igualmente. Isto nos ensina que, sempre que possível, o Pastor deve nomear todos os seus Líderes e Obreiros de uma única vez, em uma única data, em um único evento, em apenas uma ocasião.

Quanto à Ordenação dos Líderes

Após a nomeação dos novos Obreiros, Cristo deu-lhes poder para realizarem a sua missão (Mateus 10:1). Os capacitou, os revestiu de autoridade, os ungiu com poder espiritual. Deu algo de Si, que estava dentro Dele, para os novos Líderes. Só podemos dar aquilo que temos (Atos 3:6) e Cristo deu-lhes daquilo que possuía. Tudo o que um Pastor possui de melhor em sua vida deve compartilhar com o novo Líder na hora da unção: capacidade evangelística, poder para curar enfermos, sabedoria na Palavra, capacidade administrativa, e todas as demais coisas que ele sabe que Deus lhe deu em abundância. O novo Líder será o reflexo da vida espiritual de seu Pastor e, portanto, quanto mais de si ele tiver, mais segurança o Pastor terá que o novo obreiro desenvolverá um bom ministério. Nunca um Pastor deveria reter o poder espiritual que possui a fim de desqualificar um novo Líder ou mantê-lo pequeno diante de todos (Deuteronômio 34:9 / 1ª Timóteo 4:14 / Hebreus 6:1,2). Isso não condiz com sua posição de homem de Deus.

Quanto ao Momento da Liberação dos Líderes e Obreiros

Por último, o texto de Mateus 10:5 diz que Cristo os enviou a realizar o que tinham para realizar. O que isto quer dizer? Quer dizer que o Pastor deve determinar o momento a partir do qual o novo Líder será responsável por tudo o que diga respeito a seu cargo. O momento em que o novo Líder terá o seu cordão umbilical administrativo cortado e se tornará, de fato, o cabeça daquele setor, o detentor daquele cargo, o Líder daquele grupo, etc.. Não se pode trabalhar livremente em um setor da Igreja se a Liderança está o tempo todo ditando as regras a serem observadas, as maneiras de se fazer o trabalho, as pessoas a serem levantadas como auxiliares e coisas assim. O Obreiro tem de ter liberdade para trabalhar em seu Setor, para expor suas idéias, para nomear os seus auxiliares e fazer o que tem de ser feito. Ou o Líder confia totalmente em seu Obreiro ou não o coloca no cargo. Cristo deu as instruções necessárias a seus Obreiros e os lançou no campo, como o agricultor a semear em um campo (Salmo 126:5,6). A partir daquele momento, o novo Líder será o responsável por seu ministério com suas novas responsabilidades.

Deus abençoe a todos.

 

Caso seja do interesse de meu prezado leitor discutir mais sobre o assunto, envie-me seus comentários, questionamentos, sugestões, críticas e, quando houver, possíveis elogios.

[1] Paulo se converteu nos primeiros anos do movimento cristão, provavelmente entre 33 e 35 d.C, e morreu decapitado em Roma, em cerca de 70 d.C.
[2] Apesar de o método de ensino utilizado por Cristo ser parecido com o método utilizado por Aristóteles, conhecido como peripatético, palavra grega para ‘ambulante’ ou ‘itinerante’ em razão do hábito deste filósofo ensinar ao ar livre, caminhando enquanto lia e dava preleções, por sob os portais cobertos do Liceu, conhecidos como perípatoi, ou sob as árvores que o cercavam, o seu método diferia daquele por não estabelecer lugar e horário para o ensino.

II. Porque Constituir Líderes

 

 

Palestra II

POR QUE CONSTITUIR LÍDERES?

 Estudo elaborado pelo Pastor Olívio em Realengo, no Rio de Janeiro, em maio de 2011 e revisado em fevereiro de 2012

POR QUE CONSTITUIR LÍDERES?

A PRIMEIRA razão pela qual a Liderança Maior da Igreja (Apóstolo, Bispo, Pastor) deve constituir Líderes e Obreiros é simples e natural e não deve assustar ninguém, como seja, onde houver dois indivíduos, sempre um deles será o Líder. Isso foi estabelecido por Deus desde o princípio da humanidade. Quando o Senhor criou os nossos primeiros pais determinou que a mulher fosse a ajudadora do homem e não o homem o ajudador da mulher (Gênesis 2:18,20). Isso fez do homem o Líder, o Cabeça, pois quem ajuda alguém, apóia alguém que já está fazendo alguma coisa. A iniciativa de fazer algo, de começar uma coisa nova, faz do indivíduo que a iniciou um Líder (Gênesis 2:24). O apóstolo Paulo escreveu aos crentes coríntios apontando três razões pelas quais o homem deveria assumir a posição de Cabeça do casal. Ele disse: a) o homem é a imagem e glória de Deus enquanto a mulher é a glória do homem; b) a mulher proveio do homem e não o homem da mulher; c) o homem não foi criado por causa da mulher e sim a mulher por causa do homem (1ª Coríntios 11:3, 7-9). Mesmo entre irmãos gêmeos a liderança de um sobre o outro se faz presente. O Senhor disse que dos filhos gêmeos de Isaque e Rebeca, a saber, Esaú e Jacó, o maior seria o menor e o menor seria o maior, daí a luta de ambos no ventre da mãe, durante toda a sua gravidez (Gênesis 25:19-23). Até na Pessoa Divina encontramos exemplo de uma sadia liderança! O Pai sempre aparece como o Líder das duas outras Pessoas Divinas. Foi Ele quem tomou a iniciativa da criação do Universo (Gênesis 1:1 / Isaías 45:12); da criação do homem (Gênesis 1:26,27) e da obra de redenção da humanidade (Gênesis 3:15). Foi Ele quem enviou o seu Filho ao mundo (João 3:17) e também enviou o Espírito Santo à Igreja (João 14:26), mas Ele mesmo de ninguém é enviado. Levantar, pois pessoas na Igreja, para ocuparem cargos de liderança, não deve ser algo para nos deixar arrepiados, apavorados, de cabelos em pé, mas sim para ser visto como algo genuíno, legítimo e fundamentalmente natural.

