I. Os Guardiões do Éden

 

Palestra I

OS GUARDIÕES DO ÉDEN

Estudo elaborado pelo Pastor Olívio em Realengo, no Rio de Janeiro, em agosto de 2012

INTRODUÇÃO

Ao iniciar esta palestra sobre extraterrestres tenho a impressão de que todos crêem positivamente sobre o assunto, mas que todos também têm medo de falar sobre o mesmo. Alguns por achar que vão contrariar o seu grupo religioso se expuserem a sua crença e experiências; outros por medo de caírem no ridículo e serem desacreditados nas demais áreas de sua vida; outros ainda por medo de serem ameaçados, perseguidos e até mortos por assassinos encomendados. Apenas alguns poucos têm coragem de falar sobre o tema e contar as suas experiências. Se entre estes poucos houver pastores evangélicos, como eu, então direi que este grupo se reduzirá ainda mais. Não posso dizer que seja um pesquisador devotado ao assunto em seu aspecto histórico, secular, mas sou sim, um pesquisador das Escrituras Sagradas e, como tal, sinto-me no dever de examinar a existência ou não de tudo quanto possa impactar a vida de fé de minhas ovelhas, quer estejam elas próximas de mim, visivelmente, quer estejam elas distantes, longínquas, como “ovelhas virtuais”.

BUSCANDO UM SENTIDO PARA O UNIVERSO VAZIO

Quem já não se perguntou ao olhar para o céu, em uma noite enluarada, com as estrelas plenamente visíveis ou, ao ver filmes e documentários com cenas do Universo contendo uma infinidade de objetos celestes, se o planeta Terra seria o único lugar habitado em todo esse imenso Universo? Quem já não se questionou dizendo: “Será que todos esses planetas, estrelas e astros estão mesmo vazios, sem nenhum habitante, ou será que nós é quem não estamos conseguindo enxergar os seres que neles habitam que, ao contrário de nós, estão sim nos vendo e até já apareceram por aqui?” Se o inquiridor for uma pessoa que acredita em Deus provavelmente já terá se perguntado: “Qual o sentido de Deus em fazer o Universo com bilhões e bilhões de astros, sem ninguém para habitá-los?” Se este inquiridor for mais do que um crente comum, mas um daqueles cristãos que não têm medo de ousar no pensamento, deverá ter se perguntado, por diversas vezes: “Para que o Senhor vai recolher os céus no final dos tempos, como diz Hebreus 1:10-12, e fazer “novos céus e nova terra”, como afirma João em Apocalipse 21:1, se os céus que estamos vendo agora estão vazios, sem ninguém, e se os anjos, únicos seres que conhecemos fora da Terra e que poderiam habitá-los, são espíritos puros (Hebreus 1:14), que não necessitam de um lugar físico para pousar e repousar?” Não lhe parece esta ação de “criar e destruir um universo sem nada” um despropósito divino, prezado leitor? Um capricho da Divindade? Um erro de programação de um Ser absolutamente egocêntrico?

Lembro-me, quando ainda noviço no cristianismo, ficava extremamente perturbado ao ler alguns textos bíblicos que me davam a nítida impressão de que eles não se reportavam nem a coisas, nem a criaturas celestes, mas sim a coisas e seres de outros mundos, totalmente diferentes do nosso, de dimensões materiais e temporais diferentes das que conhecemos! Claro que esses seres a que me refiro não eram os anjos nem os arcanjos, como os descritos na Bíblia, nem ainda a pessoa do Senhor Jesus que, por ter vindo do céu, como Ele mesmo afirmara em João 3:13 / 6:62 / 8:23 e outros textos, também não deixava de ser um extraterrestre, mas sim aqueles seres que, habitando em outros locais do universo, possuíam um corpo material, físico, mais denso ou mais sutil do que o nosso, e que viajavam em naves espaciais extraordinárias a velocidades incríveis! O tempo foi passando e a estranha sensação que eu sentira acerca dos alienígenas não diminui com o seu passar, antes aumentou e me obrigou a pesquisar o que as Escrituras diziam sobre eles a fim de aquietar a minha mente e o espírito atordoado de algumas de minhas ovelhas.

