Palestra II b

AS VÁRIAS RAÇAS DO GÊNESIS

(Os “Filhos de Deus” e a “Prole dos Filhos de Deus com as Filhas dos Homens”)

Estudo elaborado pelo Pastor Olívio em Realengo, no Rio de Janeiro, em setembro de 2012

INTRODUÇÃO

Discutimos longamente na palestra anterior sobre quem seriam os “filhos de Deus”, prometendo apresentar na exposição que se seguisse quem seriam tais criaturas. Bem, o momento chegou! É hora de o meu leitor ficar de cabelo em pé, totalmente arrepiado e tremente, com as grandes e poderosas revelações extraídas da imparcial Palavra de Deus! O texto básico de nosso estudo continua sendo o de Gênesis 6:1-4, que fala do acasalamento dos “filhos de Deus” com as “filhas dos homens” e dos horripilantes “Nefilins”. Quando lemos este texto somos logo tomados de um sentimento de que não há muita coisa para se falar sobre o assunto e, menos ainda, sobre a descendência daqueles dois grupos, visto o relato ser muito pequeno, muito conciso, muito sintético. Ledo engano! Cinco gramas da sabedoria de Deus contem mais informações do que uma tonelada de conhecimento humano! Para construir esse estudo extraí, além das informações do texto em destaque, informações de seu contexto, isto é, daquilo que antecedeu e sucedeu ao que nele está escrito, e procurei ainda informações em outros livros da Bíblia. Outra coisa que fiz foi analisar o silêncio que as fontes primárias fazem sobre o tema, pois o silêncio é tremendamente revelador e tem muito a nos informar!

DESCOBRINDO QUEM ERAM OS “FILHOS DE DEUS”

Uma das coisas que logo fica evidenciada quando fazemos a leitura do contexto, é a vinculação que o autor do Gênesis faz do aumento da malignidade da espécie humana como decorrência do acasalamento dos “filhos de Deus” com as “filhas dos homens”, pois segundo este, foi apenas depois que “os filhos de Deus” entraram as “filhas dos homens” e delas geraram filhos” que, “viu o Senhor que a maldade do homem se multiplicara sobre a terra, e que toda a imaginação dos pensamentos de seu coração era só má continuamente” (Gênesis 6:5). Antes, a maldade humana apenas crescia; agora, se multiplicava. Isto quer dizer que os “filhos de Deus” e sua prole eram seres maus, violentos, insubordinados e, ainda, cheios de malícia, visto terem influenciado negativamente os humanos contra Deus.

Outra coisa que nos chama a atenção é a ausência de informações sobre a compleição física desses seres. Nada se diz a respeito de como eles seriam fisicamente. Algumas versões até trazem que as fêmeas humanas “partejaram gigantes” dos “filhos de Deus”, o que significaria dizer que, tanto os “filhos de Deus” quanto os seus descendentes seriam indivíduos de elevada estatura, mas, ainda que pudesse ser verdade, não podemos firmar ponto sobre isto. A única coisa que podemos afirmar com certeza, é que os indivíduos resultantes da miscigenação dessas duas raças teriam necessariamente de trazer elementos físicos, morais e espirituais tanto de uma quanto de outra raça.

Uma coisa mais que podemos destacar é a ausência de informações, em toda a Bíblia, sobre algum tipo de embate, de luta, de conflito acontecido entre um “nefilim” e um “filho de Deus”. Isto é deveras interessante, tendo em vista os “nefilins” aparecerem sempre combatendo os humanos, guerreando contra eles, mas em nenhum lugar os vemos pelejando contra “os filhos de Deus”. Por que será que isto não acontecia? Será que existia algum tipo de relacionamento, de vínculo, ou de acordo entre os indivíduos dessas duas raças que os impedisse de guerrear uns contra os outros? Por que os “nefilins” só guerreavam contra os humanos?

Outra coisa também a observar é que não se diz, em nenhuma parte da Bíblia, que os “filhos de Deus” entraram às fêmeas dos “nefilins. Tampouco se diz que eles o tentaram, mas se afirma enfaticamente que os “filhos de Deus” entraram às “filhas dos homens” e delas geraram filhos. Por que? Talvez porque os “nefilins” não tivessem fêmeas; talvez as tivessem, mas não fossem formosas, já que os “filhos de Deus” se acasalaram com as “filhas dos homens” justamente por serem elas formosas; talvez as tivessem mas não fossem compatíveis sexualmente com os “filhos de Deus” como as fêmeas humanas o eram. O que sabemos é que os “filhos de Deus” entraram às fêmeas humanas e estas partejaram filhos.