A SEGUNDA razão pela qual se deve constituir Líderes é porque são eles quem garantem a realização e a permanência do serviço a ser executado. Sem o poder de agregação dos Líderes jamais conseguiríamos realizar alguma coisa. Se todos fizessem o que desejam fazer, a seu bel-prazer, sem ordenação nenhuma, não se chegaria a lugar algum, mesmo somando-se todos os esforços. O apóstolo Paulo orientou magistralmente os coríntios sobre o esforço de unidade que eles deveriam fazer caso desejassem realizar alguma coisa. Para isto ele usou a figura do corpo humano como exemplo visto este possuir uma variedade enorme de órgãos que se unem para cumprir as tarefas devidas (1ª Coríntios 12: 12-31). É apenas quando nos unimos a outros para fazer algo sob a liderança de alguém que planeja ações, reúne materiais, agrega esforços e estabelece metas, que as coisas acontecem. Encontramos na Trindade Divina o maior exemplo de cooperação do universo. Todas as Pessoas Divinas trabalharam juntas, harmônicas, em sintonia, para que o universo viesse a existir, o homem ganhasse existência e a redenção da humanidade se tornasse uma realidade, contudo, nenhuma Pessoa da Deidade fez tudo sozinha, individualmente. Se o Pai quisesse fazer uma coisa e o Filho ou o Espírito Santo outra, discordando entre si, nada do que existe teria vindo à existência. Tudo foi feito de comum acordo, em plena cooperação e harmonia. É pela cooperação dos liderados, sob a direção sadia de um Líder, que as coisas vêm à existência!

Mas os Líderes ou Obreiros de uma igreja não são importantes apenas porque ajudam a Liderança Maior a realizar as coisas que ela deseja, mas também porque eles garantem a permanência, do serviço. Caso eles não estivessem exercendo a sua autoridade, a sua liderança, a sua supervisão o tempo todo, e todo o serviço ou obra estaria perdido. Logo as pessoas se afastariam uma das outras e a obra, atividade ou serviço, conquistado com tanto esforço, se extinguiria. Todos ficariam muito tristes e o sentimento de frustração consumiria os seus corações. Todos sabemos que manter ou preservar algo que foi conquistado é muito mais difícil do que a conquista do algo em si. Destruir ou perder aquilo que foi conquistado então é a parte mais fácil de todo o processo! Nossa salvação em Cristo é um bom exemplo disto. Converter-se ao Senhor Jesus durou só um momento de nossa vida, um só instante, mas permanecer firme em seus ensinamentos até o final de nossas vidas, vencendo as lutas do dia a dia…UFA! Como isto é difícil!

A TERCEIRA razão pela qual devemos constituir Líderes e Obreiros na obra de Deus é que apenas com o apoio destes, o Líder maior poderá realizar a sua própria Obra! Veja o exemplo de Moisés. Ele devia colocar o povo hebreu, recém liberto do Egito, dentro da terra de Canaã. Esta era a sua incumbência, a sua missão maior, estabelecida pelo próprio Deus, mas tinha também de ouvir o povo em suas questões pessoais, particulares, que era uma missão menor. Ele ficava desde a manhã até a tarde ouvindo o povo em suas causas e então os aconselhava dentro das orientações de Deus (Êxodo 18:13). Jetro, o seu sogro, viu Moisés fazendo aquilo e ficou absurdamente apavorado! (18:14). Ele então chamou o seu extenuado genro ao final do dia e lhe disse que se ele continuasse fazendo aquele serviço daquela maneira e sozinho desfaleceria e todo o povo com ele! (Êxodo 18:15-18). Jetro então aconselhou Moisés a reunir todo o povo e a declarar-lhe todos os mandamentos e leis de Deus em que eles deveriam andar e a obra que deveriam fazer (19:20), o que já eliminaria uma multidão de problemas. A seguir, ele deveria cercar-se de ajudantes que o auxiliassem a fazer aquele grande serviço e só procurarem Moisés nas causas mais sérias que eles não tivessem competência para julgar (vs.21-23). Moisés assim o fez, o povo continuou sendo atendido em suas necessidades de uma maneira até mais ampla, a Obra maior de Deus para com Moisés não foi descontinuada e o grande Líder pode descansar melhor de seu trabalho (vs.25-27). Que grande administrador era Jetro, o sogro de Moisés! Este é um dos personagens bíblicos de que eu gosto e que certamente possuía o maravilhoso dom de governos!