É desejo meu examinar esses textos em várias palestras, na ordem em que eles aparecem na Bíblia e não na ordem em que foram por mim observados. Certamente que passarei por cima de alguns deles, tendo em vista não conhecer a todos, mas, tenho certeza que, ainda assim, surpreenderei o meu leitor com a grande quantidade de “textos alienígenas” encontrados nas Escrituras. Assim como não tenho demonstrado nenhum receio em analisá-los, gostaria que o prezado leitor também não demonstrasse nenhum receio em lê-los, ainda que possa se sentir um tanto quanto incomodado, inseguro e até mesmo apavorado!

TEXTOS “ALIENÍGENAS” NO ANTIGO TESTAMENTO

O primeiro texto sobre o tema que eu gostaria de examinar encontra-se logo no livro de Gênesis, nos versículos que tratam da expulsão de nossos primeiros pais do Jardim do Éden, após estes terem transgredido contra o Senhor e diz assim: “O Senhor Deus, pois, o lançou (ao homem) fora do jardim do Éden, para lavrar a terra de que fora tomado. E havendo lançado fora o homem, pôs querubins ao oriente do jardim do Éden, e uma espada inflamada que andava ao redor, para guardar o caminho da árvore da vida” (Gênesis 3:23,24).

Se o leitor observou bem o texto, os querubins ficavam postados, fixos, sediados, em uma região única do Jardim do Éden, a saber, ao oriente, a leste, na posição do nascer do sol, enquanto a espada inflamada ficava girando o Jardim ininterruptamente. Por que um elemento ficava parado enquanto o outro girava ininterruptamente? Porque as suas funções eram diferentes, apesar de serem complementares! Enquanto a espada girante tinha por missão vigiar o Jardim contra possíveis invasores, os querubins tinham por missão combatê-los! Isto deixa claro que o Jardim podia ser invadido de qualquer posição, de qualquer parte, de qualquer localidade! Os possíveis invasores do Éden poderiam criar um caminho alternativo, distante daquele protegido pelos querubins, para adentrarem o Jardim e roubarem a Árvore da Vida! Daí a espada ter de ficar girando-o, circundando-o, percorrendo-o ininterruptamente! A espada e os querubins não trabalhavam isoladamente, mas em conjunto! Tão logo a espada chamejante detectasse a presença dos possíveis invasores, alertaria os querubins, postados ao oriente do Éden, que se apresentariam imediatamente no local chamado e combateriam o inimigo! Surge então a pergunta: “Como a espada girante alertaria os querubins?” Através de um sinal, de um dispositivo qualquer de aviso, compreendido por ambos, visto não serem os querubins criaturas onipresentes, mas sim finitas, limitadas no conhecimento e no espaço. Os querubins, pois, dependiam do sinal da espada rotatória para poderem agir!

OS ESTRANHÍSSIMOS QUERUBINS DO ÉDEN!

Segundo o grande hebraísta [1]Antônio Neves de Mesquita, em seu livro “Estudo no Livro de Gênesis”, a palavra “querubim” ocorre 74 vezes na Bíblia e é de etmologia desconhecida. Ninguém sabe ao certo o que ela significa. Alguns comentaristas se aventuram a dizer, baseado nas funções destes “entes”, que ela significa “cobrir”, “guardar”, mas não têm muita certeza disso. A palavra ocorre 44 vezes com referência aos símbolos sagrados que aparecem nas cortinas do Tabernáculo (Êxodo 26:1), na Arca do Concerto (Êxodo 25:18-20 / 37:7-9) e no véu do Santíssimo (Êxodo 26:31), mas, apenas no livro de Ezequiel, ela aparece 19 vezes com uma conotação bastante estranha, bastante diferenciada da sugerida pela Teologia moderna de “seres angelicais”! Veja aqui algumas dessas estranhas diferenças:

