Palestra II

TRATAMENTO A SER DISPENSADO AOS DEFICIENTES FÍSICOS

Estudo elaborado pelo Pastor Olívio, em Realengo, no Rio de Janeiro, em setembro de 2013

INTRODUÇÃO

Sempre acreditei piamente que era absolutamente inumano, condenável e revoltante o tratamento dispensado pelo poder público aos deficientes físicos de minha nação, o Brasil. O número de indivíduos incluídos nesta situação em meu país gira em torno dos 25 milhões, número este maior do que o da população de muitos países juntos! Procurei então nos sites especializados tudo o que podia encontrar sobre o assunto e, pasme amigo leitor, há coisas realmente fantásticas para beneficiar este publico além de uma legislação consistente e atual para cuidar destes nossos cidadãos brasileiros. Por que então havia tanto de reportagens e documentários falando negativamente e sem nenhum orgulho sobre o assunto? Por que a mídia sempre destacava o lado não atendido da política pública ao invés de prescrever orientações para os ouvintes ajudarem naquelas dificuldades? Minhas divagações avançaram um pouco mais e logo me vi perguntando: “Por que tão poucos templos cristãos, instituições filantrópicas e organizações não governamentais não auxiliam o Governo nesta importantíssima questão? Por que estas instituições, que se dizem tão interessadas no ser humano, não tomam a iniciativa de abençoar os deficientes físicos com boas propostas aos órgãos responsáveis, com medidas criativas ou simplesmente se adequando as orientações já emanadas pelo Governo, o que já facilitaria em muito a vida deste público específico?” Minha preocupação como guia espiritual também me levou a perguntar: “Será que existe alguma orientação bíblica sobre o assunto? Se existia, podia ser observada por todos?

UMA HISTÓRIA TRISTE COM FINAL FELIZ

Minha pesquisa bíblica me levou a um texto no Antigo Testamento que fala da atenção dispensada por um rei a um jovem que, quando ainda criança, se tornara um deficiente físico. Ele não nascera com uma deficiência física, mas se tornara um deficiente físico, por um acidente que lhe acometera. Isto deve redobrar a nossa atenção sobre o relato, pois milhares e milhares de pessoas se tornaram deficientes físicos em conseqüência de desastres aéreos, automobilísticos, atropelamentos, construção civil, assaltos, tráfico, doenças, erros médicos, e outras circunstâncias mais. Desde já, quero me solidarizar com todos os que se encontram nesta situação, comprometendo-me a orar por suas vidas e as de suas famílias e a utilizar de todas as formas possíveis, como escrevendo e dando palestras, para ajudá-los.

O referido texto ocupa todo um capítulo das Escrituras Sagradas, o que, por si só, já revela a sua importância para Deus e para a vida deste monarca. Ele se encontra no 2º Livro de Samuel 9:1-13 e narra a história de Mefibosete, filho de um amigo do rei Davi, por nome Jônatas. Quando Mefibosete era uma criança de apenas cinco anos de idade, sua ama recebera a notícia de que o pai do menino, Jônatas, e seu avô, Saul, rei de Israel, haviam morrido em Gilboa na peleja contra os filisteus e que um filho de Saul por nome Isbosete reinava em Israel (2ª Samuel 2: 8-10). Ela então, com medo de que o novo rei e seus asseclas viessem atrás do menino para matá-lo, tomou a criança em seus braços e fugiu com ela para Lo-Debar, em Gileade. Na fuga, o menino caiu do colo da ama ficando aleijado de ambas as pernas (2º Samuel 4:4). Alguns anos depois de Isbosete ter morrido e Davi ter assumido o trono de Israel, o rei inquiriu um antigo servo do rei Saul sobre a existência de algum descendente do rei que houvesse sobrevivido. Davi então ficou sabendo da existência de Mefibosete, o filho de Jônatas e, após ter se certificado de seu paradeiro, ordenou a seus servos para trazerem-no a sua presença. O relato a seguir é algo digno de ser conhecido por todos:

“Disse-lhe Davi: Não temas, porque de certo usarei contigo de beneficência por amor de Jônatas, teu pai, e te restituirei todas as terras de Saul, teu pai, e tu, de contínuo comerás pão à minha mesa”. Mefibosete mal acreditou no que ouvia e inclinando-se para o rei, disse: “Quem é o teu servo, para tu teres olhado para um cão morto tal como eu?” Sabe de uma coisa, querido leitor? Por vezes tenho a impressão de que é exatamente assim que os deficientes físicos se sentem. Como se fossem “um peso morto” que não devesse receber a atenção de ninguém! Mas isto não é verdade! O texto continua: “Então chamou Davi a Ziba, moço de Saul, e disse-lhe: Tudo o que pertencia a Saul, e de toda a sua casa, tenho dado ao filho de teu senhor. Trabalhar-lhe-eis a terra, tu e teus filhos, e teus servos, e recolherás os frutos, para que o filho de teu senhor tenha pão que coma: e Mefibosete, filho de teu senhor, de contínuo comerá pão à minha mesa. E tinha Ziba quinze filhos e vinte servos. E disse Ziba ao rei: Conforme a tudo quanto meu senhor, o rei, manda a seu servo, assim fará o teu servo; porém, Mefibosete comerá à minha mesa como um dos filhos do rei. E tinha Mefibosete um filho pequeno, cujo nome era Mica: e todos quantos moravam em casa de Ziba eram servos de Mefibosete. Morava, pois, Mefibosete em Jerusalém, porquanto de contínuo comia à mesa do rei, e era coxo de ambos os pés” (2º Livro de Samuel 9:1-13).

O leitor percebeu o que se passou aqui? O rei Davi devolveu todas as terras que haviam pertencido ao rei Saul e depois ao seu filho Isbosete, já morto, e que agora pertenciam ao Estado, para seu neto Mefibosete e ordenou a Ziba, antigo servo do rei Saul, que trabalhasse essas terras, juntamente com seus filhos e servos, e trouxesse o produto delas a Mefibosete para que ele e seu filho, de nome Mica, semente de Jônatas, seu amigo, tivesse sustento garantido por toda a vida! Ziba, com todos os seus filhos e servos, passaram a ser empregados de Mefibosete que passou a comer na mesa do rei continuamente, juntamente com os seus filhos, como se fora um dos próprios filhos do rei Davi! (Vide 2ª Samuel 8:15-18). Que texto maravilhoso, não é verdade, prezado leitor?

Que ensinamentos podemos extrair destes textos? Que lições podemos tirar para os dias de hoje? Creio que consigo enxergar alguns deles, como por exemplo:

1º) A ação de Davi, como representante maior do poder público, mandando trazer a sua presença um jovem que soubera, de antemão, ser um deficiente físico me traduz o ensinamento de que os governantes deveriam se interessar em conhecer quais e quantos são os deficientes físicos de sua nação, para poderem elaborar políticas, programas e ações adequadas para beneficiá-los. Este conhecimento poderia ser obtido através de um levantamento entre os seus cidadãos (censo populacional). A seguir se poderia formular um Cadastro Nacional que contivesse todos os dados do deficiente físico e de sua família. Essa base de dados nacional seria então utilizada para formular políticas públicas, criar programas sociais e implementar ações governamentais visando beneficiar os deficientes físicos. Só em ficar sabendo que algum órgão público está interessado em incluir a sua pessoa e a sua família em alguma política governamental já eleva, em muito, a auto-estima do indivíduo a ser beneficiado. Mefibosete quase não acreditou que estava na presença do rei Davi, ouvindo o que estava ouvindo!