APRENDENDO A ADMINISTRAR COM JETRO

Com o sogro de Moisés, Jetro, aprendemos coisas sobre liderança que nenhuma Liderança Maior deveria jamais abrir mão ou omitir-se de fazê-las, como seja:

  • Os Líderes e Obreiros são a extensão da Liderança Maior, pois que é através deles que esta Liderança chega às pessoas mais distantes que lhe estão subordinadas. Sem a presença destes a congregação jamais ficaria sabendo qual é a vontade do Líder Maior para os mais diversos assuntos e setores da instituição. São os Líderes e Obreiro que repicam, reproduzem, repetem as orientações do Líder Maior para os seus liderados e assim todos são atingidos. Eles atuam como se fossem o microfone da Liderança Maior da instituição, levando a voz desta a todos. Mediante os conselheiros de Moisés, todos os integrantes daquela imensa multidão, de alguns milhões de indivíduos, tornaram-se conhecedores da vontade de Deus para as suas vidas, mesmo não tendo se aproximado da pessoa do grande Líder!

  • Os Líderes e Obreiros atuam como um filtro dos problemas para a Liderança Maior. Esta não pode e nem consegue falar com todos os integrantes de sua instituição pessoalmente, “cara a cara”. Mesmo em uma igreja de pequeno porte o Líder não consegue falar com todos os seus membros nem ouvir-lhes os problemas. Moisés jamais conseguiria falar pessoalmente com toda aquela multidão e resolver todos os seus problemas, que se renovavam a cada dia. Ele só poderia abençoar a alguns diariamente, por mais que se esforçasse. Para que este serviço pudesse continuar e assim abençoar a todos os que dele necessitassem, ele deveria ser feito de uma maneira diferente. Foi aí que Jetro entrou e falou com Moisés sobre os conselheiros de mil, de cem, de cinqüenta e de dez que ele deveria colocar sobre o povo. Estes filtrariam os problemas da multidão permitindo que só chegassem a Moisés os problemas mais complexos.

  • Os Líderes e Obreiros atuam como um muro de proteção contra o ego do Líder Maior. Tudo o que a Liderança Maior realiza, só realiza com a ajuda de seus Líderes e Obreiros. Sozinha, ela não consegue fazer nada nem ir a lugar algum. Sendo assim, como é que um Líder Maior tem a audácia, o desplante, o descaramento de dizer: “eu fiz isto, eu fiz aquilo, eu montei isto, eu montei aquilo” ao invés de “nós fizemos, nos realizamos, nós construímos”, se um exército de pessoas o ajudaram a dar existência ao seu projeto? Onde fica o seu Orientador Maior, o Espírito Santo nisto? Ele não o ajudou em nada? Consegue imaginar Moisés agindo assim? Só para realizar o trabalho proposto por Jetro ele teria de levantar quase 80 mil pessoas como conselheiros, pois o número de hebreus que saíram do Egito com ele, de vinte anos para cima, era de 603.550! (Números 1:1-3, 46-49). E olha que os hebreus não incluíam em suas contagens as mulheres, adolescentes e crianças e nem ainda os levitas!

  • É apenas quando a Liderança Maior constitui Líderes e Obreiros para os ajudarem na Obra que a Obra cresce! Isto parece contraditório não é? Como é que dividindo-se uma coisa esta pode vir a crescer? É que na Matemática dos céus quando dividimos algo com alguém este não fica menor, diminuído, subtraído, mas aumenta, cresce, multiplica, fica maior! (João 6:1-13). Quando levantamos Líderes e Obreiros para trabalharem na Obra de Deus permitimos que ela ganhe consistência interna e cresça muito além de nós mesmos! E esse crescimento não é apenas quantitativo, mas qualitativo também! Jetro disse que o povo ficava de pé, aguardando o julgamento de Moisés sobre suas causas, de manhã até a tarde! (Êxodo 18:13,14). Isto era extremamente exaustivo para todos. Com a orientação do velho sogro de colocar maiorais sobre o povo para atendê-lo, o trabalho fluiu melhor e com maior qualidade! Antes de os apóstolos ordenarem os sete Diáconos para resolverem o problema da distribuição dos benefícios dados às viúvas pobres em Jerusalém o texto bíblico diz que o número de discípulos apenas “crescia” (Atos 2:47 / 4:4 / 5:14 / 6:1-7). Com a divisão de tarefas, o texto afirma que, pela primeira vez, o número de discípulos se “multiplicava” (Atos 6:7). Você pode imaginar o que significava isso? Que coisa extraordinária! Que selo maravilhoso de Deus em uma obra!

PERDENDO O MEDO DA DESCENTRALIZAÇÃO

Sei que quando falamos sobre descentralização muitos Líderes torcem o nariz, franzem a testa, esfregam as mãos, e meneiam a cabeça, pois não gostam de ouvirem falar sobre isso por terem receio de dividir tarefas com outras pessoas. Eles entendem que perderão poder, controle e qualidade no trabalho, mas isto tem mais a ver com nosso egoísmo, orgulho e desconhecimento das Escrituras do que com a incapacidade das pessoas que possam nos ajudar. Ninguém, a exceção do Senhor Deus, consegue fazer tudo sozinho, com perfeição, e dentro do tempo devido. Este medo é improcedente e ofensivo aos nossos irmãos. O apóstolo Paulo disse que ninguém consegue ser olho e ouvido ao mesmo tempo e que o órgão constituído para determinada coisa, a desempenha melhor do que qualquer outro órgão do corpo, mesmo que aquele outro seja mais nobre que este (1ª Coríntio 12:16-26). Vamos, pois, deixar essa mania de querer fazer tudo e de ficar pensando que sem nós o trabalho não anda e perde em qualidade e passar a trabalhar com nossos irmãos de acordo com as orientações bíblicas!