A última coisa que desejo destacar sobre os “filhos de Deus” e os seus descendentes, e que eu reputo como sendo essencial, é que todos eles, ou foram destruídos com os humanos por ocasião do Dilúvio, ou retornaram para os lugares onde estavam antes do advento de tal catástrofe, tendo em vista a Bíblia não fazer mais nenhuma menção sobre eles!

Viu só? Você pensava que não havia muito para se falar sobre os “filhos de Deus”, mas já extraímos um bocado de informações sobre eles e mais ainda há para se tratar!

MAIS UM POUCO DE INFORMAÇÕES BÍBLICAS SOBRE OS “FILHOS DE DEUS”

Antes de “fechar” a minha posição sobre o assunto, gostaria de chamar a atenção de meu prezado leitor para o fato de que o texto que ora estamos examinando faz parecer absolutamente natural e evidente que o interesse dos “filhos de Deus” pelas “filhas dos homens” não fora decorrente de nenhum evento inusitado, extraordinário, sobrenatural, que estivesse acontecendo na Terra, mas sim da multiplicação natural do gênero humano em obediência a ordem dada por Deus para este “crescer e multiplicar” (Gênesis 1:28). O texto de Gênesis 6: 1,2 afirma que como os homens se começaram a multiplicar sobre a face da terra, e lhes nasceram filhas, viram os filhos de Deus que as filhas dos homens eram formosas; e tomaram para si mulheres de todas as que escolheram” (vs.1,2). Foi ao observar a humanidade crescendo, se espalhando, se expandindo, que esses tais “filhos de Deus” perceberam que as “filhas dos homens” existiam em grande número e que eram também muito formosas à vista! Eles então “tomaram para si mulheres de todas as que escolheram”, entraram a elas e elas lhes conceberam filhos. Foi a profusão e a formosura das filhas dos homens na Terra que chamou a atenção desses “filhos de Deus” para elas e não outra coisa qualquer! Disto então podemos deduzir várias coisas IMPORTANTÍSSIMAS, quais sejam:

  • no local onde esses “filhos de Deus” estavam – que poderia ser ou não o local onde eles habitavam – não havia mulheres, ou se as havia, não podiam ser encontradas em quantidade e beleza suficientes para satisfazer a todos eles, pois que os levou a se apossarem sofregamente das fêmeas humanas;

  • estes “filhos de Deus” possuíam uma sexualidade muito ativa, muito intensa, pois que estavam ansiosos, ávidos para se acasalarem com aquelas mulheres;

  • todos os “filhos de Deus” relatados neste episódio eram machos;

  • estes “filhos de Deus” não eram seres espirituais, metafísicos, como os anjos, mas eram seres feitos de carne, dotados de corpos físicos. Creio que apenas isto poderia explicar a estranha declaração do Senhor ao dizer: “Não contenderá o meu Espírito para sempre com o homem, porque ele também é carne. Todos as raças componentes do Gênesis, incluindo o homem, eram de carne e osso e, portanto, sofreriam o mesmo castigo divino;

  • por estarem todos esses “filhos de Deus” juntos, compondo um enorme grupo masculino, sem a presença de fêmeas de sua espécie e, externando todos eles um mesmo comportamento grupal, coletivo, de massa, de fazerem sexo com aquelas belas mulheres, temos que estes “filhos de Deus” estavam participando de alguma missão conjunta, ou sofrendo uma mesma punição conjunta, longe de seu habitat, de seu mundo natural, que não seria, de maneira alguma, o planeta Terra;

  • a sofreguidão com que os “filhos de Deus” possuíram as “filhas dos homens” indica que tal missão poderia estar já levando muito tempo longe de casa!!!

A mistura dos dois grupamentos envolvidos foi algo tão marcante, tão decisivo para o futuro das gerações antediluvianas, que o escritor do livro do Gênesis citou o momento em que os “filhos de Deus“ entraram as “filhas dos homens” como o fator divisor de épocas! Ele disse: “Havia naqueles dias gigantes na terra; e também depois, quando os filhos de Deus entraram às filhas dos homens, e delas geraram filhos: estes eram os valentes que houve na Antiguidade, os varões de fama” (Gênesis 6:1-4). Sim, já havia indivíduos enormes, gigantescos e ferozes habitando a Terra, antes dos “filhos de Deus” se acasalarem com as “filhas dos homens”, conhecidos como “nefilins”, mas este não foi o evento mais espetacular e estranho que acontecera naqueles dias do Gênesis e sim o momento em que os “filhos de Deus” entraram as “filhas dos homens”, se acasalaram com elas, e delas geraram filhos! Este sim era o evento a ser destacado! Mas o que havia de tão extraordinário, de tão espetacular nesses “filhos de Deus” para que o momento de seu acasalamento com as “filhas dos homens” merecesse tanto destaque – destaque este maior mesmo do que o da presença dos estranhíssimos “nefilins” entre nós?

