II.c A Que Homens Está Ordenado Morrer – O Grupo dos Transformados

 

Palestra II c

A QUE HOMENS ESTÁ ORDENADO MORRER?

O GRUPO DOS “TRANSFORMADOS”

Estudo elaborado pelo Pastor Olívio em Realengo, no Rio de Janeiro, em fevereiro de 2012

INTRODUÇÃO

O último grupo de indivíduos que desejo examinar, dentro de nossa análise sobre o texto de Hebreus 9:27 que afirma: “aos homens está ordenado morrerem uma vez vindo depois disso o juízo”, diz respeito a um conjunto imenso de fiéis que a Bíblia afirma não passarão sequer pela morte física, como acontece com os demais seres humanos. Por estarem estes fiéis vivos quando do retorno de Cristo à Terra, não necessitarão morrer primeiro para depois serem ressuscitados, mas terão imediatamente, instantaneamente, os seus corpos enfermiços, sem glória e corruptíveis, transformados a semelhança do corpo glorioso de Cristo, e entrarão com eles em estado de perfeição biológica, estando prontos para viver a eternidade. Por outro lado, os fiéis que estiverem mortos, por ocasião deste evento, terão os seus espíritos trazidos de volta a Terra por Cristo que promoverá uma imensa ressurreição de todos os santos da Terra e lhes concederá um novo corpo, também semelhante ao seu, habilitado a viver para sempre.

TRANSFORMADOS PARA NÃO MORRER?

Os textos onde esses relatos se encontram são tão magníficos, tão extraordinários, tão cheios de glória, que eu fiz questão de expô-los em sua inteireza para o conhecimento ou releitura de meu prezado leitor. Em 1ª Coríntios 15:51-54 o apóstolo Paulo escreveu: “Eis aqui vos digo um mistério: Na verdade, nem todos dormiremos (morreremos), mas todos seremos transformados (vivificados corporalmente). Num momento, num abrir e fechar de olhos, ante a última trombeta; porque a trombeta soará, e os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos transformados. Porque convém que isto que é corruptível se revista da incorruptibilidade, e que isto que é mortal se revista da imortalidade. E, quando isto que é corruptível se revestir da incorruptibilidade, e isto que é mortal se revestir da imortalidade, então cumprir-se-á a palavra que está escrita: Tragada foi a morte na vitória”. Belíssimo texto, você não acha?

Em 1ª Tessalonicenses 4:13-18 o mesmo apóstolo complementou: “Não quero, porém, irmãos, que sejais ignorantes acerca dos que já dormem (já morreram), para que não vos entristeçais, como os demais, que não têm esperança. Porque, se cremos que Jesus morreu e ressuscitou, assim também aos que em Jesus dormem Deus os tornará a trazer com ele. Dizemos-vos, pois, isto, pela palavra do Senhor: que nós, os que ficarmos vivos para a vinda do Senhor, não precederemos os que dormem. Porque o mesmo Senhor descerá do céu com alarido e com voz de arcanjo, e com a trombeta de Deus; e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro. Depois, nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados juntamente com ele nas nuvens, a encontrar o Senhor nos ares, e assim estaremos sempre com o Senhor. Portanto, consolai-vos uns aos outros com estas palavras”.

Fica claro das explanações dadas pelo apóstolo Paulo que a ressurreição dos santos obedecerá a uma ordem pré-estabelecida: primeiro, os fiéis que estiverem mortos na volta de Cristo ressuscitarão, tendo por base os seus velhos corpos; depois, os santos que estiverem vivos, na mesma ocasião, terão os seus corpos viventes transformados, modificados, convertidos à semelhança do corpo de Cristo. Tudo isto numa fração de tempo tão diminuta, tão ínfima, tão minúscula, que o apóstolo Paulo usou a palavra grega “atomo”, traduzida em nossas Bíblias pelo termo “momento” para declará-la e ainda a expressão “num piscar de olhos” para expressá-la. Ao tempo em que ele usou a palavra “átomo” o conceito deste era de algo “indivisível” e a expressão “piscar de olhos”, a mais rápida ação do corpo humano.

Alguém poderia argumentar que a transformação do corpo adâmico em corpo crístico já é uma forma de morte, uma maneira de morrer também, e que, portanto, a interpretação que afirma que esses milhões de fiéis não passarão pela morte física, está equivocada. Tal argumentação até poderia ser verdadeira, se o texto de 1ª Coríntios não fosse tão enfático, tão incisivo ao afirmar que “nem todos morreremos”. Se nem todos morreremos é porque alguns de nós ficaremos vivos. É a este grupo de fiéis vivos que caberá a transformação de seus corpos. Os fiéis que estiverem mortos, por ocasião da volta do Senhor, terão os seus corpos de volta, não os crentes que estiverem vivos, que não precisarão ter nenhum corpo de volta, pois já têm o seu inteiro, preservado, integral, e, portanto, passarão por uma metamorfose em vida, terão o seu corpo modificado, alterado, transformado. Transformação não é o mesmo que morte. Enquanto a primeira significa mudança, troca, alteração, a segunda significa, neste contexto, separação, afastamento, distanciamento. Tanto é assim que o Senhor trará os espíritos dos fiéis mortos, que estavam reunidos no céu, para ajuntá-los com os seus corpos redivivos.