Pedro disse que o trabalho dos Apóstolos, os Líderes maiores da Obra de Deus, não era o de ficar resolvendo problemas administrativos, mas sim o de se dedicarem a oração e ao ministério da Palavra de Deus (Atos 6:4). Milhares de Igrejas estão fraquíssimas espiritualmente e não crescem nem internamente nem externamente porque os seus Líderes perderam a visão da Obra, perderam o foco de seu trabalho. Eles estão se envolvendo com toda sorte de problemas administrativos, participando de intermináveis e improdutivas reuniões que lhes exaurem o vigor espiritual e toma o tempo a ser dedicado as tarefas espirituais, quando deveriam se dedicar aquilo para o qual realmente foram levantados, a saber, à oração e ao ministério da Palavra! Termos de aprender a nos desincumbir de tarefas que nos tomem tempo desnecessário e que possam ser realizadas por outrem para realizarmos a Obra maior que o Senhor nos deu para realizar! Temos de aprender a descentralizar!

Não deveríamos ter tanto medo de dividir a direção de nossas igrejas com nossos irmãos, pois só podemos e devemos dividir tarefas; nunca responsabilidade. Essa jamais pode ser delegada, pois que pertence apenas ao Líder Maior. Morrer pelos pecados da humanidade na cruz, só o Cristo poderia fazê-lo; pregar o Evangelho e sarar os enfermos, Obreiros qualificados poderiam realizá-lo. Libertar o povo hebreu e levá-lo à Terra Prometida era a Missão precípua da vida de Moisés, e apenas ele deveria fazê-lo; julgar as causas do povo no dia a dia, Obreiros qualificados poderiam realizá-lo. Supervisionar e pastorear rebanhos segundo os ditames do Novo Testamento apenas o Líder Maior da igreja, constituído para tal, poderá fazê-lo; ajudá-lo nas tarefas rotineiras de atenção com as ovelhas e com as congregações, Líderes preparados poderão realizá-lo.

Jetro disse para Moisés que seus ajudantes o ajudariam a carregar sua carga e não que a tomariam para si (v.22). Tanto que Moisés continuou julgando as causas do povo, só que agora em menor número e, apenas as que tinham um maior graus de complexidade. Paulo orientou os gálatas a carregarem as cargas uns dos outros, sem esquecerem-se de suas próprias (Gálatas 6:2,5). Cristo mesmo se ofereceu para trocar o nosso fardo com o Dele, mas ainda assim temos de carregar alguma carga (Mateus 11:28-30). Quando dividimos nosso fardo com outros mostramos o quanto eles são importantes para nós, para a Obra de Deus e para a continuação do trabalho que tanto amamos. É pela descentralização de tarefas que garantimos a continuidade e o crescimento da Obra.

OS BENEFÍCIOS DA DESCENTRALIZAÇÃO

Há uma conseqüência bastante benéfica para aqueles Líderes que descentralizam as tarefas, qual seja, a de conseguirem tempo para renovarem as suas forças. Este não é e jamais deveria ser o motivo para descentralizarmos atividades, mas não deixa de ser uma boa conseqüência desta. Se vamos trabalhar menos, ganharemos mais tempo para renovação de nossas forças físicas, mentais e espirituais. Tudo quanto existe no mundo se desgasta e precisa ser renovado, re-energizado, recomposto. Apenas Deus não precisa de descanso (Isaías 40:28), mas ainda assim Ele descansou de sua Obra criativa para nos dar o exemplo (Gênesis 2:1-3). Ele criou um “dia sabático” para os seres humanos e todos nós temos o mandamento de observá-lo (Êxodo 20:8-11). Chama a atenção que o mandamento para a guarda do “dia sabático” era o maior de todos os do Decálogo, maior mesmo que o de “não matar” (v.13). Porque isto acontecia? Porque quem não descansa segundo os ditames e orientações de Deus, de qualquer maneira já está se matando mesmo! Aquele que nos criou disse que é necessário que experimentemos um descanso diário e semanal. Até a terra de Israel tinha o seu descanso de sete em sete anos (Êxodo 23:10-13). A melhor maneira de garantirmos a nossa continuação eficiente na Obra do Senhor por muitos e muitos anos é dando descanso ao nosso corpo, mente e espírito, conforme o Senhor nos ordenou em 1ª Tessalonicenses 5:23. Não cumprir este mandamento não é excesso nenhum de consagração – é desobediência mesmo!

Tendo visto todas essas coisas vantajosas sobre o processo da descentralização como pode um Líder da Casa de Deus ainda ficar reticente, temeroso, vacilante, de levantar pessoas qualificadas para o ajudarem a tocar a sua Igreja ou outra instituição? Deveríamos aprender que ninguém é insubstituível! Ninguém fica em um cargo para sempre! No mundo material, se não passamos conhecimento para alguém nem permitimos que pessoas capazes nos ajudem, quando morrermos, a obra que realizamos e o conhecimento que detivemos durante a nossa vida perecerá conosco. Só que na Obra do Senhor a coisa é diferente. O homem morre, mas a Obra continua, pois a Obra é de Deus e Ele não a deixa parar!  Moisés talvez seja o maior exemplo disto. Ele era inteligente, sabia comandar pessoas e possuía uma íntima comunhão com Deus. Parecia ser insubstituível em todos os aspectos que se possam analisar, mas quando morreu sem conseguir colocar o povo na Terra Prometida, Deus levantou Josué que, após muitos combates e esforço, colocou o povo de Deus lá dentro! Cristo distribuiu o seu conhecimento e poder com os seus discípulos e então, após deixar o planeta e ascender aos céus, eles continuaram eficientemente a sua obra. Todo o mundo conhecido de então foi alcançado por seus ensinamentos e ainda hoje sua Obra não dá os mínimos sinais de fadiga ou de que vai parar!