2º) A ação de Davi em restituir as terras que pertenceram ao rei Saul para o seu neto Mefibosete fala da implementação de políticas públicas e de leis capazes de preservarem a condição financeira do deficiente. Enquanto o seu avô Saul estava no governo, Mefibosete sabia que estava seguro e experimentaria todas as regalias da corte. Com a morte de seu avô, em Gilboa, e a ascensão de outro governante ao trono, essa certeza já não era mais possível. A criação de leis voltadas para proteção do patrimônio do deficiente e para evitarem a sua dilapidação por meio de impostos, tributos e taxas mil, em todas as esferas do governo; a redução da carga tributária sobre ele, sua família e seus negócios; a concessão de benefícios de caráter pecuniários como auxílio para tratamento médico, compra de remédios, etc., garantirão que o deficiente e sua família permaneçam amparados.

3º) A ação de Davi de fazer de Ziba, seus filhos e seus servos, empregados de Mefibosete, fala da criação, pelos governantes, de condições capazes de darem ao deficiente físico dignidade pessoal, valorização profissional, estímulo mental. Sendo as terras de Saul agora de propriedade de Mefibosete e tendo Davi lhe concedido alguns empregados, isto significava que Mefibosete podia administrar suas terras dali mesmo, do lugar onde estava, gerenciar o seu negócio mesmo não podendo andar. AFINAL DE CONTAS ELE ERA DEFICIENTE DOS PÉS E NÃO DA CABEÇA! Isto fala da criação de políticas públicas, programas e projetos, capazes de trazerem dignidade pessoal ao deficiente físico, tais como, a criação de postos de trabalhos, concessão de bolsas de estudos, participação em eventos desportivos, etc.

4º) A ação de Davi em fazer com que Mefibosete se assentasse à mesa com ele e seus filhos fala de inclusão social. Mefibosete não fora deixado à parte, relegado a um segundo plano por ser um deficiente físico. Não! Ele participava da mesa do rei, o que representava a mais alta posição de comunhão, de confiança e de amizade que alguém poderia gozar! Quantos nobres no reino de Davi não desejariam participar, pelo menos uma vez na vida, do altíssimo privilégio dado ao filho deficiente de seu amigo Jônatas, de poder assentar-se à mesa do rei! O que aqueles nobres desejavam experimentar uma vez na vida Mefibosete experimentava todos os dias!

5º) A ação de Davi em fazer com que Mefibosete se assentasse à mesa com ele e seus filhos também me levou a pensar que os governantes deveriam criar um órgão especializado voltado para as questões dos deficientes físicos. Este poderia ser um Ministério, uma Secretaria, uma Coordenação que fosse, para pensar e dar tratamento as questões envolvendo os deficientes. O líder deste órgão deveria ter assento com os demais ministros e representantes de outras áreas governamentais (“os filhos de Davi”), para discutir as necessidades de seu Setor. CREIO MESMO QUE ESTE LÍDER DEVERIA SER UM DEFICIENTE FÍSICO, visto ninguém melhor que um deficiente para falar das necessidades do grupo que representa. Só Mefibosete sabia como era difícil cuidar de sua higiene pessoal, se deslocar pelos cômodos do palácio e sair para vistoriar suas terras. Do alto da posição em que estava, ele conseguia divisar como ninguém as necessidades dos outros deficientes.

É possível que alguém diga que Davi fez tudo aquilo por Mefibosete por ter sido Jônatas, o pai do jovem deficiente, seu amigo, mas que ele não se preocupou com os demais deficientes de sua nação. Isto me faz pensar nos políticos que possuem deficientes físicos em suas famílias e que fazem de tudo para beneficiá-los, mas que não estendem estes benefícios a todos os deficientes de sua nação também. Mesmo que Davi tivesse feito este benefício apenas para Mefibosete e sua família, já deveria ser digno de apreciação e de exemplo para outros governantes, pois naquele tempo, qualquer deficiência física era vista como resultante de uma vida de pecados e o seu praticante alguém que merecidamente estava sendo punido (Evangelho de João 9:1-3). Muitos políticos modernos não têm que lutar contra nenhum tabu ou tradição e, ainda assim, não fazem nada por ninguém só se preocupando em se dar bem com a sua carreira política!