  • Enquanto nos símbolos do Tabernáculo os querubins aparecem como anjos, cada um com duas asas, no livro de Ezequiel eles aparecem com quatro (10:1-22) e no livro do Apocalipse, com seis asas cada! (Apocalipse 4:6-9).
  • Enquanto nos símbolos do Tabernáculo os querubins possuem um rosto único de anjo, no livro de Ezequiel e no de Apocalipse, eles aparecem com quatro faces cada um e com quatro rostos distintos!
  • Enquanto em Ezequiel 1: 10 e em Apocalipse 4:7 se diz que os seus rostos eram de homem, leão, boi e águia, em Ezequiel 10:14 se diz que os seus rostos eram de homem, leão, águia e querubim! O rosto de boi fora substituído pelo rosto de querubim! Teriam os querubins a aparência de touros? Será que as enormes figuras de touros alados com cabeça de homem, colocados pelos babilônicos e assírios à frente de seus palácios e templos, que eram os lugares em que residia a majestade material e espiritual, respectivamente, eram uma alusão aos poderosos querubins, visto que, segundo a crença destes povos, estes touros alados desempenhavam a mesma função dos querubins da Bíblia?
  • No livro dos Salmos e em outros das Escrituras Hebraicas, encontramos os querubins sustentando o trono de Deus no céu (80:1 / 99:1 / Números 7;89 / 1ª Samuel 4:4 / 2ª Samuel 6:2 / 2º Reis 19;15 / Isaías 37;16, etc.) enquanto no livro de Ezequiel, por duas vezes, eles aparecem transportando um ser “a semelhança dum homem” (1:26) que ficava encapsulado dentro de um módulo voador, em uma espécie de trono, sobre os querubins, que saía e voltava quando queria, conforme registrado pelo profeta! (9:3 / 10:4,18-22).

Que me perdoem os meus queridos irmãos pela “profanação” deste mistério bíblico, pela “quebra de sacralidade” da qual certamente serei acusado, mas “não estou viajando” ao dizer todas essas coisas, visto ser a Bíblia, o nosso livro de fé e prática, que as diz! O estranho comportamento da espada girante e dos querubins do Éden faz com que ambos mais pareçam ser elementos físicos, materiais, do que elementos espirituais – senão isto – pelo menos com a possibilidade de adquirirem materialidade nos mundos em que adentram! Sei que alguns comentaristas defendem que os querubins sequer sejam reais, mas apenas símbolos representativos de realidades espirituais, mas as Escrituras ensinam que os querubins são seres viventes sim, distintos entre si, e detentores de personalidade! A espada girante e os querubins edênicos não foram colocados no Jardim do Éden para não serem vistos, ficarem ocultos, invisíveis, fulminando as criaturas que se aproximassem do Paraíso, mas para serem avistados à distância e com isto desanimarem, desde logo, os pretendentes ao rapto da Árvore da Vida! Símbolos não protegem ninguém! Símbolos não impedem invasões!

Outros comentaristas, seguindo a interpretação tradicional da Igreja cristã, afirmam que tanto a espada girante quanto os querubins eram elementos reais, verdadeiros, mas de composição apenas espiritual, ou seja, eram constituídos somente de “substância espiritual”. Mas, qual a razão de Deus colocar “espíritos”, que não podiam ser avistados por criaturas carnais decaídas, para guardarem o fruto de uma árvore capaz de dar a imortalidade física a quem dele comesse, se espíritos não são seres físicos e são imortais? Caso os defensores do Éden fossem elementos invisíveis, os possíveis invasores do Éden avançariam relaxadamente em direção ao Jardim até serem avistadas pela espada cintilante e fulminados pelos querubins, já que tais invasores não veriam essas realidades espirituais no local, nem detectariam as suas presenças! Não me parece que o propósito daquele que expulsou do Éden os nossos primeiros pais, justamente para protegê-los de acessarem o fruto da Árvore da Vida, usasse agora de um estratagema medíocre para apanhá-los em distração e matá-los! Só um ser maligno poderia maquinar algo assim!