A grande questão que se levanta é: Porque deveriam estes fiéis do futuro, que estiverem vivos na volta de Cristo e cujo número deve chegar a alguns milhões de indivíduos, espalhados por todo o mundo, ter os seus corpos transformados a semelhança do corpo glorificado de Jesus, sem passarem pela morte física, biológica, corporal, se Deus disse que aos homens está ordenado morrerem uma vez, vindo depois disso o juízo? Que tipo de exceção é esta que privilegia pessoas tão somente por terem elas nascido e permanecido vivas em uma época especial? Que tipo de exceção é esta que privilegia pessoas que sequer estarão a altura de um Davi, que foi chamado “o amado de Deus”; de Abraão, único fiel do qual Deus “se gabou” dizendo ”Abraão é o meu amigo”; de Paulo que esteve no lar de Deus e ouviu coisas que ao homem não é digno dizer; ou, do próprio Jesus Cristo do qual o Senhor disse: “Eis aí o meu Filho amado em quem tenho muito prazer?” Será que essa fantástica benção, desejada por todos os santos, de todos os tempos, será dada apenas a alguns por uma mera questão cronológica, circunstancial, épica, ou por serem esses fiéis um tipo tão especial de crentes, tão sublimes, tão nobres, tão dignos, que ultrapassem todos os santos que por aqui já passaram?

TRANSFORMADOS PARA NÃO MAIS MORRER!

Creio sinceramente que temos aqui mais um problema sério de interpretação: A metamorfose prometida para os corpos dos fiéis que estiverem vivos na vinda de Jesus realmente acontecerá e será uma demonstração fantástica do poder de Deus para todo o Cosmo, porém, mais uma vez ousamos perguntar, sem nenhuma intenção de ofender ao nosso bendito e amado  Deus: Qual o propósito do nosso Senhor em suspender tantas e tantas vezes a sua Lei universal de morte física para todos os humanos? Porque um grupo experimenta a morte mais de uma vez, como é o caso dos ressuscitados, outro é ajudado pelo próprio Senhor a driblá-la, como aconteceu com os arrebatados e, outro ainda, só por ter nascido em determinada época, recebe o privilégio de não a experimentar? Será que as nossas interpretações estão corretas?

Alguns leitores dirão que tais coisas fazem parte da soberania e do poder de Deus, mas não é sobre isto que estou falando e sim sobre a lógica do meu Senhor em suspender tantas e tantas vezes a sua Sagrada Lei sem se importar em fixar um de seus muitos mandamentos, chegando mesmo a ajudar o transgressor a quebrá-la, pois, qualquer lei que exista, seja ela divina ou humana, para que seja caracterizada como lei, não pode e nem deve conter tantas exceções, sob o risco de ser banalizada, descaracterizada como Lei, e lançar dúvidas sobre a pertinência e rigor das demais Leis estabelecidas por tal Legislador! Isto é muito mais sério do que parece! Se todos os homens devem morrer, mas milhões e milhões deles da morte escapam, e são até ajudados pelo próprio Legislador a driblá-la, como acreditar na seriedade de tal Lei? Como entender o padrão de justiça e de legalidade utilizados por tal Legislador? Como também poderemos manter a harmonia das Escrituras Sagradas?

NÃO PODEREMOS! A única maneira de harmonizarmos todas essas exceções com a Lei universal de Deus para que todos os humanos experimentem a morte é aceitarmos que todos os humanos já morreram em algum outro tempo de sua longa existência, em alguma outra manifestação de vida! Todos aqueles santos que estarão vivos na volta do Senhor Jesus e que terão os seus corpos transformados à semelhança do seu corpo glorioso, não possuem nada de especial consigo capaz de comover o Senhor Deus a ponto Deste se sentir pressionado a livrá-los da morte física, pois que esta já aconteceu com eles em muitos momentos de sua existência, assim como com os ressuscitados e com os arrebatados também! Tais santos não serão transformados para não verem a morte, como nos tem sido ensinado pela Teologia moderna, mas serão sim, transformados para nunca mais experimentarem a morte!

CONCLUSÃO

Apenas com a introdução da doutrina da reencarnação em nossos sistemas de interpretações a harmonia das Escrituras ficará preservada e Deus reassumirá o seu posto de Deus justo, reto, verdadeiro, imparcial, livre de “caprichos divinos” e de inomináveis discriminações. Nunca houve, nem nunca haverá problema algum com a sua Lei e sim com as nossas interpretações que estão estreitas demais, apertadas demais, pequenas demais para comportarem tantas exceções. Ou ampliamos os nossos sistemas de interpretações bíblicas para apreciarmos as maravilhas da Lei de Deus ou assumimos o risco de nos tornar sectários, donos da verdade, e assim, perecermos felizes em nossa miopia espiritual.

Deus abençoe a todos.

 

Caso seja do interesse de meu prezado leitor discutir mais sobre o assunto, envie-me seus comentários, questionamentos, sugestões, críticas e, quando houver, possíveis elogios.