Há um outro texto bíblico que também orienta sobre o tratamento a ser dispensado aos deficientes físicos e que, pelo seu conteúdo, se presta mais às iniciativas do poder público. Ele se encontra no livro de Levítico 19:14 e diz assim: “Não amaldiçoarás ao surdo, nem porás tropeço diante do cego; mas terás temor do teu Deus: Eu sou o Senhor”. Qualquer indivíduo pode amaldiçoar um surdo, que este não ouvirá mesmo! De igual maneira, qualquer um pode por tropeço diante de um cego, que este não verá nada! A única maneira de todos seguirem estas orientações é através da educação, seja esta, familiar, escolar ou religiosa. Tais coisas poderiam ser conseguidas mediante campanhas públicas informativas, socializadoras, educativas, de âmbito nacional, visando conscientizar a população sobre a importância deste tema. Apenas o poder público com seus especialistas, recursos e legalidade pode atingir a todos os cidadãos de uma maneira rápida e abrangente sobre os informes de seu interesse.

AS INSTITUIÇÕES E OS DEFICIENTES FÍSICOS

Com relação as instituições seculares prestadoras de serviços, comércio e indústria, sei que estas só colocam em execução aquilo que o poder público decreta, não tomando por si próprias a iniciativa de implementar serviços e ações que possam favorecer este ou aquele outro grupo, pois tais iniciativas custam caro e ninguém quer gastar dinheiro se não for para obter algum retorno com ele. O mais assombroso para mim, contudo, são as instituições filantrópicas e as religiosas que, apesar de não terem seus recursos controlados nem confiscados pelo governo, também não priorizam nenhuma ação voltada para beneficiar os deficientes físicos. Nada há na estrutura de seus prédios capaz de sinalizar que houve uma preparação para recebê-los, tais como, rampas facilitadoras de acesso, corredores amplos para o deslocamento de “cadeirantes”, banheiros adequados para sua higiene pessoal; lugar específico para eles participarem dos ofícios religiosos sem terem que se mudar de seus assentos, quase sempre mais confortáveis que os bancos das igrejas, entre tantas outras medidas que poderiam ser adotadas. Algumas igrejas possuem alguns profissionais na linguagem de sinais e utilizam os seus serviços nos ofícios religiosos, mas estas, além de serem poucas, só utilizam os préstimos desses especialistas durante a celebração dos ofícios litúrgicos.

A impressão que eu tenho é que nossas igrejas e demais instituições religiosas não se preparam para terem em sua congregação pessoas com deficiências físicas. Tudo é feito para receber as pessoas ditas “normais”. Entretanto muitos deficientes podem desejar participar conosco como membros, sócios, parceiros, afiliados, participantes diretos de nossas instituições. Devemos, pois, apelar para que os dirigentes de nossas instituições cumpram as políticas públicas emanadas para facilitarem a vida dos deficientes físicos.

Toda vez que um deficiente físico entra em um lugar e percebe que nada foi preparado para facilitar a sua vida, ele se sente diminuído, humilhado, preterido, pois, a leitura que ele faz dessa falta de preparação é que ninguém o estava esperando mesmo, que ele é demais naquele lugar, que não passa de um estorvo. Todos ficarão olhando para ele como se fosse um “coitadinho”, tentarão ajudá-lo nas dificuldades que encontre não por amor ou por ser ele um igual, mas por ser um limitado, um deficiente, um  humano defeituoso. O efeito que essas coisas produzem na alma do deficiente físico é devastador e indescritível.

Que me perdoem os dirigentes destas instituições, mas qualquer igreja, centro, terreiro, orfanato, asilo, seminário e outras instituições religiosas, por mais humildes que sejam, podem e devem adotar medidas simples para ajudar os deficientes. O que se cobra das instituições, tanto das seculares quanto das religiosas não é que elas promovam políticas, planos e programas de ajuda aos deficientes físicos, visto ser esta uma atribuição do poder público, e sim que elas os implementem! Esta sim é a sua função! Se o governo planeja, as instituições operacionalizam! Como, porém, supervisionar a implementação de tais orientações? Nenhum governo tem condições para fiscalizar uma coisa desse tamanho, dessa amplitude, capaz de atingir todas as repartições públicas e privadas de uma nação. Que fazer então?