CONCLUSÃO

Não sabemos nada sobre o nosso tempo, queridos. Não sabemos nada sobre até quando estaremos disponíveis para trabalhar. O Senhor pode nos chamar a qualquer momento para Si, ou podemos enfermar, ser substituídos, feitos prisioneiros, viver como foragidos, e então, vamos ficar profundamente tristes e frustrados por não termos conseguido cumprir a nossa missão. Vamos seguir, pois, a orientação do sábio Salomão em seu livro de Eclesiastes 9:10 e trabalhar com afinco e prazer para o Senhor nosso Deus. Ele disse: “Tudo quanto te vier à mão para fazer, faze-o conforme as tuas forças, porque na sepultura, para onde tu vais, não há obra, nem indústria, nem ciência, nem sabedoria alguma”

Deus abençoe a todos

Caso seja do interesse de meu prezado leitor discutir mais sobre o assunto, envie-me seus comentários, questionamentos, sugestões, críticas e, quando houver, possíveis elogios.

 

I. Características de Um Líder Cristão

 

Palestra I

 CARACTERÍSTICAS DE UM LÍDER CRISTÃO

Estudo elaborado pelo Pastor Olívio em Realengo, no Rio de Janeiro, em maio de 2011 e revisado em fevereiro de 2012

O QUE SÃO LÍDERES?

Líderes são pessoas que estão, formal ou informalmente, à frente de um grupo de indivíduos realizando algum trabalho de interesse comum. São eles que orientam as tarefas coletivas, agregadoras, que exigem o esforço de todos. Na mor parte das Igrejas Cristãs é costume chamar de Líderes apenas os integrantes do ministério espiritual maior da Igreja (Apóstolos, Bispos, Pastores, Presbíteros, etc.) e de Obreiros, todos os demais detentores de cargos menores, quer sejam estes espirituais (Missionários, Evangelistas, Líder da Intercessão, etc.) ou materiais (Líder de Eventos, da Cantina, Secretária, Tesoureiro, etc.). Outras, no intento de encurtarem a distância entre a Liderança Maior e demais lideranças, criaram um escalão intermediário de autoridades eclesiásticas denominado “Oficiais da Igreja”, no qual estão inseridos os Presbíteros e Diáconos. Outras ainda reconhecem como Líderes apenas aqueles que estão à frente de alguma atividade espiritual e como Obreiros os detentores de cargos administrativos. Outras mais só reconhecem como Líder o dirigente principal da Igreja sendo todos os demais cargos ocupados por Obreiros. Como se pode ver, esta é uma questão na qual não existe consenso, tendo em vista que cada Igreja tem a sua própria maneira de se organizar, de se estruturar. Não existe nenhuma orientação divina legislando sobre o assunto o que nos impede de radicalizar sobre ele. Para efeito de nossa Palestra, contudo, consideraremos como Líderes aqueles indivíduos que, além de se enquadrarem na definição acima proposta, estão na posição de nomearem outros para o desenvolvimento de algum trabalho, quer seja este de caráter espiritual ou material e como Obreiros os indivíduos, também detentores de um cargo, espiritual ou material, mas que não possuem o poder de nomearem outros, ainda que possam chamar pessoas para atuarem como seus ajudantes e cujo trabalho nem sempre necessita ser o de liderança sobre indivíduos.

CARACTERÍSTICAS DE UM LÍDER CRISTÃO

Biblicamente falando, um Líder cristão é essencialmente, alguém dotado por Deus com o “dom de governos”, conforme registrado em 1ª Coríntios 12:28 e descrito em Atos 27. Sem este dom, o Líder ou Obreiro cristão não passa de um Chefe de Igreja ou de Departamento, respectivamente, que fica dando ordens a seus subordinados o tempo todo e exigindo deles que cumpram a sua função. Este dom espiritual, que aparece no original grego na forma plural (governos), indica que existem várias formas e níveis dele se manifestar. É um dom que capacita o indivíduo a conduzir, guiar, dirigir um grupo, igreja ou qualquer outra instituição a um determinado local ou situação com objetivos determinados, fixados, estabelecidos. Não é um dom concedido para o indivíduo ficar mantendo, coordenando, controlando um grupo sem ir a lugar algum! Isto é ser chefe e não Líder!

A palavra que indica o dom de governos no grego é KUBERNESIS que significa “pilotar”, “dirigir”, “guiar”. Isto indica que ele é um dom de movimento, de progresso, de ação! Encontramos a palavra KUBERNETE em Atos 27:11 para designar o piloto do navio em que Paulo viajava para a Itália. O indivíduo que possui o dom de governos olha para a sua instituição como se fosse um barco que precisa singrar os mares, vencer os ventos da oposição e chegar ao lugar determinado! Ele fica absurdamente estimulado para botar o seu barco para se mover, para “andar”! Todos nós sabemos que nenhum navio é construído para viver atracado no porto, sem ir a lugar algum, da mesma maneira que nenhuma Igreja é constituída para só ficar realizando atividades internas de entretenimentos sem ir a lugar algum. Temos de colocar a nossa embarcação para navegar e, com a ajuda de Deus, ela vai começar a se mover hoje, agora mesmo na vida de meu prezado leitor que possui o dom de governos e de liderança e que está a frente de algum trabalho, tão logo acabe de ler esta Palestra!