Halley informa em seu [2]Manual Bíblico que antigas inscrições babilônicas afirmam que “perto de Eridu havia um jardim em que existia uma árvore sagrada, misteriosa, árvore da vida, plantada pelos deuses, cujas raízes eram profundas, enquanto seus ramos tocavam o céu; era protegido por espíritos guardiões; ninguém penetra nele”. Esta inscrição é importantíssima por comprovar a existência do Éden e da Árvore da Vida na região de Eridu, antiga Babilônia, e ainda por falar da espiritualidade dos espíritos guardiões ali presentes, mas, claro está que isto não é tudo, tendo em vista a narrativa bíblica sobre os querubins do Éden ser a primeira de um conjunto de outras tantas que nos ajudam a desenhar e a entender a compleição, a configuração, a constituição do que seria um querubim. A espada girante, sendo inflamada, chamejante, de fogo – linguagem figurada que significa que era reluzente, brilhante, cintilante como o metal dourado, o ouro – podia ser avistada à distância por olhos físicos, o mesmo acontecendo com os poderosos querubins, a quem as Escrituras se referem como “seres espirituais” da mais elevada categoria, mas que também podiam transportar gente, pousar no solo, andar sobre rodas, fazer manobras de direção e levantar vôo quando ordenados! (Ezequiel 1:1-28 / 9:3 /10:1-22). Como isso seria possível se a espada e os querubins fossem constituídos apenas de “substância espiritual?” Desde quando um espírito carrega outro nas costas?

Alguma vez, o meu prezado leitor já se perguntou por que Deus colocou querubins para proteger o caminho que levava à Árvore da Vida e não serafins, arcanjos, ou outro tipo de criatura celestial? Se não, eu lhe responderei: porque apenas querubins podem enfrentar outros querubins! Os querubins não são estafetas de Deus, não são mensageiros divinos, como os demais anjos, mas são, sim, seres protetores, defensores, guardiões do sagrado. Eles são os seres mais qualificados do universo para a função de proteção! Sua função de defensor no texto que estamos examinando fica evidenciada por 3 motivos, quais sejam:

  • a) existia outro querubim à solta, que outrora havia decaído de seu estado original de perfeição e que conhecia muito bem o Jardim do Éden por ter conversado bastante com os primeiros humanos que ali foram colocados e que poderia incentivá-los a invadirem o local e roubarem do fruto da Árvore da Vida. Lúcifer, o nome desse outro querubim, que a Igreja passou a conhecer pelo nome de Diabo (Ezequiel 28:11-16), já obtivera sucesso no convencimento dos humanos no apossamento do fruto da primeira árvore proibida, a saber, a Árvore do Bem e do Mal e, se conseguira convencê-los quando ainda vivam em estado de graça, em plena comunhão com o Senhor, poderia conseguí-lo novamente vivendo eles agora como seres decaídos (Gênesis 3:1-6);
  • b) Caim, o primeiro filho do casal adâmico, ao sair do clã de seu pai, fora habitar a terra de Node, que ficava justamente ao oriente do Éden (Gênesis 4:16). Esta sua decisão de habitar a terra de Node poderia ter acontecido também por dois outros motivos, quais sejam: ou ele intentava invadir o Jardim e subtrair a Árvore da Vida, conseguindo assim a eternidade física, ou apenas viver no lugar mais protegido e seguro da face da terra, visto ser protegido pelos poderosos querubins! De uma maneira ou de outra, ele estaria se assegurando de que ninguém o mataria, como ele mesmo dissera a Deus que aconteceria se alguém o encontrasse, por ter ele assassinado a seu irmão Abel (Gênesis 4:14-16).
  • c) haviam outras raças, que não a humana, convivendo com o homem na terra, e que também poderiam ficar tentadas a invadir o lugar sagrado e roubar a Árvore da Vida, visto serem seus integrantes constituídos também de carne, exatamente como o homem, sendo, portanto, mortais (Gênesis 6:1-4). Falaremos dessas raças nas três próximas palestras, está bem? Você não pode deixar de lê-las!