Creio que o governo, através daquele órgão específico que mencionei mais acima, poderia exigir de todas as instituições públicas e privadas, incluindo aí as organizações não governamentais, as instituições filantrópicas e as religiosas, relatório sobre a existência ou não de deficientes físicos em seus quadros, bem ainda as soluções adotadas pela instituição para beneficiá-los. Ele poderia também fornecer informações sobre os procedimentos a serem adotados pelas instituições para a implementação de suas políticas. Os fiscalizadores de tais determinações seriam todos os interessados, a partir dos próprios deficientes, visto serem eles os primeiros cidadãos a serem beneficiados. Um número de telefone e diversos endereços eletrônicos seriam disponibilizados pelo órgão responsável para explanação de dúvidas, críticas e envio de sugestões.

O CRISTÃO E OS DEFICIENTES FÍSICOS

Deixei propositadamente este tópico para o final porque desejo falar nele sobre o tratamento a ser dispensado aos deficientes físicos pelos cristãos e assim o farei, não por discriminação a qualquer outro credo que seja, mas por ser eu mesmo um cristão e acreditar que as Escrituras Sagradas fornecem um corpo de doutrinas voltado para a ajuda aos deficientes que outros credos podem não possuir ou que talvez desconheçam.

Creio sinceramente que a primeira postura que um cristão deve tomar com relação aos deficientes físicos é a de querer enxergá-los! Você já leu o episódio do cego de nascença, relatado no Evangelho de João 9?. Nele se diz que “passando Jesus, viu um cego de nascença. E os seus discípulos lhe perguntaram, dizendo: Mestre, quem pecou, este ou seus pais para que nascesse cego?” Foi Jesus quem viu o cego. Seus discípulos apenas o avistaram e mesmo assim, por causa de Jesus. Um deficiente físico é alguém que precisa ser visto, olhado, percebido. Se você não estiver interessado em ver suas questões e sentir suas dificuldades você não os verá e, mesmo que tenha uma dezena deles pertinho de você, eles continuarão “invisíveis”, “intocados”, “impercebíveis” para você.

Visto que o deficiente existe e que é um ser humano tão digno quanto você o próximo passo a dar é revestir-se de uma atitude permanente de respeito para com ele, visto não sabermos por qual motivo aquele indivíduo veio limitado à esta vida ou tornou-se limitado em algum momento dela. LIMITAÇÃO FÍSICA NÃO É SINÔNIMO DE IMPERFEIÇÃO, visto Deus ter assumido a criação do deficiente físico como um projeto de sua santíssima mente (Êxodo 4:10,11). Um espírito perfeito está colocado dentro de um corpo “imperfeito”, limitado, e isto foi assim executado para que o deficiente possa participar dos mais elevados propósitos de Deus.

Outra postura a ser tomada pelo cristão e por todos os demais humanos com relação aos deficientes físicos é a de orar por eles para que sejam curados. Era assim que Jesus, Pedro, Paulo e os cristãos primitivos faziam e é assim também que devemos fazer (João 9 / Atos 3 / ….). Só os Evangelhos registram 8 (oito) casos de curas de cegos feitas por Jesus de maneira miraculosa. Algumas dessas deficiências eram adquiridas; outras, de nascença. Algumas possuíam uma causa natural; outras eram derivadas de espíritos demoníacos. Por todos eles Jesus orou e os curou. Bom é que se diga que os próprios deficientes devem orar pelos outros deficientes!