Para colocar a embarcação que dirigimos para se mover precisamos da ajuda de muita gente, o que faz do dom de governos um dom unitivo, agregador. Assim como o piloto de um navio precisa do apoio de toda a sua tripulação para fazer o navio navegar, assim também o Líder maior da obra (Bispo, Pastor, Apóstolo), possuidor do dom de governos, precisa da ajuda de todos os seus ajudantes, sejam estes Líderes ou Obreiros, para fazer a igreja andar! Isto mostra bem o que sejam os dons de governo e o de liderança. Dentro de um navio um é líder sobre a cozinha, outro sobre o combustível, outro sobre a enfermaria, outro sobre a segurança, e assim por diante. Dentro de uma Igreja a mesma coisa acontece: um é líder sobre a intercessão, outro sobre o evangelismo, outro mais sobre o ensino bíblico e outro ainda sobre a adoração. Todos esses líderes cristãos possuem o dom da liderança e o de governo em algum grau, mas apenas o Líder maior da Igreja, possui o dom de governos em total dimensão. Isto porque cada Líder ou Obreiro lidera apenas sobre um setor específico. O Líder maior sobre a instituição inteira! Os primeiros são líderes sobre pessoas comuns. O segundo é líder sobre líderes! Comanda pessoas de comando! Dirige pessoas que dirigem! Aleluia! Como é fantástico esse dom de governos!

Esta altíssima posição de vanguarda, de dianteira, de pessoa principal pode assustar – e assusta mesmo – muitos Líderes da Igreja de Cristo que estão deixando de realizar um trabalho excelente, firme e bonito para o seu Senhor com medo de assumirem os riscos desse seu posto. Eles estão se escondendo atrás de desculpas fúteis, assumindo uma postura de pseudo-humildade, que na realidade só serve para ocultar o enorme medo que estão sentindo de estarem onde estão. Parecem até Moisés quando Deus o chamou para tirar o seu povo do Egito. Leia os textos aqui assinalados e veja como era tímido e reticente o grande Líder Moisés (Êxodo 3:11,13 / 4:1,10,13 / 5:23 / 6:12,30). Mas a Bíblia é enfática em afirmar que se Deus chama alguém, Ele o capacita! Deus nunca chamou ninguém para colocá-lo em posição de humilhação, de vexame, de vergonha! Se Deus chamou você para ser um Líder então é para você ser grande mesmo! Você tem de assumir isto, pois que foi feito do mesmo “material” de Deus (Gênesis 2:7) e uma das características deste “material divino” em nós é que ele contém “ousadia”, “coragem”, “atrevimento” (2ª Timóteo 1:7).

Mas esta altíssima posição de destaque pode também trazer muita inveja e cobiça por parte de indivíduos não muito bem estruturados. Eles querem a elevada posição do cargo, mas não estão preparados para sua grande responsabilidade. Parecem Datã, Coré e Abirão querendo o cargo de Moisés (Números 16). Todos eles foram mortos, com os seus simpatizantes, por uma ação terrível do Senhor. Davi era extremamente zeloso com essa questão. Nas muitas vezes que pode se insurgir contra Saul não o fez por entender que apenas aquele que põe alguém em uma posição o pode tirar. Somente quando o rei Saul morreu Davi aceitou ser rei sobre todo o Israel. O que todos nós precisamos compreender é que da mesma maneira que uma embarcação só precisa de um piloto para dirigi-la assim também a igreja só precisa de um Pastor para dirigir o rebanho. Ele poderá ter tantos assessores quanto necessite, mas nenhum deles terá o seu cargo de Líder Maior, que é único, indivisível. Esta compreensão evitará brigas internas e manterá os olhos de todos fitos na missão.

Um Líder ou um Obreiro cristão, queira ou não queira, é uma pessoa de vanguarda, de testeira, pois quem dirige alguma coisa está à frente, na ponta, na cabeceira, e não na retaguarda, na traseira, vindo a reboque. Isto não é uma questão apenas de posicionamento do Líder ou Obreiro em relação ao grupo, mas de postura, de atitude também! Um capitão nunca deve chefiar os seus soldados dando ordens pela retaguarda, como sendo o último homem, e sim na vanguarda, à frente de seu pelotão! Ele não pode seguir os seus soldados e sim os seus soldados o seguirem! Sua patente de capitão o credencia e o obriga a estar na posição em que se encontra! Ele não pode fugir dela! Não deve ter medo dela, pois que foi talhado por Deus para a assumir! No exemplo de Liderança espiritual dado por Jesus em João 10: 1-16 as ovelhas seguem o seu Pastor o que quer dizer que este vai à frente dos animais, na dianteira, e não atrás. Assim deve ser o Líder ou Obreiro cristão! Um crente de vanguarda, de dianteira, de condução!