Ao analisarmos, pois, friamente, a forma e o comportamento da espada girante, vemos que ela se assemelha muito mais a um satélite espião do que qualquer outra coisa que já possamos ter analisado, enquanto os querubins se assemelham muito mais a poderosas naves de combate do que a anjos desconhecidos! Sei que o meu leitor agora está com desejo de me excomungar de vez por não acreditar que um pastor cristão, com mais de 25 anos de ministério, possa falar com tanta crueza, tanta frivolidade, em satélites espiões, naves espaciais e raças desconhecidas convivendo com a humana, dizendo fazer isso baseado nas informações das Escrituras Sagradas! “Eu precisava estar vivo para ver isso”, diz você! LAMENTO INFORMAR, MAIS ISTO AINDA VAI FICAR PIOR!

Sei que a tendência no meio cristão é olhar para as coisas integrantes desta narrativa do Gênesis apenas como se fossem representações de coisas espirituais, cheias de significado religioso, tais como; o jardim do Éden representando o céu perdido; a Árvore da Vida, o Cristo eterno; a espada de fogo e os querubins, a Palavra de Deus e os anjos do Senhor que nos livram de cair, e por aí vai. Não estamos errados em pensar assim! Temos respaldo bíblico para crer dessa maneira! Mas, após estudar o comportamento dos querubins e da espada chamejante por algum tempo, eu estou plenamente convencido de que só dizer que eles eram símbolos espirituais, ou elementos de consistência puramente espiritual não é suficiente! Ou todos os textos bíblicos que possuímos sobre os querubins se referem a vários tipos de criaturas, diferentes uns dos outros, e daí termos de interpretá-los também diferentemente, separadamente, em seus respectivos blocos, ou todos os textos bíblicos que possuímos se referem a uma única criatura, e aí, temos de interpretá-los todos conjuntamente, em único bloco, de forma a harmonizá-los. Ao fazermos isto, porém, a conclusão nos leva a algo tão impressionante, tão imprevisível, tão exótico, que jamais pensaríamos ser possível existir no universo de Deus!

Como vimos anteriormente, as Escrituras nos dão o desenho dos querubins não apenas como anjos – seres espirituais dotados de grande poder e força, como Lúcifer e os querubins gravados nos símbolos do Tabernáculo – mas também como seres descomunais, espetaculares, capazes de adentrar mundos materiais e espirituais, alterando sua forma, tamanho e estrutura (de espiritual para material e vive-versa) para poderem suportar as leis físicas e espirituais dos mundos em que adentram. Que tipo de criatura é esta que, ora aparece como um anjo comum, ora como uma máquina aterradora? Que congrega em si todas as características de um ser espiritual e também as características de uma nave espacial? Que é responsável em proteger o sagrado, mas também é responsável em “sustentar e transportar” o trono do Senhor em seus deslocamentos pelo Universo quando este tem de adentrar os vários mundos que governa, em forma corporal, limitada, micronizada, por ter o Senhor de assumir a forma dos habitantes do mundo que visita? Não foi exatamente isto o que aconteceu quando o Cristo veio nos salvar? (Filipenses 2:5-7). Ou será que o estudante das Escrituras acha que o Universo não tem problema algum e que o Senhor o administra sentado de seu trono, sem sair do lugar? Acredita realmente nisso, mesmo depois da rebelião de Lúcifer, quando a Bíblia ensina que a própria harmonia do Cosmo ficou desestabilizada e que cabe a Cristo restaurá-la? (Efésios 1:10 / Colossenses 1:20). Acaso o amado já leu Miquéias 5:2 que afirma que da cidade de Belém nasceria o Senhor “cujas saídas são desde os tempos antigos, desde os dias da eternidade?” Que “saídas” são estas e que “dias da eternidade” são estes a que o profeta se referiu? Certamente que essas “saídas” falam da forma do Senhor administrar o seu universo, como seja: indo pessoalmente ao local onde o problema se encontra e os “dias da eternidade”, as eras longínquas em que o Cristo já assim operava!