Isso só seria possível se estes “filhos de Deus” não fossem humanos! Não fossem nem descendentes de Adão, nem descendentes dos “nefilins”! Poderiam ser estes “filhos de Deus“ habitantes das estrelas, seres de outros mundos que vieram nos “visitar”? Sim, poderiam, tendo em vista as Escrituras mencionarem diversos textos onde seres de outros mundos vieram até nós para cumprirem diferentes missões ou cumprirem penas, como demonstraremos nas palestras seguintes. Ora, se os “filhos de Deus” não eram humanos e ainda assim conseguiram entrar as “filhas dos homens”, TEMOS AQUI O CERNE DO PROBLEMA, qual seja, o de que o seu acasalamento só fora possível por serem as fêmeas humanas sexualmente compatíveis com eles! Isto me parece ser exatamente o que o autor do texto do Gênesis quer ressaltar: o momento em que seres estranhos, vindos do espaço, chegaram à Terra, entraram às fêmeas de outra espécie e elas partejaram filhos – os rebentos de uma nova raça! Novamente o texto do Gênesis: “E aconteceu que, como os homens se começaram a multiplicar sobre a face da terra, e lhes nasceram filhas, viram os filhos de Deus que as filhas dos homens eram formosas; e tomaram para si mulheres de todas as que escolheram. Então disse o Senhor: Não contenderá o meu Espírito para sempre com o homem, porque ele também é carne; porém os seus dias serão cento e vinte anos. Havia naqueles dias gigantes na terra; e também depois, quando os filhos de Deus entraram às filhas dos homens, e delas geraram filhos: estes eram os valentes que houve na Antiguidade, os varões de fama” (Gênesis 6:1-4).

OS “FILHOS DE DEUS” EM UM LIVRO NÃO CANÔNICO

Há um interessante livro religioso, não canônico, não reconhecido pela Igreja Cristã e Judaica como um livro “inspirado” (literalmente, “soprado por Deus”), de conteúdo bastante difícil, e que relata com maior riqueza de detalhes os eventos acontecidos no Gênesis 6:1-4. Seu título é “O Livro de Enoque”[1] e foi encontrado no século XVIII por um escocês de nome James Bruce que ouvindo falar sobre a existência de tal livro na Etiópia, viajou até lá, onde conseguiu um exemplar. O livro teria sido redigido em torno do 2º século. Nele, o autor  relata as visões que tivera Enoque, o sétimo depois de Adão; a descida dos “filhos de Deus” ou “anjos” à Terra; o nome dos líderes deste grupamento; o comportamento errático de tais criaturas; seu acasalamento com as “filhas dos homens”; e a prole resultante desta “mistura de raças”.

Bom é que se diga que o Pastor Olívio não se utilizou de nenhuma das declarações do Livro de Enoque para chegar as conclusões a que chegou, pois sua análise foi feita exclusiva e exaustivamente com os textos bíblicos, aqui citados abundantemente, mas ficou bastante feliz por ter encontrado em outra fonte, afirmações bastante semelhantes as que fizera sobre o tema. Apesar de o Livro de Enoque não fazer parte dos Escritos Sagrados do Antigo Testamento, o Pastor Olívio tem muitíssimo apreço pelo mesmo, pois o Patriarca Enoque foi, de fato, um importantíssimo personagem bíblico do período antediluviano, conforme relatado no livro de Gênesis 5:18-24. Ele foi citado pelo evangelista Lucas, que reconheceu a historicidade de sua pessoa (Lucas 3:37). O livro do Eclesiástico 44:16 / 49:14 e a Epístola aos Hebreus 11:5 falam da trasladação de Enoque ao céu e a Epístola de Judas, irmão carnal do Senhor Jesus, cita uma profecia, a acontecer no final dos tempos, sobre o retorno de Jesus à Terra como tendo sido proferida por Enoque (Judas vs.14,15). A Epístola de Barnabé, datada do IV século A. D., cita o livro de Enoque (16:5 / 4:3) e alguns pais da Igreja, de renome, como Clemente de Alexandria, Irineu, Atenágoras, Tertuliano e Orígenes o citavam livremente. Assim é que cinco livros canônicos das Escrituras Hebraicas e Gregas o citam, ainda que um deles seja reconhecido apenas pela Igreja Católica (Eclesiástico), o que nos dá uma base de confiança muito boa na historicidade de suas narrativas. O livro de Enoque ainda hoje faz parte do cânon da Igreja Ortodoxa Etíope.