Uma vez que o Líder maior já possua tudo à sua disposição para movimentar a Igreja, para fazê-la andar, é necessário agora ele fazer os seus liderados trabalharem em sintonia com ele a fim de fazerem o que ele deseja. Isto é conseguido através da credibilidade e simpatia que este passa a seus liderados ao demonstrar que possui familiaridade com o seu trabalho e que é uma pessoa firme, mas gentil. Um piloto sabe tudo sobre o seu navio, a sua tripulação, as condições do tempo e os mares que vai navegar. Isto traz confiança a quem vai lhe entregar a vida, ainda que por algumas horas ou dias. No exemplo de liderança espiritual dado por Jesus, o humilde Pastor de ovelhas entra pela porta do curral, chama as suas ovelhas por seu nome em um redil capaz de abrigar diversos rebanhos e elas o escutam e o seguem para onde ele as quiser conduzir (João 10:1-16). Tudo no texto demonstra a familiaridade do Pastor com o seu trabalho, com o lugar que abriga as ovelhas e com cada um de seus animais (vs.1-4). Muitos Líderes e Obreiros da Casa de Deus não conhecem bem o seu serviço, suas atribuições e, menos ainda, as pessoas com as quais trabalha. O resultado disto são insatisfações reprimidas, medos não confessados e distanciamento cada vez maior entre os Líderes e seus liderados. Todo Líder e Obreiro tem a obrigação moral e funcional de conhecer bem o seu trabalho. Como o piloto de um navio, aquele que possui o dom de governo ou de liderança tem de ser um indivíduo capaz de mobilizar o seu grupo para realizar o que ele pretende.

Todo Líder ou Obreiro cristão, a exemplo do piloto de uma embarcação, tem de ser também um indivíduo extremamente organizado. Não existe esse negócio de Líder ou Obreiro de Cristo bagunçado, desorganizado, “esculhambado”! A ele não foi dado esse direito, pois que trabalha com vidas valiosas, adquiridas pelo precioso sangue de Cristo e para as quais ele deve ministrar ao máximo de sua capacidade. Como um piloto de navio que planeja minuciosamente a sua viagem, coordena ações, comanda pessoas, corrige rotas, estabelece estratégias para alcançar seu destino sem acidentes e interrupções, que se cerca de todos os recursos necessários para realizar bem a sua viagem, tais como; cartas marítimas, indicadores meteorológicos, combustível, semáforos, população treinada, alimentação, medicamentos, botes de segurança, coletes salva-vidas e toda uma parafernália de instrumentos capazes de orientá-lo em sua missão, assim também deve acontecer com a Liderança constituída da Casa de Deus. O Líder ou Obreiro de Cristo precisa cuidar de todos os detalhes de seu trabalho antes de iniciá-lo. Nada de achar que por ser o seu trabalho um “trabalho espiritual” ou ser o seu Setor um dos “menos importantes” da Igreja que ele não precisa ter o seu planejamento, seu olhar de administrador, seu poder de organização. Se você pensa assim, deve reler todo o capítulo 1 do livro de Gênesis e ver que o Deus do Universo é um Deus organizado! Deus planeja todas as suas ações antes de trabalhar nelas e nós não estamos autorizados a não planejar as nossas! Essa falta de planejamento, longe de ser um sinal de espiritualidade ou de grande fé é sim um sinal de enorme displicência, de relaxamento, de negligência para com a Obra de Deus (Jeremias 48:10 / Provérbios 18:9).

Claro fica também que, se alguém é Líder de alguma coisa, então esta pessoa, obrigatoriamente, tem de ser uma visionária. Todo Líder ou Obreiro da Igreja de Cristo deve ser uma pessoa de visão. Ela vê o que ninguém ainda vê. Ela enxerga o que ninguém ainda conseguiu enxergar. O piloto que sai para o mar não vê nada à sua frente a não ser água, água e água e, ainda assim, ele se lança a navegar sobre ela e chega por fim ao porto desejado, causando admiração em todos por sua perícia. O pastor de ovelhas sai com seu rebanho para procurar verdes pastagens e água fresca em lugares que desmentem que ele os encontrará, mas ainda assim ele sai e os encontra. Jesus disse para seus discípulos em João 4:34: “Levantai os olhos e vede os campos que estão brancos para a ceifa”. Ele estava ensinando que não basta apenas levantar os olhos e olhar, é necessário ver, enxergar, contemplar. Ele “viu” a multidão que o seguia e disse que seus integrantes estavam errantes e desgarrados como ovelhas que não tem Pastor (Mateus 9:35, 36). Quem olha, enxerga, quem vê, percebe (João 9:1 / Lucas 19:5). Muitos Líderes e Obreiros da Casa de Deus dirigem pessoas e serviços sem terem nenhuma intenção de chegar a lugar algum. Eles simplesmente se repetem e se repetem nas coisas que estão fazendo, sem sair do lugar e enfadando a todos quantos com eles trabalham. Até onde você deseja levar o seu Setor? Até onde você deseja levar sua igreja? Um Líder ou Obreiro deve ser o olho divino que projeta pessoas e serviços para diante, a uma posição que ninguém nunca sonhou e ousou em chegar. A visão deve ser longa, distante, desafiadora, como a visão de Jesus de evangelizar o mundo todo usando pessoas como eu e você! Quem poderia acreditar nisso? Muitos o chamarão de louco, como fizeram com Jesus, mas quando começarem a fazer isso, comece a glorificar o Senhor, pois então você terá certeza de que está no caminho certo!