Ezequiel viu, por duas vezes, os estranhos seres que a Bíblia chama de querubins e ficou absolutamente estupefato com eles! (1:1-28 / 9:3 /10:1-22). Davi também os viu e, entre assustado e maravilhado, cantou-os em seus Salmos! (2º Samuel 22: 5-17 / Salmo 18:6-16). Muitos comentaristas afirmam ser o conteúdo destes cânticos davídicos apenas uma forma poética do rei-cantor falar sobre a extraordinária resposta que Deus dera à sua oração, mas ainda que esta resposta fosse cantada em forma poética não significaria dizer que os elementos constituintes de tal canção não fossem verdadeiros, ou seja, Davi teria necessariamente de saber o que era um querubim e a sua função para poder cantá-los em suas prosas e versos! O mais interessante porém, é que, ao falar dos querubins, Davi não os descreveu com a forma angelical com que eram desenhados nos elementos do Tabernáculo (cortinas, propiciatório e véu do Santíssimo), ou seja, como anjos, com apenas um rosto e um par de asas, mas exatamente como Ezequiel os descreveria quase quinhentos anos mais tarde em seu livro! Isto ainda parece poesia para você, prezado leitor? Davi disse em 2º Samuel 22:11 que, quando o Senhor acabara de intervir em seu favor, que o Senhor “subiu em um querubim e voou”, e que “foi visto sobre as asas do vento”. Tanto o Senhor quanto o querubim que o transportava foram vistos por várias pessoas! De posse de todos esses dados, não consigo fugir da conclusão de que os querubins são extraordinárias “consciências-naves”! Não naves espaciais inteligentes, autônomas, como as que ouvimos falar, que são sempre materiais e não possuem vontade própria, mas “consciências-naves”, visto, em diversas passagens bíblicas, eles se apresentarem com consciência, personalidade, adorando insistentemente ao Senhor, de dia e de noite! (Apocalipse 4:6-8). Reconheço que este termo, além de não ser bíblico, pode não ser o mais adequado para descrever um ser com a complexidade de um querubim, mas foi o que me pareceu melhor para descrevê-los. Falarei das naves espaciais e de seus tripulantes conforme aparecem na Bíblia em outra oportunidade e você verá as diferenças entre elas e um querubim.

VOANDO COMO UM QUERUBIM NA FÉ

Meu leitor pode estar boquiaberto com tudo o que leu até agora e com o desejo enorme de abortar mais uma vez esta leitura por não acreditar que um Pastor evangélico, com tantos anos de ministério, possa ter uma opinião desse tipo acerca das coisas mais santas de Deus, mas não se trata aqui de você acreditar se alguém pode ou não crer nisto ou naquilo e sim se é possível a você crer! Se é possível ou não VOCÊ enxergar ainda mais longe a grandeza do nosso Deus! Será que o prezado leitor observou, nesse momento de pavor e de possível ira contra o Pastor Olívio, que o texto afirma que foi o Senhor Deus quem colocou a espada chamejante e os querubins para protegerem o caminho que levava a Arvore da Vida? Que isto tão somente significa dizer que o Senhor Deus tem o controle de tudo e de todos em todos os mundos materiais e espirituais que existam? Que pavor, pois, é este, de ouvir falar em seres extraterrestres, quando governos do mundo inteiro estão liberando seus arquivos mais secretos para a população comum sobre criaturas alienígenas, vidas extra e interplanetárias e OVNIS? Como ficaria a fé do irmão no dia em que se noticiasse, ao vivo, a captura de um ser de outro mundo ou de uma de suas potentes naves? A fé do meu irmão se agigantaria ou ficaria sem base de crença alguma, sem nada em que se apoiar?