Conheça então aqui alguns dos detalhes extraídos diretamente do Livro de Enoque sobre quem seriam os “filhos de Deus” e os seus descendentes:

Sobre o motivo da descida dos “filhos de Deus” à Terra:

  • “(1) Quando os filhos dos homens se multiplicarem nesses dias, sucederá que suas filhas sejam elegantes e belas (2) E assim que os anjos, os filhos dos céus, as viram, tornaram-se enamorados delas e disseram uns aos outros: escolhamos mulheres da raça dos homens e tenhamos filhos com elas” (Capítulo VII, 1 e 2);

Sobre o local da descida dos “filhos de Deus”:

  • “(7) Eram em número de duzentos, que desceram em Aradis, lugar situado nas vizinhanças do monte Armon” (8) Esta montanha recebeu o nome de Armon, porque foi lá que juraram e se ligaram por mútuas execrações” (Capítulo VII, 7 e 8);

Sobre os chefes desses “filhos de Deus”

  • “Eis o nome de seus chefes: Samyaza, seu chefe; Urakabarameel, Akibeel, Tamiel, Ramuel, Danel, Azkeel, Sarakmyal, Asael, Armers, Batraal, Anane, Zavebe, Samsaveel, Ertael, Turel, Yomyael, Arazael. Estes foram os chefes dos duzentos anjos e os demais estavam com eles” (Capítulo VII, 9);

Sobre o relacionamento dos “filhos de Deus” com as “filhas dos homens”

  • (10) E escolheram cada um uma mulher, e se aproximaram e coabitaram com elas; ensinaram-lhes a feitiçaria, os encantamentos, e as propriedades das raízes e árvores (11) E essas mulheres conceberam e partejaram gigantes (12 a) cujo talhe atingia trezentos côvados” (Capítulo VII, 10, 11,12);

Sobre o comportamento destrutivo dos “filhos de Deus” e de sua prole

  • (12) “Devoravam tudo que o trabalho dos homens pudesse produzir e tornou-se impossível nutri-los (13) Voltaram-se então contra os homens, a fim de devorá-los (14) E começaram a se lançar sobre os pássaros, os animais, os répteis e os peixes, para fartarem-se de sua carne e desalterarem-se com seu sangue (15) E então a Terra reprovou os maus” (Capítulo VII, 12,13,14,15).

Acho muitíssimo interessante estas citações do Livro de Enoque por confirmarem elas que os “filhos de Deus”, ou “vigilantes”, ou “vigias”, ou “anjos”, não eram humanos, pois possuíam corpos e necessidades terrenas como nós, tais como fome, sexo, etc.. Esses mesmos indivíduos afirmaram ser as mulheres humanas “de outra raça”, diferentes da sua. Vieram do espaço, de cima, (não se diz se em naves espaciais ou não), e “desceram”, todos juntos, em um lugar real, chamado Aradis. Eram muito vorazes e belicosos, voltando-se contra os homens quando estes não os atendiam em seus apelos. Possuíam elevada estatura e eram muito inteligentes. Sua organização era bem estruturada. Todos tinham nomes distintos, o que os caracterizava como indivíduos. Seu número, apesar de significativo, não era extravagante, o que nos leva a crer que não se tratava dos anjos decaídos citados em Judas 6,7 que biblicamente somavam aos milhares. Os motivos de sua destruição parecem ter sido aqueles mesmos já assinalados no Gênesis: violência, desregramento total e envolvimento sexual com outra raça.

CONCLUSÃO

Estas são pois as informações coletadas sobre os discutidíssimos “filhos de Deus”. Podem não ser muitas, como dissemos no início, mas são extremamente significativas, visto confirmarem que tais criaturas não eram terrenas, não eram humanas, não faziam parte de nós. Os “filhos de Deus” eram, pois, “filhos das estrelas”, seres de outros mundos, habitantes de outros sistemas planetários, que ao verem as fêmeas humanas se encantaram com sua quantidade e beleza e que, ao descobrirem serem elas compatíveis com a anatomia de seus corpos, entraram a elas que lhes conceberam filhos! O Pastor Olívio ainda não pode precisar biblicamente que estrelas, mundos e sistemas seriam estes de onde vieram os “filhos de Deus” quão distantes de nós eles se encontram, mas está absolutamente feliz por ter descoberto todas estas coisas a partir dos textos bíblicos, pois apenas fundamentando-se neles, conseguiremos firmar a nossa fé.

Na próxima palestra trataremos dos terríveis “nefilins”, isto é, os gigantes do Gênesis e esperamos que o prezado leitor continue querendo ler os nossos escritos e crescer em conhecimento conosco.

Deus abençoe a todos.

Caso seja do interesse de meu prezado leitor discutir mais sobre o assunto, envie-me seus comentários, questionamentos, sugestões, críticas e, quando houver, possíveis elogios.

[1]  O Livro de Enoque, Trad. Márcio Pugliesi e Norberto de Paula Lima, Ed. Hemus, 1982

 

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