Todo Líder ou Obreiro cristão, a exemplo do capitão de um navio, é uma pessoa extremamente responsável. Ele dirige vidas humanas e precisa chegar com elas sem dano algum ao seu destino. O capitão do navio em que Paulo estava carregava 276 almas (Atos 27:37). Isto faz com que o Líder ou Obreiro seja uma pessoa atenta, precavida, vigilante, que adota todas as medidas possíveis de segurança, antes de iniciar o seu trabalho e não quando o problema acontece, pois sabe que uma vez que o seu navio tenha saído do porto, não poderá mais a ele retornar! Por isto, tudo já foi previsto e planejado lá mesmo, no porto, mesmo que tais eventualidades nunca venham a acontecer! Nenhum Líder ou Obreiro da Igreja de Cristo deve jamais ser re-ativo e sim pró-ativo, ou seja, ele não deve nunca esperar o problema acontecer para só depois correr atrás da solução, mas sim, se antecipar a ele a fim de evitar que ele aconteça! Ele não deve jamais ter de re-agir a alguma coisa e sim agir, pois que re-agir é tomar atitude depois que algo já aconteceu, diferentemente de agir, que é tomar atitude antes que algo aconteça. Isto é antecipação, é antevisão, é responsabilidade. Imagine se um piloto, carregando milhares de vidas em sua embarcação, vai ficar esperando seu navio bater em um iceberg, um recife, um banco de areia, passar por uma calmaria, um furacão, uma tempestade e outros perigos mais, para só depois então pensar no que fazer! Isto seria ridículo, inaceitável, fatal! Um piloto está sempre alerta sobre todos os possíveis perigos que lhe possam advir do mar. (Atos 27:7,9,14,15,18,20,29,33,41,42). Se ainda assim algo ruim vier a acontecer ele tenta salvar aqueles que estão sob sua responsabilidade, mesmo com o risco de sua própria vida (João 10:11-15).

O capitão do barco onde Paulo estava havia tomado todo o cuidado para preservar as vidas, mas ainda assim, o navio que dirigia naufragou. Todas as almas, porém, foram salvas, incluindo a dele mesma. Como este acidente aconteceu? Não foi pela sua falta de perícia, pois que era piloto acostumado a singrar por aqueles mares. O que foi então? O problema estava na natureza de seu trabalho. Ele era tão imponderável, tão imprevisível, que ficou faltando uma coisa em seu preparo formal para capacitá-lo plenamente. Faltou-lhe o conhecimento e a comunhão constante com Deus! Isso o apóstolo Paulo tinha de sobra e pelas orientações recebidas do Deus Vivo pode salvar a todos sem perda de nenhuma vida! Podemos ser bons em conduzir navios, mas Deus é o Governador dos mares! Podemos ser bons em dirigir igrejas, mas só Deus sabe conduzir condutores! Mesmo que tenhamos o máximo de preparo teológico e de educação secular – e todo Líder deve se esforçar ao máximo para obtê-los – precisamos de Deus para tocar nossa vida e nos ajudar a dirigir o nosso barco sem acidente algum. Quantos na Igreja de Cristo estão despercebidos, trabalhando em sua mesmice, correndo riscos enormes capazes de destruírem a sua embarcação e aniquilar vidas! Forças demoníacas os estão cercando e eles parecem não perceber nada ou mesmo ligar para isso (Mateus 16:18 / Tiago 4:7). Quem vai responder pelas vidas que Líderes e Obreiros sem responsabilidade, displicentes, não estão fazendo nada para mantê-las vivas e saudáveis?

Mais uma coisa ainda deve ser dita neste estudo: O navio em que o piloto e a sua tripulação trabalham não pertence a nenhum deles. Eles já o encontraram pronto, terminado no cais. O piloto não o construiu nem ainda um de seus ajudantes. Ao piloto cabe apenas governá-lo e aos membros de sua tripulação dirigir bem os seus respectivos setores. Isto quer dizer para os Líderes e Obreiros cristãos que a igreja onde eles estão trabalhando não lhes pertence, mesmo que o prédio físico tenha sido construído por eles. A Bíblia diz que Jesus vai tirar a sua igreja verdadeira de dentro das igrejas para levá-la ao céu (Mateus 24:37-41). Os prédios vão ficar e as pessoas vão subir. Não lideramos sobre edifícios e sim sobre pessoas. Pense bem no que seria a sua igreja ou o Setor que você dirige sem pessoa alguma para você liderar.

Somos Líderes sobre indivíduos e a igreja física o lugar onde exercemos os nossos dons. O apóstolo Pedro disse em sua primeira carta: “Cada um administre aos outros o dom como o recebeu, como bons dispenseiros da multiforme graça de Deus. Se alguém falar, fale segundo as palavras de Deus: se alguém administrar, administre segundo o poder que Deus dá; para que em tudo Deus seja glorificado por Jesus Cristo, a quem pertence a glória e o poder para todo o sempre. Amém” (1ª Pedro 4:10-11). Leia ainda o texto de 1ª Pedro 5:1-4 para obter mais luz sobre esta questão. Infelizmente, ainda encontramos na Igreja de Jesus, pessoas que estão atuando como verdadeiros chefes, gerentes de empresas, empresários, olhando para a Igreja do Senhor como se fosse o seu escritório particular e para os irmãos em Cristo como se fossem seus empregados. Eles brigam, reclamam, impõem sanções aos irmãos, usam coisas da Igreja para seu proveito próprio como se a Igreja lhe pertencesse e os objetos fossem seus, mas a Igreja não é propriedade deles e sim de Jesus! (Mateus 16:18). Tais irmãos até podem possuir o estranho ”dom da chefia”, se é que isto é possível, mas estão longe de possuir o puro e maravilhoso dom de governos concedido pelo Espírito Santo!

Deus abençoe a todos.

Caso seja do interesse de meu prezado leitor discutir mais sobre o assunto, envie-me seus comentários, questionamentos, sugestões, críticas e, quando houver, possíveis elogios.