Querido(a), sua fé hoje pode dar um salto gigantesco, sobrenatural, se tão somente o(a) amado(a) acreditar que o Deus a quem servimos não é apenas Deus sobre os céus onde vivem os anjos, a terra, onde vivem os homens, e o inferno, onde estão os demônios, mas também é Senhor sobre todos os mundos imagináveis e inimagináveis existentes neste Universo, onde podem estar habitando as mais estranhas e incríveis criaturas, visíveis e invisíveis, com corpos mais densos ou mais sutis do que o nosso, destinadas a funções que sequer imaginamos serem possíveis! Não ficaria esta sua crença mais de acordo com a imensidão do Deus da Bíblia e mais harmônica também com as aparentes contradições das Escrituras? Acaso o amado se esqueceu que o Cristo, a quem amamos tanto e respeitamos, é o Criador de todo o Universo? O apóstolo João disse que “tudo foi feito por Ele (Cristo) e para Ele (Cristo) e que sem Ele (Cristo), nada do que foi feito se fez” (João 1:3). O apóstolo Paulo escreveu aos crentes de Colossos dizendo que “Nele (em Cristo) foram criadas todas as coisas que há nos céus e na terra, visíveis e invisíveis, sejam tronos, sejam dominações, sejam principados, sejam potestades: tudo foi criado por Ele (Cristo) e para Ele (Cristo) e Ele (Cristo) é antes de todas as coisas, e todas as coisas subsistem por Ele (Cristo)” – Colossenses 1:16,17. Cristo foi o Criador de tudo! Quanto mais complexa e intrincada for uma criatura, um ser extra-físico ou intra-físico, um querubim, um homem, ou o que quer que seja, maior será a grandeza de nosso Cristo que teve a sabedoria, a inteligência, o conhecimento para criar um ser assim!

O DESTINO DA ESPADA CHAMEJANTE E DOS QUERUBINS DO ÉDEN

Uma pergunta, porém, ainda fica no ar: Qual o destino final da espada chamejante e dos estranhos querubins do Éden? Para onde foram eles? Até quando eles permaneceram no Éden, em sua missão protetora?

A Bíblia não informa, de maneira direta, absolutamente nada sobre o destino desses dois elementos e, sempre que a Bíblia faz isto, ou seja, sempre que ela silencia sobre algo, ou é porque o assunto não interessa aos humanos, mas faz parte das coisas ocultas de Deus (Deuteronômio 29:29), ou porque a coisa que procuramos já se encontra revelada nas Escrituras Sagradas, de forma indireta, e devemos envidar todos os nossos esforços para encontrá-la. No caso em questão, creio que a resposta se encontra na segunda alternativa. A espada chamejante é citada unicamente nesta passagem bíblica, enquanto os querubins, em dezenas de citações por vários livros da Bíblia. Tendo em vista que a missão da espada chamejante e dos querubins estava relacionada à proteção do caminho que levava à Árvore da Vida – não à Arvore da Vida em si, mas do caminho que levava à ela -, essa missão teria que perdurar enquanto tal caminho existisse ou aquilo que pudesse ser encontrado ao final dele também, a saber, a Árvore da Vida.

Não temos nenhuma informação sobre uma possível retirada da Árvore da Vida, do Jardim do Éden, feita diretamente por Deus, mas temos informações que o distrito do Éden, ao ser invadido pelas águas do Dilúvio, ficou totalmente desfigurado, tendo dois de seus quatro rios, a saber, o Giom e o Pisom, sido eliminados de seu território (Gênesis 2:10-14). A partir desta catástrofe, não mais se ouvirá falar destes dois rios, que desapareceram do mapa. Outra coisa a considerar é que, a única família de humanos que o Senhor salvara das águas do Dilúvio, a saber, a família de Noé, fora salva justamente por ter demonstrado temor ao seu Nome. Não faria sentido algum esta família se revoltar, depois do Dilúvio, contra o Senhor, retornar da Armênia, onde estavam – cerca de 800 quilômetros do ponto de onde saíra – para tentar raptar a Árvore da Vida em um território que não podia mais ser reconhecido! (Gênesis 8:4). Temos assim que o Dilúvio foi o tempo limite para a permanência da espada e dos querubins no Éden. Quanto a Arvore da Vida, esta só vai ser citada novamente no último livro da Bíblia, o Apocalipse, e ali, mais uma vez, ela vai estar relacionada à saúde dos corpos dos santos e a permanência continuada e desejada da vida eterna física (2:7 / 22:2).