A alma cristã deve ainda levar o deficiente físico à presença de pessoas dotadas por Deus com o dom da cura divina. Este dom é real e extremamente necessário sendo o único que aparece no plural na orientação que o apóstolo Paulo dera aos crentes da cidade de Corinto (1ª Coríntios 12:9). Muita gente era levada a Jesus e aos apóstolos para serem curados de suas deficiências (Mateus 4:24 / 9:1 / 15:30,31 / 21:14 / …..). O fato de termos orado por um deficiente e ele não ter ficado curado não significa que Deus tenha desistido dele, pois há muita gente no meio cristão com a capacidade de operar milagres. Acessar tais pessoas não significa que tenhamos falta de fé em nós mesmos, mas o reconhecimento de que Deus possui pessoas poderosas, dotadas com um extraordinário dom de restaurar a saúde dos enfermos e dos deficientes físicos. Glória a Deus pelos seus “curadores-divinos”!

Encontramos casos, porém , nas Escrituras, de pessoas que foram com seus próprios pés a Jesus procurando a cura de suas deficiências, como os dois cegos de Mateus 9:27. Sua cegueira não os impedia de caminhar. Outros foram encontrados já dentro da igreja como o homem que tinha uma mão mirrada (Mateus 12:9,10). Alguém os levou até lá ou eles foram caminhando até o Templo. O que esta atitude significa? Significa que o deficiente deve ser o primeiro a procurar pela sua cura! Ele não precisa ficar esperando pelos outros para procurar uma intervenção divina! Se a sua limitação não o impedir de caminhar, então amigo deficiente, caminhe até Jesus, seja curado, e glorifique ao Senhor dos céus!

A ÚNICA POSTURA QUE O CRISTÃO JAMAIS DEVE TER, NEM AINDA ALGUMA OUTRA PESSOA, É A DE USAR O DEFICIENTE FÍSICO PARA DELE TIRAR ALGUMA VANTAGEM. O deficiente físico, ainda que limitado, é um ser humano completo, inteiro, integralmente feito à imagem e semelhança de Deus como qualquer outro ser tido como “normal”, e não um objeto de descarte, de uso-próprio, para dele tirarmos algum proveito. Os Evangelhos (João 9:1-3) e o livro de Atos dos Apóstolos (3:1,2) trazem relatos de pessoas que usavam deficientes físicos para esmolarem em ruas movimentadas ou à frente do Templo. Esta prática é muito comum em vários países, mas como exploração do outro que é, deve ser criminalizada e duramente reprimida nos lugares onde acontece! Tristes são estes casos em que um doente mental e moral, usa um deficiente físico para dele auferir vantagens! Esta ausência de interesse do poder público pelos deficientes físicos se reflete na vida de toda a sociedade, chegando até ao seio de suas famílias. Muitas destas, por saberem que não encontrarão nenhum apoio por parte das autoridades constituídas e instituições públicas especializadas, bem ainda, dos próprios parentes, abandonam os seus filhos à própria sorte, no momento em que estes delas mais precisam.

CONCLUSÃO

Chegando ao final desta palestra devo dizer que fiquei feliz ao descobrir que o Brasil dedica muita de sua atenção para cuidar de seus cidadãos deficientes. Entretanto, sei que nem com toda a legislação elaborada, política pública, programa, ação social, o Brasil será capaz de resolver o problema dos deficientes físicos. Somos um “país-continente” e não possuímos nem gente nem instrumentos capazes de fiscalizarem nacionalmente qualquer orientação emanada pelo Governo. Daí ser necessária a participação de todos. Todos devem ajudar todos a tornarem o Brasil um pais mais justo e mais humano. E se você, como eu, for um cristão renascido, então nossa responsabilidade é maior ainda, pois como disse o Mestre Jesus: “Na verdade quem der um copo de água a qualquer um que tenha sede na qualidade de profeta receberá galardão de profeta”. Conto com a sua ajuda e, o Pai do céu que criou esses filhos limitados para através deles sarar sim as nossas deficiências íntimas, também está contando.

Deus abençoe a todos.

Caso seja do interesse de meu prezado leitor discutir mais sobre o assunto, envie-me seus comentários, questionamentos, sugestões, críticas e, quando houver, possíveis elogios.

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