Chama a atenção o fato de o Dilúvio, segundo os historiadores bíblicos, só ter acontecido cerca de 1600 anos depois da expulsão do homem do Jardim do Éden. Até acontecer tal catástrofe, aquele local sagrado atuou como um símbolo revelador dos propósitos mais elevados de Deus para com a raça humana e a perda da comunhão que o homem tivera com o seu Criador pela introdução do pecado. Conseguiriam os guardiões do Éden ficar tanto tempo desempenhando aquela missão? Claro que sim, tendo em vista que fora Deus mesmo quem ordenara a missão. Os querubins, caso fosse necessário, poderiam se revezar constantemente e a espada girante, reabastecida de tempos em tempos com algum tipo de combustível até o momento desconhecido para nós, caso esta fosse um objeto de consistência inteiramente material, conforme já temos discutido ao longo desta nossa palestra. O certo é que depois do Dilúvio não se houve mais falar do Paraíso do Éden, estando a missão da espada chamejante e dos querubins definitivamente terminada.

CONCLUSÃO

Chegando ao final desta nossa fantástica e eletrizante palestra o leitor pode dizer não ter entendido o porquê de o Pastor Olívio ter enquadrado esta palestra dentro do tema “Extraterrestres”, já que ela não fala especificamente sobre alienígenas ou naves espaciais e sim sobre seres que podem se comportar como se fossem verdadeiras naves, mas que naves não são e de um instrumento que bem poderia ser um satélite-espião, mas que não dispomos de muita informação para assim enquadrá-lo. Verdade é que, em se tratando todos os textos bíblicos que falam sobre os querubins de uma única entidade, estes não poderiam ser considerados mesmo alienígenas, no sentido que damos à esta palavra, mas sim “consciências-naves”, como já os denominamos acima. Caso, porém, os textos encontrados se refiram a vários tipos de entidades, diferentes entre si, como anjos, símbolos espirituais, naves espaciais, etc., todos recebendo a mesma designação de querubim, então os guardiões alados do Éden, o querubim visto por Davi e Ezequiel, se enquadrariam perfeitamente na definição moderna que damos aos objetos voadores não identificados – OVNIs e este texto deveria estar sim enquadrado dentro do tema dos “Extraterrestres”. Outra razão para eu ter escolhido o texto dos guardiões do Éden para começar a falar sobre seres alienígenas na Bíblia é que ele introduz o leitor no assunto como nenhum outro texto o faz. Eu tinha a intenção de analisar outros relatos sobre o tema aqui referido dentro desta mesma palestra, mas sei que o leitor pode estar vivenciando momentos terríveis de intensa perturbação intelectual e espiritual. Então eu vou encerrar esta palestra aqui mesmo e jogar para a próxima o exame de mais um texto bíblico do Antigo Testamento sobre o assunto, está bem?

Deus abençoe a todos.

 

Caso seja do interesse de meu prezado leitor discutir mais sobre o assunto, envie-me seus comentários, questionamentos, sugestões, críticas e, quando houver, possíveis elogios.

 


[1] Mesquita, Antônio Neves – Estudo no Livro de Gênesis – Casa Publicadora Batista – 3ª Edição – Rio de Janeiro, RJ – 1970.
[2] Halley, Henry H. – Manual Bíblico – Um Comentário Abreviado da Bíblia – Trad. David A. de Mendonça – São Paulo –SP – Sociedade Religiosa Edições Vida Nova – 1970.